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Nota do MST sobre o assassinato de Cicero Guedes
O MST RJ vem a
público reconhecer o empenho e a celeridade da Polícia Civil em apurar os
responsáveis pelo assassinato do militante Cícero Guedes dos Santos. A
eficiência da Polícia nesse caso vem aliviar um pouco a tensão permanente em
que vivem os acampados, assentados, militantes e apoiadores do MST.
O assassinato do
Cícero foi um crime contra os que lutam pela terra. Em que os principais
responsáveis são o latifúndio e a morosidade do Estado Brasileiro em realizar a
Reforma Agrária. Cícero, militante histórico do MST, assentado desde 1997 no
assentamento Zumbi dos Palmares, foi assassinado por defender a Reforma Agrária
e os princípios do MST.
Gostaríamos de
afirmar, que o acusado não possui, nem nunca possuiu nenhum tipo de vínculo com
o MST, não participa de nenhuma de nossas instâncias. O acusado, ao contrário,
representava interesses criminosos que pela força tentaram dominar o
acampamento.
A Usina
Cambahyba, palco do conflito que culminou com o assassinato do Cícero, tem um
histórico de 14 anos de luta pela terra. Em 1998 a área recebeu Decreto de
Desapropriação para fins de Reforma Agrária, da Presidência da República. Como
o processo de desapropriação não avançou após o decreto, 470 famílias
organizadas no MST ocuparam as terras da Usina no dia 17 de abril de 2000, como
forma de pressionar o Estado. Desapropriação que até hoje não ocorreu. Os
primeiros meses da ocupação foram marcados pelas ameaças dos seguranças da
Usina às famílias sem terra, que precisaram da intervenção do Ministério
Público e da Polícia Militar para garantia de sua segurança. No ano de 2005 a
Justiça Federal de Campos, que aceitou todos os recursos dos proprietários da
Usina contra o processo de desapropriação desde 1998, concedeu a liminar que
resultou no despejo mais violento que o MST sofreu no Estado do Rio de Janeiro.
Dia 2 de
novembro de 2012, após a divulgação nos grandes veículos de comunicação de que
a Usina Cambahyba, serviu para incineração de corpos dos militantes no período da
ditadura militar, o MST reocupou as terras da usina cobrando do Estado a
conclusão do processo de desapropriação passados 14 anos do decreto.
A
irresponsabilidade do Estado Brasileiro nesses 14 anos em acabar com um dos
símbolos da violência do latifúndio é a principal causa do assassinato de
Cícero e por toda vulnerabilidade que se encontram as famílias sem terra do
acampamento Luiz Maranhão.
Esperamos que
esse seja o primeiro passo das investigações contra as ameaças sofridas por
essas famílias e que outras mortes sejam evitadas.
Exigimos que o
Estado Brasileiro de um fim a história de violência da Usina Cambahyba!
Núcleo
Piratininga
de Comunicação
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