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Na primeira chacina do ano, sete pessoas morrem na periferia de São Paulo

Publicado em 7.1.13 - por Marcelle Ribeiro e Leonardo Guandeline/ O Globo

SÃO PAULO - Sete pessoas morreram e duas ficaram feridas num bar no bairro Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, na noite de sexta-feira, na primeira chacina da cidade neste ano. Cinco pessoas morreram na hora, entre elas Laércio de Souza Grimas, o DJ Lah, do grupo Conexão do Morro, cujas letras falam do cotidiano de violência da periferia de São Paulo. Os feridos foram socorridos, mas dois não resistiram aos ferimentos e morreram no hospital. Testemunhas ouvidas informalmente pela polícia contaram que os criminosos teriam chegado gritando “polícia, polícia”.


Os autores da chacina encapuzados, chegaram ao bar, na Rua Reverendo Peixoto da Silva, por volta de 23h20m, atirando. Um carro estacionado em frente ao estabelecimento, que pertencia a uma das vítimas, foi perfurado por balas.

— Desceram do carro já encapuzados. "Polícia, polícia". E já começaram a disparar. E logo em seguida já chegou um monte de viatura, recolheram todas as cápsulas do chão e fecharam o local. Não deixaram ninguém entrar — contou uma testemunha ouvida pela TV Globo, que não quis se identificar.

Pela manhã, a Secretaria se Segurança Pública chegou a informar que entre as vítimas da chacina estava uma pessoa que teria testemunhado outro crime na região, o assassinato do servente Paulo Batista do Nascimento, supostamente cometido por policiais militares há dois meses. Ela teria participado da gravação de imagens que foram exibidas pelo “Fantástico”. A divulgação das imagens levou à prisão cinco policiais militares. Na gravação, feita em 10 de novembro, o servente aparece sendo retirado de uma casa, agredido e levado para perto de um carro de polícia. O som de um disparo foi captado nas filmagens, mas neste momento, a pessoa que gravou se esconde. Em seguida, a câmera mostra a movimentação de policiais na rua.

No fim da tarde deste sábado, a Secretaria voltou atrás e divulgou nota informando que não há indícios de que a vítima teria mesmo participado das gravações e atribuiu a informação a "hipótese" aventada por "moradores do bairro". No decorrer do dia, a polícia teria ouvido parentes desta vítima, que negaram que ela fosse testemunha da morte do servente. Porém, disseram que ela costumava dizer na vizinhança que participara das gravações mostradas na TV. Na nota, a Secretaria afirma que as investigações "prosseguem com intensidade com vistas ao esclarecimento do crime".

Todas as vítimas da chacina foram atingidas dentro de um bar na Rua Reverendo Peixoto da Silva, que fica a menos de dez metros do local onde o servente foi abordado pela PM.

Segundo o delegado geral da Polícia Civil, Luiz Maurício Souza Blazeck, essa vítima era o DJ Lah, que costumava dizer no bairro ter participado da gravação, o que não ocorreu. Ele disse, porém, que não está descartada a ligação entre a chacina e a morte do servente, uma vez que os crimes envolvem a mesma comunidade.

De acordo com a Secretaria, será investigada também a informação de que cápsulas de bala foram retiradas do local do crime, o que teria alterado o local do crime. Não há, por enquanto, qualquer confirmação do fato.

Perguntado sobre a possibilidade de a chacina ter sido cometida por PMs, o governador Geraldo Alckmin disse neste sábado que nenhuma hipótese será descartada.

— É precipitado fazermos qualquer afirmação, mas nenhuma hipótese vai ser descartada. Tudo vai ser investigado com profundidade e rigor até prendermos os criminosos. A polícia está trabalhando com vários indícios — afirmou Alckmin.

A chacina está sendo investigada pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa da Polícia Civil (DHPP). Além do DJ Lah, morreram Brunno de Cássio Cassiano Souza, de 17 anos, Carlos Alexandre Claudino da Silva, de 27 anos, Ricardo Genoíno da Silva, de 39 anos, João Batista Pereira de Almeida, de 34 anos, Edilson Lima Pereira Santos, de 27 anos, e Almando Salgado dos Santos Junior, de 41 anos.


Comoção com morte do DJ Lah

Amigos do DJ Lah fizeram apelos na internet e nas redes sociais para coletar dinheiro para pagar o enterro dele. Samuel Ferreira da Silva, o DJ San Mix, amigo do DJ Lah, disse que o rapper, que era casado e pai de quatro filhos, morava na vizinhança.

— Ele era uma pessoa idônea, tinha trabalho na comunidade. Ele era só uma pessoa que estava no local errado na hora errada. Ele morava na região — disse o DJ San Mix.

A morte do rapper causou comoção nas redes sociais e no Jardim Rosana, na região do Campo Limpo, onde o músico morava e pretendia abrir um bar e vender "raspadinha". Manifestações de apoio à família e mensagens de solidariedade, algumas lembrando o trabalho do músico, foram postadas no Facebook e no Twitter. No primeiro, a página dos Racionais MC’s diz que a violência “que tomou conta de São Paulo intensamente desde junho de 2012... levou mais um irmão do Hip Hop”. No Twitter, Mano Brown e o grupo postaram a seguinte mensagem, em luto e protesto: “Para cada um assassinado, mil nascerão!”.

No local do crime, moradores colocaram uma cruz branca e uma faixa com o nome dos mortos e a inscrição “Queremos paz”.


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 NPC - Núcleo Piratininga de Comunicação * Arte: Cris Fernandes * Automação: Micro P@ge