M�dia
Sucesso de Avenida Brasil mostra a necessidade de se pensar sobre o poder das telenovelas
Publicado em 17.10.12
Em São Paulo, foi adiado o comício de
Fernando Haddad com a participação da presidenta Dilma Roussef, que estava
marcado para a sexta, dia 19 de outubro. A coordenação da campanha do PT chegou
à conclusão de que “não haveria ninguém”, pois o comício seria realizado no
mesmo dia e horário do capítulo final da novela Avenida Brasil, da Rede Globo. Em
Santa Catarina, foi divulgado recentemente um fenômeno de queda do consumo de
energia durante o horário em que a novela está no ar. De acordo com a Celesc
(Centrais Elétricas de Santa Catarina – Celesc), a queda de consumo diário de
eletricidade gira em torno de 5% entre as 21h e as 22h. Basta haver o
congelamento clássico, em preto e branco, do final de cada capítulo que
reaparecem os picos. Só então, parece, os telespectadores retomam o ritmo de
vida.
Avenida Brasil tem também alimentado
grande parte da mídia hegemônica. É comum notícias sobre a trama nos jornais
impressos e revistas. Nina e Carminha, as protagonistas da novela, já foram até
capa da revista Veja, na sua edição
de 8 de agosto de 2012. Na última edição
do programa de domingo Fantástico, a
pergunta que reuniu artistas e jogadores de futebol em torno do assunto foi:
“Quem matou o Max?”, personagem interpretado por Marcello Novaes. O coordenador do NPC, Vito Giannotti, disse que a Avenida Brasil mostra o imenso poderio da TV aberta no Brasil hoje. E a esquerda precisa se apropriar dessa linguagem para disputar a sociedade. Um dos perfis mais fiéis à novela são os grupos mais populares, que se sentem identificados pelos personagens que ali transitam. Segundo
a professora Maria Immacolata, coordenadora do Centro de Estudos em Telenovela
da USP, o que ajuda nesse reconhecimento é a visibilidade da chamada nova
classe C. Em entrevista ao jornal O Globo,
ela diz que são esses consumidores que estão tendo destaque nesta novela, e em
outras também. Mas é preciso começar a pensar: que valores tais novelas vêm
reforçando? No nosso último boletim, divulgamos uma avaliação de Gas-PA, do Coletivo Hip
Hop LUTARMADA, acerca da novela. Ele lembra que a cidade do Rio está se
remodelando para sediar grandes eventos esportivos mundiais, como a Copa do
Mundo, a Copa das Confederações e as Olimpíadas. Essa reconfiguração passa pela
chamada “faxina étnica”, que expulsa pretos e os mais pobres no geral das áreas
mais valorizadas da cidade.
Para
Gas-PA, a novela ajuda nesse processo, pois uma série de personagens acaba
trocando a “frieza” da Zona Sul pelo fictício bairro da periferia chamado
Divino. Este é o caso de Cadinho e de Monalisa. Ele pergunta: “Então, por que
motivo moradoras e moradores do Santa Marta, Pavão-Pavãozinho, Chapéu
Mangueira, Canta Galo, Tabajaras, Quilombo do Sacopã... não aceitariam
recomeçar suas vidas longe da fria, cara e tumultuada Zona Sul do Rio?”. E
dá a dica: “Se a principal fonte de informação da maior parte do nosso povo
é a televisão, temos que estar vigilantes e combativos ao conteúdo da
informação que o nosso povo recebe e consome, principalmente as subliminares
que são transmitidas através de ‘inocentes’ obras de arte, como telenovelas”. Um
bom passo para começar a pensar.
Núcleo
Piratininga
de Comunicação
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