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Boletim do NPC Nº 81De 1 a 15/2/2006
Para jornalistas, dirigentes, militantes
e assessores sindicais e dos Movimentos Sociais



A Comunicação que queremos


Nós do Cinema começa temporada de cursos, no Rio de Janeiro
A Escola de Educação Audiovisual Nós do Cinema, do Rio de Janeiro, oferece cursos gratuitos de cinema e artes dramáticas para moradores de comunidades de baixa renda. Os cursos têm duração de seis meses. Haverá quatro turmas: duas de cinema e duas de artes e literatura, nos bairros de Botafogo e Lapa, no município do Rio de Janeiro (RJ), e na cidade de São Gonçalo, também no estado do Rio. Informações pelo telefone (21) 2226-0668/2537-1847.


De Olho Na Mídia


FSM 1 — Globo tenta aterrorizar leitores contra FSM e governo Chávez

Sombra chavista sobre o Fórum Social Mundial” (O Globo), “Fórum Social não consegue explicar como é financiado” (Folha de S.Paulo), “Oposição critica Chávez por gastos do Fórum” (Estado de S.Paulo).

Quando se trata de Chávez, o Globo consegue ultrapassar seus limites em falta de objetividade e tentativa de manipulação. Os outros dois, os jornais paulistas, embora tenham destacado o que pode ser problema na condução do fórum, deixando de lado a riqueza que é sua realização, pelo menos foram objetivos em suas manchetes arrancadas de uma entrevista coletiva. Aquelas para as quais muitos jornalistas saem da redação com o único objetivo de confirmar suas teses. O Globo foi além: “sombra chavista”. Sombra, sombrio, assustador. O objetivo é esse mesmo: assustar. Botar medo. Medo da favela, medo da dengue, medo da tempestade, medo do comunismo e... medo do Chavez.

Sobre a passeata poucas linhas. Sobre os gastos feitos pelo governo da Venezuela com o FSM, todas as linhas. Já imaginaram esta ira toda em serviço da defesa das riquezas espoliadas dos países da América Latina, entre eles o Brasil? Já imaginaram esta ira usada para informar, como fez Eduardo Galeano “que com o gás boliviano estava sendo repetida uma história antiga de tesouros roubados ao longo de mais de quatro séculos, desde meados do século 16: a prata de Potosí deixou uma montanha vazia, o salitre da costa do Pacífico deixou um mapa sem mar, o estanho de Oruro deixou uma multidão de viúvas?”

Já imaginaram esta ira toda sendo usada para denunciar a criminosa e secular estrutura fundiária brasileira que concentra 90% das terras nas mãos de um punhado de proprietários rurais?

Ou para protestar contra a transmutação, como explica o professor Andrelino  Campos, dos quilombos nas favelas cariocas, onde o branco pobre, o migrante e os negros são submetidos à violência do Estado e de bandos de criminosos? (Do Quilombo à Favela Andrelino Campos. Editora: Bertrand Brasil. R$ 24,90)

Mas isso tudo é bobagem, é detalhe para os grandes jornais. Seria auto-denúncia. Ou não são os proprietários de jornais membros da classe que domina e explora há 500 anos o povo trabalhador brasileiro?

(Por Claudia Santiago)


FSM 2 — Sobre o FSM, O Globo só fala abobrinhas

Foto de Henrique Parra no ciranda.softwarelivre.org
Indígenas participam do Fórum em Caracas. Foto de Henrique Parra

O tom da cobertura que O Globo viria a fazer do maior evento da esquerda mundial foi dado na edição do dia 23 de janeiro. Na véspera da abertura, o jornal trouxe uma matéria que deixa claro todo o seu mau humor com o Fórum Social Mundial. Os grandes temas da cobertura de O Globo foram o caos no trânsito, engarrafamento, calor, financiamento por parte do governo Chávez e a confusão geral.

Vejamos alguns trechos:

Para complicar, pela primeira vez o espaço do evento será dividido em áreas diferentes da cidade anfitriã. Ainda devido ao viaduto, os participantes que estão em hotéis distantes do FSM terão de fazer percursos ainda mais longos. Isso numa cidade quente e abafada: venta pouco e chove menos ainda em Caracas.

Não há garantia de que as coisas ocorram como planejadas. Um dos temores dos organizadores é de que o presidente Hugo Chávez ocupe espaço demais nos eventos.

Ao contrário das edições anteriores em Porto Alegre e em Mumbai, na Índia, as atividades ocorrerão em vários locais. No entanto, o transporte entre os locais é só uma promessa dos organizadores. A idéia é distribuir passes gratuitos do metrô para os participantes.

Outra dificuldade será conseguir retirar crachás e materiais do FSM. A própria programação do FSM não tinha sido distribuída até a última sexta-feira. Os organizadores adiaram as adesões para até a última hora e é esperada uma grande confusão nos locais de acesso.

Quem participou das edições brasileiras sabe que estas dificuldades não são um problema da Venezuela. Será que Caracas esteve mais quente do que Porto Alegre no ano passado? Há garantias de que as coisas aconteçam como planejadas em um evento com a participação de mais de 100 mil pessoas de praticamente todas as partes do mundo? Por acaso em eventos deste porte é possível não haver filas para retiradas de crachás e materiais? Será esta a primeira vez que a programação foi distribuída na última hora?

(Por Claudia Santiago)


FSM 3 — Globo e Veja de mãos dadas contra a esquerda

Na matéria na edição de domingo, dia 29, O Globo volta à campanha contra Chávez. Título e sub-título induzem o leitor ao erro. Internacional chavista e Presidente venezuelano quer bloco antiimperialita. A Folha de S. Paulo é bem mais honesta: “Fórum troca discurso pela paz por luta contra o imperialismo.” Por que o erro? Porque não é Chávez quem propõe a mudança na filosofia do FSM, mas organizações que participam do evento desde sua criação.

Na campanha contra o governo democraticamente eleito de Hugo Chávez, o jornal O Globo está de mãos dadas com a Veja. A peça produzida pela revista na edição 1941 para tratar do apoio da Venezuela à Escola de Samba carioca Vila Isabel é de fazer rir qualquer pessoa em sã consciência mesmo que seja parte da classe média assustada com medo da esquerda.

Vejamos o diz o primeiro parágrafo do artigo:

“A farra de autopromoção que Hugo Chávez vem fazendo à custa do dinheiro do povo venezuelano é um crime à espera de castigo. Chávez oferece petróleo a preços módicos a países cujo apoio quer conquistar _ como a Bolívia _, dá sobrevida à moribunda ditadura castrista em Cuba e inebria os intelectuais da esquerda brasileira com suas promessas de dinheiro farto. Sua última cartada é o samba”.

(Por Claudia Santiago)


FSM 4 — Veja tem razão: não somos inofensivos

Como nos anos anteriores Veja manteve a tradição de esconder o FSM em suas capas. Nas outras edições, sempre colocou matérias sobre aspectos marginais, como a torta na cara do então deputado José Genoíno ou as barraquinhas vendendo cachaça com a imagem estampada de Che Guevara. Desta vez, havia uma novidade: a realização do Fórum era na terra de Chávez, seu atual inimigo número 1. (Vide edição da semana do golpe da direita em 2002 contra Chávez). Neste ano não teve matéria nenhuma. O assunto foi tratado através de um colunista. Vejam que beleza de opinião sobre nosotros:

“Esse fórum é uma romaria de jovens (e de madurões infantilizados) em busca de um sentido para a sua agenda política”. No final se contradiz ao dizer que os participantes do FSM sabem bem o sentido da sua agenda política que, segundo o colunista, seriam o combate à economia de mercado e à democracia. Agora, uma das afirmações do jornalista nos agrada. Ele diz: “Não são inofensivos”. Nisso, pelo menos, ele tem razão. Não somos mesmo! E nem são inofensivos os milhões de jornais e boletins que produzimos diariamente em todo o país, através da imprensa sindical e popular e da imprensa alternativa de jornais e revistas como Caros Amigos, Brasil de Fato, Reportagem e outras.

Essas e outras reforçam todos os dias a necessidade de os trabalhadores terem a sua própria imprensa. Como disse, há alguns anos, o então assessor de imprensa do Sindicato dos Químicos de São Paulo e hoje professor da USP, Valdeci Verdelho: “Uma imprensa que comunica o que lhes diz respeito e o que é de interesse de sua classe”.

Por isso, caros amigos, cuidemos bem de nossas publicações!

(Por Claudia Santiago)
Para se informar sobre o FSM, visite: www.agenciacartamaior.com.br


200 editores catequizados pela Opus Dei. Vade retro, satanás!
Matéria publicada pela revista Época (nº 400, de 16/1/06) e amplamente repercutida revelou que 200 editores da grande mídia brasileira foram doutrinados pela Ordem. No Observatório da Imprensa, Alberto Dines disparou: “É o primeiro flagrante da estratégia da Opus Dei para dominar nossos meios de comunicação e conquistar os corações e mentes dos brasileiros. É também  uma contundente resposta às piruetas do colunista Diogo Mainardi de Veja, que só consegue enxergar a fantasiosa infiltração comunista nos meios de comunicação mas fecha os olhos às evidências concretas de um processo de controle da nossa mídia em curso há mais de uma década.

A Opus Dei é uma confissão ou ordem religiosa mas é, principalmente, um projeto ideológico para conquistar o poder através da lavagem cerebral de seus adeptos. Isso fica evidente no trecho intitulado "Ligações poderosas" (págs. 70-71), no qual Carlos Alberto Di Franco, representante da Universidade de Navarra (Espanha), dono de uma consultoria para projetos jornalísticos, responsável pelo programa de capacitação Master em Jornalismo e um dos "numerários" mais influentes da Opus Dei no Brasil, admite em cândida entrevista que já foram doutrinados 200 editores brasileiros.

Não são estudantes, estagiários ou jornalistas iniciantes. São duas centenas de editores, portanto chefes, gente que decide o que sai, como sai ou deixa de sair nos jornais, revistas, rádios e televisões brasileiras. São os famosos gatekeepers, porteiros das redações, fiscais da notícia. Que serão carinhosamente acompanhados ao longo de suas vidas e conseguirão belos empregos nos veículos ligados à Opus Dei.”

Além dessas, outras revelações não podem escapar aos jornalistas de esquerda. “A Navarra e o Master e a empresa de Di Franco estão associados a uma consultoria de Miami, a Innovación (agora transformada em Innovation) agarrados à SIP (Sociedad Interamericana de Prensa) e à ANJ (Associação Nacional de Jornais)”, disse a revista.



Por que a mídia da direita errou nas previsões sobre Evo Morales e ao Hammas

Coitadinha da CIA, ela errou feio em não prever a vitória de Evo Morales. Errou mais ainda em não ver a inevitável vitória do Hammas, nas eleições da Palestina. O mundo todo repetiu que Bush ficou chocado com o resultado na Palestina. Ele não esperava.

Estas são as historinhas contadas pelas agências americanas e repetidas fielmente pela mídia dominada em boa parte do mundo.

Ora, nossa experiência de eleições, no Brasil, nos diz que os levantamentos feitos por institutos de pesquisas, nas vésperas das eleições são quase milimetricamente exatos. A boca de urna traduz o resultado que virá logo a seguir e as pesquisas da véspera também nos dão resultados próximos do final.

Então, por que Bush ficou chocado com a vitória na Palestina e, antes, com a de Evo Morales?

Sabemos do poder de influenciar que possuem as pesquisas publicadas na véspera. Não é a toa que a justiça eleitoral proíbe a publicação das pesquisas na última hora.

A conclusão é simples, então. Não é que a CIA não estivesse informada. É que ela não quis noticiar uma pesquisa que só serviria para aumentar a distância entre o candidato agradável aos EUA e o que estes não vêm com bons olhos.

Por isso que os resultados das pesquisas, nos dois casos, foi totalmente falsificado, escondido, adiado. Foi mais uma manobra para ver se seus afilhados conseguiam garantir sua vitória e conseqüentemente a vitória da política dos EUA.



A Globo cria os Homers, sim, mas nos ensina a falar para milhões
No mês de dezembro, a TV Globo organizou uma visita de alguns professores da ECA-USP ao seu império, no Rio. Convidou-os, evidentemente, para fazer sua propaganda, Mas, no meio da visita, o editor do Jornal Nacional William Bonner falou uma frase que com certeza preferiria não ter proferido nunca e que deu muito pano pra manga em sites, carta aos jornais e discussões várias. Durante a dita visita, Bonner comparou o espectador do JN ao Homer da série dos Simpsons, trabalhador, pai de família e sem grandes aptidões ou interesses intelectuais.

A comparação gerou muita polêmica. Não vamos entrar no mérito desta discussão. Acho, pessoalmente, que, qualquer que seja a avaliação da opinião de famoso jornalista, faltou dizer uma coisa essencial sobre o público do Jornal Nacional. Se Bonner acha que o telespectador para o qual ele fala é uma pessoa limitada, preguiçosa intelectualmente e sem iniciativa, faltou acrescentar o principal. Faltou mostrar o papel que a Globo dele tem nesse processo de homerização ao qual ele se refere. Faltou dizer que um dos grandes culpados da epidemia de Homer no nosso país é exatamente a Globo e outras emissoras. Mas isso não é nosso tema.

O que me impressionou foi a clareza que a Globo tem sobre a linguagem a ser usada para vender o peixe da emissora.

Bonner diz que a linguagem que ele procura usar deve ser uma linguagem que atinja e não afaste nem o intelectual e nem a pessoa sem escolaridade. A Globo dele se preocupa em atingir os dois. Vejamos as palavras dele: “Precisamos ser claros para quem tem a formação acadêmica mais refinada e para quem não pôde ter educação nenhuma – sem que o didatismo irrite o primeiro, nem que a sofisticação excessiva afaste o segundo”.

Esta afirmação do Bonner, feita em final de 2005, traz a memória um outro texto da Globo que está transcrito no livro “A História Real”, de Josias de Souza e Gilberto Dimenstein. Estávamos em 1994, durante a campanha do FHC contra Lula. O comitê de propaganda da campanha do tucano passou uma cartilha para FHC aprender a falar “para a maioria”.

A orientação era exatamente a mesma que Bonner repetiu quase dez anos depois, na sua conversa desastrada sobre os Homers. Em 94, o manual feito para FHC aprender a falar para milhões dizia: “Uma boa base para saber falar para a maioria é o jornalismo da Rede Globo. Durante muitos anos, a Globo pesquisou uma forma nacional de falar e um repertório que fosse entendido pela empregada doméstica e pelo empresário. A linguagem não deve ser simplória que irrite o empresário  e nem difícil que a empregada não entenda”. É muito parecido com o que o Bonner falou, hoje, nas vésperas de 2006.

Uma lição para ser aprendida pelos que querem uma comunicação que leve as pessoas a pensar e a não serem vítimas do lixo que a elas é oferecido por boa parte da programação da TV, que gerou inclusive o programa Direito de Resposta, produzido pelo movimento social, e que tem como atual exemplo o Big Brother, que as transforma em Homers. 

(Por Vito Giannotti)


Índios expulsos: não deu na grande imprensa
Entre o fim de 2005 e o começo de 2006, sem notícias de fácil exibição de políticos de Brasília, a grande imprensa recheou suas páginas com prognósticos para 2006, Carnaval, Copa do Mundo e futuras eleições. Até um incidente policial com o ex-jogador Viola ocupou o noticiário, na seção “nacional”, por alguns dias. E o Brasil real passou longe.

Cerca de 800 índios da comunidade Ñande Ru Marangatu, na região de Dourados (MS), foram expulsos de suas terras, após decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Nelson Jobim. O órgão, em liminar em mandado de segurança promovido por alguns dos ocupantes da terra indígena ligados ao agronegócio, determinou a suspensão do processo administrativo de demarcação da área. “Protegidos” pela decisão, os fazendeiros, antes mesmo que a Polícia Federal executasse a ordem judicial, tomaram a iniciativa de queimar as cabanas e as plantações dos índios que ali viviam.

O fato correu o mundo via internet e via uma denúncia da Anistia Internacional. Aí, o jornal ‘O Estado de S. Paulo’ “cobriu” o assunto, sempre ao lado do agronegócio e das versões “oficiais”, que incluíram um presidente da Funai, Márcio Pereira Gomes, declarando que “há muita terra para pouco índio”.

(Por Rodrigo Otávio)



De Olho Na Vida


Campanha pede fim do “Caveirão” no Rio de Janeiro
O Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis (CDDH), juntamente com a Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência, a Justiça Global e a Anistia International estão em campanha pela suspensão do uso do veículo blindado conhecido como “Caveirão”, ou “Pacificador”, nas operações policiais realizadas em comunidades de favela, conjuntos habitacionais e bairros populares do Rio de Janeiro.

O “Caveirão” é um carro blindado, similar a um carro de guerra, que possibilita a realização de disparos com armas de longo alcance sem a identificação dos policiais. Dispõe ainda de um auto-falante que, durante a operação, assusta, ofende e intimida todos os moradores das comunidades, inclusive crianças. A campanha inclui a realização de um abaixo-assinado que será entregue ao Governo do Estado numa manifestação pública, em data a ser divulgada.

No dia 26 de janeiro, o Centro de Defesa de Direitos Humanos de Petrópolis foi sede de um encontro com o objetivo de sensibilizar parceiros para arrecadação de assinaturas. Informações sobre o abaixo assinado no CDDH (rua Monsenhor Bacelar, 400, Centro, Petrópolis-RJ) ou na sede da Justiça Global (Rua Beira Mar, 406, sala 1207 - Centro - Rio de Janeiro), até o dia 24 de fevereiro. (24) 2242-3913 / (24) 2242-2462 ou (21) 2210-1065 / (24) 2544-2320 / redecontraviolencia@grupos.com.br / ceavrj@cddhorg




De Olho No Mundo


Bolívia, terra do civismo (I)

A cada dia que passa, percebo que os jornalistas brasileiros continuam a desconhecer a Bolívia e a idiossincrasia dos povos hispano-americanos. Quando falam do Paraguai a confusão é enorme: continuam insistindo que José Luís Argaña, o vice de Cubas, foi assassinado. Somente a TRIBUNA, através do Nonato Cruz, disse a verdade: profanação de cadáver. Era um doente grave falecido no dia do suposto assassinato. Os adversários de Raúl Cubas aproveitaram o fato para armar um homicídio inexistente. Pouco sabem do Uruguai a não ser que era a Suíça do continente; isto é, depositária do dinheiro dos infratores. Da época histórica dos Tupamarus, sabem o trivial e pouco da participação dos ricos estudantes que se revoltaram contra a pobreza dos camponeses. Na última guerra mundial, quem bombardeou a Suíça? Imaginem se alguém iria mexer na lavanderia do seu dinheiro ilegal.

Recentemente, Jarbas Passarinho escreveu que Che Guevara morreu no Altiplano andino. Não, Che morreu na zona tropical, não teve adesão dos camponeses porque a Bolívia já tinha feito a reforma agrária. No filme "Diário de motocicleta", Che, asmático, teria atravessado um largo rio para chegar ao leprosário. Quanta imaginação sem pé nem cabeça! Agora, a estrela do firmamento político da América Latina é o indígena aymara Evo Morales. O que sabem dos seus antepassados? Morales é descendente do único povo que os incas não conseguiram subjugar com seu império de justiça e paz, porque os aymaras eram guerreiros. Através dos séculos preservaram seu idioma, seus costumes e sua alma bélica. São eles, os aymaras que fazem as revoluções em La Paz e não permitem ditaduras. 

Sabiam, meus colegas brasileiros, que nos séculos 19 e 20 a Bolívia só teve duas ditaduras de sete anos cada uma? Melgarejo no século XIX e Banzer no Século XX. Quando Garcia Meza, em 1980, deu um golpe de Estado e anunciou que em 20 anos consertaria a Bolívia, o povo disse "o Zero nós tiramos". E tiraram. Não podiam aceitar um narcotraficante na Presidência da Bolívia.

Agora, toda notícia sobre Evo Morales, o cocalero, faz a confusão de sempre. Explica: cana de açúcar não é cachaça. Uva não é vinho. Folha de coca não é cocaína. A cor escura da Coca é feita com chá de coca e não é cocaína. As plantações de coco do Chapare estão sendo transformadas em plantações de frutas que a Bolívia exporta para os países nórdicos da Europa sob a supervisão de especialistas que não aceitam agrotóxicos nas plantações.

Quanto às folhas de coca, elas são essenciais e indispensáveis para manter o vigor dos autóctones na preservação de sua energia para enfrentar as dificuldades alimentares e respiratórias dos mineiros. Desde criança mastigo coca e acho ótima. Todos os dias bebo meu chá de coca. Reforça minha saúde e embala meu civismo. Adoro meu chá boliviano como o café brasileiro.

(Por Maria Teresa Dal Moro)



Democratização da Comunicação


Rádios comunitárias denunciam a hipocrisia da ANATEL
A rede ABRAÇO, que defende as rádios comunitárias nacionalmente, denuncia o contínuo desvirtuamento das ações da ANATEL. A agência do governo reprime as verdadeiras rádios comunitárias e faz vista grossa para as rádios de políticos, igrejas evangélicas e emissoras comerciais que burlam a legislação. O que explicita a má intenção da agência são as reuniões com empresários de rádios comerciais nos dias de repressão às rádios comunitárias e o uso do carro da associação dessas rádios para o fechamento das comunitárias. Entre uma lista de denúncias da ABRAÇO jamais respondidas pela Anatel estão:
a) A RBS TV do RS (afiliada da Globo) ocupa várias canais TV sem outorga para retorno de suas transmissões;
b) Todas as Rádios Comerciais outorgadas para o Município de São Gonçalo/RJ estão com seus transmissores na cidade do Rio de Janeiro/RJ;
c) As emissoras que instalaram sua geração nos prédios da Avenida Paulista - São Paulo/SP, sem outorga;
d) O Grupo SUL Bahia de Comunicações comprou a Rádio Comunitária Cidade de Teixeira de Freitas por R$ 480 mil;
A ABRAÇO pede a exoneração imediata de todos os diretores de fiscalização da ANATEL e a substituição dos Gerentes Regionais.
(Por Rodrigo Otávio)


FNDC leva à Radiobrás proposta de uso dos canais educativos-culturais do cabo
O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação entregou ao presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci, uma proposta para a utilização dos canais educativos-culturais previstos pela Lei do Cabo. O documento sugere que a Radiobrás, associada ao Ministério da Cultura e ao Ministério da Educação, coordene a ocupação desses espaços, firmando convênios com as secretarias de cultura e de educação dos governos estaduais e municipais. O canal é um dos seis que as operadoras de TV a cabo são obrigadas a disponibilizar para uso gratuito, segundo o artigo 23 da lei 8.977/95. Pela redação, ele deve ser “reservado para utilização pelos órgãos que tratam da educação e cultura no governo federal e nos governos estadual e municipal”.

Deputados vão debater TV digital. Ainda há tempo?
A Câmara dos Deputados decidiu ampliar o debate sobre a implantação da TV digital no Brasil. A Comissão de Ciência e Tecnologia pretende realizar um seminário com representantes de diversos setores da sociedade. O deputado Valter Pinheiro (PT), que foi dirigente do Sindicato dos Telefônicos da Bahia e da Federação Nacional dos Telefônicos (Fittel), afirmou que “é  necessário um diálogo entre parlamentares, governo e sociedade antes de qualquer decisão sobre a tecnologia digital a ser adotada, porque esse é um tema que interessa a todos". A pergunta que se deve fazer neste caso é: temos tempo suficiente para isso?


Entrevista


Bernardo Kucinski: “Ninguém tem coragem para dizer a verdade para o presidente”

Por ALICE SOSNOWKI, especial para a Agência Repórter Social

A rotina do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem uma constante: a leitura obrigatória, todas as manhãs, de um documento conhecido como “carta crítica”. Uma resenha do que saiu na imprensa sobre o governo naquele dia. Nela, o presidente tem acesso a uma análise apurada do noticiário. Recebe críticas, sugestões, advertências e até broncas. Algumas vezes, em seus discursos, Lula reclama da acidez dos que acordam mal-humorados. Nestas ocasiões, ele se refere ao autor da “carta crítica”, o jornalista e professor da USP Bernardo Kucinski.

Não é para menos. Para produzir a resenha, Kucinski acorda às 5 da manhã, percorre os jornais nacionais, internacionais e faz uma análise da conjuntura a partir do que leu. No documento, o "chato do Kucinski", como é conhecido nos corredores do Planalto, tece comentários sobre as ações do governo, suas repercussões e analisa as matérias da imprensa no que elas trazem de mais interessante: as entrelinhas. A prática de escrever esta resenha para Lula começou ainda nas eleições de 1998, quando o jornalista percebeu que uma leitura crítica do noticiário poderia ajudar o então candidato a presidente. Kucinski, que era colaborador da campanha, passou a enviar relatórios diários – conhecidos como "cartas ácidas" - a Lula.

Em 2000, estas cartas foram publicadas em livro. Já na campanha de 2002, dentro da lógica do "Lulinha paz e amor", as “cartas ácidas” se tornaram "cartas críticas" e assumiram um tom mais ameno. Lula venceu e quando chegou ao Planalto continuou recebendo o material do agora assessor especial da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica. Além do presidente, poucos colaboradores têm acesso ao conteúdo da resenha.

Na entrevista a seguir, o autor das "cartas críticas" fala sobre o governo Lula ("decepcionou muito"), sobre a imprensa ("a palavra de ordem é linchar") e sobre o papel dos jornalistas na cobertura da crise política ("eles estão fazendo uma cruzada moral"). Por último, mas não menos importante, Kucinski também critica a atuação de Duda Mendonça no governo – “ele atuou dos dois lados do balcão” - e aponta problemas na área de comunicação do governo. Confira a entrevista dada a Alice Sosnowski, especial para a Agência Repórter Social.

Clique aqui para ler a entrevista: www.piratininga.org.br



História das Lutas dos Trabalhadores


Documentário conta 50 anos de lutas dos químicos de Campinas

A regional de Campinas do Sindicato dos Químicos produziu um documentário que conta a história dos 50 anos de lutas da categoria na região. O trabalho está disponível na página do sindicato na Internet: www.quimicosunificados.com.br. A Regional foi fundada no dia 10 de dezembro de 1955, e chamava-se Sindicato dos Químicos de Campinas. A partir de 2002 a entidade integra o Sindicato Químicos Unificados, juntamente com Osasco e Vinhedo. A comemoração por esses 50 anos de lutas e vitórias foi no dia 11 de dezembro último, com a inauguração do Cefol – Centro de Formação e Lazer.

O documentário, que tem 15 minutos de duração, traça um painel da trajetória do sindicato e de suas lutas, contextualizado nos momentos políticos vividos pelo país nesse período. Ele foi totalmente produzido pela TV COT, um departamento do COT – Centro Organizativo dos Trabalhadores.

A TV COT
Com o objetivo de fazer avançar a luta da classe trabalhadora, um grupo de trabalhadores químicos materializou um antigo sonho: a TV COT. A TV COT está diretamente ligada à Videobiblioteca "Che Guevara", ambas sob a responsabilidade do COT - Centro Organizativo dos Trabalhadores. A TV COT, além de gravar e produzir documentários sobre a história do sindicato, acompanha todas as mobilizações, dramas, sonhos, sofrimentos e alegrias e tudo o que diga respeito à história das lutas populares, sociais e da classe trabalhadora contra a opressão e a exploração capitalista. Nas palavras dos organizadores do Centro, “Um registro histórico para que as lutas de hoje dos trabalhadores nunca sejam esquecidas e que sirvam de referências para as batalhas que ainda estão por vir na construção da sociedade socialista.”

Os documentários são produzidos integralmente pela TV COT, que possui câmeras e ilha de edição digitais e profissionais próprios. Todo o material já produzido está no COT, à disposição dos trabalhadores e demais interessados. O COT e a TV COT ficam na avenida Barão de Itapura, 2022, bairro Guanabara, em Campinas, junto à Regional de Campinas do Sindicato Químicos Unificados. O telefone é (19) 3231.5077 – ramal 20, e o e-mail é cot@terra.com.br



CPV conta sua história
O Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro realiza no dia 18 de fevereiro, das 9 às 14h,  um debate sobre “Registro, organização, preservação e alimentação das lutas dos trabalhadores com a sua própria história”, com a participação de Armando Boito Jr. e Sebastião Lopes Neto. Após o debate haverá um almoço de confraternização. Local: Rua Grava, nº 60, metrô Praça da Árvores, São Paulo capital.


Imagens da Vida


Jesus da Lapa, Bahia. Nas margens do Velho Chico.

Jesus da Lapa, Bahia. Nas margens do Velho Chico.
Foto: Jesus Carlos / Imagenlatina.



Notícias do NPC


Núcleo Piratininga de Comunicação organiza catálogo de vídeos populares
Com o objetivo de conhecer, selecionar, organizar e divulgar a produção de vídeos e DVDs populares, o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) organiza um CATÁLOGO DE VÍDEOS POPULARES. Os sindicatos, ONGs, movimentos sociais podem enviar trabalho produzidos em DVD ou VHS. O projeto é parcialmente financiado pela ELETROBRÁS, através da lei Rouanet.

A idéia nasceu das observações dos palestrantes do NPC, Brasil afora. Em suas palestras e cursos para muitos sindicatos e movimentos, perceberam uma grande produção de documentários de caráter formativo e histórico. Porém, a maioria só atinge um público restrito.

São produções ilhadas e utilizadas quase exclusivamente pelas próprias organizações que as produziram. Com isso, boas produções, na maioria das vezes, têm pouca visibilidade. O propósito do catálogo surge dessa realidade e sugere uma organização de acervo e divulgação.

O critério de participação é que o vídeo ou o DVD seja produzido por sindicatos, ONGs ou movimentos sociais com a ajuda de profissionais qualificados. As temáticas que interessam para este catálogo: lutas populares, manifestações artísticas, recuperação da memória e expressões culturais do povo.

Afinal, algo que possibilite mostrar um outro Brasil, com ênfase nas lutas e atividades populares.

Os interessados devem enviar uma cópia do material acompanhado de apresentação contendo o endereço para contato (endereço postal, fone, e-mail, página na internet). Os trabalhos serão recebidos até o dia 15 de março de 2006.

Para cada pessoa ou entidade que enviar sua produção, o Núcleo Piratininga enviará dez cópias do catálogo geral. O NPC esclarece que não vai reproduzir ou comercializar as produções. A ação se limita à divulgação para a seleção de contatos que possui (universidades, pesquisadores, ONG´s, movimento social, etc).

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CONTATO PARA ENVIO DOS TRABALHOS
Augusto César
Rua Alcindo Guanabara, 17 sl. 912
Cinelândia
CEP: 20.031-130
Rio de Janeiro-RJ 
e-mail: npiratininga@uol.com.br
www.piratininga.org.br

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CONTATO PARA ENVIO DOS TRABALHOS DA REGIÃO NORTE
Rogério Almeida
Res. Natália Lins
Bl- C-03, Aprtº 406
CEP: 66.623-590
Belém-PA
e-mail: 38marabala@globo.com
www.piratininga.org.br



Brasil de Fato: sempre perto da África e da América Latina

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A estratégia do ministro das Comunicações para a TV digital

Os debates do conselho consultivo (que reúne membros da sociedade civil) foram sendo esvaziados até que, finalmente, a reunião de janeiro foi desmarcada sem aviso prévio e não há data agendada para novo encontro. Numa das últimas reuniões, quando se preparava para discutir pela primeira vez um documento oficial do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), sobre política industrial, o conselho consultivo foi surpreendido por um anúncio do próprio ministro de que a política industrial já fora anteriormente acertada até mesmo com o Ministério da Fazenda e consistia em dar isenção total de impostos para quem desejar importar equipamentos durante o ano de 2006.

De outro lado, o ministro anuncia (sem ter debatido com a sociedade) que vai definir as regras da futura TV digital já no início de fevereiro de 2006, que as transmissões experimentais começarão durante a Copa do Mundo e que a operação comercial se iniciará em 7 de setembro.

A escolha das datas não foi aleatória
Antes do carnaval, em pleno período de férias, o ministro conta com a baixa reação às suas propostas. Entre outras coisas, porque Hélio Costa defende que a TV digital seja introduzida no Brasil sem a necessidade de mudança no atual marco regulatório da radiodifusão, que data de 1962. Ou seja, o Brasil vai adotar a TV digital com uma lei da época em que a própria TV analógica ainda era uma novidade no país.

As transmissões sendo testadas na Copa do Mundo e entrando em operação comercial na data da Independência do Brasil com certeza serão um grande trunfo para o futuro candidato ao governo de Minas Gerais.

Ao mesmo tempo em que cancela reuniões com a sociedade civil e não atende pedidos de audiência (o Coletivo Intervozes protocolou uma solicitação que não foi nem mesmo respondida), o ministro esteve em reuniões fechadas com os representantes das principais emissoras do país (pelo menos duas foram noticiadas pela imprensa).

Por fim, embora fale em manter as regras atuais e importar equipamentos, o ministro passou a usar um discurso nacionalista de criação de um novo "sistema brasileiro". Para isso, foi beneficiado pela pesquisa da Universidade Mackenzie, que adotou a modulação do padrão japonês (ISDB), acrescentou um algoritmo de correção de erros ("turbo code") e passou a chamá-lo de BMMB-T, permitindo ao ministro dizer que se trata de um "genuíno" desenvolvimento nacional.

A adoção travestida do ISDB agrada as Organizações Globo, que nunca esconderam o desejo de usar o padrão japonês.

Fonte consultada por este boletim, diretamente envolvida com o SBTVD, advertiu que a preferência da Globo se deve a um aporte financeiro que empresas japonesas teriam feito no auge da crise da GloboPar. Em troca, a Globo teria garantido que o país adotaria o ISDB e agora confia no seu ex-funcionário, alçado ao posto de ministro das Comunicações, para cumprir o acordo.

E o ministro não parece estar disposto a decepcionar a Globo
No dia 09 de novembro, em reunião da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados, Hélio Costa afirmou que os representantes do padrão japonês tinham sido os únicos a procurar o governo para oferecer vantagens comerciais. O ministro se referia a um documento enviado em 2002. Mas, Hélio Costa omitiu o fato de que o chefe da Delegação da Comissão Européia no Brasil, João Pacheco, enviara para o governo, no dia 03 de novembro, um documento onde sugere um programa de cooperação tecnológica com a América Latina em torno do tema da TV digital. No dia 31 de outubro, Hélio Costa já havia simplesmente faltado a uma reunião com os europeus, realizada no Ministério da Ciência e Tecnologia.

Quem é Hélio Costa
Costa foi um importante jornalista da TV Globo e, quando senador, se notabilizou por defender idéias que coincidiam com as posições da Globo. Foi, por exemplo, um dos principais opositores ao projeto do ministro Gilberto Gil de criar a Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual (Ancinav). Pode vir a ser candidato ao governo de Minas Gerais.

(Boletim Prometheus: www.indecs.org.br)



Novos artigos em nossa página


Jornalismo global: Descompromisso com a verdade histórica
Por Venício A. de Lima
O ano começa com a revelação de duas quedas importantes: a de Boris Casoy e da audiência do Jornal Nacional. Sobre a saída do apresentador do Jornal da Record, as especulações de sempre. Entre elas, como virou moda na nossa mídia em relação a qualquer fato polêmico, atribui-se sua saída da emissora à interferência direta do Palácio do Planalto. Quanto à audiência do Jornal Nacional, o que chama a atenção é que mesmo no período mais agudo da crise política (segundo semestre de 2005), quando o JN dedicava praticamente todo o seu tempo às denúncias e aos escândalos, houve queda em relação à audiência média do mesmo período em 2004: 39 pontos versus 35, em média. Seria essa uma indicação de que o Homer Simpson do William Bonner não é tão bobo quanto parece?


Movimentos Sociais protestam contra reportagem de Veja
 Por Cristina Charão
Nesta quinta-feira, a escadaria da Catedral da Sé foi o palco da primeira manifestação de rua em que o boicote à revista Veja foi pregado. O ato, convocado inicialmente para lembrar o 17º mês sem solução para o caso do massacre de nove moradores de rua na capital paulista, transformou-se em uma sucessão de menções à ação parcial da revista. Pela Internet, circulam dezenas de “mensagens de repúdio” à publicação de um texto sobre os projetos de recuperação do centro da cidade de São Paulo, cujo box insultava o Padre Júlio Lancelotti, da Pastoral de Rua, e um dos mais reconhecidos lutadores pela causa de crianças e moradores de rua.


Tecnologia nacional aparece como alternativa para a TV digital
Por Jonas Valente
Governo promete anunciar sistema em fevereiro. Inovações produzidas por universidades nacionais podem ser melhor opção do que os sistemas importados. Para entidades que discutem questão, decisão deve levar em conta as demandas da sociedade, e não se basear só no plano técnico.


Bonner & Homer. Por que o Jornal Nacional adora Homer Simpson

 Por Sérgio Domingues
A revista CartaCapital (nº 71, dezembro de 2005) trouxe uma excelente reportagem chamada "De Bonner para Homer". Ela dá pistas sobre os mecanismos que o mais assistido telejornal do país utiliza. Entre eles, explicar para esconder e transformar o negativo em positivo. A matéria foi escrita pelo sociólogo, jornalista e professor da Escola de Comunicações e Artes da USP, Laurindo Lalo Leal Filho. Relata a visita de um grupo de professores da USP a uma reunião de pauta do Jornal Nacional, em 23 de novembro [ver remissões abaixo]. A reunião foi coordenada por William Bonner, que além de ser o apresentador do programa, também é seu editor-chefe.

Durante a reunião, Bonner diz que uma pesquisa realizada pela Globo identificou o perfil do telespectador médio do Jornal Nacional. Seria um sujeito preguiçoso, burro e que adora ficar no sofá, assistindo TV, comendo rosquinhas e bebendo cerveja. Ou seja, alguém parecido com Homer, o famoso personagem da série Os Simpsons.

Até aí, sem mistério. Um telespectador com um perfil como este não é exclusividade do Brasil. É uma característica da era da televisão. Luis Fernando Verissimo disse, certa vez, que a fogueira deve ter sido a TV do homem das cavernas. O sujeito devia ficar ali, olhando hipnotizado para o fogo, como fazemos hoje em nossas salas de estar, quando assistimos à TV. A diferença é que, talvez, naquela época, o espectador do fogo, podia até pensar em algo. Até filosofar, quem sabe. Algo muito difícil, quase impossível, pode ocorrer com o ser humano moderno e sua colorida televisão.

Identificar um fenômeno assim não tem nada demais. O problema é o que fazer com isso. No caso do JN, seus realizadores sabem muito bem o que fazer. Querem continuar a ter o lerdo e desmiolado Homer Simpson como seu telespectador médio.



Sobre a necessidade de ser claro
Por William Bonner
Matéria assinada pelo jornalista e professor Laurindo Lalo Leal Filho ("De Bonner para Homer"), publicada na edição com data de 5/12 da revista CartaCapital (leia aqui), provocou uma resposta de William Bonner, editor-chefe do Jornal Nacional. Instado pelo jornalista Claudio Tognolli (de quem foi colega de turma na ECA-USP) a comentar o texto de Lalo, Bonner redigiu a manifestação reproduzida no Observatório da Imprensa e divulgada pelo Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal. Ao responder o pedido do Observatório para que autorizasse a publicação do texto, Bonner comentou: "Sinto-me numa situação kafkiana. Meu discurso e minha atitude em defesa de nossa responsabilidade social viraram armas contra mim. Ou contra o que represento. Ou contra a empresa que dispõe de minha força de trabalho. Sei lá a que atribuir isso". (L.E.)


Big Brother: Pra vencer, tem que boiar
 Por Sérgio Domingues
O Big Brother Brasil da Globo acumula o que há de pior em termos de preconceito, intriga, ambição cega. É a janela que mostra como a dominação burguesa esvaziou nossa vida privada de sentido. Um ralo por onde passa o vencedor. O campeão do esgoto. (Texto de fevereiro de 2004).


Que a televisão não eleja nem derrube nenhum candidato a presidente da República
Por Ivana Bentes
Espero que em 2006 fique cada vez mais evidente que a televisão brasileira é uma concessão do Estado e da sociedade brasileira, e não o contrário, o Estado brasileiro e a sociedade reféns da televisão. Sendo concessões públicas, as TVs em 2006, além de usarem a concessão para ganhar dinheiro ou como máquina político-eleitoral, poderiam quadruplicar sua contrapartida pública, social, cultural, experimental, educativa, para além do mercado, do lucro e da chantagem política. Como a TV é importante e influente demais para ficar na mão apenas dos executivos, do marketing e dos altos índices de audiência, espero que em 2006 seja aberta a caixa-preta da TV para os conselhos de ética, à produção independente, à produção regional e exibam na TV aberta o cinema, a videoarte e os curtas-metragens brasileiros.


Cobertura dos telejornais tende a se aproximar muito das prioridades dos candidatos.
 Por Renata Moraes
Ao contrário do que se pensa, a mídia não é tão independente na decisão do que pretende divulgar nas campanhas eleitorais. Por meio de uma análise da cobertura dos dois principais telejornais brasileiros na campanha presidencial de 2002, foi possível concluir que as informações divulgadas eram um reflexo da propaganda dos candidatos. Em seu doutorado, defendido na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, o cientista social Paulo Sérgio da Silva estudou a relação entre a cobertura do Jornal Nacional (TV Globo) e do Jornal da Record (Rede Record) sobre os candidatos Luís Inácio Lula da Silva e José Serra e a propaganda desses dois políticos no horário eleitoral e nos spots (inserções ao longo do dia).



NPC Informa


O poder americano na TV comunitária do Rio - canal 6 da Net
As palestras do Curso “O Poder Americano”, coordenado pelo Professor José Luís Fiori, estão sendo exibidas no canal 6 da NET na cidade do Rio de Janeiro – TV Comunitária desde janeiro de 2006. A séria é baseada no livro de mesmo nome, da Editora Vozes, lançado no final de 2004, e é composto de dez palestras.

Veja a programação:
8ª palestra: “O papel do petróleo na geopolítica dos Estados Unidos”, proferida pelo Professor Ernani Torres.
Dia 05/02/06, domingo, 21h.
Dia 07/02/06, terça-feira, 20h30.
Dia 08/02/06, quarta-feira, 24h.
Dia 11/02/06, sábado, 21h30.

9ª Palestra: “Telecomunicações e o poder global dos Estados Unidos”, proferida pela Professora Glória Moraes.
Dia 12/02/06, domingo, 21h.
Dia 14/02/06, terça-feira, às 20h30.
Dia 15/02/06, quarta-feira, 24h.
Dia 18/02/06, sábado, 21h30.

10ª Palestra: “O debate sobre o futuro do poder americano”, proferida pelo Professor José Luís Fiori.
Dia 19/02/06, domingo, às 21h.
Dia 21/02/06, terça-feira, às 20h.
Dia 22/02/06, quarta-feira, às 24h.
Dia 25/02/06, sábado, às 21h30.



“São Francisco – Um rio ameaçado” será apresentado no programa"Sexta Independente"
A TVE Brasil apresenta nesta sexta, 3 de fevereiro, às 21h, o documentário “São Francisco – Um rio ameaçado”. Dependem direta ou indiretamente do rio São Francisco 14 milhões de nordestinos. O documentário mostra a luta de pesquisadores pernambucanos em busca de um desenvolvimento sustentável para o rio, que nasce no estado de Minas Gerais e desemboca no Oceano Atlântico. Também acompanha uma expedição pelo São Francisco, que sai da barragem de sobradinho na Bahia, até a foz do rio no pontal do Peba, divisa entre os estados de Sergipe e Alagoas. Realização da TVE Brasil.

Fórum de Professores de Jornalismo será em Campos, no Rio de Janeiro
O 9º Fórum Nacional de Professores de Jornalismo será realizado de 28 a 30 de abril, em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, nas dependências da Faculdade de Direito. O Fórum conta com o apoio da FENAJ - Federação Nacional dos Jornalistas, que nesta edição promove, pela quinta vez, o Pré-Fórum, evento que antecede o encontro do FNPJ. O tema do Pré-Fórum é o “Programa Nacional de Estímulo à Qualidade do Ensino em Jornalismo da FENAJ - avaliando os 10 anos de formulação, implantação e contribuição à formação profissional do jornalista”. O Pré-Fórum ocorre dia 28 de abril, das 14h às 17h, e é aberto a jornalistas e estudantes de comunicação.

Segundo a diretora de Relações Institucionais da FENAJ, Valci Zuculoto, “a Fenaj escolheu este tema para iniciar uma profunda reflexão e avaliação sobre o seu Programa Nacional de Estímulo à Qualidade do Ensino em Jornalismo que completará 10 anos de existência em 2007”. Zucoloto informa que o Programa vem sendo desenvolvido e adotado como referência por entidades da área da comunicação, cursos e sindicatos de jornalistas. Informações: valci@fenaj.org.br / sul@fnpj.org.br / (48) 9981-8092 / (48) 3331-9898 (na UFSC) / (61) 3244-0650 (na FENAJ).



Fique atento: mestrado em jornalismo pode sair do papel
Segundo informa o boletim da Sociedade Brasileira para a Pesquisa de Jornalismo, o primeiro Mestrado em Jornalismo do país pode sair do papel. Já foi apresentado ao Departamento de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) o projeto do Mestrado em Jornalismo e Mídia.

Universidade de Vila Velha lança curso de pós-graduação lato sensu em Comunicação
A Universidade de Vila Velha (UVV) acaba de lançar o curso de pós-graduação lato sensu - Gestão da Comunicação Estratégica sob a coordenação da professora Tânia Maria Basseti de Abreu (taniaabreu@uvv.br). Entre os objetivos do curso está a formação de profissionais com ampla visão das Ciências da Comunicação, englobando jornalismo, publicidade e propaganda e relações públicas. Informações: (27) 3314-2525).

IV Encontro Nacional de História da Mídia
A Luta pela Liberdade de Imprensa no Brasil e a Revisão Crítica dos 300 Anos de Censura são o centro dos debates que vão acontecer em São Luís, no Maranhão, de 30 de maio a 2 de junho de 2006. Coordenação do evento: AMI - email: ami@ami-ma.com.br ; As inscrições poderão ser feitas pela Internet, via e-mail para ami@ami-ma.com.br ; Outras informações: (98) 3227-5382 e (98) 3227-0202.

Seminário do FNDC será no Sindicato do Rio
O próximo seminário nacional do FNDC (Fórum Nacional pela Democratização da Informação) será realizado no Rio de Janeiro, na sede do Sindicato, dia 16/02, das 14h às 18h, para os grupos de trabalho, e das 19h às 21h para o público em geral, quando haverá apresentação e debate sobre o tema. Você pode se preparar para o encontro visitando o site do FNDC (www.fndc.org.br), onde também se encontra o programa para a área das comunicações, formulado durante Plenária do FNDC e apresentado ao governo federal.


Pérolas da edição


Pérolas da Edição

“Quem quiser piratear os meus discos, pode ficar à vontade. Desde que seja para ouvir uma boa música. Não visamos ao lucro com a música. Nós podemos falar porque a produção é nossa. Mesmo o meu trabalho em gravadoras, o povo tem mais é que piratear tudo. Isso não é revolução. O que queremos é mostrar essa música universal. Porque isso não toca em rádio nem aparece na capa do jornal. Sabe o que Deus falou? Muita gente pensa que é só para transar. Mas, não. “Crescei e multiplicai-vos”. Isso é em todos os sentidos. Vamos crescer na maneira de ser e multiplicar o que tem de bom. Sem barreiras. A música é universal.”

Hermeto Pascoal a Carlos Gustavo Yoda na Agência Carta Maior


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Boletim do Núcleo Piratininga de Comunicação
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Coordenador: Vito Giannotti
Edição e redação: Claudia Santiago (MTB.14.915)
Web-designer: Gustavo Barreto e Cris Fernandes.
Colaboraram nesta edição: Gustavo Barreto (RJ), Kátia Marko (RS), Regina Rocha (RJ), Rodrigo Otávio (RJ), Rogério Almeida (MA).


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ÍNDICE
Clique nos ítens abaixo para ler os textos.

Notícias do NPC
Núcleo Piratininga de Comunicação organiza catálogo de vídeos populares
Brasil de Fato: sempre perto da África e da América Latina
A estratégia do ministro das Comunicações para a TV digital

A Comunicação que queremos
Nós do Cinema começa temporada de cursos, no Rio de Janeiro

De Olho Na Mídia
FSM 1 — Globo tenta aterrorizar leitores contra FSM e governo Chávez
FSM 2 — Sobre o FSM, O Globo só fala abobrinhas
FSM 3 — Globo e Veja de mãos dadas contra a esquerda
FSM 4 — Veja tem razão: não somos inofensivos
200 editores catequizados pela Opus Dei. Vade retro, satanás!
Por que a mídia da direita errou nas previsões sobre Evo Morales e ao Hammas
A Globo cria os Homers, sim, mas nos ensina a falar para milhões
Índios expulsos: não deu na grande imprensa

Democratização da Comunicação
Rádios comunitárias denunciam a hipocrisia da ANATEL
FNDC leva à Radiobrás proposta de uso dos canais educativos-culturais do cabo
Deputados vão debater TV digital. Ainda há tempo?

Notícias do NPC
Núcleo Piratininga de Comunicação organiza catálogo de vídeos populares
Brasil de Fato: sempre perto da África e da América Latina
A estratégia do ministro das Comunicações para a TV digital

NPC Informa
O poder americano na TV comunitária do Rio - canal 6 da Net
“São Francisco – Um rio ameaçado” será apresentado no programa"Sexta Independente"
Fórum de Professores de Jornalismo será em Campos, no Rio de Janeiro
Fique atento: mestrado em jornalismo pode sair do papel
Universidade de Vila Velha lança curso de pós-graduação lato sensu em Comunicação
IV Encontro Nacional de História da Mídia
Seminário do FNDC será no Sindicato do Rio

História das Lutas dos Trabalhadores
Documentário conta 50 anos de lutas dos químicos de Campinas
CPV conta sua história

De Olho Na Vida
Campanha pede fim do “Caveirão” no Rio de Janeiro

Imagens da Vida
Jesus da Lapa, Bahia. Nas margens do Velho Chico.

Pérolas da edição
Pérolas da Edição

De Olho No Mundo
Bolívia, terra do civismo (I)

Entrevista
Bernardo Kucinski: “Ninguém tem coragem para dizer a verdade para o presidente”

Novos artigos em nossa página
Jornalismo global: Descompromisso com a verdade histórica
Movimentos Sociais protestam contra reportagem de Veja
Tecnologia nacional aparece como alternativa para a TV digital
Bonner & Homer. Por que o Jornal Nacional adora Homer Simpson
Sobre a necessidade de ser claro
Big Brother: Pra vencer, tem que boiar
Que a televisão não eleja nem derrube nenhum candidato a presidente da República
Cobertura dos telejornais tende a se aproximar muito das prioridades dos candidatos.

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Sobre o Boletim

 
 NPC - Núcleo Piratininga de Comunicação * Arte: Cris Fernandes * Automação: Micro P@ge