Sentimento geral é de muita vontade de acertar numa comunicação de esquerda
O 12º Curso Anual do NPC terminou no domingo, dia 3, em clima de total confraternização. Os professores Adelaide Gonçalves, Adair Rocha e Virgínia Fontes fizeram questão de estar na feijoada de encerramento. Mas, na verdade, o curso todo foi uma grande confraternização.O clima das várias exposições e dos debates levava à reflexão e a se colocar interrogações sobre a presença da mídia na vida de cada participante e sobre o que cada um poderia fazer ao retornar às suas práticas de comunicação, no seu trabalho.
A variedade das atividades de mídia nas quais cada um de nós está envolvido foi muito grande. Dos clássicos jornalistas da mídia impressa, a fotógrafos, radialistas, produtores de documentários e programas televisivos a professores de comunicação de várias universidades.
Presença muito forte foi a de dirigentes sindicais, em sua maioria diretamente ligados ao departamento de comunicação ou preocupados com a comunicação como instrumento de formação política da base de suas categorias e ao mesmo tempo ferramenta de organização de base.
Além dos dois blocos maiores formados por jornalistas e dirigentes sindicais, participaram ativistas de movimentos sociais urbanos, estudantes de comunicação, membros de ONGs e professores de comunicação.
O sentimento geral, expresso em palavras, abraços e nas avaliações escritas foi de “até o 13º”.
O próximo Curso Anual começa a ser montado a partir das várias sugestões apresentadas por muitos participantes. Alguns temas foram apontados nas avaliações como essenciais a serem tratados. Há nomes de expositores e expositoras que já foram apontados e até convidados. Mas, ainda é cedo para falar nisso.
Os temas do 12º: variedade e pluralidade
A pergunta central “é a mídia onipotente?” proposta pelos organizadores do curso esteve presente na maioria das exposições e dos debates. Quais os limites do poder da mídia? Qual deve ser nossa prática, hoje? Que ações precisamos implementar para nos contrapor ao poderio da mídia dominante? Quais os passos de uma luta contra-hegemônica que podemos e devemos caminhar?
Nós, quem? Cada um dos participantes que tinha em comum a compreensão da injustiça da sociedade de classe na qual vivemos e da necessidade de se construir uma outra sociedade. Um posicionamento, evidentemente de esquerda, presente nas várias organizações partidárias e políticas presentes, através de seus participantes, ao 12º Curso.
Entre os palestrantes houve posições e enfoques divergentes. A pluralidade de opiniões foi uma das marcas deste curso, segundo as avaliações dos participantes.
O curso abordou temas como a violência da polícia nas comunidades, América Latina, manipulação da mídia e problemas relativos ao jornalismo sindical. Um tema presente em todos os dias foi a necessidade de uma pauta abrangente, capaz de unir movimentos sociais e sindicalistas em torno de uma causa comum.
Ao final foram apresentadas várias propostas de ação e até moções em nome da Plenária do 12º Curso Anual do NPC. Tradicionalmente, um curso como este não assume compromissos concretos. Não é esse o fórum para traçar um programa de ação. O Curso dá dicas, aponta caminhos, desperta idéias, mas cada participante tem seu espaço de atuação para aplicar o que achar importante. Há os fóruns de cada sindicato, das centrais ou tendências sindicais presentes, dos partidos de esquerda que participaram com seus militantes ou expositores. É nesses espaços que cada um pode lutar para aplicar o que descobriu nos cursos do NPC.
Mesmo assim, foram lançadas idéias que podem germinar e produzir ações mais coordenadas. Estas serão analisadas no NPC e, à medida que se tornem viáveis, serão anunciadas e construídas através deste boletim.
A Moção apresentada e aplaudida veio do Sindicato dos Químicos Unificados de Osasco e Campinas. Ela se baseia na discussão que apareceu em várias mesas sobre a renovação das concessões de rádio e TV, no ano de 2007. Foi proposto que o NPC estimule, junto aos vários movimentos envolvidos, o encaminhamento de um abaixo assinado exigindo a completa democratização destas concessões públicas. A moção foi aclamada por todos os presentes e fica o compromisso, ao final deste curso, de divulgar e estimular a aplicação desta proposta em todos os fóruns onde for possível.
Novidades e diferenças com os outros cursos
# O número de participantes foi superior aos outros anos. A necessidade de uma maior reflexão e de uma nova ação no campo da comunicação que a conjuntura política do ano de 2006 impôs trouxe mais de 180 inscritos. Além destes muitas outras pessoas estiveram presentes como convidados ou como visitantes.
# O número de estados participantes foi quase igual aos anos anteriores. Só faltaram Amazonas, Roraima, Rondônia e Amapá.
# O Rio de Janeiro teve o maior número de inscritos, seguido do Espírito Santo, que trouxe um contingente de 10% do total do curso. São Paulo, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Paraná, Minas foram os estados com o maior número de participantes.
# A variedade de origem e de atividade dos participantes foi superior aos outros anos. Além de vários professores de comunicação, participaram assessores de comunicação como os recém-eleitos e ainda não empossados governos do Maranhão e Pará, além de jornalistas da Prefeitura de Vitória.
# Pela primeira vez participaram diretamente do Curso Anual um vereador e um deputado estadual que já estão envolvidos com a melhora da comunicação do povo e com o povo e com a luta pela democratização da mídia em todos os domínios: das concessões de rádios e TVs, à distribuição das verbas públicas aos veículos de comunicação.
# Um item à parte nas inovações foi o local. Este 12º Curso foi realizado no Auditório da Funarte, capaz de abrigar os mais de 200 participantes. Todos gostaram do espaço maior e das duas pinturas de Portinari que vigiavam as atividades desenvolvidas no salão.
Duas homenagens mais que merecidas
Raimundo Pereira e Vito Giannotti
Leia ainda em nossa página, na seção CURSOS:
. Impressões de um curso amigo. Por Alessandro dos Santos. Alessandro dos Santos é estudante de Comunicação. Participou do curso como convidado do NPC por ter se destacado durante o Curso de Comunicação Comunitária. Publicamos aqui suas impressões sobre o curso porque achamos que elas sintetizam tudo o que nós organizadores sentimos sobre este curso.
O que você vai ler na próxima edição do BoletimNPC:
. Estamos disponibilizando, hoje, dia 20/12,em nossa página algumas das entrevistas feitas durante o 12º Curso Anual do NPC.
. No início de janeiro, colocaremos na página as entrevistas dos outros palestrantes: Dênis de Moraes, Hamilton de Souza, Adelaide Gonçalves, Gustavo Gindre, Giovanni Alves, Beto Novaes, Raimundo Pereira, Altamiro Borges, Karay Tupã, Marcos Alvito, vereadora Soninha, Adair Rocha e Vito Giannotti.
. A trajetória profissional do jornalista Raimundo Rodrigues Pereira (Revistas Reportagem e Retratos do Brasil e portal Oficina da Informação)