Direitos Humanos
Nova Luz: moradores pobres são expulsos da região e imóveis vão para as mãos da iniciativa privada
Por Marina Schneider
A organização dos moradores da região da Luz para impedir a continuação do projeto Nova Luz, da prefeitura de São Paulo, está dando resultado. No final de janeiro a Justiça ordenou a paralisação do projeto porque não houve a necessária participação dos moradores na sua formulação e execução. Para quem vive lá, a ‘revitalização’ do Centro da capital – forma como o governo chama a iniciativa -, não passa de promoção da especulação imobiliária.
“Esta região é objeto de um projeto de ‘revitalização’ por parte da prefeitura de São Paulo, que pretende concedê-la ‘limpinha’ para a iniciativa privada construir torres de escritório e moradia e um teatro de ópera e dança no local”, explica Raquel Rolnik, relatora especial da ONU para o direito à moradia adequada. Segundo ela, moradores de imóveis lacrados foram intimados a deixar a área mesmo sem ter para onde ir.
No documentário LUZ, feito pelo projeto Memória Interditada, a presidente da Associação de Moradores e Amigos da Santa Ifigênia e da Luz, Paula Ribas, ressalta que as melhorias são necessárias, mas que os moradores não podem ser obrigados a deixar a região. “A gente quer que o bairro fique mais bonito. Mas agora que o bairro vai melhorar eu vou ter que sair daqui? Eu fiquei neste bairro no pior momento dele. Por que agora eu tenho que ir embora? Não vou sair”, protesta. O documentário é uma pérola. Em 20 minutos mostra a resistência dos moradores ao projeto da prefeitura de São Paulo que expulsa os pobres da região da Luz, onde ficam o Memorial de Resistência, o Museu da Língua Portuguesa e a Pinacoteca do Estado. De acordo com os planos da Prefeitura, o bairro será demolido em 25 anos.
Tortura autorizada Na região da Luz está a chamada cracolândia, alvo de uma política higienista do governo do Estado que tem tradado os dependentes de crack de forma extremamente desumana. Ao invés de ver a questão como um problema de saúde pública, Alckmin e Kassab prefere a estratégia da "limpeza urbana" e, usando a repressão policial, está expulsando e prendendo usuários, sem prestar assistência à saúde. Até mesmo uma barreira policial foi formada para impedir que os usuários da droga circulem por bairros nobres próximos ao local.
De acordo com o jurista Wálter Fanganiello Maierovitch, em sua coluna na revista Carta Capital nº 681, a dupla Alckmin-Kassab, inventou um novo tipo de pau de arara. “Procuram, com o fim da oferta, provocar um quadro torturante e dramático de abstinência nos dependentes químicos. E, pelo sofrimento e desespero, os dependentes, na visão de Alckmin e Kassab, iriam buscar tratamento oficial. Esse torturante plano só é integrado no rótulo. A meta é limpar o território com ações militarizadas e empurrar para a periferia distante os indesejados”.
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