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Boletim do NPC Nº 7De 3 a 17/7/2002
Para jornalistas, dirigentes, militantes
e assessores sindicais e dos Movimentos Sociais



A Comunicação que queremos


Filme sobre Rádio-favela tem pré-estréia em setembro

No dia 7 de setembro estréia nacionalmente filme sobre uma bem sucedia experiência de rádio comunitária. Helvécio Ratton, da Quimera Filmes, vai apresentar ao Brasil a experiência da  Rádio Favela, de Belo Horizonte. Uma rádio que enfrentou toda dificuldade e o boicote das grande rádios para transmitir a voz livre da população de favelas e morros de BH. É um capítulo da longa luta pela democratização das comunicações.

Dirigido por Ratton, com roteiro seu e de Jorge Duran, e pesquisa de Eide Ribeiro, o filme a luta das rádios comunitárias no Brasil em sua luta por romper o monopólio das famosas “sete famílias” donas dos meios de comunicação. Maiores informações quimerafilmes@uol.com.br <mailto:quimerafilmes@uol.com.br>. Tel. (31) 3287-1221.


Rádios-comunitárias também em livro
Saiu o livro “Rádios Comunitárias”, de Paulo Fernando Silveira, editora Del Rei. O autor foi juiz federal, é consultor jurídico, advogado e escritor. A convite dos senadores Geraldo Cândido (PT-RJ) e Pedro Simon (PMDB-RS) e do deputado federal, Walter Pinheiro (PT-BA) debateu no Senado e na Câmara com o presidente da Anatel, Renato Guerreiro.

Ato contra a base de Alcântara na Imprensa Sindical

O ato contra a entrega da base de Alcântara aos EUA teve boa repercussão na Imprensa Sindical. Veja alguns títulos. "Contra a ent rega da base de Alcântara", (SINTUFRJ), "Alcântara é dos brasileiros", (ADUFRJ), "Movimento: Sociedade se mobiliza contra entrega da base de Alcântara", (ADUFF), "Não à entrega da base de Alcântara: Brizola diz, no Rio, que FHC deveria renunciar" (CUT/RJ)




O Avesso da Mídia


Os meios de comunicação e as ilusões da escolha livre

Acho que muitos de nós concordaríamos com a seguinte afirmação: os meios de comunicação de massa fazem a cabeça de muita gente, durante muito tempo.

Mas vamos pensar um pouco mais devagar nisso. Em primeiro lugar, isso quer dizer que a tal de “mídia” influencia decisivamente na nossa resposta a tais perguntas: você é contra ou a favor da estabilidade fiscal, da pena de morte, do superávit primário ou da convocação do Romário?

Porém, não é só isso. O que a mídia faz não é determinar a resposta válida. Ela tenta determinar quais as perguntas que são convenientes e quais aquelas que não devemos fazer. Quais os problemas relevantes e quais os que devemos esquecer. A mídia funciona como uma espécie de “Você decide” permanente. Só que... você decide...  mas antes eles decidem sobre o que é que você deve decidir.

Os temas que aparecem na novela das oito, no Jornal Nacional ou no Big Brother são os temas que aparecerão na conversa nossa de cada dia. E também... no debate político!

Talvez nos próximos meses os candidatos sejam obrigados a responder não quais problemas consideram mais importantes, mas quais respostas dão a problemas previamente selecionados pela mídia. E nós também seremos conduzidos a decidir a nossa opinião e o nosso voto “orientados” por essa  regra.

Temos como escapar dessa armadilha? Sim, mas esse também é um campo onde precisamos disputar a hegemonia com os donos do poder ... e da mídia, claro. Precisamos pensar nisso: como botar os nossos temas na agenda do debate.

(Reginaldo “Régis” Moraes)



TV: a ditadura da imagem e o fetichismo da mercadoria

Mais um artigo da série sobre a TV. Dessa vez, uma discussão sobre como o poder da imagem televisiva está ligado ao sistema capitalista de produção, cuja forma de convivência social obriga as pessoas a se relacionarem através das mercadorias. Leia na seção de artigos: www.piratininga.org.br.




Comunicando para milhões


Ato no Rio contra a base americana em Alcântara
Stédile ataca dominação cultural americana

A implantação da base de Alcântara foi condenada em todos os discursos como uma invasão militar.

No discurso de abertura João Pedro Stedile, do MST disse que " A dominação americana não se dá  só pela ocupação militar, se dá também pela invasão cultural ". O que é invasão ou dominação cultural? E só contar em quantas cidades brasileiras há reproduções da Estátua da Liberdade, símbolo de Nova York, capital do império. Algumas podemos encontrá-las facilmente. Vejamos:

1 No bairro do porto de Aracaju/Sergipe entre belos prédios monumentais... encontramos um monumento com esta estátua.

2 Em Curitiba/PR, na Cidade Industrial, na beira da BR 116, no pátio das confecções Havan, destaca-se uma enorme estátua da Liberdade, pintada de um verde berrante.

3 Mas a mais imponente se encontra na entrada do anexo do Barra Shopping, na Barra da Tijuca, conhecido como a Miami brasileira.

Lá, na fachada do New York Center, está ela... a Santa protetora das jovens gerações daquele bairro. Lá dentro, aliás, elas não terão problemas. Tudo está escrito em inglês. Melhor, em americano.

Não se atreva a pedir uma pipoca...ninguém sabe o que é isso. Lá não existe pipoca, lá tem ...popcorn! E se estiver com fome, pode pedir um "natural sandwich" Isso eles comem. Sanduíche natural, não, é muito brega. Chique é o "natural sandwich".

Essa é a dominação a combater, para ter forças no combate contra a base de Alcântara. Isso é disputar a hegemonia e construir uma contra hegemonia.                                                                                        

(Vito Giannotti)



Advogados dão atendimento jurídico a quem vive onde os direitos humanos são ficção
O Centro de Cooperação e Atividades Populares (CCAP) e o Núcleo de Apoio Jurídico a Comunidades (Najuc) atuam há dois anos na Comunidade do Morro da Lagartixa, em Costa Barros, no Rio de Janeiro. O objetivo é nobre: facilitar o acesso da população ao Poder Judiciário. O NPC foi procurado pelo advogado Brown, integrante do Najuc, que nos contou a trajetória do grupo que hoje atende diversos bairros da Zona Oeste do Rio de janeiro. Não coincidentemente, todos situam-se nas últimas colocações (entre 126º e 160º) do ranking do Relatório de Desenvolvimento Humano do Rio de Janeiro, produzido pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), ONU e pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro.  

Fábio decidiu colocar a sua formação de advogado a servido do povo quando ainda era estudante de direito. Em 1994, ele ingressou no Centro de Cooperação e Atividades Populares (CCAP), uma ONG com trabalho em favelas do município do Rio de Janeiro. Em maio de 2000, em parceria com a Associação Beneficente Santa Bernadete de Higienópolis e com o apoio financeiro da ONG italiana CESVI e da União Européia, o grupo implantou, no Morro da Lagartixa, um projeto que levou Assistência Jurídica gratuita para a favela. Em 2001, com reforço profissional da ex-companheira de faculdade Vera Lúcia Ferreira, também advogada, passaram a atender também o complexo de favelas em Manguinhos.

Para conhecer o trabalho do Najuc leia trechos da reportagem "Democratização do Direito"  publicada, em abril deste ano, no jornal da Associação Beneficente dos Amigos do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (Abaterj), em www.piratininga.org.br.




De Olho No Mundo


Cuidado: o Brasil vai virar uma Argentina

Os poderosos estão dizendo que se não elegermos o Serra o Brasil corre o risco de virar uma Argentina. E daí começa o terror. Mas... vamos ver o que é que aconteceu de terrificante na Argentina:

1.   O desemprego já atingiu 20% da população em condições de trabalhar. No Brasil, isso já acontece há vários anos.

2.   Há milhões de excluídos totais, que estão simplesmente na linha da miséria. No Brasil, como se sabe, isso não existe, não é mesmo?

E a coisa vai por aí afora... Então a pergunta é: o Brasil corre o risco de virar uma Argentina ou será que a Argentina está virando um Brasil?

Não, a Argentina ainda está atrasada nesse caminho. Para chegar ao Brasil, nossos hermanitos precisam conquistar algumas coisas. Por exemplo: crime organizado de massa. Eles ainda não têm. E nós temos de sobra. Aliás, só dois países na América Latina têm isso: Colômbia e Brasil. E são os dois que o FMI acha os mais certinhos, aqueles que “fizeram a lição de casa”, como eles dizem.

O Brasil passou oito gloriosos anos da monarquia tucana construindo o futuro, como diz a propaganda do governo. Santo de pés de barro. Depois de tantos milagres e de tanta sabedoria, ainda corremos risco de escorregar para o inferno. Pelo jeito, eles precisam de um século para construir o futuro. Mas quando se referem aos governos de oposição que pegam cidades e estados saqueados, eles exigem soluções em um mês.

Nós temos o direito de reclamar e falar mal dos governos de oposição. Eles não, porque já tiveram todo o tempo para fazer o que não fizeram.

(Reginaldo “Régis” Moraes)



Primeiro, o capital nos tira o emprego, depois nos rouba os sonhos...e depois nos mata
O governo Eduardo Duhalde montou uma verdadeira operação de guerra. Infantaria, polícias, cães, canhões de água, bombas de gás lacrimogênio (e outras armas), carros de assaltos tomaram as ruas de Buenos Aires e arredores. Até helicópteros foram usados para apoiar a repressão aos argentinos.

No dia 26 de junho, milhares de argentinos mostraram mais uma vez revolta à destruição causada por 10 anos de neoliberalismo, 10 anos de uma política voltada para as ordens do FMI (Fundo Monetário Internacional) e aos especuladores transnacionais. Eles foram às ruas exigir a criação de postos de trabalho e uma política de emergência que ampare as vítimas dessa política.

O capital, que destrói a vida e o sonho das pessoas, não tolera ser contestado. Dario Santillan e Maximiliano Costequi, que participavam das manifestações, foram assassinados pela força de guerra montada pelo governo argentino. Outras dezenas de homens e mulheres foram feridas.

A Argentina, que já foi um dos países mais ricos do mundo, na década de 40, hoje tem quase 60% da população no nível de pobreza e mais de 25% estão desempregados.

O capital, que explorou até a última gota de sangue as esperanças e os sonhos dos argentinos, hoje, além de apontar as armas para esse mesmo povo, continua livre e solto pelo mundo. Outras vidas e outros sonhos estão sendo destruídos. A lógica do capital é enriquecer com as lágrimas e a dor alheias.

(Rosângela Gil - metalúrgicos de Santos)







Saiba o que andam fazendo a equipe e amigos do NPC

Sérgio e Edson

Novidade na área. O Sindicato dos Trabalhadores da Previdência Social do Estado de São Paulo (Sinsprev-SP) reformulou sua home page e agora brinda seus visitantes com novas informações DIARIAMENTE. Isto, além de conter sessões que prestam ótimos serviços à categoria.  Para quem não sabe, Sérgio Domingues  e Edson Dias responsáveis pela página do Sinsprev, são os idealizadores da página do NPC. Visite e veja um exemplo do que pode ser feito para termos uma comunicação rápida e diária: www.sinsprev.org.br.

Rosângela Ribeiro Gil

Ainda comemorando o sucesso que foi a palestra de José Arbex, em Santos, no mês passado, que reuniu 300 pessoas, Rosângela (Metalúrgicos de Santos) ligou para o NPC dizendo que vai se integrar à equipe do Núcleo Piratininga que irá ao Fórum Social Mundial 2003.

Kátia Marko

Kátia Marko (CUT/RS) além de representar seu estado, o Rio Grande do Sul no Congresso Nacional dos Jornalistas, em Manaus, fez o mesmo no Rio de Janeiro na Plenária Nacional do Fórum pela Democratização da Comunicação, em junho.

Régis Moraes

O livro "Neoliberalismo: de onde vem para onde vai", da editora Senac continua fazendo muito sucesso. Quem ainda não leu, não deve ficar desesperado mas é bom que se saiba que esta obra é leitura indispensável. Temos aqui no NPC a preço de custo:R$ 10,00, mais despesa de envio.

Lili de Souza

Chega ao fim o curso de economia para jornalistas que Lili encarou com bravura na Fundação Getúlio Vargas do Rio. Assim que ela liberar, a gente coloca a monografia na página do NPC. O que vocês acham de um curso desses organizado pelo NPC?

Marcelão

A notícia é velha mas ainda há quem não saiba. Marcelão não mora em Niterói há alguns meses. Está em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul onde idealizou uma marca muita boa para a Campanha contra a Alca.

No próximo boletim contaremos o que andam fazendo outros amigos.




Veja em nossa página



  • TV: a ditadura da imagem e o fetichismo da mercadoria - Sérgio Domingues

  • A TV precisa de um contrapoder - Entrevista com Pierre Bourdieu

  • Turco louco explode a América - José Luiz Proença

  • A democratização do direito - Jornal da Associação Beneficente dos Amigos do Tribunal de Justiça/RJ

  • Ofensiva neoliberal do governo promove desmonte da Rádio MEC - Ricardo Portugal       

  • O importante é o leitor (dicas preciosas) - Sulamita Stelian

  • Dicas: Livros, Vídeos e verbetes do Manual de Linguagem Sindical

 

Seja bem vindo ao http://www.piratininga.org.br


Expediente



Boletim NPC

Coordenação: Vito Gianotti e Sérgio Domingues
Edição: Cláudia Santiago - Mtb.RJ-14.915
Diagramação: Edson Dias Neves

Colaboraram nesta edição: Reginaldo "Régis" Moraes, Ricardo Portugal, Sulamita Stelian e Rosangela Ribeiro Gil



Se você não quiser receber o Boletim do NPC, por favor, responda esta mensagem escrevendo REMOVA.

 

ÍNDICE
Clique nos ítens abaixo para ler os textos.

A Comunicação que queremos
Filme sobre Rádio-favela tem pré-estréia em setembro
Rádios-comunitárias também em livro
Ato contra a base de Alcântara na Imprensa Sindical

O Avesso da Mídia
Os meios de comunicação e as ilusões da escolha livre
TV: a ditadura da imagem e o fetichismo da mercadoria

Comunicando para milhões
Ato no Rio contra a base americana em Alcântara
Advogados dão atendimento jurídico a quem vive onde os direitos humanos são ficção

De Olho No Mundo
Cuidado: o Brasil vai virar uma Argentina
Primeiro, o capital nos tira o emprego, depois nos rouba os sonhos...e depois nos mata


Saiba o que andam fazendo a equipe e amigos do NPC

Veja em nossa página


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Sobre o Boletim

 
 NPC - Núcleo Piratininga de Comunicação * Arte: Cris Fernandes * Automação: Micro P@ge