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Jornal de referência para a esquerda, BRASIL DE FATO completa 10 anos e anuncia inovações

Publicado em 24.1.13 - por Jorge Américo/RadioagênciaNP



Nilton Viana, editor do Brasil de Fato

Para editor responsável, maior ousadia do jornal foi “sobreviver durante dez anos de forma ininterrupta”. Qualidade editorial e consistência jornalística são reconhecidas no país e no exterior

Lançado em um ato político-cultural durante o III Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS), o jornal Brasil de Fato completa 10 anos em 25 de janeiro de 2013. O lançamento contou com a presença de milhares de militantes sociais, lideranças políticas e intelectuais de todo o mundo. Nesse período, ele se consolidou como o maior e mais importante jornal de esquerda do Brasil. Sua qualidade editorial e consistência jornalística são reconhecidas no país e no exterior.

Com cobertura nacional e internacional, além de ser fonte de informação, o jornal dá subsídios para o trabalho e o estudo de seus leitores. A ampla rede de colaboradores inclui correspondentes em países da América Latina, Europa e Oriente Médio. Para o jornalista Nilton Viana, editor responsável, a maior ousadia do Brasil de Fato foi “sobreviver durante dez anos de forma ininterrupta”. Em entrevista à Radioagência NP, que passará a se chamar Radioagência Brasil de Fato, ele fala dos desafios que são colocados para os veículos de comunicação populares.

Entre outras novidades, Viana anuncia o lançamento de edições regionais que serão distribuídas de forma gratuita em terminais de ônibus e estações de trem e metrô de diversas capitais.


Nilton, o que você considera ser a maior ousadia do Brasil de Fato nesses 10 anos de existência?
Nilton Viana: A própria existência do Brasil de Fato, por si só, já é uma grande vitória. No próximo dia 25 de janeiro, vamos completar dez anos de atividades ininterruptas. Portanto, sobreviver dez anos como imprensa popular, comprometida com a classe trabalhadora e a visão de esquerda da luta de classes é, sem dúvida, uma vitória, um feito fantástico. Principalmente em se tratando do Brasil, onde temos uma concentração muito grande dos meios de comunicação. Com certeza, é uma vitória da classe trabalhadora, do conjunto dos movimentos sociais que nesse tempo tem nos ajudado financeiramente e politicamente.


Quais desafios são colocados para os meios de comunicação populares? Como o Brasil de Fato tem enfrentado esses desafios?
Com certeza, estamos longe de atingir o nosso sonho que é atuar de maneira incisiva na formação da classe trabalhadora e influir na disputa ideológica da sociedade brasileira. Nós sonhávamos com tiragens semanais massivas, disputar nas bancas e até transformar o jornal em diário. Nós não conseguimos porque enfrentamos a luta de classes na prática, com boicote de distribuição, de publicidade e de difusão. Mas sobrevivemos, sobretudo, pelo longo período histórico de apatia que nós temos hoje das massas e do refluxo das mobilizações populares, que poderiam ter sido retomadas com as vitórias eleitorais antineoliberais. Por exemplo, com a vitória do Lula. De certa forma, nós nos enganamos e estamos longe do reascenso. Mas procuramos fazer durante nesse período algumas edições temáticas massivas para fazermos as disputas políticas contundentes. Chegamos a ter tiragem com mais de 1 milhão de exemplares, o que de certa forma é um feito histórico para qualquer veículo de comunicação impresso.


Considerando que, com as novas tecnologias, o público dos meios hegemônicos está em disputa, o que o jornal fará para se aproximar desse público?
Nós temos alguns novos desafios: procurar chegar cada vez mais junto à classe trabalhadora com nossos veículos de comunicação, através da nossa página na internet e da Radioagência Brasil de Fato. Nós planejamos dar um salto de qualidade com um novo projeto gráfico, a partir de março, com formato tablóide germânico. Também vamos construir coletivamente com todas as forças populares que tiverem interesse edições regionais do Brasil de Fato, com tiragem massiva e semanal, para serem distribuídas gratuitamente nos centros de aglomeração dos trabalhadores, como metrô, terminais de ônibus, estações de trem e aglomerações da juventude trabalhadora das grandes cidades.


Qual a previsão para o lançamento das edições regionais gratuitas?
Esperamos que esse projeto se concretize ainda neste primeiro semestre em algumas capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte.


Quais as expectativas para o próximo período?
NV: Eu quero aproveitar o momento para fazer um agradecimento e ressaltar a importância do envolvimento de todo esse conjunto de militantes e dos movimentos sociais que nos deram sustentação e apoio. Eu acho que o grande desafio do Brasil de Fato pela frente é sobreviver nos próximos dez anos e ao mesmo tempo envolver cada vez mais militantes, comunicadores, apoiadores. Só assim, nós vamos conseguir fazer com que o Brasil de Fato seja efetivamente um veículo de comunicação que consiga definitivamente influenciar a opinião pública e, assim, elevar o nível de consciência da classe trabalhadora para que nós façamos as mudanças estruturais tão necessárias que o país precisa.

De São Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo.


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