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Boletim do
NPC —
Nº 84
— De 16 a 31/3/2006
Para
jornalistas, dirigentes, militantes
e
assessores sindicais e dos Movimentos Sociais
A Comunicação que queremos
Comunicação sindical prioriza audiovisual para disputar hegemonia A comunicação sindical está se renovando. Uma das provas disso são duas iniciativas da Central Única dos Trabalhadores (CUT) que estão trazendo grande retorno aos sindicalistas da Central. Tratam-se de dois programas de TV, um de rádio, iniciados em 2003, e um portal na Internet renovado, que disponibiliza o conteúdo audiovisual destas iniciativas. O programa ReperCUTe é exibido na TV Bandeirantes aos sábados, das 22h às 22h30. A TVCUT passa na RedeTV aos domingos, das 11h às 11h30. Já o programa de rádio transmite o "Jornal dos Trabalhadores", de segunda a sexta, das 7h às 8h, na rádio 9 de Julho (1600AM). As equipes são externas e as pautas são construídas a partir da sondagem de leitores no Portal do Mundo do Trabalho, nos mais de 3 mil sindicatos filiados à Central e em debates com a equipe de Comunicação. Segundo o setor de Comunicação, a CUT possui outras propostas, que inclui editora, revista ("Brasil Sindical"), projetos de formação com ênfase em comunicação. As propostas são feitas periodicamente nas reuniões Executivas da CUT. A polêmica fica por conta do financiamento das propostas – os posicionamentos se dividem no embate público/privado e na possível interferência que um patrocinador do setor privado poderá trazer para o conteúdo dos programas. Os programas TVCUT e Jornal dos Trabalhadores já completaram um ano de exibição ininterrupta, o que é um fato inédito na história da entidade. Segundo dirigentes da CUT, o objetivo é claro: disputar a hegemonia da sociedade. A intenção é conhecer as estratégias e lutas dos sindicatos filiados a nível regional e integrá-la com as estratégias nacionais. Os custos de produção e o conteúdo excessivamente "paulista" – pela própria distância – são desafios apontados pela Comunicação da CUT para os programas. Outro aspecto importante é a busca pela qualidade técnica e a permanente motivação da classe trabalhadora, que deve tomar os programas como um espaço de disputa da hegemonia. A equipe de Comunicação, mais profissional, mantém uma política editorial mais investigativa. Resultados? O ReperCUTe dá picos de 3 pontos de audiência e o "Jornal dos Trabalhadores" está em 8º lugar entre as 10 rádios AMs mais ouvidas, segundo o Ibope. Além disso, o Portal do Mundo do Trabalho pulou de 1.800 acessos diários para picos de 5.000. Alguns jornais da grande imprensa têm, inclusive, citado o Portal da CUT como fonte de informação. "Quem não investe em comunicação num país continental como o Brasil e dominado pela ditadura da comunicação da Globo, Bandeirantes etc. fica sem voz", concluiu Antônio Carlos Spis, secretário Nacional de Comunicação da CUT. A CUT espera que cada vez mais sindicatos façam sua adesão às iniciativas.
CUT realiza Festival da Nova Canção Brasileira "Uma oportunidade para a sociedade brasileira. Queremos respeitar compositores espalhados por todo o país e garantir que sua composição faça parte de um DVD de qualidade, gravado num grande teatro". Assim Spis definiu o CantaCUT, um festival de Cultura que ocorrerá no Sesc Pinheiros, em São Paulo. "A importância vai além da família CUT e esperamos reviver os grandes Festivais da Record". Spis explica que o prazo de inscrições para o festival terminou no último dia 10 de março, com quase 900 canções inscritas. Na próxima etapa, três jurados em cada região escolherão duas canções de sua preferência – que irão compor o DVD, num total de 12 canções. Na segunda semana de abril, começa a segunda fase: ensaios e dois grandes shows para a apresentação das 12 escolhidas: dia 29 de abril (apresentação de 6 músicas), com show de Chico César, e dia 30 de abril (outras 6 músicas), com show de Jair Rodrigues (padrinho do Festival). A premiação R$ 3 mil e R$ 10 mil, com consulta popular e patrocínio da Petrobrás. A Comunicaçã da CUT informou ter esperança que o DVD do 1º Festival da Nova Canção Brasileira tenha produções que possam ser uma referência para a classe trabalhadora.
“O Mundo do Trabalho Através do Cinema” é tema de curso da UNESP/Marília Começa no próximo dia 7 de abril o Curso de Extensão Universitária na UNESP em Marília (SP) “O Mundo do Trabalho Através do Cinema”, que tem na coordenação-geral o professor Giovanni Alves. O período de inscrições vai de 15 de março a 7 de abril. O curso será realizado de 7 de abril a 30 de junho. O objetivo do curso é abordar temas da sociologia do trabalho através da análise critica de filmes clássicos do cinema mundial, bem como o problema da modernidade do capital e seus desdobramentos no campo da objetividade e subjetividade do mundo do trabalho. “Abordaremos não apenas as questões da esfera do trabalho propriamente dito, mas também da reprodução social, ou seja, o problema do estranhamento e fetichismo da mercadoria; processo de trabalho e organização da produção capitalista; técnica e tecnologia da produção e reprodução da vida social; luta social e consciência de classe; questões do local de trabalho e cotidiano da classe dos trabalhadores assalariados”, afirmam os organizadores. Programa, cronograma e outras informações adicionais estão disponíveis no email fundepe@marilia.unesp.br, na página www.fundepe.com ou pelo telefone (14) 3413-9399. O Projeto de Extensão “Tela Crítica” pode ser acessado no endereço www.telacritica.org
Estudantes produzem jornal para angolanos no Rio Estudantes de comunicação que vivem no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, acabam de lançar um jornal voltado para a comunidade angolana do Rio de Janeiro. O projeto é do angolano Leonel Martins, que está cursando jornalismo na Universidade da Cidade. Em sua primeira edição, a FOLHA DE ANGOLA traz notícias sobre educação, cultura, esporte, saúde e serviços. A FOLHA DE ANGOLA surgiu depois de um ano de pesquisa sobre a circulação e divulgação das informações sobre a comunidade angolana do Rio de Janeiro. Notada a falta de meios de comunicações para publicar assuntos relevantes à comunidade nasceu, a FOLHA DE ANGOLA. Um dos principais objetivos da iniciativa é cobrir e divulgar atividades de educação, cultura, saúde, fórum, palestra e informações de utilidade pública. A idéia é incentivar e tornar pública a vida dos angolanos que encontraram e transformaram o Rio de Janeiro no seu porto seguro. Os estudantes pensam em expandir o jornal para as capitais paulista e mineira. A edição é mensal e a distribuição gratuita é realizada nos lugares onde há grande concentração de angolanos. A iniciativa ainda não têm patrocínio e anunciante, por isso nasceu da boa vontade e disposição dos alunos que lutam para que este projeto cresça e dê bons frutos. Para anunciar, apoiar ou assinar a FOLHA DE ANGOLA, entre em contato pelos telefones (21) 8127-1628 / 9963-2081 ou pelo e-mail: folha_de_angola@yahoo.com.br (Por Renata Souza)
De Olho Na Mídia
Exército nas ruas: uma guerra contra os pobres A cobertura da imprensa ao cerco realizado pelo Exército e Polícia Militar a comunidades cariocas desde o início do mês, sob a justificativa de recuperar 11 armas roubadas de uma unidade do Exército em São Cristovão, seguiu mais uma vez o velho modelo de criminalização da probreza ‘guerra-inimigo-favela’. “Nesta concepção de segurança pública, há uma guerra e um inimigo claro a ser eliminado. O inimigo é a favela, como um todo. A favela torna-se um espaço a ser combatido”, explica Marcelo Freixo, coordenador do Centro de Justiça Global, ouvido pelo BoletimNPC. Os jornais, TVs e rádios destacaram durante toda a primeira quinzena de março as provocações dos traficantes, que formavam barricadas logo após a saída das tropas de um determinado posto. A maior de todas as provocações, no entanto, foi lembrada apenas por meios como a revista CARTA CAPITAL, que destacou na edição 384: “O canhão [um tanque ‘Cascavel’] foi uma idéia infeliz de demonstração de força que se transformou numa provocação. A provocação, por um princípio instintivo, gera provocação. Na Mangueira ou no centenário e histórico morro da Providência (a primeira favela da cidade, formada por sobreviventes de Canudos), crianças inofensivas (...) reagiram com zombaria. Uns marchavam com quepes de papel na cabeça, outros faziam largos gestos obscenos e desafiavam os soldados que, por sua vez, nada podiam fazer”. Longe de ficar claro – e a imprensa de grande circulação ajudou a obscurecer – era a relação dessas comunidades com as armas roubadas. Segundo o Ministério Público Militar (MPM) os responsáveis por tramar e executar a invasão ao Estabelecimento Central de Transportes (ECT) do Exército foram... militares. (Por Gustavo Barreto)
Jornais cariocas de costas para o povo Durante toda a semana, a repetição era incessante: certamente 90% do noticiário sobre o tema era voltado a elementos da investigação, provocações do tráfico e assuntos do Exército. Menos de 10% diziam respeito ao inferno enfrentado pelas comunidades, sufocadas e criminalizadas pelo poder público. Além de não fazer nenhum dos 8 títulos e subtítulos da edição de 15/3/2006, o jornal O GLOBO publicou editorial intitulado “Missão Cumprida”, onde afirma que a “ação do Exército em favelas cariocas foi uma missão bem cumprida” e que “para o tamanho da operação, não houve qualquer grande incidente”. Reconhecem, pelo menos, o mal causado a um menino ferido por estilhaços no Morro da Previdência. Para O GLOBO, quanto maior for o “tamanho da operação”, mais se justificam o que chamam de “incidentes” – a saber, o terror causado pela ocupação iniciado no começo de março. Já o popular EXTRA, também do grupo GLOBO, estampou em sua capa e na página 3 da edição de 14/3/2006 informações detalhadas sobre as armas e investigações, mas nada sobre as comunidades. A procura por esse tipo de informação nos meios de grande circulação era inútil: notas pequenas e poucas declarações de moradores, quando existam, era o que se podia ler. O JORNAL DO BRASIL seguiu a mesma linha editorial, mas com uma exceção. Uma repórter do diário ficou presa, logo na primeira semana, no que foi classificado como “front de guerra”, seguindo o modelo de criminalização da probreza “guerra-inimigo-favela”. No entanto, por alguns minutos, a repórter viveu o que os moradores das comunidades vivem diariamente. Ela registrou: “O barulho ensurdecedor dos estampidos se misturava aos gritos dos comandantes ‘Atenção! Recuar! Lado esquerdo! Lado Direito!’. Juntei-me ao grupo que estava no interior de uma padaria. Abriguei-me atrás do balcão e, agachada, fui até a parte de trás do estabelecimento, no espaço reservado ao forno. (...) Ali estavam dois homens que voltavam do trabalho e três mães, desesperadas, sem notícia dos filhos, sumidos no meio da escuridão imposta pela tropa (desde o início da ocupação, o Exército impede que o gerador de luz da praça seja ligado). Nervosa, a dona da padaria rezava e tentava ligar para o filho que trabalhava na Central do Brasil. Quando conseguiu discar o número, o barulho de nova saraivada de balas impediu que ela conseguisse fazer o apelo: pedir que o rapaz pegasse R$ 20 emprestados com o patrão para dormir em algum hotel barato da região. ‘Não volte para casa. Pelo amor de Deus. Começou tudo de novo’, dizia, entre lágrimas.” (JB, 10/3/2006) (Por Gustavo Barreto)
‘Zero Hora’ fiscaliza greves e desautoriza sindicato Os professores da rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul estão em greve desde o dia 3 de março. O movimento obviamente vem sendo acompanhado pela grande imprensa com a má vontade de sempre. O “Zero Hora”, no entanto, inovou. O próprio jornal vem fazendo levantamento sobre o nível de adesão à paralisação. Em sua edição do dia 16 de março, por exemplo, o ZH afirma ter consultado “por telefone ou pessoalmente 562 colégios - dos quais 32 não se manifestaram ou não puderam ser contactados - em 10 cidades-pólo gaúchas”. A questão é saber se cabe a um jornal fornecer este tipo de dados. A resposta pode estar no fato de que a consulta foi feita junto às direções das escolas e não junto à direção do movimento. Ou seja, o sindicato da categoria está sendo solenemente ignorado. Portanto, o novo expediente de “Zero Hora” não passa de uma forma de desconhecer e desautorizar a direção política do movimento. (Por Sergio Domingues)
Editora da imprensa alternativa envia carta aberta ao jornal ‘O Globo’
“Ao concluir a leitura de agressivo editorial do jornal ‘O Globo’ (“O MST e a lei”, 10/3/2006), fica-se com a impressão de que quem o escreveu, se tivesse nas mãos uma metralhadora ao invés de uma caneta, teria eliminado impiedosamente não só todos os trabalhadores sem terra como todos os outros infelizes marginais produzidos por uma sociedade injusta e desumana como a atual sociedade brasileira. Como mãe, psicóloga e educadora, me pergunto que tipo de educação recebeu o autor do referido editorial para se tornar tão egoísta e indiferente ao entorno, a ponto de não discernir - ou não querer saber - as reais causas de problemas como os do MST e outros decorrentes da enorme desigualdade social oriunda da injusta distribuição de renda no Brasil. Vá esse senhor ficar um mês sem perspectiva de uma vida digna para ter uma idéia da situação desesperadora em que se encontra grande parte da população brasileira. Talvez aprendesse que solidariedade faz bem e é necessária. Atenciosamente (...)” (Por Sheyla Murteira, editora de Educação do diário FazendoMedia, em carta enviada à redação do jornal O GLOBO em 11/3/2006)
Rio de Janeiro terá Núcleo Regional de campanha contra baixaria na mídia O professor Adilson Cabral, do Curso de Comunicação Social da UFF, foi convidado na última semana pelo Prof. Edgard Rebouças (UFPE/INTERCOM) a iniciar um processo de construção de um Núcleo Regional da Campanha “Quem financia a baixaria é contra a cidadania” no Rio de Janeiro. A iniciativa se baseia em princípios bastante simples e precisos para a definição do que se entende por baixaria no conteúdo televisivo e também se pauta na legislação vigente e pactos relacionados à temática dos direitos humanos assinados pelo Governo Federal. A campanha se comunica por meio do Sistema INTERLEGIS, responsável pela infra-estrutura de videoconferência nas Assembléias Legislativas nos Estados, em reuniões mensais. De quatro em quatro meses, torna público um ranking dos programas que mais infringem os direitos humanos, a partir de denúncias realizadas pelas pessoas através de emails e do telefone. Os cinco primeiros programas listados no ranking são encaminhados para a realização de pareceres por integrantes conselheiros da Campanha. O professor Adilson já está levando à frente as primeiras atividades do Núcleo Regional do Rio de Janeiro e as propostas de parceria com a sociedade civil. E a primeira reunião já está marcada: nesta terça-feira, dia 21 de março, às 14 horas, na Sala 316 da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ). Informações adicionais sobre a mobilização no email acabral@comunicacao.pro.br ; Informações sobre a campanha em www.eticanatv.org.br
De Olho Na Vida
“Levanta-te, vem para o meio”
Pelo que parece, a Companhia Siderúrgica Tubarão, do Espírito Santo, não se comoveu com o tema da campanha da fraternidade 2006 que prega a solidariedade a pessoas com deficiência. Segundo nos conta a jornalista Tânia Trento, assessora de Comunicação do Sindicato dos Metalúrgicos do Espírito Santo, a CST vem descumprindo a legislação federal (artigo 93 da Lei nº 8.213/91) que garante a inclusão de pessoas portadoras de deficiência no mercado de trabalho. A lei determina que empresas com quadro funcional a partir de 100 empregados preencham de 2% a 5% dos seus cargos com portadores de deficiência. “O Sindimetal-ES entrou com uma ação na Justiça exigindo que a empresa cumpra a lei. Ganhou a ação em primeira instância e, na segunda, a CST pediu um embargo declaratório, para ganhar tempo e, assim, recorrer ao Supremo”, afirma Tânia. De acordo com o secretário geral da CNBB, Dom Odilo Scherer, “O censo demográfico de 2000 registrou cerca de 27 milhões de pessoas com deficiência, o que corresponde a 14,4% da população. Nas regiões do Nordeste passam de 18%! Em São Paulo, com a menor incidência do País, são 11,4%.” (Por Claudia Santiago)
De Olho No Mundo
Jornalista cariocas opinam sobre integração da América Latina O Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro realizou uma enquete em sua página na internet, onde questionava:: “A Unidos de Vila Isabel é a campeã do Carnaval 2006 com um enredo que exalta a latinidade e resgata o sonho de Simón Bolívar, de integração da América Latina. Qual sua opinião sobre a aproximação entre os países latino-americanos?”. 51% consideraram a aproximação positiva. 42% destes acreditam que a integração será boa para todos os países da região, que só teriam a ganhar, e 9% para o Brasil, pela ampliação do mercado consumidor para nossos produtos industrializados. Já 49% consideraram a aproximação negativa, por acharem que essa conversa de união é idéia de comunistas e o mundo de hoje é cada um por si e Deus por todos. Com informações do Boletim Sinjor-RJ.
Democratização da Comunicação
TV Digital: governo cede, mas cenário é desfavorável No dia 10 de março, o Conselho de Desenvolvimento do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), formado por diversos ministros, adiou a definição do padrão a ser adotado “por alguns dias”. A decisão definirá os rumos da TV no Brasil por décadas e tem enorme impacto social. Segundo a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), o adiamento não ocorreu por sensibilidade aos pedidos da sociedade, mas para ouvir nova proposta de uma empresa. Após a reunião do SBTVD no Palácio do Planalto na semana passada, o ministro Hélio Costa leu uma nota à imprensa sobre o adiamento, onde os nove ministros pedem ao presidente Lula “um pequeno prazo para concluir os entendimentos finais sobre questões vinculadas à TV digital”. No entanto, afirmou que já há conclusões sobre o modelo a ser implantado no país. Fontes não oficiais dão conta de que a razão do adiamento da decisão foi uma proposta da ST Microelectronics de instalar uma fábrica de semicondutores no Brasil, que os ministros querem conhecer. Os movimentos sociais, no entanto, permanecem mobilizados. No dia 8 de março, em audiência com a ministra Dilma Rousseff, foi entregue um documento assinado por mais de 100 entidades brasileiras, entre elas a FENAJ, FNDC, CUT, Associação Brasileira de ONGs (Abong), Coletivo Intervozes, a Associação Brasileira de Canais Comunitários (ABCCOM), Articulação Nacional pelo Direito à Comunicação (Cris Brasil) e Congresso Brasileiro de Cinema (CBC). O documento afirmava a necessidade de mais debate para um correto posicionamento do governo sobre a TV Digital. Abaixo-assinados e atos dos estudantes em todo o país são algumas das diversas atividades que visam tornar a escolha uma decisão de acordo com o interesse público nacional. Na semana passada, 59 alunos do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) viajaram de ônibus até Brasília para pedir que a decisão sobre a implantação da TVD fosse adiada. Na capital federal, como não conseguiram ser recebidos por ninguém no Ministério das Comunicações, um grupo de sete se acorrentou na porta principal do Minicom e lá ficou até a noite, quando finalmente saíram. SISTEMA JAPONÊS É RETROCESSO O padrão japonês é a opção declarada de grandes empresas radiodifusoras, principalmente da TV Globo. A emissora pertencente às Organizações globo tem utilizado sua concessão pública para propagandear, em programas supostamente de jornalismo como o JORNAL NACIONAL, a favor do sistema japonês. O jornalista Ivson Alves registra que o padrão preferencial da Rede Globo é menos flexível, mais fechado e antidemocrático (inviabiliza a entrada de novos concorrentes no mercado), a transferência de tecnologia será menor e os aparelhos não têm escala de produção (portanto são mais caros). Apesar de todos os esforços da sociedade e de segmentos do poder legislativo federal, a tendência no governo é de só escutar os argumentos dos donos da mídia, registra a FENAJ. “Sem nenhum pudor, o ministro das Comunicações prossegue movimentando-se sem nenhuma isenção. Antes mesmo da reunião dos ministros envolvidos com a questão (...) o ex-funcionário da rede Globo e dono de rádio prosseguiu, durante toda a semana passada, afirmando que a decisão sobre um tema que segundo estimativas movimentará mais de R$ 100 bilhões só nos próximos 10 anos ‘já está tomada’.” (Por Gustavo Barreto)
Seminário mobiliza para II Fórum Social Brasileiro, em Recife Nos dias 20 a 23 de abril de 2006, acontecerá na cidade do Recife (PE) o II Fórum Social Brasileiro, que abordará a experiência política vivida pelo povo brasileiro, na ótica dos movimentos e organizações da sociedade civil que se opõem ao neoliberalismo, ao domínio do mundo pelo capital e por qualquer forma de imperialismo. Como parte do processo de preparação, todas as comissões de organização do Fórum estiveram reunidas em um seminário no dia 17 de março, no Recife. No espírito do Fórum - democrático, plural e coletivo - a Comissão de Comunicação organizou no último dia 16 de março o Seminário de Comunicação compartilhada: Rumo ao II Fórum Social Brasileiro. O objetivo é estabelecer o diálogo com as mídias alternativas, de modo a facilitar que conceitos e práticas de comunicação compartilhada sejam promovidos no II FSB, com base nas experiências anteriores realizadas pelos projetos Ciranda, Fórum de Radio, Fórum de TV e Laboratório de Conhecimentos Livres. Informações adicionais no telefone (81) 3301-5241.
Ministra portuguesa virá a São Paulo para abertura de museu A ministra da Cultura de Portugal, Isabel Pires de Lima, fez nos dias 19 e 20 de março visita oficial a São Paulo para assistir à inauguração do primeiro museu do mundo dedicado à língua portuguesa, informou a Agência EFE. O governo português informou que Pires de Lima também visitará a Bienal do Livro, na qual seu país está representado pelo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, órgão responsável pelo Programa de Apoio à Edição de Livros Portugueses no Brasil. Além disso, a ministra assistirá à inauguração da exposição “Lá e Cá”, organizada pelo Instituto Português de Fotografia, no consulado de Portugal em São Paulo.
Entrevista
Leo: “O Brasil é o favorito da Copa. O mundo inteiro quer ver o Brasil” Leonardo Nascimento de Araújo, 36 anos, um dos maiores craques da história do futebol, com uma carreira fulminante, campeão da Copa do Mundo em 1994 e famoso por sua atuação filantrópica no Brasil e no mundo, amado em três continentes. Como encontrá-lo para uma entrevista? De férias em Niterói, cidade onde nasceu? Estava, mas já embarcara de volta à Itália onde vive há nove anos e atualmente dirige o Milan. Liguei para a Fundação Gol de Letras, entidade educativa dirigida por ele e por seu melhor amigo, Raí, outro craque nosso. Sugeri aos assessores uma entrevista por correio eletrônico para não incomodar muito. Achei que receberia umas dessas respostas escritas, muitas vezes até pelos próprios assessores. Nada disso. Leonardo quis mesmo foi falar por telefone. “Por correio eletrônico é muito burocrático, você não acha? Por telefone podemos conversar mais e fica muito melhor, não é?” “É, é claro que é!” – respondi agradecida e um tanto sem jeito. Assim, no dia 3 de fevereiro, às 12h30 no Brasil e quase 16h, na Itália, pelo telefone, em sua casa, Leonardo concedeu a entrevista que segue. Entrevista de Leonardo Nascimento de Araújo a Stela Guedes Caputo, março de 2006
História das Lutas dos Trabalhadores
Não matem nossos filhos Em 21 de março de 1960, um ato pacífico em Shaperville (África do Sul) contra o apartheid resultou na prisão de mais de 300 pessoas e morte a tiros de 69 manifestantes negros. Para o mundo não esquecer esse massacre e refletir sobre a necessidade constante da luta contra todas as formas de discriminação racial, a ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu o 21 de março como Dia Internacional pela Eliminação do Racismo. Nessa data (próxima terça-feira) entidades do movimento negro, de direitos humanos, estudantis e a CUT lançam a campanha Não matem os nossos filhos: eu quero crescer. Relatório da ONU para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) divulgado em 2004 contendo dados de 1993 a 2002 revela que os homicídios entre jovens de 15 a 24 anos cresceram 88,6%, contra uma média geral de 62,3%. Apenas em 2002 foram registradas 2.505 mortes de jovens nessa faixa etária. Tais taxas colocam o Brasil em quinto lugar entre os 67 países em que há levantamentos semelhantes, atrás apenas da Colômbia, Ilhas Virgens, El Salvador e Venezuela. O Rio de Janeiro é o estado com maior índice de assassinatos. Fonte: CUT, 20/3/2006.
Livro sobre Guerrilha do Caparaó vira filme O documentário “Caparaó”, cujo roteiro foi inspirado no livro “A Guerrilha do Caparaó – Entre cabras e ratos”, do jornalista capixaba José Caldas da Costa, foi classificado entre os dez filmes que concorrerão na Competição Brasileira de Longas e Médias do Festival Internacional de Documentários 2006. O filme já tem estréia marcada para o próximo domingo, dia 26, às 19h30, no Cine Odeon (Cinelândia), no Rio, e dia 30 de março, às 21 horas, no Cine Sesc, em São Paulo. Depois, será exibido também em Brasília e Campinas. A partir do livro de José Caldas, o cineasta paulista Flávio Frederico pesquisou outras fontes e produziu um filme de 80 minutos. O documentário foi dirigido por Flávio, que seguiu a mesma rota do autor do livro, colhendo depoimentos dos ex-guerrilheiros, e recuperou e acrescentou imagens inéditas da operação cinematográfica montada pelo Exército em abril de 1967 para extinguir a guerrilha. O livro “A Guerrilha do Caparaó – Entre cabras e ratos” é o resultado de um trabalho de pesquisa e produção de quase dez anos do jornalista José Caldas da Costa e será lançado ainda este ano pelo Editora BOITEMPO, de São Paulo. A obra mergulha no primeiro movimento de resistência armada ao regime militar instalado no País em 1964 e, segundo autor, também poderia se chamar A Rebelião dos Sargentos, pois foi o resultado do movimento dos praças das Forças Armadas. Caldas revela conexões internacionais que nem mesmo os guerrilheiros conheciam. O autor explica que o livro, na verdade, começou a nascer em 1967, quando ele tinha sete anos de idade, morava em Alegre, no Sul do Espírito Santo, onde nasceu, e viu passarem as tropas do Exército pelas ruas da cidade rumo à Serra do Caparaó. A visão gerou a inquietação, que José Caldas começou a resolver em 1997, quando subiu o Pico da Bandeira e teve a inspiração de resgatar a história da guerrilha.O repórter entrou em cena e seguiram-se anos de pesquisas e entrevistas com os remanescentes do movimento em 10 estados brasileiros. José Caldas foi descobrindo, um a um, os ex-guerrilheiros e reuniu mais de 100 horas de entrevistas, que resultaram numa obra densa, de mais de 500 páginas.O texto foi finalizado em 2003. O autor conseguiu um contato com o escritor Carlos Heitor Cony, que aceitou prefaciar a obra. Iniciou-se, então, a busca por uma editora, missão agora aceita pela Boitempo, de São Paulo. “Estudar o que aconteceu na Serra do Caparaó quando eu era pequeno e que mobilizou tantos soldados foi a motivação, mas o livro pretende não apenas relatar o que aconteceu, mas por que aconteceu. Traz a história até a guerrilha e o pós-guerrilha e, a partir de sua leitura, o que procuro é dar às pessoas uma melhor compreensão da história e até de alguns fenômenos sociais da atualidade”, define o jornalista José Caldas. Durante as pesquisas foram usadas fontes bibliográficas como apoio para compreender o período histórico, mas a principal fonte utilizada pelo autor vem dos personagens que fizeram a história. A lógica, segundo José Caldas, “é a do historiador Eric Hobsbawn, que diz que as palavras são testemunhas que muitas vezes falam mais alto que os documentos”. (Fonte: Editora Boitempo)
Imagens da Vida
“O documentarista é, sobre tudo, um fotógrafo que rompe com a hipócrita imparcialidade jornalística” Exército repreende moradores no morro da Mangueira, Rio de Janeiro, em 1994. Foto: J. R. Ripper (www.imagenshumanas.com.br)
Notícias do NPC
NPC lança caderno com História do 1º de Maio O Núcleo Piratininga de Comunicação está providenciando uma nova edição do Caderno “1º de Maio: dois séculos de lutas operárias” (imagem ao lado). “Inútil falar da sua utilidade e quase necessidade, no momento político atual, quando a militância carece mais do que nunca de bases históricas e ideológicas para responder aos desafios do momento”, afirma Vito Giannotti, coordenador do NPC. Foi por isso que, respondendo à solicitação de vários sindicatos, o NPC reeditou o Caderno do 1º de Maio. “Acreditamos que com este trabalho estamos contribuindo para a preservação da memória e continuação da luta mundial dos trabalhadores”, conclui Giannotti, autor de obras importantes que ajudam trabalhadores a disputar a hegemonia no campo da comunicação. Informações sobre como adquirir a publicação nos telefones (21) 2220-5618, 9923-1993 ou no email npiratininga@uol.com.br
Curso de Oratória marcado para o final de abril, no Rio O Núcleo Piratininga de Comunicação realizará um Curso de Oratória nos dias 29 e 30 de abril de 2006. O preço é de R$ 220,00 com direito a apostilas e certificado. O horário é das 9 às 18h, tanto no sábado quanto no domingo. O curso será realizado no Centro do Rio. Mais informações no email npiratininga@uol.com.br ou no telefone (21) 2220-5618.
Novos artigos em nossa página
A mídia que fala ao trabalhador.
Por José Reinaldo Marques No Brasil a classe operária normalmente é estigmatizada pela falta do hábito de leitura. A visão que se tem do trabalhador comum é de uma pessoa que não lê jornais ou revistas e costuma se informar precariamente pela televisão. No entanto, esse mesmo trabalhador tem interesses específicos, principalmente no que diz respeito aos seus direitos, o que pode tornar a procura por um veículo de comunicação um hábito mais constante. (mar/2006 no Jornal da ABI)
Rapper lança documentário, livro e álbum sobre meninos do tráfico.
Entrevista de MV Bill a Nelson Breve O projeto “Falcão – Meninos do Tráfico” promete ser um soco no estômago de milhões de brasileiros. O trabalho é resultado de uma pesquisa iniciada em 1997 pelo rapper MV Bill e seu produtor, Celso Athayde. Entrevista de MV Bill a Nelson Breve, na Agência Carta Maior. (mar/2006)
Jornalismo que toma partido.
Por José Reinaldo Marques Há 12 anos, um pequeno grupo de jornalistas, artistas gráficos, sociólogos e professores de História e de Política, tendo à frente o escritor Vito Giannotti, criou o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), que pretendia contribuir com uma melhor comunicação dos trabalhadores. Sua crença: todo jornalismo é ideológico, não somente o sindical. "Não há nada mais ideologizado e, conseqüentemente, editorializado, do que a Veja. Esta revista é um panfleto da direita conservadora do País, pois defende sua visão de mundo, escondendo fatos e criminalizando os movimentos sociais ao gosto de sua ideologia". (mar/2006 no Jornal da ABI)
Desafios da imprensa sindicalista.
Por José Reinaldo Marques Vito Giannotti, do Núcleo Piratininga de Comunicação, diz que um dos maiores problemas do jornalismo sindical é a baixa escolaridade — “entre quatro e seis anos, segundo dados do MEC” — de grande parte de seu público-alvo: “Este fato determina toda a realidade desse segmento da imprensa: o tamanho dos artigos, o formato, a apresentação e, sobretudo, a linguagem”. Outra questão importante é mostrar capacidade de se manter atualizado — com domínio completo dos novos aparatos tecnológicos — para falar ao leitor sobre a realidade e a necessidade de reação diante de novas situações. (mar/2006 no Jornal da ABI)
Programas humorísticos entram na mira do Ministério Público.
Por Jonas Valente Respondendo à representação do movimento GLBTT, a procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do DF deve entrar com ação na Justiça contra o programa “Zorra Total”, da Rede Globo. Rede Gazeta já retirou Sérgio Mallandro do ar. (mar/2006)
NPC Informa
Jornalistas no ES contra Grampo na Gazeta
Jornalismo No próximo dia 7 de abril, dia do jornalista brasileiro, o Sindicato dos Jornalistas do Espírito Santa promove a Marcha do Grampo, uma passeata que irá marcar os quatro meses da descoberta do grampo na Rede Gazeta. A Marcha terá início na Pracinha de Jucutuquara, às 8 hs, passando pela Rede Tribuna e terminará em frente à Rede Gazeta, às 10 horas, onde haverá um debate com a sociedade civil sobre o direito à informação e à liberdade de imprensa. No dia 10/12/2005, a Rede Gazeta (composta por dois jornais diários, três emissoras de TV aberta, uma TV a cabo, quatro rádios e um portal na internet) denunciou que uma das linhas de sua central telefônica, utilizadas pelos funcionários - inclusive por jornalistas para entrevistar suas fontes -, estava grampeada. Entre março e abril de 2005, todas as conversas mantidas por meio dessa linha foram gravadas, transcritas e anexas ao processo que apura as circunstâncias da morte do juiz de direito Alexandre Martins, assassinado em março de 2003. O secretário de Segurança do Estado informou à época que os grampos para apurar o assassinato foram autorizados pela Justiça, mas que a linha telefônica da Rede Gazeta entrou neste pedido equivocadamente, em uma supreendente “coincidência”, pois teria sido “confundida com o número da linha telefônica da empresa Telhauto”, de propriedade de um dos suspeitos do crime.
Encontro da ficção com o jornalismo em São Paulo Situada entre a literatura e o jornalismo, a crônica é considerada um dos gêneros que mais se adaptam ao gosto do brasileiro, seja a publicada em jornais (aliás, sua fonte de origem), seja a difundida pelos blogueiros. Escritores como Machado de Assis, Rubem Braga, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Clarice Lispector e outros deram valiosas contribuições à história da crônica brasileira, que estão sendo analisadas desde a última terça (14/3), quando começou o programa “Cronicamente Viável”, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo capital. Até novembro (exceto de julho), uma dupla de escritores vai discutir uma vez por mês o percurso desse gênero literário, desde o surgimento no século 19 até a novíssima geração de cronistas virtuais. O primeiro encontro reuniu grandes conhecedores da obra de Machado de Assis - Ana Miranda e Zuenir Ventura. A dupla comentou a crônica machadiana e o legado dos principais cronistas brasileiros que fizeram escola nos anos 1950 e 60, como Braga, Drummond, Clarice, Sabino e ainda Paulo Mendes Campos e Antônio Maria. O Centro Cultural Banco do Brasil fica na rua Álvares Penteado, 112, centro – São Paulo capital. Informações pelo telefone (11) 3113-3651. (OESP)
Relançado na Bienal de SP o primeiro livro marxista brasileiro
Livros: lançamento Apesar da forte chuva do dia 17 de março em São Paulo, diferentes gerações do movimento comunista e progressista, intelectuais e dirigentes políticos se encontraram no auditório do pavilhão para saudar a reedição de uma das obras mais proeminentes do acervo da editora Anita Garibaldi: o livro “Agrarismo e Industrialismo”, de Otávio Brandão. A ocasião serviu também para iniciar as homenagens pelos 25 anos da revista ‘Princípios’ e para estrear alguns dos novos títulos da editora para este ano. Ao abrir a cerimônia, Adalberto Monteiro, secretário nacional de Formação, ressaltou que “qualquer processo de mudança exige a compreensão ampla da realidade do país e a sintonia fina com os anseios do povo. Este é um dos grandes méritos da obra de Otávio Brandão”. Dionysa Brandão, filha do Otávio, compareceu e ressaltou que “o resgate da memória dos grandes intelectuais e daqueles que estudaram o país é uma tendência ainda recente. Mas muitos nomes importantes do nordeste já foram reconhecidos, entre eles o de meu pai. Otávio Brandão conheceu o homem brasileiro através da observação do ambiente. E foi essa percepção tão singular que marcou sua obra”. Relançado com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas e da Unicamp, o livro “Agrarismo e Industrialismo” é um marco na compreensão das estruturas sociais brasileiras. Durante sua apresentação, Eduardo Bonfim, secretário de Cultura, que na ocasião representou o governador alagoano Ronaldo Lessa, ressaltou que “Brandão foi um homem que se dedicou ao estudo da brasilidade, sem deixar, ao mesmo tempo, de ser internacionalista, um marxista leninista que conheceu a fundo nosso território e que tinha uma visão futurista, à frente de seu tempo”.
Textos sobre digitalização do Rádio e da TV
Internet O Informativo Sete Pontos disponibilizou um diretório de recursos sobre digitalização do Rádio e da TV no Brasil. Segundo os organizadores, a página será continuamente atualizada. O endereço é o www.comunicacao.pro.br/setepontos/digitalizacao.htm
Pérolas da edição
Corações despedaçados Rogério Almeida Corações despedaçados flutuam na baía. O urubu tudo espia. No cais nada de alegria. A cela domina vencidos. Vencidos empurram o dia. Carro alegórico pesado. A noite alta oculta derrotas. Um punhado de lágrimas quebra o silêncio. Num baque só. Como uma boa morte. O vigia de um olho só guarda o farol. Um samba triste consola a solidão de Maria. Mulher que se ergue obrigada. Todos os dias. Ovada ou não. Feliz ou não. Com fome ou não. Amada ou não. Com o coração despedaçado...
Quadro Negro
Lenine No sub-imundo mundo sub-humano Aos montes, sob as pontes, sob o sol Sem ar, sem horizonte, no infortúnio Sem luz no fim do túnel, sem farol Sem-terra se transformam em sem-teto Pivetes logo se tornam pixotes Meninas, mini-xotas, mini-putas, de pequeninas tetas nos decotes Quem vai pagar a conta? Quem vai lavar a cruz? O último a sair do breu, acende a luz No topo da pirâmide, tirânica Estúpida, tapada minoria Cultiva viva como a uma flor A vespa vesga da mesquinharia Na civilização eis a barbárie É a penúria que se pronuncia Com sua boca oca, sua cárie Ou sua raiva e sua revelia Quem vai pagar a conta? Quem vai lavar a cruz? O último a sair do breu, acende a luz O que prometeu não cumpriu O fogo apagou, a luz extinguiu
Proposta de Pauta
Doméstica está presa há 123 dias por furtar manteiga de R$ 3,10 O presidente da seccional paulista da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Luiz Flávio Borges D´Urso, classificou de erro judiciário a decisão da Justiça de manter presa a doméstica Angélica Aparecida Souza Teodoro, 18 anos, acusada de roubar um pote de manteiga, e acionou a Comissão de Direitos Humanos da entidade para analisar novas medidas jurídicas em comum acordo com o advogado do caso. Sem antecedentes criminais, Angélica foi presa em flagrante em 16 de novembro ao tentar roubar um pote de manteiga de 200 gramas — que custa R$ 3,10 — de um mercado na Zona Leste, para o filho que passava fome. O proprietário do estabelecimento, Dadiel Araújo, alegou na delegacia que foi ameaçado de morte por Angélica e o Ministério Público a denunciou por roubo. “Pelo histórico, estamos diante de um furto famélico. É um absurdo, uma demonstração de que erro judiciário acontece todos os dias nos tribunais. Mesmo que a acusada tenha ameaçado o dono do mercado, como ele alega, esse não é um motivo para mantê-la presa por tanto tempo. Repudio essa barbaridade. Mais uma vez o Estado mobilizou toda a sua estrutura e agentes para fazer frente a um delito pequeno, com valor irrisório, exigindo reparação de igual proporção ”, afirmou D´Urso. O advogado de Angélica, Nilton José de Paula Trindade, entrou com quatro pedidos de liberdade provisória e todos foram negados pela Justiça. A doméstica foi presa pelo irmão do dono do mercado, o sargento da policial militar aposentado Jadiel de Araújo, e nega que tenha ameaçado Dadiel. Presa no Cadeião de Pinheiros, Angélica divide a cela com acusadas de crimes hediondos. (Revista Jurídica Última Instância, 20/3/2006)
Expediente
Boletim do Núcleo Piratininga de Comunicação
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