Direitos Humanos
No Brasil tem racismo, sim!
Por Vito Giannotti - publicado no Brasil de Fato - edição de julho
 Teju Cole, escritor norte-americano que foi vítima de preconceito no Brasil
Alí Kamel e sua rede Globo repetem e milhões
acreditam que “no Brasil não há racismo, preconceito de cor” e coisas
parecidas. Isso já sabemos, faz tempo. Eu e milhares de pessoas sempre ficamos
injuriados com esta visão “global”! Mas e daí? A novidade é que no domingo,
8/7, a Folha de S.Paulo trouxe uma matéria com o título “Teju Cole diz
ter sofrido preconceito no Brasil”. Quem disse foi a FSP, citando o escritor
dos EUA, de origem nigeriana, que estava participando da Festa Literária
Internacional de Paraty, a famosa FLIP.
Suas palavras são claríssimas. Vejamos: “A imagem exterior
é a de que o Brasil é unido, resolveu seus problemas de raça, mas eu fiquei
chocado. Estive na FLIP, havia uma audiência de centenas, por que era tão
branca?”. E continua: “Em um local no centro histórico de Paraty fui perseguido
pelo segurança, até que apareceu alguém dizendo ‘ele é um dos nossos
palestrantes’. Essa é a realidade presente aqui”.
Eu pergunto: como é que fica a Globo e suas vítimas?
Eu estou receoso que alguém ache que, nos meus 70 anos, esteja ficando
esclerosado. Sempre toco, repito e insisto neste assunto de negro discriminado,
humilhado, passado para trás. Pois eu não me acho nada disso. Quero ser igual
ao senador romano, Cato, que terminava seus discursos repetindo sempre sua
ideia fixa: “Cartago tem que ser destruída”. Não interessava o assunto em
discussão. Seu refrão final era sempre o mesmo.
Eu quero ter quatro refrões finais. Um fim do capitalismo,
outro viva o
socialismo, outro combate ao machismo e o quarto sobre o racismo. Este último posso
formular assim: “Temos que acabar com a escravidão no Brasil”. Quer uma prova
desta necessidade? Sábado, dia 7 de julho, fui a um belo show de Paulinho da
Viola no teatro Vivo Rio. Lindão. Umas 5 mil pessoas. Antes de começar fiquei
de pé um tempão olhando, olhando tudo em volta. Localizei cinco negros e mais
quatro de origem africana. E os outros? Graças a Deus todos NÃO NEGROS... já
que não há negros no Rio de Janeiro.
Digam isso para o Teju Cole (foto). É ele que está cego. O pior é
que milhões de noveleiros e fantastiqueiros acreditam na voz do Jardim
Botânico. Temos muita estrada pela frente para disputar outra visão de mundo.
Ou seja, construir outra hegemonia.
Núcleo
Piratininga
de Comunicação
—
Voltar —
Topo
—
Imprimir
|