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Em entrevista ao SEESP, Laurindo Leal defende que trabalhadores devem ocupar a TV

Publicado em 17.05.12 - Por Rosângela Gil - Portal do Sind. dos Engenheiros de SP



Laurindo Lalo Leal tem uma vida profissional e acadêmica voltada para a comunicação. Sociólogo e jornalista, ele é professor da USP (Universidade de São Paulo) e atualmente apresenta o programa VerTV exibido pela TV Brasil e pela TV Câmara. Nesta entrevista ao SEESP, o professor fala sobre a importância dos sindicatos “ocuparem” o meio televisão para que se contraponham à informação nem sempre correta sobre os direitos e as lutas dos trabalhadores na televisão comercial.

SEESP - Por que o senhor considera importante os sindicatos de trabalhadores também ocuparem o meio televisão?
Laurindo Leal –
A presença dos trabalhadores na televisão é fundamental para o avanço democrático do País. Infelizmente os grandes meios de comunicação tratam muito mal as questões trabalhistas, especialmente a televisão. E como ela está em praticamente todos os domicílios brasileiros fica muito difícil mostrar ao público visões alternativas às que ela difunde. Os movimentos e as ações dos trabalhadores são invariavelmente criminalizados pela TV. Por isso é importante usar o mesmo veículo para que haja um mínimo de diversidade no conteúdo das informações.

SEESP – Nesse sentido, como o senhor vê a iniciativa do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo de lançar o Jornal do Engenheiro que será transmitido em canais comunitários?
Laurindo Leal –
Vejo a iniciativa do Sindicato dos Engenheiros com muita simpatia. Ela se soma a de outras categorias profissionais que passam a levar para a TV as demandas dos trabalhadores a partir do olhar dos próprios trabalhadores.


SEESP - Essa "ocupação" está inserida no processo de democratização dos meios de comunicação no País?
Laurindo Leal –
Sim. Esse processo se dá de várias formas. Uma delas é essa, a de ocupar os espaços possíveis para oferecer uma contraposição ao pensamento único hoje existente. A ela se somam ações institucionais como aquelas que lutam por um novo marco regulatório das comunicações para, entre outras coisas, enfrentar a atual concentração de meios existentes no Brasil e que impede o aprofundamento da nossa democracia.

SEESP – Quais experiências de programas de TV dos trabalhadores que o senhor destacaria?
Laurindo Leal –
No Brasil ainda não são muitas, mas as que existem são importantes por dois motivos básicos: primeiro por transmitir mensagens diferenciadas em relação ao que fazem as TVs comerciais e também por servir como exemplo para que outras categorias profissionais tomem consciência da importância desse meio e criem as suas televisões. A TVT é a primeira com sinal aberto, fruto de uma luta de mais de 20 anos. Enquanto políticos e empresários recebiam com muita facilidade concessões dos governos, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC batalhou esse tempo em busca do seu canal. É uma grande experiência que precisa, no entanto, ampliar o alcance hoje limitado, em sinal aberto, à Mogi das Cruzes e algumas áreas vizinhas. Outra experiência positiva é a TV Petroleira, do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro, transmitida pelos canais comunitários do Rio e de Niterói.

SEESP - De qual comunicação o Brasil precisa? E como os sindicatos de trabalhadores se inserem nela?
Laurindo Leal –
De uma comunicação que mostre a diversidade do Brasil e que dê voz às aspirações de todas as camadas sociais e não apenas das elites privilegiadas economicamente como ocorre hoje. Para isso é fundamental a incorporação dos sindicatos dos trabalhadores de todas as categorias na luta pela democratização da comunicação. Ela não pode ficar restrita aos profissionais mais ligados a área. Todos os trabalhadores e suas famílias são vítimas das distorções informativas, da violência gratuita dos programas de TV, da ênfase no consumismo e no individualismo, na propaganda perversa dirigida às crianças e aos adolescentes. Por isso a luta por uma comunicação plural, democrática e respeitosa deve estar na agenda de todos os trabalhadores e dos seus sindicatos.

 

Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa – SEESP

 


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