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Sindicato dos Bancários do Rio reinaugura subseção do DIEESE
Publicado em 6.2.13
A subseção do Dieese no Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro foi reinaugurada no último dia 31. Proposta da diretoria da entidade desde o mantado anterior, somente agora este plano pôde ser posto em prática.
Mas a relação do Seeb-Rio com o Dieese vem de longa data – antes até da própria fundação do órgão. “Havia na década de 50 um grupo de bancários no Rio que compilavam informações sobre cargos e salários nos bancos, com base nos contracheques fornecidos pelos colegas. Foi a primeira iniciativa de reunir estes dados, o que permitiu a montagem de um painel detalhado sobre a remuneração dos bancários no Rio de Janeiro”, relata Renato Lima, diretor do sindicato e coordenador sindical do Dieese no estado.
Esta iniciativa dos bancários cariocas veio como resposta a uma necessidade: a profissionalização das negociações salariais. As empresas brasileiras deixaram de ser pequenos negócios familiares e se tornaram grandes organizações. Muitos empresários, na época, começaram a recrutar profissionais para negociarem com os trabalhadores. “No início, se negociava com o dono do banco. Aí, vieram os negociadores, que traziam gráficos, planilhas e números para as reuniões. Mas os trabalhadores, sem poderem competir em situação de igualdade, ficavam prejudicados, porque o único argumento que tinham para colocar na mesa era de que sobrava muito mês no final do salário”, relata o sindicalista.
Como o Rio era capital federal na época, circulavam pela cidade políticos das mais variadas colorações. Um deles era o sindicalista bancário Salvador Romano Losacco, que era deputado federal por São Paulo e chegou a acompanhar negociações no então Distrito Federal. De volta a São Paulo, Losacco levou a experiência a sindicalistas de outras categorias – químicos, têxteis, portuários, entre outros – que decidiram fundar um órgão para assessorar o movimento sindical com pesquisas e capacitação de negociadores. Surgiu o Dieese, em 1955.
Histórico regional O Escritório Regional do Dieese no Rio de Janeiro levou algum tempo para ser fundado. Menos de dez anos depois da criação do órgão, veio o golpe militar de 1964, que desmontou a entidade. Somente em 1979 foi possível abrir um escritório no estado, o que aconteceu pouco depois da posse da diretoria que retomou o Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro. Pela primeira vez a ideia de instalar uma subseção no Seeb-Rio foi discutida, mas a greve da categoria, em setembro, motivou uma intervenção federal no sindicato e todos os projetos foram abortados.
Somente em 1982 a subseção foi instalada, mas sua vida foi curta: não chegou ao final da década. Em 1991 houve a reinauguração. Mas no início nos anos 2000, como consequência da crise financeira do governo FHC e do enfraquecimento do movimento sindical em razão do desemprego e da informalidade, vários sindicatos pelo país enfrentaram dificuldades que os levaram a fechar suas subseções. A do Seeb-Rio foi uma delas.
Mesmo com a subseção fechada, a relação entre o Seeb-Rio e o Dieese sempre foi próxima, tanto é que a coordenação sindical regional tem sido feita por dirigentes do Seeb-Rio desde a primeira metade da década de 90. Já passaram pela coordenação os bancários Antônio Carlos Vilela, já falecido, Antônio Leite, que é diretor da Federação, e Renato Lima, o sindicalista bancário que ficou mais tempo no cargo.
Para que serve A criação de subseções é vantajosa para as entidades sindicais. “Com uma subseção se tem uma assessoria exclusiva da entidade. Um técnico fica à disposição do sindicato para assessorar as negociações, produzir dados para embasar as ações do sindicato e também formar os negociadores. No caso dos bancários, a categoria é nacional, com problemas similares nacionalmente. Há subseções em São Paulo, Minas, Brasília, em todos os maiores sindicatos e na Contraf. Esta estrutura capilarizada potencializa os trabalhos, que podem ter um corte local ou uma análise nacional com mais detalhes”, esclarece Renato Lima. O dirigente entende, também, que a subseção qualifica os dirigentes para atuarem em questões mais amplas na sociedade. “Quando um sindicato tem representante em comissões municipais ou estaduais, como a de Saúde ou a de Trabalho, Emprego e Renda, por exemplo, os técnicos da subseção do Dieese podem capacitar os delegados para terem atuações melhores”, cita Renato.
Para o próprio Dieese, a instalação de subseções também é interessante. “A entidade fica com uma equipe enorme e passa a ter conhecimento acumulado em vários setores do trabalho”, explica o coordenador do escritório regional. Mas é a classe trabalhadora a maior beneficiada. “O capital tem os seus intelectuais. Os nossos, a gente forma assim: para ler o mundo sob a ótica da ideologia do trabalho. E o Dieese produz dados com refinamento e qualidade técnica muito grandes”, destaca Renato.
Rigor, detalhamento e confiança O sindicalista também ressalta a singularidade da questão ideológica dentro do órgão: todas as centrais sindicais, apesar de suas – às vezes imensas – divergências, são filiadas ao Dieese. Mas esta particularidade não significa que as informações sejam produzidas para atender aos interesses de uma ou outra legenda. “Os dados são, sim, políticos, mas não partidários. Eles não são neutros, têm lado. O Dieese tem lado, que é o da classe trabalhadora, e este lado tem vários atores que se reivindicam como seus porta-vozes. Mas a ideologia não contamina as informações. Não há manipulação, mas a escolha de dados que possam, de fato, revelar a situação que vivem os trabalhadores no país”, esclarece Renato Lima.
A metodologia do Dieese é reconhecida por outros órgãos semelhantes. “O IBGE, que é o órgão oficial, passou a adotar teses e metodologias na pesquisa do emprego que o Dieese já adota há muitos anos”, cita Renato Lima. Um exemplo da mudança na pesquisa oficial é o da definição de desempregado. Antes, para o IBGE, estava enquadrado nesta definição o trabalhador não empregado que procurou nova colocação no mês anterior ao da pesquisa e que não desempenhou nenhuma tarefa remunerada no período, nem mesmo o biscate mais simples. Já o Dieese, que sempre procurou as nuances mais detalhadas, estuda, por exemplo, o desemprego por desalento, que é quando o trabalhador, depois de muitos meses sem sucesso na busca por um novo emprego, acaba desistindo de procurar. Além disso, o órgão intersindical só considera emprego o trabalho formal e regular, ficando de fora do número de “empregados” os trabalhadores que vivem de biscates. Daí a divergência entre os números do instituto oficial, que chegou a apontar algumas vezes uma situação de pleno emprego, e os dados do Dieese que apontavam uma situação bem mais crítica.
O exemplo da pesquisa do desemprego pode ser dado como uma das razões para o Dieese ter conquistado credibilidade na sociedade. O órgão é citado na mídia com tamanha frequência que muitos brasileiros não sabem que se trata de uma entidade criada por e para o movimento sindical. O Dieese está ligado a muitas pesquisas que extrapolam este círculo e atendem também aos interesses do conjunto da sociedade, como é o caso do ICV – o Índice do Custo de Vida. Para Renato Lima, esta confiança tem duas origens. Uma delas é a fidelidade do Dieese à classe que o fundou e para a qual produz informação. “Em segundo lugar, os trabalhadores perceberam que a coisa mais revolucionária é a verdade. Pesquisar e ter números que reflitam o que realmente acontece é o que interessa à classe trabalhadora”, avalia o sindicalista.
Fonte: Da Redação - FEEB-RJ/ES Data: 05/02/2013
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