Os autores da chacina encapuzados, chegaram ao bar, na Rua Reverendo
Peixoto da Silva, por volta de 23h20m, atirando. Um carro estacionado em
frente ao estabelecimento, que pertencia a uma das vítimas, foi
perfurado por balas.— Desceram do carro já encapuzados. "Polícia,
polícia". E já começaram a disparar. E logo em seguida já chegou um
monte de viatura, recolheram todas as cápsulas do chão e fecharam o
local. Não deixaram ninguém entrar — contou uma testemunha ouvida pela
TV Globo, que não quis se identificar.
Pela manhã, a Secretaria se
Segurança Pública chegou a informar que entre as vítimas da chacina
estava uma pessoa que teria testemunhado outro crime na região, o assassinato do servente Paulo Batista do Nascimento,
supostamente cometido por policiais militares há dois meses. Ela teria
participado da gravação de imagens que foram exibidas pelo “Fantástico”.
A divulgação das imagens levou à prisão cinco policiais militares.
Na gravação, feita em 10 de novembro, o servente aparece sendo retirado
de uma casa, agredido e levado para perto de um carro de polícia. O som
de um disparo foi captado nas filmagens, mas neste momento, a pessoa
que gravou se esconde. Em seguida, a câmera mostra a movimentação de
policiais na rua.
No fim da tarde deste sábado, a Secretaria
voltou atrás e divulgou nota informando que não há indícios de que a
vítima teria mesmo participado das gravações e atribuiu a informação a
"hipótese" aventada por "moradores do bairro". No decorrer do dia, a
polícia teria ouvido parentes desta vítima, que negaram que ela fosse
testemunha da morte do servente. Porém, disseram que ela costumava dizer
na vizinhança que participara das gravações mostradas na TV. Na nota, a
Secretaria afirma que as investigações "prosseguem com intensidade com
vistas ao esclarecimento do crime".
Todas as vítimas da chacina
foram atingidas dentro de um bar na Rua Reverendo Peixoto da Silva, que
fica a menos de dez metros do local onde o servente foi abordado pela
PM.
Segundo o delegado geral da Polícia Civil, Luiz Maurício Souza
Blazeck, essa vítima era o DJ Lah, que costumava dizer no bairro ter
participado da gravação, o que não ocorreu. Ele disse, porém, que não
está descartada a ligação entre a chacina e a morte do servente, uma vez
que os crimes envolvem a mesma comunidade.
De acordo com a
Secretaria, será investigada também a informação de que cápsulas de bala
foram retiradas do local do crime, o que teria alterado o local do
crime. Não há, por enquanto, qualquer confirmação do fato.
Perguntado
sobre a possibilidade de a chacina ter sido cometida por PMs, o
governador Geraldo Alckmin disse neste sábado que nenhuma hipótese será
descartada.
— É precipitado fazermos qualquer afirmação, mas
nenhuma hipótese vai ser descartada. Tudo vai ser investigado com
profundidade e rigor até prendermos os criminosos. A polícia está
trabalhando com vários indícios — afirmou Alckmin.
A chacina está
sendo investigada pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa da
Polícia Civil (DHPP). Além do DJ Lah, morreram Brunno de Cássio Cassiano
Souza, de 17 anos, Carlos Alexandre Claudino da Silva, de 27 anos,
Ricardo Genoíno da Silva, de 39 anos, João Batista Pereira de Almeida,
de 34 anos, Edilson Lima Pereira Santos, de 27 anos, e Almando Salgado
dos Santos Junior, de 41 anos.
Comoção com morte do DJ Lah
Amigos do DJ Lah fizeram apelos na
internet e nas redes sociais para coletar dinheiro para pagar o enterro
dele. Samuel Ferreira da Silva, o DJ San Mix, amigo do DJ Lah, disse que
o rapper, que era casado e pai de quatro filhos, morava na vizinhança.
—
Ele era uma pessoa idônea, tinha trabalho na comunidade. Ele era só uma
pessoa que estava no local errado na hora errada. Ele morava na região —
disse o DJ San Mix.
A morte do rapper causou comoção nas redes
sociais e no Jardim Rosana, na região do Campo Limpo, onde o músico
morava e pretendia abrir um bar e vender "raspadinha". Manifestações de
apoio à família e mensagens de solidariedade, algumas lembrando o
trabalho do músico, foram postadas no Facebook e no Twitter. No
primeiro, a página dos Racionais MC’s diz que a violência “que tomou
conta de São Paulo intensamente desde junho de 2012... levou mais um
irmão do Hip Hop”. No Twitter, Mano Brown e o grupo postaram a seguinte
mensagem, em luto e protesto: “Para cada um assassinado, mil nascerão!”.
No local do crime, moradores colocaram uma cruz branca e uma faixa com o nome dos mortos e a inscrição “Queremos paz”.