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Governo do Estado do Rio ameaça demolir Aldeia Maracanã

Publicado em 16.1.13 - por NPC

Foto: TV Memória Latina



No sábado, dia 12 de janeiro, batalhões de Choque da Polícia Militar cercaram a Aldeia Maracanã. O prédio está sendo ameaçado de demolição pelo Governo do Estado do Rio para a construção de um estacionamento como parte da modernização do estádio para sediar megaeventos esportivos, como a Copa do Mundo de 2014. Diversos apoiadores se uniram aos indígenas na resistência à intimidação dos policiais, que não tinham ordem judicial e por este motivo não puderam entrar no prédio. Na semana anterior, o Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural havia emitido um parecer contrário à derrubada do casarão. Mas, desrespeitando a resolução do Conselho, o prefeito Eduardo Paes autorizou a demolição em despacho publicado no Diário Oficial do Município nesta segunda-feira, 14 de janeiro. Na terça, dia 15, o Conselho Nacional dos Direitos Indígenas divulgou uma nota contra a demolição do prédio. 

A medida arbitrária do Governo do Estado tem sido questionada, principalmente por não ser uma exigência da FIFA – justificativa dada inicialmente pelo governador Sérgio Cabral. O Ministério Público entrou com recurso na Justiça para impedir a demolição, e a  Defensoria Pública da União irá levar o caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, para denunciar a violação dos direitos. “Estamos apelando para os organismos internacionais, para verem o absurdo que estão fazendo com a gente por causa da Copa do Mundo. Estão sendo tomadas medidas arbitrárias em toda cidade, que violam inclusive a Constituição Brasileira e tratados dos quais o Brasil é signatário”, desabafa “Ash” (Twantinsuyu Ashaninka), uma das lideranças do local. Ele conta que não houve diálogo algum com os cerca de 150 indígenas que vivem ali.

Muitos deles ocuparam o prédio em 2006, após décadas de abandono do prédio que possui grande valor cultural e histórico. Ele foi sede do Serviço de Proteção ao Índio (SPI), criado pelo Marechal Rondon no início do século 20. Também foi ali que funcionou o Museu do Índio, criado por Darcy Ribeiro em 1953 e depois, em 1978, transferido para Botafogo. Há seis anos ali vivem cerca de cem índios de diversas etnias, como Guajajara, Guarani-Kaiowa, Tabajara, Pataxó, Ianomami e outras.  “Esse local é histórico. Por isso estamos aqui: para mostrar a importância que ele tem para a cidade do Rio e também para divulgar nossa cultura. Aqui é possível conhecer um pouco do nosso artesanato, pintura, dança religiosa etc. Será uma grande perda para a gente e para a cultura desse país a destruição desse local”, lamenta Ash.


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 NPC - Núcleo Piratininga de Comunicação * Arte: Cris Fernandes * Automação: Micro P@ge