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Trabalhadores em greve paralisam multinacional em Valinhos (SP)
Publicado em 7.12.12 - por Sindicato dos Químicos Unificados, Regional Vinhedo.
A filial de Valinhos (SP) da multinacional norte americana ITW PPF Abrasivos enfrenta mais de 8 dias de greve dos trabalhadores. A reivindicação é por reajuste de salários e aumento do valor da PLR (Participação nos Lucros e Resultados). A empresa conta com cerca de 70 funcionários. A produção está 100% paralisada, desde o início da greve, mas os proprietários da empresa se recusam a negociar. Alguns encarregados também aderiram à paralisação.
A greve se iniciou no dia 29 de novembro, em meio à Campanha Salarial dos trabalhadores das empresas do setor químico. A proposta inicial da direção da empresa, que foi um reajuste de 7,8%, não foi aceita pelos trabalhadores. O índice oferecido pela empresa foi estabelecido pela Fiesp, com representantes da patronal. Os trabalhadores reivindicam um reajuste maior, para que o aumento real dos salários seja mais significativo. Representantes norte americanos da ITW já se manifestaram contrários à greve. A direção da empresa afirma não negociar com os trabalhadores enquanto estiverem paralisados e ameaça acionar a Justiça do Trabalho para declarar a ilegalidade da greve – uma greve que seguiu todos os procedimentos legais.
No início de novembro, os trabalhadores já haviam realizado uma paralisação de mais de 2 horas, reivindicando negociações salariais. Na ocasião, representantes da empresa se propuseram a realizar uma reunião com trabalhadores e o Sindicato dos Químicos Unificados, regional Vinhedo, mas se mantiveram intransigentes.
Além do aumento salarial, os trabalhadores da ITW também denunciam riscos de contaminação por produtos utilizados na empresa, como Tolueno e Ciclohexanona, substâncias altamente tóxicas. Há relatos de trabalhadores com problemas de pele, alergias, inchaço e dores estomacais e de cabeça. Segundo as denúncias, o uso de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) pela empresa não está de acordo com as exigências e os riscos dos produtos utilizados. Existem suspeitas também de contaminação ambiental pelo despejo inadequado de resíduos no solo e em um riacho próximo à fábrica.
Trabalhadores também denunciam assédio moral
As denúncias de assédio moral também motivam a greve dos trabalhadores. Esta prática muito comum nas empresas de grande porte, na ITW não se resume à pressão para aumentar a produção, mas também se manifesta em ofensas pessoais aos trabalhadores e ameaças de demissão.
A ITW faz parte de um grupo de empresas norte americanas que atua em 26 países e conta com mais de 60 mil funcionários no mundo todo. Apresentou em 2011 um faturamento de aproximadamente US$ 17,8 bilhões. Fornece produtos para a Honda, Volkswagen, Assolan, entre outras. No início do mês de dezembro, a ITW anunciou a aquisição da fábrica de equipamentos de panificação Perfecta, de Curitiba. A compra foi realizada através de uma das oito divisões da companhia, a Food Equipment, que, no Brasil, é dona da Hobart e oferece produtos para higienização de louças.
Os números são claros ao mostrar que o faturamento do grupo ao qual pertence a ITW de Valinhos tem recursos suficientes para oferecer um reajuste maior para os trabalhadores. A região de Vinhedo, onde se encontra o município de Valinhos, apresentou um dos maiores avanços em relação aos reajustes salariais para os trabalhadores das empresas do setor químico. Um número significativo de empresas ofereceu um reajuste maior do que o índice proposto pela Fiesp e pela patronal.
SOBRE ASSÉDIO MORAL
Na ITW, há muitos exemplos do tratamento ofensivo com a chefia trata no dia a dia seus subordinados: “você limpa a máquina como limpa sua b....” – “você conhece o ditado do c... - se limpa mal, tem que limpar de novo”. Um dos supervisores, sempre que há uma demissão, diz em altos brados: “mais um que eu mandei “ e sai rodando o crachá do trabalhador. Entre as formas de humilhação, também é frequente chamar os trabalhadores de incompetente, burro, e termos semelhantes. Outra forma de assédio é a ameaça de demissão por qualquer coisa, mesmo por parte do RH, quem deveria cuidar das "Relações Humanas". Em vez de verificar os maus tratos, diz para os trabalhadores que eles são pais de família e deveriam pensar melhor antes de fazer denúncias ou de participar de uma assembleia chamada pelo sindicato.
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