M�dia
Movimentos sociais fazem contraponto à Assembleia da SIP
Publicado em 18.10.12

Entre
os dias 12 e 16 de outubro, São Paulo sediou a 68ª Assembleia Geral da
Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP). Como já era de se imaginar, o tom
da cerimônia oficial de abertura foi a “preocupação com as ameaças à liberdade
de imprensa no continente”. Os principais “inimigos” da democracia seriam, segundo
o presidente do comitê anfitrião da entidade, Júlio César Mesquita, os governos
da Venezuela, Equador e Argentina.
Como avalia o professor Dênis de Moraes (UFF), esses países foram
atacados porque a SIP é radicalmente contrária a qualquer forma de regulação
democrática dos meios de comunicação na América Latina. “A defesa do Estado de
direito democrático causa profundo incômodo para a entidade, que inclusive se
notabilizou por apoiar golpes e ditaduras genocidas na América Latina”. Para o
professor, além desse “espírito golpista”, a SIP é, hoje, porta voz dos
interesses monopólicos dos grandes grupos privados de mídia. São grupos que,
nos últimos anos, vêm enfrentando iniciativas de intervenção no sistema de
comunicação para barrar a concentração midiática e desenvolver políticas
públicas de diversidade informativa e cultural.
O professor destaca que a SIP
está a associada ao grupo Diario de Las Americas, formado pelos grandes jornais
dos principais países da América Latina.
“Esses jornais estão muito bem articulados na divulgação de notícias
mentirosas, deturpadoras e falsificadoras contra os governos de Cristina
Kirchner (Argentina), Rafael Correa (Equador), Hugo Chavez (Venezuela) e Evo
Morales (Bolívia). O pior é que o poder de fogo desse grupo é muito grande e absolutamente
desproporcional em relação aos sistemas estatais e públicos desses próprios
governos. Em relação à mídia comunitária, não preciso nem falar”, lamentou o
professor.
Dênis de Moraes ressaltou, ainda, que a ação desses grupos de
mídia vai além da “batalha das ideias”. “Este é um instrumento para tentar
desestabilizar politicamente esses governos, simplesmente porque contrariam
suas ambições lucrativas e suas pretensões monopólicas”, afirmou. Um exemplo
claro é a Lei dos Meios da Argentina, reconhecida pela ONU como a mais avançada
legislação antimonopólica de mídia no mundo neste momento. A legislação vem
enfrentando duros ataques dos grandes grupos de mídia. “O grupo Clarín está no
centro dessa resistência porque acumula mais de 200 licenças de rádio e TV. E
não quer abrir mão, em hipótese alguma, de tamanho privilégio”, explica.
Por todos
esses motivos, movimentos sociais que defendem historicamente a democratização
da mídia no Brasil fizeram manifestações contra a SIP em
15 de outubro. Pela manhã, eles fizeram um ato público em defesa da “ampla e
verdadeira liberdade de expressão”, organizado pela FNDC e pela Frente Paulista
pela Liberdade de Expressão e Direito à Comunicação, em parceria com diversos
veículos. À tarde houve uma contraconferência online com o tema “Liberdade
de expressão na América Latina: de que lado está a SIP?”.
Núcleo
Piratininga
de Comunicação
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