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Em frente ao Clube Militar, manifestantes fazem ato contra a comemoração do golpe de 64
Militares anteciparam sua comemoração anual do golpe de 64 para ontem, dia 29/3 no Clube Militar do Rio de Janeiro. Manifestantes estavam atentos e realizaram um ato de protesto contra a comemoração, pela abertura dos arquivos e pela Comissão da Verdade que apure os crimes cometidos na ditadura civil-militar de 1964 à 1985.
Charge por Nico – http://blogdonico.zip.net/
Por Tadeu Alencar / Vírus Planetário
O dom de despertar no passado as centelhas da esperança é privilégio exclusivo do historiador convencido de que também os mortos não estarão em segurança se o inimigo vencer. E esse inimigo não tem cessado de vencer.
Sobre o conceito da história – Walter Benjamin
Que fique bem clara a mensagem da juventude que luta pelos presos, pelos desaparecidos, torturados e mortos durante o regime militar brasileiro. Lutamos para que seja preservada a memória dos que defenderam a democracia e a liberdade acima de tudo. É uma afronta chamar de “revolução democrática” a ditadura orquestrada pelos militares em 1964.
Assaltaram o poder depondo um presidente eleito. Roubaram, restringiram os direitos civis e cometeram crimes hediondos os que hoje compareceram ao evento 1964 – a verdade, no Clube Militar do Rio de Janeiro. Passavam sorrindo e acenando para os manifestantes contrários ao evento, debochavam do alto da sua pilha de crimes acobertados. Não há desculpa para os que ali estavam presentes. Comemorar a ditadura é comemorar a tortura. Me entristece saber que até estudantes de Direito da UFF foram ao evento organizado pelos militares – mais triste fico quando sei que ali estavam pelo convite de sua professora.
Em resposta, um protesto foi organizado em frente ao clube militar do Rio de Janeiro. Não estavam somente os parentes das vítimas, os que viveram os tempos sombrios da ditadura. Estavam também os jovens da geração do “fim da história” – que cresceram em um mundo onde se acreditava na vitória final do capitalismo e no fim das utopias. Mas lá estavam eles que ainda ousam lutar, que sabem qual é a disputa a ser feita. Diversos estudantes de todas as universidades e colégios do Rio de Janeiro, de todos os coletivos e organizações. Mais importante do que xingar e ofender os velhos militares, e suas mãos sujas de sangue, era garantir que ali não se concretizaria a vitória do discurso falsário. Ali não seria desrespeitada a história dos que deram a sua vida para garantir uma sociedade mais justa. Edson Luis, Stuart Angel, Mário Prata, Áurea Valadão – todos estão presentes.
A ditadura sobrevive
Foto do Facebook
Os resquícios da ditadura civil-militar ainda estão por aí. Uma polícia extremamente militarizada, violenta e um Estado de excessão que mais parece ser regra geral. O trabalho escravo, a tortura, a desigualdade e a opressão se fazem presentes no Brasil até hoje. Lembrar dos crimes do passado é necessário para que eles não se repitam no futuro. Se querem os militares debater sobre qual é a verdade de 1964 que façam isso de maneira transparente, sem esconder os corpos de centenas de homens e mulheres – sejam eles operários,padres, professores, estudantes, advogados,camponeses ou guerrilheiros. Se a “revolução” foi democrática, o que há de se esconder?
Convoco todos os que desejam construir a luta pela abertura dos arquivos da ditadura militar. Vamos organizar uma grande atividade de resposta ao desrespeitoso ato dos militares.
Façamos o nosso debate: “1964 – a verdade contada pelo povo”. Não queremos a história dos opressores. Vamos contar a história da luta dos primidos.
Venceremos.
[Veja no vídeo produzido pelo cartunista Latuff a truculência da PM ao reprimir os
manifestantes]
*** *Tadeu Alencar é estudante de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro do DCE Mário Prata – UFRJ / Diretor de Universidades Públicas da UEE RJ pela Oposição de Esquerda.
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