Entrevistas
Oscar Niemeyer: O importante é a vida de mão dada
Leia a seguir, entrevista publicada na edição 112 da revista Caros Amigos, que circulou a partir de julho de 2006. Fotos: Johnny
ENTREVISTA
Em 90 minutos de perguntas e respostas, o arquiteto maior manifestou a
alma romântica que alimenta sua certeza de um futuro melhor para o ser
humano.
Rafic Farah – Você viu
momentos lindos e momentos de altos e baixos, duros e bons da realidade
brasileira; sente que hoje no Brasil há um predomínio da ignorância?
É uma continuação do regime capitalista, não é? Do império dos
Estados Unidos, do Bush a espalhar sangue por toda parte, é um momento
de decadência. A gente espera que mude, porque sente que em toda a
América Latina, em toda parte, há uma tendência de mudar. Um movimento
contra o Bush, governos mais populares na América Latina. Tanto que a
gente vê que a coisa está melhorando, que há qualquer luz no horizonte, a
gente tem uma esperança. Mas é difícil, principalmente para nós que não
acreditamos em melhora dentro do regime capitalista. A gente tem que
virar a mesa.
Thiago Domenici – O senhor é otimista com relação ao futuro do país?
Eu sou porque é a maioria que vai comandar, não é? Eles estão com
fome, não têm dinheiro, um dia a coisa muda, não é? E a gente tem que
estar preparada para quando tiver a chance disso, como teve Fidel
livrando Cuba. Então, mudar as coisas. Enquanto houver esse regime de
poder, de dinheiro, de bancos, não caminha nada. De modo que nossa
posição agora, entre amigos, e em movimentos assim entre arquitetos, é
melhorar um pouco a mentalidade das pessoas. O sujeito estuda em uma
escola brasileira e é a formação do homem especialista, que é a maior
merda, não é? O sujeito só sabe aquele assunto. O meio médico só sabe
medicina, o outro a mesma coisa... Então estamos lutando para que nos
regimes superiores haja sempre conferências paralelas sobre filosofia,
sobre história, sobre letras. Não é pra criar um intelectual, mas criar
um sujeito que tenha o mundo diante dele, esse mundo perverso que nós
vivemos. Mas não é uma tendência de crer no racionalismo de
Schopenhauer, não. Mas é ficar realista, ver que o ser humano não tem
perspectiva, é pequenino, basta ele olhar para o céu, ele é
insignificante, não é? Então levar o sujeito a uma posição mais modesta,
o sujeito ter prazer em conhecer as pessoas, não ficar adivinhando os
defeitos; não, é como dizia o Lênin, 10 por cento de qualidade já é
suficiente. Para haver um entrosamento, vontade de viver de mãos dadas
de uma maneira mais decente.
Gershon Knispel –
Juntar as disciplinas foi também a sua idéia quando você fez o projeto
da plataforma da Universidade de Haifa. Sob a plataforma reuniam-se
todas as disciplinas.
Com relação à arquitetura, por exemplo, a gente sabe que estamos
vivendo um momento especial para o arquiteto. Porque o concreto armado
permite coisas que eles nunca tiveram possibilidade de fazer. A gente
lembra no passado, os arquitetos da Renascença, querendo fazer as
cúpulas, limitados a 30 metros, 40 metros de diâmetro. Como eles
gostariam de fazer a cúpula que estou fazendo lá em Brasília, que tem 80
metros de diâmetro! É a evolução da técnica na arquitetura, permitindo
coisas que eram impossíveis. Veja em Veneza: o arquiteto do Palácio dos
Doges queria fazer um espaço maior dentro do palácio, e não podia. Então
ele fez uma treliça de madeira fantástica pra conseguir eliminar os
apoios. Hoje, uma lajezinha dava a ele essa possibilidade, sem nenhum
problema. De modo que a arquitetura evoluiu em função da técnica, mas
também em função da melhoria da sociedade, do desenvolvimento de uma
sociedade mais justa. Por exemplo, eu me lembro lá na Argélia. Não fiz
um prédio para cada escola, fiz dois grandes prédios, um com salas de
aula e outro com laboratórios, e esses dois prédios servem a todos os
estudantes. Eu queria fazer o que o Darcy Ribeiro propunha: dar mais
ligações para que os estudantes tivessem mais contato, trocassem
experiências. Então, aí é o ensino que evolui e influencia a
arquitetura. De modo que a arquitetura cresce com esse apoio lateral da
sociedade, da técnica. Por exemplo, quando os arquitetos sentiram que os
prédios deviam subir para encurtar as distâncias, não foram eles que
deram a solução, mas foi o elevador que permite subir. E aí apareceram
nas cidades esses centros de arquitetura vertical horríveis uns contra
os outros, mas podiam ser muito bons. Como tem na Île de France, em
Paris. Eles subiam em altura, mas cresciam no sentido horizontal também.
De modo que a arquitetura é sempre levada pelos fatos. Eu digo sempre
que é a vida que muda tudo, não é? A vida é que é importante. Acho que o
sujeito estar na rua protestando, esculhambando o governo, não esse
governo atual, mas o sujeito querer mudar as coisas é que conta. A vida é
que é importante.
Claudius – Em 1968 fiz
uma entrevista com o Lúcio Costa, e lembrei a justificativa que ele fez
de Brasília, em que as superquadras seriam um ponto de encontro entre
as várias classes sociais, permitiriam uma socialização em que as
pessoas partilhariam o espaço comum, a escola, a igreja, o supermercado,
o teatro, as habitações também, e eu disse: “Não foi isso que
aconteceu. O que aconteceu é que as pessoas que fizeram Brasília estão
morando nas cidades satélites, não na cidade que elas fizeram”. E ele
disse: “A realidade brasileira foi mais forte que o sonho”.
A gente pensa que nas cidades modernas o mais importante é a base,
que não cresçam indefinidamente, degradando. E que elas sejam separadas,
sejam multiplicáveis e não que uma cidade cresça. De modo que Brasília é
isto: fizeram as cidades satélites grudadas no Plano Piloto. Então,
isso dificulta a circulação, esse vaivém de uma cidade para outra. É
complicado.
Marina Amaral – E o Rio de Janeiro? Como o senhor sente a evolução da cidade nesse tempo todo?
Eu gosto do Rio, acho o Rio formidável, essa esculhambação. Nem tenho
vontade de sair pra lugar nenhum. Basta olhar o mar, com alguma
esperança no coração, pensar que tudo vai mudar...
Claudius – Não
conseguiram destruir o Rio, incrível. Mas, se te dessem a possibilidade
de tomar algumas decisões em relação ao Rio, o que você proporia?
Acho que a base é a diferença entre as classes, é a grã-finagem que mora na beira do mar, olhando as favelas como o inimigo vendo os garotinhos da favela sem futuro porque eles nascem ali sem
apoio, sem lar, estudo, sem nada, será um homem revoltado, feito a
figura do escritor francês Albert Camus. O Rio tem que melhorar é o
sistema de vida, não tem condição. Depois dizem que a gente fica se
adiantando, que isso tem que vir com o tempo. Tem nada, tem que estar
preparado. A gente tem é que sonhar, senão as coisas não acontecem. É
lógico que em termos urbanos tem coisas erradas, cortaram a praia,
fizeram entre a cidade e a praia uma via de circulação rápida; ninguém
faz isso, é o contrário, a cidade mais ligada ao mar. São coisas que
acontecem. Qualquer cidade antiga, você vai ver, tem coisas erradas.
Rafic Farah – Dentro do que você já viu acontecer, acha que o Brasil está evoluindo?
Acho, acho que está melhorando. Acho que o governo Lula, nós
queríamos que ele fosse mais ativo, esperávamos um governo mais
corajoso, mas é melhor ficar com ele. Porque a reação é uma merda. O
Lula pelo menos conversa com o Chávez, dá um certo apoio. Não é o líder
que nós gostaríamos, mas é um operário que está aí pensando no povo.
Acho que tomar uma posição contra o Lula é uma posição reacionária, é
pior.
“A
gente vê que a coisa está melhorando, que há qualquer luz no horizonte,
a gente tem uma esperança. Mas é difícil, principalmente para nós que
não acreditamos em melhora dentro do regime capitalista”
Marina Amaral – E o senhor vê outros líderes brasileiros interessantes?
Vejo, vejo esse Stedile, que conduz a reforma agrária. O MST é o
único movimento decente que temos por aí. Tenho até um boné que ele me
deu. Quando o sujeito que vem é mais reacionário, eu ponho o boné. É uma
luta importante. O Lula não deu todo o apoio que eles mereciam, mas, de
qualquer maneira, está mantendo a coisa.
Marcelo Salles – Falando em revolução, que o senhor e o Stedile propõem, o senhor acha que a atual conjuntura permitiria isso? Acho que o mundo caminha à base do inesperado, de uma coisa nova que
aconteça. Então temos a expectativa do que vai acontecer, pode vir a
favor, pode vir contra, como as torres lá em Nova York, mudou tudo. As
coisas são sempre assim. O João Saldanha dizia uma coisa boa, que é a
vida que leva a gente. A gente faz um plano, e bau. Outro dia eles
vieram aqui, o pessoal do Pasquim: “O que você acha?” “Acho que o
importante é mulher do lado e seja o que Deus quiser.” Eles acharam
graça, depois eu pensei: que frase mais reacionária, que coisa mais
egoísta, porque não basta isso, isso é a base, né? A gente tem que olhar
o mundo, a miséria que existe, uma contribuição imensa que a gente tem a
dar, a ajudar a melhorar.
Thiago Domenici – O senhor é um comunista assumido, não é?
Ah, tem que ser. O que me irrita é quando o sujeito diz:: “Não. Vem
um regime de esquerda, mas vai ser diferente”. Diferente nada. Foram
setenta anos de glória. Eu me lembro do Stálin dizendo para os soldados
dele quando os alemães já estavam em Stalingrado: “Pra Berlim!” É
fantástico, não é? E venceram a reação, livraram o mundo do nazismo. Tem
gente que tem receio de falar de Stálin porque os americanos deram a
ele uma imagem de um calhorda qualquer. E não é, é um sujeito
fantástico, preparou a Rússia para a luta necessária, mantendo uma
indústria pesada.
Thiago Domenici – E o senhor já imaginou o comunismo no Brasil?
Eu vivi aquele período do Prestes, quando a gente tinha esperança, a
gente ia pra rua, a gente fazia comício, depois veio a reação e pra eu
falar com o Prestes tinha que pegar um carro, trocar de carro no
caminho, não é? Eram companheiros muito corretos, as melhores pessoas
que eu conheci foram do Partido Comunista. Mesmo quando eles fogem da
linha do partido, assim, teve o Araguaia, eles tinham idealismo, fizeram
muito bem, Marighella era um sujeito fantástico... A gente se revolta e
tem sempre esse lado espontâneo, de querer melhorar as coisas.
Gershon Knispel – Em
1964, quando a gente se encontrou em Tel Aviv, você começou o seu
período de exílio. O escritor e ministro da Cultura da França André
Malraux até fez uma lei especialmente pra você poder trabalhar no
exílio.
Eu fui antes do golpe. Fui em fevereiro. Lembro que, quando fui me
despedir do Darcy Ribeiro, ele me disse: “Oscar, estamos no poder”.
Depois de quinze dias na Europa, eu estava em Lisboa e ouvi a notícia do
golpe pelo rádio. De modo que fiquei por lá um pouco. Porque ainda
existe solidariedade. Cheguei na França e o André Malraux tirou um
decreto com De Gaulle pra eu poder trabalhar na França como um arquiteto
francês. E na Argélia foi a mesma coisa, e na Itália. Ficava aflito lá,
às vezes me emocionava com o negócio do Brasil, lembrando as coisas que
estavam ocorrendo aqui. Mas fiquei por lá algum tempo e quando vim fui
direto pra prisão, no dia seguinte estava na prisão. Não me soltavam. “O
senhor tem que prestar declarações”, etc. e tal. “Doutor Niemeyer, o
que vocês pretendem?” Eu disse: “Mudar a sociedade”. E o sujeito que
fazia as perguntas vira pro crioulinho que estava batendo a máquina:
“Escreve aí: mudar a sociedade”. Ele virou-se pra mim e disse: “Vai ser
difícil, hein?”... Filho da mãe! Tratando de melhorar a vida dele!...
Marina Amaral – E hoje o presidente do Congresso é um comunista.
Pois é. As coisas melhoram.
Marina Amaral – Qual sua visão do Congresso, da política em Brasília hoje?
Tenho alguma esperança, porque o mundo está mudando. Você tem que se
aproximar do povo para ter poder. Acho que a América Latina vai se
organizar, a gente não sabe o que vai acontecer com o Bush, ele está
desmoralizado, mas está com as armas, né? E é um tarado. Um dia eu disse
aqui que ele era um filho da puta. Passou um tempo, um sujeito veio me
entrevistar e ele soube disso e perguntou: “Doutor Niemeyer, o senhor
disse que o Bush é um filho da puta?” Eu disse: “Olha, não conheço a mãe
dele, mas ele é um filho da puta”. Mas tem esperanças... O que me
incomodou muito nessas CPIs foi a maneira com que um deputado
questionava o outro. Eles estavam naquilo havia muitos anos, deviam ser
amigos, fazer um inquérito mais educado, sem ofender. O Zé Dirceu
merecia mais apoio, respeito, ele era um sujeito que tinha lutado. Mas
não foi sempre assim. Um período que me lembro de ser tranquilo da gente
trabalhar foi o período do Capanema (Gustavo Capanema foi ministro da
Educação de Getúlio Vargas no Estado Novo, depois criou o Instituto
Nacional do Livro e o Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional). Ele era um sujeito fantástico, não pensava em dinheiro, era
teso mesmo. Queria a melhora do país, do ensino. Chamou Portinari,
Drummond, chamou todo mundo. O Rodrigo de Mello Franco, do Patrimônio
Histórico, passou a vida ligado ao Patrimônio, eu trabalhei com ele. Me
lembro, a gente ia viajar, cidades mineiras, Ouro Preto, e eu sentava ao
lado dele e ele me dizia: “Oscar, se a gente não correr, essas casas
vão cair como baralho de cartas”. E defendemos o patrimônio artístico.
Marina Amaral – O senhor falou do Chávez. O senhor acredita nessa união Fidel-Chávez-Morales?
Acho que só não pode exagerar, se meter na vida de outros países, mas eles são importantes. Chávez é uma figura importante.
Claudius – Você o conheceu?
Não. Ele veio aqui no Rio uma ocasião, me avisou que vinha. Eu fui
lá, mas ele demorou tanto, estava almoçando, que eu vim embora.
Thiago Domenici – E de onde o senhor tira tanta energia pro trabalho?
Ah, não tem energia nenhuma. Eu faço projeto sentado. Porque é bom a
gente pensar. Foi o desenho que me levou pra arquitetura, mas hoje eu
sei que a arquitetura está na cabeça. Fica ali pensando, depois é só
levantar e desenhar o projeto.
Gershon Knispel –
Oscar, eu notei, quando trabalhamos juntos em várias ocasiões, que você
dá muito sentido à palavra escrita. Quando faz um projeto, você gosta de
escrever sobre ele.
Eu desenho, o sujeito não entende, então preciso explicar. Aí, você
explica como é que aquilo vai funcionar. Então, tenho que fazer o
projeto; acabei o projeto, está tudo estudado, desenhado, aí escrevo o
texto explicativo. Se tem uma dúvida, volto ao projeto. É a prova dos
nove que a gente pode dar. Mas a arquitetura hoje é um movimento tão
generoso do concreto armado, e na realidade você voltar ao passado, ver o
primeiro átrio, a primeira curva, as catedrais, vai se repetindo... Mas
o vocabulário plástico do concreto é tão mais rico, que com ele não tem
fim. Eu digo sempre: não acredito em uma arquitetura ideal, se todos
fizessem a mesma coisa seria o fim. Mas o sujeito pode usar o concreto e
tudo o que ele oferece, ele permite tudo. Agora, pode cada arquiteto
fazer sua arquitetura, o que ele gosta, e não o que os outros gostariam
que ele fizesse. Ele tem que ser decidido, por isso eu conto sempre: fui
chamado pelo prefeito do Havre, na França. Cheguei lá, um lugar frio,
vento, a praça na beira do mar, eu disse: “Olha, eu queria afundar a
praça 4 metros”. Ele me olhou espantado. Nunca lhe pediram pra afundar
uma praça enorme 4 metros. Mas ele fez. Então, na praça do Havre, você
anda pela calçada e está vendo a praça embaixo. Você é convidado a
descer porque tem um teatro dentro dela, o sujeito desce e vê a praça.
Então é uma praça diferente, não conheço outra no mundo. Ela foi
tombada. E teve um crítico italiano, não me lembro o nome agora, um
sujeito muito duro, que declarou que ele põe a praça do Havre entre as
dez melhores obras de arquitetura contemporânea. Por quê? Porque é
diferente. Então eu digo, tem que ser diferente. A obra de arte tem que
criar emoção e surpresa. Tem uma história engraçada, não sei se dá pra
publicar. Uma vez, Capanema quis fazer uma exposição num prédio antigo
lá do Castelo. E o prédio era ruim de arquitetura. Nós queríamos dar
mais ênfase à exposição, então penduramos uma lona na frente do prédio,
disciplinamos a fachada, né? E fizemos uma marquise de madeira, saindo
assim do prédio com uma curva, pra marcar a entrada. Então, 4 horas da
manhã, vinham dois operários andando assim e um deles parou e disse:
“Caramba, é tão bonito que não parece real”. Quer dizer, o que é isso?
O sujeito do povo não participa da arquitetura, mas quando é bonito ele
tem um momento de prazer.
Claudius – Oscar, do que você fez, o que gosta mais? Digamos que você tenha que nomear cinco.
Ah, são temas diferentes. Esse projeto do museu agora (de Brasília)
eu gosto porque é um exemplo do que se pode fazer com concreto armado. É
o concreto armado utilizado com toda a sua possibilidade. É a cúpula de
80 metros, os tirantes que sustentam o mezanino, tem as rampas, é um
espetáculo estrutural. O museu de Niterói, por exemplo, é bonito. E
arquitetura tem que ser fácil explicá-la. O museu de Niterói, eu cheguei
lá, vi a paisagem, é o mar defronte. Aí, as montanhas do Rio. Uma
paisagem que eu tinha de preservar. Então subi o prédio, preservei a
paisagem, ele está solto no ar. De modo que arquitetura funciona quando
cria emoção, quando o sujeito fica espantado: “Que merda é essa?”
Claudius – Mas o MAC, o
museu de Niterói, ainda tem uma coisa que é uma sacação incrível. Está
dentro de um lago, e tem um determinado ângulo que você vê a água do
lago em que ele está se confundindo com o mar.
É, eu fiz de propósito. Fiz o espelho d’água que...
Marcelo Salles – E quando você está lá dentro parece que está no mar. Porque não vê o chão, só vê a água.
Uma vez eu estava com o Darcy conversando e ele me contou que fez uma
reunião pra discutir o problema do índio e o índio ficou lá calado.
Estava no fim da reunião, ele virou pro índio e disse: “Você não quer
dizer alguma coisa?” O índio disse: “Não”. “Por quê?” “Porque estou com
preguiça.” Então, a arquitetura é tão clara, a gente explica: concreto
armado, o caminho a seguir, usá-lo em toda a sua plenitude é função do
arquiteto, reclamar que a arquitetura é injusta é função do arquiteto,
reclamar que a arquitetura não tem importância... Diante da vida não tem
mesmo. O importante é a vida, o sujeito viver bem, de mão dada. De modo
que, quando o Darcy me disse isso, eu fiquei pensando: vai ver que esse
índio já estava cheio de tanta promessa. De tanta discussão, sabendo
que tudo era fantasia.
Claudius – Palácio Itamaraty, em Brasília?
Eu gosto, mas gosto mais dos outros prédios. Não tem uma novidade assim, ele é bonito, o jardim é bonito.
Claudius – E (a sede da editora) Mondadori, na Itália?
Mondadori também. Você sabe que o Mondadori veio aqui, eu não
conhecia ele, e disse: “Doutor Niemeyer, estive em Brasília, vi o
Palácio do Itamaraty e aquela colunata, eu queria um projeto lá (na
Itália), bonito, para o senhor fazer uma colunata daquela. Eu disse:
“Está bem, vou fazer”. Mas lógico que eu não ia fazer igual. Em vez de
fazer uma colunata como a do Itamaraty, em que as colunas se repetem em
espaços iguais, eu queria mudar. Não adiantava eu querer mudar o fecho
das colunas, tinha que mudar os espaços entre elas. Então fiz espaços de
15 metros, 5 metros, 3 metros, uma coisa assim meio musical, e ficou
diferente. E as colunas do Palácio do Itamaraty sustentam o teto, mas as
colunas da Mondadori sustentam cinco andares. Tem as colunatas, as
vigas em cima, e tudo pendurado em tirantes, os cinco andares. De modo
que a obra da Mondadori, como obra de arquitetura, de aproveitamento da
técnica, tem muito mais impacto. É muito diferente. Garanto que nenhum
de vocês viu um prédio em que as colunas têm espaços diferentes entre
elas. É uma coisa que a técnica permite, uma surpresa que cabe ao
arquiteto exprimir em seus trabalhos.
Claudius – Agora, tem umas coisas que se destacam: capelinha do Palácio da Alvorada, que acho um gesto aquilo ali.
É. O tamanho do prédio ajuda, em um prédio público você tem que usar a
técnica pra ficar e mostrar a época que você está vivendo. Só era
possível fazer assim. Agora, coisa pequena... Mas eu, por exemplo, não
faço barroco. Trabalho nas próprias estruturas. Não faço detalhe bem
desenhado assim, a forma que eu produzo é nas estruturas, criando
estruturas diferentes.
Thiago Domenici - Antes da arquitetura é verdade que o senhor quis ser jogador de futebol?
Eu joguei no juvenil do Fluminense. Meu irmão é que jogava no segundo time.
Thiago Domenici – O senhor jogava em qual posição?
Joguei só uma vez em campo, era uma preliminar (do Fla-Flu, no
estádio das Laranjeiras), mas eu jogava no colégio. O goleiro do
Flamengo naquele tempo era o Amado Benigno, ele foi meu colega no
colégio. Lembro que, depois que saímos do colégio, já formados, ele me
telefonou querendo que eu fosse treinar lá no Flamengo. Ele me conhecia
do futebol na terra, em um campo assim de salão. Mas futebol pra mim é
diversão. É fantástico, você olha lá o jogo, quem entende vê a evolução
de cada jogada...
Thiago Domenici – O senhor tem admiração por outros esportes?
Quando eu era garoto era abusado, frequentei o Gracie (Hélio Gracie
foi campeão e professor de jiu-jítsu). Sempre é bom fazer um exercício,
né?
Marina Amaral –
Voltando à política: em qual momento histórico brasileiro o senhor se
sentiu mais esperançoso, mais próximo da mudança que o senhor almeja?
Foi com Prestes. Lembro que o Prestes foi no meu escritório, quando
ele chegou de fora, eu falei: “Senhor...”. Ele disse: “Senhor é senhor
de engenho ou Nosso Senhor”. E depois eu disse a ele: “Olha, o seu
trabalho é mais importante que o meu, você fica com o meu escritório”.
Saí e fui arranjar um outro lugar pra trabalhar. E foi engraçado porque
eu estava fazendo o Banco Boavista. O presidente do Banco Boavista,
barão de Saavedra, era um sujeito muito educado, um sujeito muito bom,
aliás. Ele telefonava às vezes pra mim, uma vez telefonou e o pessoal:
“Partido Comunista Brasileiro”. Ele tomou um susto e no dia seguinte me
perguntou: “Vem cá, o que tu conversas com o Prestes?” “Nós falamos de
mudar as coisas, que um dia as coisas vão mudar.” E vão mudar, lógico.
Gershon Knispel – Quando Fidel esteve aqui, ele nos abraçou e disse: “Nós somos os três últimos comunistas do mundo”. Será?
Não, acho que existe muito comunista no mundo. Todo sujeito que tem a
revolta dentro dele é um comunista. O que a gente quer? Acho que é
importante hoje o sujeito ser modesto. Quando vejo o sujeito pensando
que é importante, acho uma merda. Nada é importante. Agora, tem de
melhorar o mundo, lutar, fazer a vida mais justa, os homens se
entenderem, estamos no mesmo barco. Pra ser coerente, temos aqui uma
aula de filosofia por semana.
Claudius – Quem é o professor?
Ele é físico e a aula que dá é de filosofia com ciência. Anteontem
mesmo ele falou aqui de uma cratera imensa que descobriram no pólo,
acham que ela é responsável até pela separação da África da América. A
ruptura que houve foi no momento em que um meteoro fantástico caiu em
cima do pólo e fez esse buraco enorme. A terra tremeu e se separou ali
na África.
Marina Amaral – E quem assiste às aulas com o senhor?
O pessoal do escritório. A gente tem que ser coerente. Tem um rapaz
aqui, ele é modesto, quer ser arquiteto. Então pago a universidade pra
ele. Mas ele tem que ler um livro e me mandar uma notinha de dois em
dois meses. Agora, você pergunta pra ele quem é Machado de Assis, ele
sabe; quem é Eça de Queirós, ele sabe. Porque um dia eu estava aqui no
escritório com umas estudantes, duas moças conversando, e uma perguntou:
“Você já leu Eça de Queirós?” E a outra perguntou: “É filho da Rachel
de Queiroz?”
Thiago Domenici – O
senhor tem uma preocupação muito grande com o céu, que as pessoas possam
olhar o céu. Se o senhor fosse filosofar sobre o céu, o que diria?
Esse universo que não é nosso é tão imenso que o sujeito tem que se
sentir pequenininho. Realmente é fantástico. O tempo e os movimentos,
ah, o universo é fantástico. E quando vejo um beija-flor, por exemplo, é
tão bonito, é tão bem-feito, parece uma coisa feita em um concurso,
assim, de movimentar as asas, é um mistério.
“Quando
vejo um beija-flor, por exemplo, é tão bonito, é tão bem-feito, parece
uma coisa feita em um concurso, assim, de movimentar as asas, é um
mistério”
Rafic Farah – E Deus? Você não cogita que exista uma entidade superior criando o beija-flor? Criando essa harmonia do universo?
Ah, eu sou realista. Pode ser. Eu não acredito em religião. Mas gosto
de conversar com os padres. Tem um que foi arcebispo que já veio
almoçar aqui. Porque fui criado em uma casa e tinha o retrato do papa na
parede, na sala de visitas. Meu avô era católico, ministro do Supremo
Tribunal Federal durante muito tempo, e das lembranças que às vezes eu
falo dele é que ele morreu teso. Nós vivíamos em uma casa grande em
Laranjeiras, ele fez o andar de cima pra minha mãe, morávamos no andar
de cima, e tinha muita gente que visitava a casa. Aí, um dia, ele
morreu, morreu teso, o que achei ótimo. A gente viu que o dinheiro não
interessa mesmo. Com a casa hipotecada, a vida que levávamos era mais ou
menos tranquuuuila, ele era uma pessoa conhecida; isso mudou
completamente de um dia pro outro. Eu passei por esses momentos: uma
vida não de luxo, mas de economia tranquila assim, pra no dia seguinte
não ter nada. Foi ótimo. Sempre achei que o dinheiro não tem
importância. Por isso, quando Juscelino me telefonou, “Oscar, eu sei que
você tem problema de dinheiro, queria que você fizesse o projeto do
Banco do Brasil e do Banco de Desenvolvimento Econômico pela tabela do
Instituto”, eu disse: “Assim eu não faço”. “Por quê?” “Porque sou
funcionário.” Pra viver tem que trabalhar. O trabalho que eu faço eu
divido. Meu trabalho tem duas etapas. A primeira é o projeto. Faço
sozinho porque acho que arquitetura é uma coisa muito pessoal. Faço
naquela prancheta ali. Quando está pronto o projeto, chamo um escritório
de fora, na maioria dos casos é o da minha neta, e o escritório
desenvolve o trabalho. Assim tenho mais folga de tempo, né? Posso ver os
amigos, a gente bate papo, conversa.
Rafic Farah – Quantos projetos você está tocando agora?
Estou fazendo na Espanha um museu e um conjunto grande, um auditório.
Marina Amaral – O senhor sempre acompanha suas obras ou algumas vê já prontas?
Eu acompanho a obra. Por exemplo, o museu de Niterói; se vocês forem
ver, eu sempre me preocupei com a ligação da arquitetura com as artes.
No tempo do Capanema foi levada a sério essa ligação da arquitetura com
as artes. Quando eu fiz a Igreja da Pampulha, chamei o Portinari, a
fachada toda de azulejo com desenho dele. Nesse átrio que estou fazendo
em Niterói não havia dinheiro pra chamar mais ninguém, então eu mesmo
fiz o desenho da fachada. No azulejo, as mulheres dançando, tal. De modo
que isso é importante. Mas, nesse museu, fiz um croqui pra uma
exposição da minha filha, um croqui assim com um comício, o pessoal
chegando, aquelas bandeiras, o entusiasmo, fiz um croqui de 80
centímetros. Agora estou desenvolvendo pra 40 metros. Pro teatro. Quem
entrar no teatro vai tomar um susto. Então estou preocupado com, de um
desenho de 80 centímetros, fazer 40 metros de azulejo! De modo que o
trabalho tem essas coisas que estimulam, que a gente gosta de
participar. O povo fala da arquitetura às vezes, mas não é esse caso.
Pra mim é engraçado chegar lá e ver em uma parede um croqui que eu fiz
tão pequeno, lá. E cria espanto, quando o povo chegar lá e ver. E, por
mim, isso tem que acontecer.
Marina Amaral – O senhor conversa com os operários?
Com o mestre-de-obras, claro, a gente sempre conversa. Me lembro, no
tempo de Brasília, eles eram amigos nossos, a gente ficava lá o dia
inteiro. Brasília foi uma aventura difícil. Lembro quando um dia
Juscelino me chamou, o primeiro contato que tive com ele foi quando fui
fazer a Pampulha. Foi a primeira obra dele como homem público, meu
primeiro trabalho, e o primeiro projeto que o Marco Paulo Rabello
acompanhou como engenheiro. Então lembro que Juscelino me explicou o
programa com aquele entusiasmo dele, depois me disse: “Olha, preciso do
projeto pronto até amanhã”. Aí fui pro hotel, eu era moço, trabalhei a
noite inteira e entreguei o projeto de manhã. E essa coisa, de o projeto
ficar pronto pra amanhã, eu vivi em Brasília o tempo todo. Ele queria
trabalhar. Então, Brasília foi uma aventura, porque a gente não tinha
material suficiente pra projetar, a gente tinha que achar. É engraçado,
porque, apesar do tempo curto, eu não procurei fazer uma arquitetura
mais fácil, não. Fiz as colunas mais complicadas, uma forma diferente,
tem que fazer no chão, depois acomodar as placas de mármore... De modo
que Brasília foi feita assim. Sem a gente procurar o caminho mais
lógico. A gente queria fazer diferente. De modo que quem vai a Brasília,
eu estou tranquilo, pode gostar ou não dos palácios, mas não pode dizer
que viu antes coisa parecida. E pra nós, na arquitetura, isso é o
máximo. Tem que ser diferente.
Marina Amaral – Você e Juscelino eram amigos?
Não, não. Eu conheci ele prefeito, quando estive na casa em que ele
morava. Mas era um sujeito bom, que pensava nos que trabalhavam com ele.
Israel Pinheiro foi fantástico, digno, corajoso, sem Israel Pinheiro
Brasília não ficava de pé. E teve o Joaquim Cardozo, que era calculista,
um poeta, um sujeito que compreendia o que a gente queria. Depois teve o
Lúcio (Costa) no Plano Piloto. De Brasília eu guardo uma lembrança boa,
não apenas da obra realizada, mas do ambiente de camaradagem. Por
exemplo, fiquei em Brasília sozinho com um pessoal, então a gente tinha
que se adaptar. Ir pra cidade, tomar uma bebida lá, dançar. Quando fui
pra Brasília não levei apenas arquitetos, fiz questão de levar
jornalistas, levei até um jogador de futebol que não lembro o nome,
levei gente fora da profissão, pra bater um papo. Tem que ter uma pausa
pra gente conversar outras coisas. Levei um amigo meu que era médico, um
sujeito muito engraçado. De modo que me preparei para aguentar e não
ficar só falando de arquitetura...
Gershon Knispel – Você não muda suas idéias desde aqueles tempos, não é?
O que eu acho que tem que mudar é o principal, que a vida pelo menos
seja igual pra todos, mas saber que está colaborando, que está ajudando
outras pessoas a viver, sendo auxiliadas, sempre a gente trabalhar
junto, é um grupo, não é? Cada um dá a sua parcela de contribuição. E
depois tem os que constroem, que é importante, e os que vão usar, e aí a
gente vê que a arquitetura não é tão importante, que trabalhamos só
para os ricos ou para os governos, os pobres ficam olhando de longe e
achando aquilo bonito quando é bonito, achando graça quando é diferente.
Marcelo Salles – Na sua opinião, em que medida os meios de comunicação são importantes pro sistema capitalista?
É tudo a serviço do capitalismo. O pobre está fodido. Não tem
condição de fazer nada. E a miséria que vem do interior, essa então é
impossível. Lembro que o Prestes contou que, uma vez que ele estava na
Coluna, passou numa zona muito pobre do interior do Brasil e tinha um
barraco e uma moça veio e pediu uma ajuda, qualquer coisa, ele
perguntou: “Você mora sozinha?” “Não, tenho uma irmã.” “Por que ela não
vem?” “Só temos um vestido.” Miséria...
Marina Amaral – Nisso o senhor vê que a gente evoluiu, que a gente é menos miserável?
A gente sente que, pelo menos, no governo do Lula, ele foi operário e
se preocupa com isso. Na política externa, mesmo o pessoal que segue
com o Lula é muito bom. Esse ministro é ótimo, tem outros também que são
meus amigos, gente muito boa, de modo que ele mantém uma política
equilibrada, não tem o arrojo que a gente gostaria, não digo que será
igual ao Chávez, em querer mudar as coisas com mais ímpeto...
“Quem
vai a Brasília, eu estou tranquilo, pode gostar ou não dos palácios,
mas não pode dizer que viu antes coisa parecida. E pra nós, na
arquitetura, isso é o máximo.”
Marina Amaral – O senhor lê os jornais de manhã, tem paciência de ler os jornais?
Leio tudo.
Thiago Domenici – Queria saber como é um pouco a rotina do senhor...
Ah, acordo, venho pra aqui, peço pra lerem jornal, porque tenho
dificuldade pra ler, converso um pouquinho, quero trabalhar, mas não
posso, todo dia vem imprensa, não dá, eu atendo, porque, lógico, tem que
atender, chateado de me repetir muito, porque as perguntas são as
mesmas, mas com vocês não, vocês são mais evoluídos, progressistas e
decerto são como eu, sabem que o que é realmente importante é mudar o
mundo. Mas depois pego minha prancheta ali, trabalho até de tarde, de
tarde vêm os amigos, Renato Guimarães, Sabino Barroso, o Rômulo Dantas, o
Sussekind, as pessoas mais diversas, e a gente discute e tal... É isso,
recebo os amigos, às vezes a gente se reúne de noite, bate papo. No
tempo do João Saldanha, em que vinham os jornalistas amigos dele, nós
fizemos o Cebrade (Centro Brasil Democrático), foi um movimento muito
importante, tem muito deputado aí que foi do Cebrade e agora está
esculhambando a gente, mas o Cebrade teve aquele acidente na festa que
estávamos organizando e os sujeitos foram lá, dois militares, e a bomba
explodiu junto com eles.
Marina Amaral – Rio Centro?
Rio Centro. De modo que naquele tempo me reunia sempre aqui com o
João e os outros pra discutir negócios variados. Havia a vontade de
mexer nas coisas. Mas agora tentamos reunir o Cebrade outra vez, mas não
deu. Um dia fui numa entrevista aí com estudantes, tinha estudante à
beça. Primeiro falou um deputado que era advogado importante, morreu há
pouco tempo, falando sobre a reforma agrária com muita ênfase sobre o
socialismo, sobre Stedile. Na minha vez eu disse: “Olha, quando a vida
se degrada e a esperança sai do coração dos homens, só a revolução”. Aí
eles bateram palma e tudo e depois foram pra praia. É uma merda.
Claudius – A revolução é a esperança, né?
Lógico, tem que falar sobre a revolução ou então a gente se adaptar a
esse regime. Eu acho que está caminhando, a América Latina já
compreendeu que tem que se organizar, se armar e não sabe o que vem por
aí. O Bush está desmoralizado. O império dos ingleses virou colônia
americana. Invadiram os árabes, é difícil, a religião prende as pessoas,
né? O Irã se manifestando, recusando o que eles querem, parar com as
experiências atômicas. Um dia estoura, vem o inesperado, aí a gente vai
ver o que é que dá. Mas tem que caminhar sempre... só assim.
OS TRABALHOS REALIZADOS
Sem contar os projetos, estas são as obras de Niemeyer: Arquitetura
Brasil: Obra do berço, Rio de Janeiro -1937 / Casa de Oswald de Andrade,
São Paulo -1938 / Conjunto da Pampulha, Belo Horizonte -1940 / Conjunto
Ibirapuera, São Paulo -1951 / Conjunto Copan, São Paulo -1951 / Casa
das Canoas, Rio de Janeiro -1952 / Brasília, Nova capital da república –
1957 / Aeroporto de Brasília, Projeto – 1965 / Centro Musical, Rio de
Janeiro -1968 / PASSARELA DO SAMBA, Rio de Janeiro -1983 / CIEPS, Rio de
Janeiro -1984 / Memorial da América Latina, São Paulo -1987 / MAC DE
NITEROI, Museu de Arte Contemporânea -1991- Niterói / Museu O homem e
seu universo, Brasília -1994 / Torre da Embratel, Rio de Janeiro -1994 /
Monumento em Comemoração ao Centenário de Belo Horizonte, 1995 /
Monumento Eldorado Memória, doado ao MST, 1997 / Caminho Niemeyer,
Niterói, 1997 / Museu de Arte Moderna de Brasília, 1997 / Sede da
empresa TECNET – Tecnologia, 1997 / Paço Municipal de Americana, São
Paulo, 1997 / Centro de Convenções do Riocentro, Rio de Janeiro, 1997
/Teatro do Parque do Ibirapuera, São Paulo, 1999 / Centro Cultural e
Esportivo João Saldanha, em Marica, Rio de Janeiro, 2000 / Sede da UNE
na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, 2000 / Ordem dos Advogados do
Brasil – Sede, Brasília, 2000 / Caminho Niemeyer – Museu do Cinema
Brasileiro, Niterói, 2000 / Auditório e Salão de Exposições da Faculdade
Cândido Mendes, Rio de Janeiro, 2001 / Centro de Memória do DOI-CODI,
em São Paulo, 2001 / Museu do Cinema, em Niterói, 2001 / Centro Cultural
e Esportivo da Escola de Samba Unidos de Vila Isabel, Rio de Janeiro,
2002 / Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, Paraná, 2003 / Auditório
Ibirapuera, aberto ao público em outubro de 2005. No exterior: MAM em
Caracas, Caracas -1954- Venezuela / Sede do Partido Comunista Francês,
Paris -1967 – França / Editora Mondadori, Segrate (Milão) -1968- Itália /
Projetos para Argélia, Mesquita de Argel, 1968 – Argélia / Centro
Cívico, 1968 – Argélia / Universidade de Constantine, Constantine -1969-
Argélia / Bolsa do Trabalho, Bobigny -1972- França / Centro Cultural de
Le Havre, Le Havre -1972- França / Sede da Humanité, Franca, 1975 /
Universidade de HAIFA, 1965 / Pavilhão de Verão 2003 da Serpentine
Gallery, Londres, 2003. O Urbanismo: Plano Neguev, Deserto de Neguev
-1964-Israel / Conjunto Urbanístico em Grasse, Grasse -1967- França /
Ilha de Lazer em Abu-Dhabi, Emirados Árabes -1981. Escultura: Monumento
JK, Brasília -1980- Brasil / Monumento Tortura nunca mais, Rio de
Janeiro -1986- Brasil / Mão do Memorial da América Latina, São Paulo
-1988- Brasil / Monumento 9 de novembro, Volta Redonda -1988- Brasil /
Memorial Gorée-Almadies, Dakar -1991- Senegal - Projeto Escultura em
concreto com 80 m de altura. Informações mais detalhadas em
www.niemeyer.org.br
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