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Boletim do NPC Nº 30De 15 a 30/11/2003
Para jornalistas, dirigentes, militantes
e assessores sindicais e dos Movimentos Sociais



Notícias do NPC


Carta do coordenador do NPC, Vito Giannotti, aos leitores do Boletim do NPC

O resultado do 9º Curso Anual de Comunicação Sindical e Popular foi muito superior ao esperado. Não ao que nós, os organizadores, esperávamos, mas ao que os participantes procuravam encontrar. Esta certeza vem das avaliações feitas por escrito e de maneira anônima pelos participantes.

Além deste termômetro, temos as avaliações orais feitas no fim do mesmo e os inúmeros telefonemas recebidos durante a semana imediatamente posterior à realização do encontro.

Atribuímos este resultado aos seguintes fatores:

1. A qualidade dos vários palestrantes. Foram pessoas ligadas diretamente à Comunicação, de experiência plural e todos com a mão na massa. Tivemos presentes desde assessores da CNBB (como o professor Pedrinho Guareschi), a professores de Comunicação (como José Arbex Jr. e Marialva Barbosa), a sociólogos, e a representantes de experiências de Comunicação, como Raimundo Pereira, ou Maringoni.

Tivemos gente que está no Governo, (como o prof. Marco Dantas), como críticos radicais do mesmo, (como Mário Maestri.) e atores diretos de Movimentos Sociais (como Gilmar Mauro), do MST.

Tivemos depoimentos emocionados e emocionantes (como os da Adelaide Gonçalves e os do Raimundo Pereira), ao lado de outros desconcertantes por sua clareza  de análise e tragicidade (como os da Isleide Fontelles e Carlos Dornelles).

Houve oficinas extremamente interessantes como a com Paulo Riccordi e a com Eduardo Alves.

E, finalmente, tivemos a bateria de intervenções dos membros do NPC: começou com Claudia Santiago, passou pelo Reginaldo Moraes, Sergio Domingues e terminou comigo, Vito Giannotti.

Da primeira programação inicial só furaram duas: a sobre Web-rádio e a sobre Mídia e favela, por problemas que independeram do NPC e da vontade dos convidados em participar.

2 Outro fator que enriqueceu este 9º Encontro foi ter tido a presença de participantes de Movimentos sociais (como o MST, o MAB, e Movimentos de favelas). Isto trouxe novas sensibilidades e novos enfoques para os dirigentes sindicais e os jornalistas que habitualmente são a única presença nos nossos cursos.

3 O terceiro fator foi a atualidade dos temas e sua centralidade na conjuntura do momento. Revendo o folder com o programa final, uma semana após a realização do curso, salta aos olhos a utilidade dos temas tratados para o dia-a-dia de hoje.

 

O resultado central deste esforço, fruto de muitas vontades coletivas, será sentido ao longo dos próximos tempos. Os quase 50 jornalistas sindicais e comunitários presentes voltaram para seus estados, Tocantins, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Maranhão, São Paulo, Distrito Federal, Mina Gerais, Paraná, Pernambuco, Paraíba, Espírito Santos, Bahia, Pará, Rondônia muito mais preparados para fazer uma boa comunicação sindical e comunitária.

Este não é um resultado tangível, mas será visível daqui a alguns meses, analisando os jornais e boletins antes e depois do 9º Curso. O objetivo final deste encontro era de municiar os participantes para serem mais capazes de comunicar toda a política dos sindicatos cutistas com milhares de trabalhadores. Comunicar com nossos próprios instrumentos, sem nenhuma ilusão na imprensa “deles”. Melhorar nossa pauta, nossa linguagem e fazer tudo isso com uma forma atraente, viva e dinâmica.

 

Ah!, estava esquecendo: no final do curso...

  foi lançado o 1º Premio de Jornalismo Sindical – 2004.

 Serão premiados os melhores jornais sindicais, da área cutista, produzidos em março, abril e maio de 2004. Os critérios e as regras do mesmo serão publicadas no próximo boletim. Aguardem.

 

Desejamos a todos e todas um 2004 melhor do que 2003. Bom Ano Novo!

(Vito Giannotti, coordenador do NPC)

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A Comunicação que queremos


Rádio Favela recebe prêmio em reunião mundial sobre a Sociedade da Informação

No dia 12 de dezembro os diretores da Rádio Favela, de Belo Horizonte,  Misael Avelino e Nerimar Teixeira receberam em Genebra, Suíça, durante reunião da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação, o prêmio de melhor programa de rádio para a conscientização da cidadania, concedido pela Organização das Nações Unidas (ONU). A Rádio Favela foi a escolhida em um conjunto de 50 rádios comunitárias de todo o mundo.



Confederação dos Bancários reformula sua página na Internet

Está no ar desde o início de dezembro o site da Confederação Nacional dos Bancários da CUT.  No mês de outubro, período mais intenso da campanha salarial, o número de acessos ao site ultrapassou 85.000 durante o mês. Em setembro haviam sido registrados 49 mil acessos. A média diária, fora do período de campanha, é de 1.500 visitas. O endereço eletrônico da CNB na Internet é www.cnbcut.com.br



CUT/SP lança revista

Longa vida à mais nova publicação da imprensa sindical. No dia 17 de dezembro vem ao mundo a Revista da CUT/SP. As cooperativas são o tema de capa desta primeira edição



Encontro da Fenajufe reforça importância da comunicação para os sindicatos

A Fenajufe realizou no final de novembro, o seu II Encontro de Comunicação, com a participação de dirigentes da área de comunicação e de jornalistas dos sindicatos filiados. Mais de 40 pessoas debateram a importância da imprensa sindical como forma de mostrar a atuação das entidades que lutam em defesa dos trabalhadores. O encontro foi dividido em dois painéis, com os temas “Imprensa alternativa X Grande imprensa: a cobertura jornalística na atual conjuntura” e “A comunicação na Fenajufe e em seus sindicatos filiados”. O evento contou com a participação do jornalista da equipe do Portal Vermelho e da revista Debate Sindical, Cláudio Gonzáles; e do professor de Teorias da Comunicação da Universidade Federal do Piauí e ex-editor de Política do jornal Meio Norte, José Américo de Lima.  

 

Coletivo de Comunicação

Os participantes aprovaram a criação do Coletivo de Comunicação que terá como principal objetivo integrar os representantes do setor e desenvolver as propostas apresentadas no encontro. Entre elas vale ressaltar: discutir mais amplamente a criação de uma revista da Fenajufe em parceria com os sindicatos; formular um projeto global de comunicação; promover atividades regionais; fazer uma campanha de conscientização entre a Fenajufe e os sindicatos ressaltando a importância da comunicação para a luta da classe trabalhadora; resgatar a memória sindical das entidades; e aproveitar o espaço na TV Justiça, com um programa produzido pela Fenajufe e pelos sindicatos.

(Fonte: Imprensa Fenajufe)



Vídeo sobre a Marcha dos Sem é lançado em Porto Alegre

O vídeo sobre a oitava edição da Marcha dos Sem  foi lançado no dia 5 de dezembro, em Porto Alegre. O documentário denuncia a criminalização dos movimentos sociais nos meios de comunicação, com imagens, depoimentos e pronunciamentos captados durante a caminhada, que ocorreu no dia 21 de novembro. Direção de Gelcira Teles, com reportagem de Fábio Carvalho, edição de Têmis Nicolaidis e imagens de Sávio Milani. A Cooperativa de Comunicação (Coomunica) e o Sintrajufe apoiaram o vídeo produzido e realizado pela Mercúrio – cinema, vídeo e TV, com patrocínio da Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal (APCEF/RS), CPERS, Sindicatos dos Bancários de Porto Alegre e Região (Seeb/POA) e dos Jornalistas  do Rio Grande do Sul. Informações: (51) 3331-7941, 9973-8277.




De Olho Na Mídia


HVT nº 1

Segundo o "New York Times", o anúncio da prisão de Saddam Hussein seguiu um "plano cuidadoso de relações públicas". Tinha até manual, com o título "HVT nº 1" -alvo de alto valor nº 1. As imagens do ditador com os cabelos sendo remexidos em busca de piolhos ou com a língua para fora foram resultado de "escolha cuidadosa". O que veio a seguir foi só a colheita do planejamento bem realizado. Para Aaron Brown, âncora da CNN, "desde a queda da estátua não tínhamos imagens tão dramáticas". O âncora da NBC, Tom Brokaw, falou em "rato preso num buraco". CNN e Fox News entraram logo no buraco. Mas não era o público americano ou ocidental o maior alvo. O objetivo era não deixar dúvidas à audiência muçulmana. E assim foi. Da Globo:
- As imagens trouxeram alívio, mas também chocaram o mundo árabe. Muitos consideraram um desrespeito.
O site da Al Jazeera detalhou o choque, na expressão de um escritor egípcio: - Eu me senti humilhado. Cortando sua barba, um símbolo de virilidade no mundo árabe, os americanos cometeram um ato que simboliza a humilhação na nossa região.
Um iraquiano acrescentou que as cenas forçam "os árabes a encarar sua impotência".
Não queria outra coisa o tal manual. E vem aí o julgamento, que, de acordo com integrantes do conselho do Iraque, terá transmissão pela TV.

(Por Nelson de Sá, editor do cadero Ilustrada da FSP)



Crime, menores de idade, pena de morte

Faz pouco tempo, todos lembramos, virou manchete o assassinato de um casal de namorados, com requintes de maldade. Foi em Embu-Guaçu, São Paulo. Numerosos "agentes de midia" disseram que era uma questão fundamental para o país a redução da maioridade penal para 16 anos. O assassino, no caso, era um menor marginalizado, conhecido como Xampinha. Pais e amigos de vítimas, jornalistas, rabinos, apresentadores de programas de tv, políticos de passado nebuloso, todos julgaram que esse era o assunto do momento, aquilo que tinhamos que resolver logo. E que o resto era secundário. Em especial, colocavam em segundo plano, e até ridicularizavam, quem sequer sugerisse que o problema era um pouco maior do que isso.
Para quem tem memória, nenhuma novidade. Já aconteceu antes.
Mas seria interessante comparar as "explicações" para esse crime com aquelas que choveram quando uma jovem de boa família e boas posses planejou e executou a morte de seus pais. Aconteceu em São Paulo, em um bairro elegante, em 2002. Muito se escreveu e disse, a respeito da educação errada dos jovens, dos problemas psicológicos, dos cuidados
preventivos que deveriam ser tomados para evitar tais tragédias.
Nenhuma apresentadora de TV declarou que desejava matar a jovem. Nenhum rabino recomendou a pena de morte. Todos muito compreensivos, ainda que chocados. Todos muito chocados, mas compreensivos.
Para quem tem memória de classe, nenhuma novidade. Pobre criminoso é criminoso - e chega!. Jovem rico criminoso é jovem... que errou. A diferença não está no ato praticado: está na cor, na riqueza, na posição social. E é assim que a dor da gente aparece no jornal. Cada qual com seu valor e seu preço.

                                                                                       (Por Regis Moraes)



“Dossiê Tim Lopes- Fantástico/Ibope” será lançado dia 18, no Rio

Dossiê Tim Lopes – Fantástico/Ibope, o mais recente livro do jornalista Mário Augusto Jakobskind, será lançado na quinta-feira, dia 18, no 11o andar da ABI, na rua Araújo Porto Alegre, 71, pela Editora Europa. Trata-se de uma extensa reportagem mostrando o mecanismo do chamado pensamento único. O repórter realizou pesquisas e ouviu várias pessoas que acompanharam de perto a tragédia que resultou no assassinato, por traficantes de drogas, do jornalista Tim Lopes, em 2 de junho de 2002. Jakobskind mostra como, na prática, tanto as direções sindicais dos jornalistas, como a mídia de um modo geral, aceitaram apenas uma única versão sobre a morte do jornalista: a apresentada pela TV Globo.

O livro reportagem coloca em discussão esta “verdade” e dá espaço a versões que foram simplesmente ignoradas sobre o grave acontecimento. Dossiê Tim Lopes – Fantástico/ Ibope ouviu protagonistas que foram praticamente ignorados pela imprensa, entre estes a jornalista Cristina Guimarães, ameaçada de morte pelo tráfico, e o inspetor Daniel Gomes, autor do relatório sobre o caso Tim Lopes que a TV Globo de todas as formas tentou desqualificar, mas que foi aceito pelo Ministério Público até com menção de louvor.

 



Bória Casoy: exemplo de mau jornalismo da Record

Na edição do dia 15/12 do Jornal da Record, o âncora Bóris Casoy deu mais um de seus frequentes exemplos de mau jornalismo ao tentar desqualificar a figura ímpar de Apolonio de Carvalho, combatente de toda uma vida pela emancipação do povo brasileiro da miséria e da opressão por meio da criação de uma democracia popular no nosso país. Apolônio de Carvalho, que lutou contra o fascismo no Brasil, na Espanha e na França, pela liberdade e pela democracia, não pode ser vilipendiado como um "stalinista" que sempre teria querido implantar uma "ditadura comunista" no Brasil, "regime abominado pelo povo brasileiro". Essa distorção escabrosa dos fatos e da biografia de um orgulho da nossa história é jornalismo ou isso é uma vergonha??"

                                          (Por Marcos Del Roio, prof. de Ciências Políticas da FFC-Unesp)



Vida de jornalista é precária, diz pesquisador

A vida pessoal dos jornalistas é precária, com falta de relacionamento familiar por conta das excessivas jornadas de trabalho e vínculos afetivos que se desfazem rapidamente. Eles trabalham em quase todos os finais de semana, mas em compensação resistem bem ao estresse, inclusive se dedicando com paixão à profissão, e nutrindo por ela uma relação de amor e ódio. Nas redações, o ritmo de trabalho a que se submetem é estafante, com jornadas de 12 horas e às vezes, até mais, e estão expostos ao assédio moral e ao rígido controle social. 

Ganham muito pouco, se for considerado o grau de exigência que é imposto pelas chefias, o ambiente competitivo em que trabalham, a precariedade das condições de trabalho em muitas redações e a falta de tempo para estudo. Apesar de tudo, têm pouca consciência da importância social de seu trabalho, são muito individualistas e influenciados pela imagem glamourosa que a sociedade possui da profissão, e não acreditam na sua capacidade de organização enquanto categoria profissional. 

Estas são as principais constatações de um estudo feito pelo pesquisador Roberto Heloani, advogado, psicólogo, mestre em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas e doutor em Psicologia, pela PUC-SP, em 1991. O resumo da sua tese foi publicado pela editora Cortez, em 94 – Organização do trabalho e administração: uma visão multidisciplinar.  

Desta vez, sua pesquisa para o Pós-Doutorado na Escola de Comunicações e Artes da USP, em 2003, levou o título Mudanças no mundo do trabalho e impactos na qualidade de vida do jornalista. “Eu sabia que a rotina desses profissionais era bem complicada, mas não achava que era tanto: foi surpreendente. A deterioração da qualidade de vida do jornalista naturalizou-se, banalizou-se, e isso é grave, pois se trata de formadores de opinião”, diz Heloani. 

Entrevistas e análise profunda

No estudo, uma realização apoiada por duas instituições - o Núcleo de Pesquisa e Publicações da FGV e a ECA-USP, ele entrevistou a fundo 44 jornalistas, aplicando testes concernentes ao estresse e à saúde do trabalho, além de fazer discussões em grupos focais. Deste total, o pesquisador escolheu 22 para análise em profundidade, com levantamento de história de vida e entrevistas nos locais de trabalho em várias mídias. Somente as fitas gravadas tomaram mais de mil páginas de transcrições.

(Texto de Jô Azevedo - joazevedo27@uol.com.br)




Democratização da Comunicação


Governo divulga relatório com nomes dos donos da mídia brasileira

O Ministério das Comunicações divulgou, no final de novembro relatório com a composição societária de todas as emissoras de rádio e TV do Brasil. Esta listagem não fora divulgada anteriormente. O quem é quem dos "Donos da Mídia" no Brasil pode ser acessado em http://www.mc.gov.br/rtv/licitacao



Não há como pensar em sociedade democrática sem comunicação democrática

No final da década de 1970 os movimentos sociais e as universidades foram sacudidos pelo debate em torno do “direito à comunicação” como direito inalienável do ser humano, promovido pela UNESCO, e que redundou na Nova Ordem Mundial da Informação e da Comunicação (NOMIC).  

Agora, o debate retoma com toda força, motivado pela realização, em dezembro, da Conferência Mundial sobre a Sociedade da Informação, na cidade de Genebra. Paralelo a esta conferência da ONU, ocorrerá o encontro da campanha CRIS (Communications Rights in the Information Society) que reunirá militantes de todo o mundo.

Para todos nós, fica claro que é impossível pensar em uma sociedade democrática sem uma comunicação democrática. E os desafios já não se restringem ao nível nacional. A campanha CRIS procura alertar que os limites à democracia na comunicação e à conquista do direito de se comunicar são, cada vez mais, transnacionais. Como pensar em democracia, se apenas cinco empresas produzem 86% dos CDs tocados no planeta Terra? Ou se a mesma empresa que equipa jatos com turbinas e produz reatores nucleares (GE) é dona de uma rede de TV aberta (NBC), de um canal de notícias (MSNBC) e de um estúdio de cinema (Universal), entre outras coisas?  

No Brasil a questão não é diferente. Como falar em democracia se as Organizações Globo (presentes de forma oligopólica na TV, no rádio, na imprensa escrita e na Internet, por exemplo) agora também abocanha 92% dos ingressos de cinema para filmes brasileiros?  

Para enfrentar este desafio, temos que pensar na construção de meios de comunicação alternativos e democráticos: rádios comunitárias, canais comunitários na TV a cabo, jornais impressos, TVs comunitárias (inclusive usando o espectro eletromagnético, como no rádio) e via Internet.  

Mas, também temos que pensar em uma nova legislação para a área que: 1) resolva os problemas do Código Brasileiro de Telecomunicações (feito há 40 anos, alterado pela ditadura militar e esfacelado pelo governo de FHC); 2) nos prepare para os desafios das novas mídias digitais. Tudo isso resgatando o princípio do direito à comunicação.  

Infelizmente, o ministro das Comunicações, Miro Teixeira, já manifestou sua opinião. “O Brasil não sofre do monopólio da mídia e não precisamos, agora, de uma nova legislação para o setor.” Enquanto isso, no BNDES, vultosos empréstimos, com juros de pai para filho, estão sendo preparados para os grupos de mídia brasileiros (que, mal administrados, se aproximam da bancarrota).  

Fazer uma comunicação alternativa, e de qualidade, e lutar por políticas públicas democráticas para o setor, sabendo que não contaremos com a boa vontade do governo, estes são os desafios que esperam os lutadores e lutadoras pela democratização da comunicação.

(Por Gustavo Gindre - coordenador Executivo do INDECS)  

O jornalista Gustavo Gindre, coordenador executivo do INDECS, participou em Genebra da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação e dos eventos paralelos World Forum on Communications Rights e Framing Communications Rights, a partir do apoio da Fundação Ford.

Leia em nossa página trechos dos boletins enviados por Gustavo de Genebra




Entrevista


Rosângela Gil conversa com Laurindo Leal Filho, sobre a televisão privada

A televisão está nos lares de 98% dos brasileiros, índice que já ultrapassa o rádio. A grande maioria desses 98% fica sintonizada na televisão aberta, comercial. A televisão hoje tem mais poder que os poderes legislativo, executivo e judiciário. As afirmações são do professor Laurindo Leal Filho, da Escola de Comunicação e Arte (ECA) da USP e da ONG Tver. Ele participou da Conferência Metropolitana da Cidadania (CONCIDADANIA), em Santos, no dia 6/12, juntamente com o deputado federal do PT de SP, Orlando Fantazzini, um dos criadores da campanha "Quem financia a baixaria é contra a cidadania" e do Projeto de Lei Código de Ética para a Mídia. 

O professor da USP e o deputado federal do PT, que participaram da mesa Controle da sociedade sobre os meios de comunicação e o mercado, não pouparam críticas à televisão brasileira, uma concessão pública que não tem qualquer tipo de controle por parte da sociedade nem por parte dos órgãos governamentais. "As concessões públicas de televisão no Brasil são uma verdadeira ´caixa-preta´", afirmou o deputado. Ele explica que não é de conhecimento público como são feitas ou renovadas as concessões, as datas do fim do serviço, etc. 

Já o integrante da ONG Tver defende a responsabilização e a punição das concessionárias que ferirem a lei, os valores humanos e a dignidade das pessoas. Ele esclarece que não é censura, "excluímos qualquer hipótese de censura, mas elas (as concessionárias) precisam ser responsabilizadas pelo que exibem". 

 O povo brasileiro, desde 1950, quando Assis Chateaubriand criou a  primeira emissora de televisão em São Paulo, a TV Tupi, "aprendeu" que a TV é para vender sabonete, ou seja, é um negócio. Segundo o professor Laurindo Leal Filho, essa idéia não permitiu ao povo brasileiro ter uma história de televisão pública, não houve uma relativização do papel da TV comercial. 

O Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) entrevistou os dois convidados da Conferência Metropolitana da Cidadania de Santos. Leia, a seguir, a íntegra das duas entrevistas.

A televisão que vende sabonete 

NPC - Qual o poder político e cultural da televisão brasileira?

Professor Laurindo Leal Filho - Ele é imenso. A televisão comercial brasileira está hoje em 98% dos domicílios, praticamente é uma fonte única que as pessoas têm de acesso à informação. É uma minoria apenas que tem acesso a jornal, TV por assinatura e outras formas de informação. A televisão hoje é a grande "informadora", "educadora" e "organizadora política" do Brasil. 

NPC - Como se enfrenta todo esse poder numa sociedade democrática?

Professor Laurindo Leal Filho - Essa é uma questão delicada, mas que precisa ser enfrentada. Excluímos qualquer hipótese de censura. Numa democracia não cabe censura, mas cabe a responsabilização dos concessionários, esses que aparecem como donos das emissoras, mas que na verdade são concessionários de serviços públicos, por aquilo que eles colocam no ar.

  A idéia é a seguinte: não se censura nada, eles podem colocar o que bem entenderem, agora se eles ferirem a lei, os valores humanos a e dignidade das pessoas, devem ser responsabilizados e punidos. Infelizmente, nós ainda não temos essa prática no Brasil e nem instrumentos legais para isso.

NPC - Por que é que se faz TV "vendedora" de sabonete?

Professor Laurindo Leal Filho - É uma história que vem desde 1950, quando Assis Chateaubriand instalou a primeira emissora de TV em São Paulo, a TV Tupi, que a televisão é uma coisa para fazer negócio, quer dizer, é uma coisa para as pessoas ganharem dinheiro. Infelizmente, o povo brasileiro não tem referência de outras televisões no mundo, que não são para ganhar dinheiro. São televisões voltadas para a cidadania, para o cidadão e não para o consumidor.

  Nós não temos uma história de televisão pública que permita essa relativização da televisão comercial. Esta é uma luta política do Brasil atual: aumentar o poder da televisão pública para mostrar, parafraseando Porto Alegre, que outra televisão é possível. 

NPC - É uma atitude cidadã desligar a televisão quando um programa é ruim?

Professor Laurindo Leal Filho - De maneira alguma. É um rebaixamento da cidadania. Quando você desliga a televisão você está abdicando de um direito seu de acesso a um serviço público. Ao contrário, você tem de exigir dela (a televisão) qualidade.

Concessão pública de televisão: caixa-preta

NPC - Por que as concessões públicas de televisão no Brasil podem ser uma "caixa-preta"?

Deputado Orlando Fantazzini - Eu não digo que podem, elas são uma "caixa-preta", porque uma concessão pública e tudo que é pertinente ao Estado têm de ser de conhecimento da sociedade. Hoje a sociedade não sabe quem são os acionistas dessas emissoras, qual é o prazo que se iniciou e terminam essas concessões. Quer dizer, essas informações são praticamente secretas. Sem esse conhecimento, a sociedade pensa que são entidades privadas e que, portanto, podem fazer o que bem entendem. O que não é verdadeiro.

Então, nós temos de desmistificar isso para que a sociedade tenha clareza de que é concessionária pública, quem são os concessionários, qual é o prazo das concessões, etc. A sociedade precisa exigir com rigor uma programação melhor e transparência no momento em que se aprova ou se renova uma concessão, para que também outros setores da sociedade tenham acesso a elas (as concessões). 

NPC - Como se democratiza essa discussão?

Deputado Orlando Fantazzini - Obrigando o governo e o Congresso Nacional a tornarem público tudo que envolve o processo das concessões. Até para que a sociedade se manifeste se está satisfeita ou não com a concessionária. 

NPC - Por que quem financia a baixaria é contra a cidadania?

Deputado Orlando Fantazzini - Porque as emissoras perderam todo o caráter previsto na Constituição, que é o de informar, formar, educar e difundir a cultura nacional, trabalhar em cima de valores da família, da ética e da moral e passaram a ser meros agentes de comércio. O que interessa a essas emissoras é a lucratividade, é vender produtos. Se isso é fato concreto, a emissora está descumprindo a Constituição. Então, é tão responsável pela programação de baixa qualidade quem produz, quem exibe e quem financia. 

NPC - O que vem primeiro: uma sociedade democrática ou uma televisão democrática?

Deputado Orlando Fantazzini - Nós vamos ter uma sociedade democrática quando tivermos instrumentos democráticos que tenham a possibilidade de dialogar com a sociedade. Lamentavelmente, o instrumento que consegue "dialogar"  com o conjunto da sociedade, com 176 milhões de brasileiros e brasileiras, é a televisão. E se ela não é democrática obviamente que essa sociedade também não será democrática.

 NPC - Quem quiser reclamar das baixarias na televisão o que deve fazer?

Deputado Orlando Fantazzini - Por favor, as pessoas que se sentem atacadas ou ofendidas pelos programas de televisão podem acessar o site www.eticanatv.org.br, telefonar para 0800 619 619 ou mesmo ir a qualquer agência de correio e pedir o formulário da Carta Cidadã (a postagem é gratuita).

Rosângela Gil (NPC – Santos)




Dicas


A vida de Apolônio de Carvalho nas telinhas

Documentário de Stela Grisotti e Rudi Böhm resgata a trajetória de um dos mais combativos defensores da democracia na história brasileira. Leia sobre o assunto, texto de Camila Agustini em www.piratininga.org.br.



A Guerra ao Vivo, de Carlos Fino chega ao Brasil

Acaba de ser chegar ao Brasil o livro A Guerra ao Vivo (editora Verbo), do jornalista português Carlos Fino.  Enviado especial da Rádio Televisão Portuguesa (RTP) ao Iraque, com vasta experiência como correspondente internacional, Carlos Fino anunciou em primeira mão o bombardeio americano a Bagdá, pelo videofone, e tornou-se conhecido do público brasileiro desde então. O livro, que foi lançado em Lisboa no dia 3 de novembro e em uma semana teve suas duas primeiras edições esgotadas, é um relato dos conflitos mais importantes do pós-11 de setembro de 2001 (Afeganistão, Oriente Médio e o Iraque em particular), entremeado por reflexões sobre as condições de trabalho nessas guerras e sobre o papel do jornalista diante das tecnologias do "tempo real". A apresentação à edição brasileira é feita pelo jornalista Heródoto Barbeiro.

(Por Rosângela Gil, de Santos)



Vídeo "Pecado é não usar" não está proibido para TVs

Diferente do que publica a Folha de S. Paulo de 10/12 (Cotidiano C4), não há proibição judicial para a exibição do vídeo  Pecado é não usar por TVs, salas de cinema, outras empresas, governos ou a sociedade civil em geral. Apenas quatro pessoas jurídicas do Brasil estão impedidas de exibir a público o vídeo que denuncia a campanha da igreja católica contra a camisinha na prevenção da aids. São elas as ONGs Davida, Grupo Gay da Bahia, Fórum de ONG/Aids do Estado de São Paulo e Rede de Pessoas Vivendo com HIV/Aids do Rio Grande do Norte. Essas entidades, que assinam a fita, são as rés na ação cautelar movida pela Arquidiocese do Rio que resultou na liminar proibindo a exibição do vídeo apenas por elas quatro.

 Além da ação cautelar, a Igreja católica, como bem informa a Folha,  entrou com pedido de abertura de inquérito civil público no Ministério Público Estadual (RJ) com o mesmo objetivo de proibir a exibição do vídeo. A decisão de abrir o inquérito ou arquivar o pedido está a cargo da promotora de Justiça de Defesa da Cidadania, Gláucia Costa Santana.

                         As informações são de Flavio Lenz, assessor de Imprensa da ONG Davida-




Novos artigos em nossa página


A vida de Apolônio de Carvalho nas telinhas

Documentário de Stela Grisotti e Rudi Böhm resgata a trajetória de um dos mais combativos defensores da democracia na história brasileira.                   Por Camila Agustini



Como se compra uma imprensa livre

Kissinger apresentou a Nixon um plano: “Ajudar determinados jornais e utilizar outros meios de comunicação no Chile para que falem contra o governo de Allende”.

                                                                                               Por Emir Sader



Os dez fatos que os EUA não podem conhecer

Estudo revela que mídia norte-americana silencia sobre os planos estratégicos da Casa Branca, para evitar que a opinião pública possa assumir posição sobre eles.

                                                               Por Antonio Martins, Planeta Porto Alegre



A crise dos grandes grupos de mídia no Brasil: Onde está uma saída nacional?

 As grandes empresas de comunicação brasileiras vivem uma grave crise econômica e procuraram o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social para que as ajude a encontrar uma saída – este é um fato. Que atitude deve tomar o banco estatal para ajudar numa solução que corresponda aos interesses nacionais? Esta é a questão.

                                                                                            ( por Oficina Informa)



Crise da mídia: um assunto de sociedade

Recursos do BNDES para empresas de comunicação somente com critérios transparentes, negociação pública e contrapartidas sociais. Carta aberta ao governo Lula.

                                                                                             ( por FNDC)



Mezinha para a crise. Mais do mesmo nas redações

A renegociação da dívida do Grupo Estado com os bancos credores, bem encaminhada nos últimos dias, é o segundo item da lição de casa passada às empresas brasileiras de comunicação, no processo da adequação de contas que precisará ser apresentada ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no início de janeiro. Mas há quem entenda que o primeiro item – cumprido com o que os técnicos chamam de ajuste, os funcionários de demissão e a sociedade entende por exclusão – deixou a desejar. Não que os consultores da Galeazzi & Associados estejam sedentos por mais sangue. Apenas, segundo um observador interno, os cortes realizados nas redações nos últimos dois meses podem não fechar a conta como se deseja, dados os sinais de recrudescimento de gastos que se verificam no mesmo período.                                                  Por Luciano Martins Costa

 



Expediente



Boletim do Núcleo Piratininga de Comunicação

Av. Rio Branco, nº 277 sala 1706   CEP. 22245-120

Tel. (21) 222-56-18 / 2210-14-93 / 9628-5022

www.piratininga.org.br / npiratininga@uol.com.br

Coordenador: Vito Giannotti

Edição: Claudia Santiago (MTB.14.915)

Projeto Gráfico: Edson Dias

Colaboraram nesta edição: Gustavo Gingre (Rio de Janeiro), Jô Azevedo (São Paulo), Kátia Marko (Porto Alegre), Marcelo Souza (Porto Alegre), Marcos Del Royo (Marília), Régis Moraes (São Paulo) e Rosangela Gil (Santos).



Se você não quiser receber o Boletim do NPC, por favor, responda esta mensagem escrevendo REMOVA.

 

ÍNDICE
Clique nos ítens abaixo para ler os textos.

Notícias do NPC
Carta do coordenador do NPC, Vito Giannotti, aos leitores do Boletim do NPC

A Comunicação que queremos
Rádio Favela recebe prêmio em reunião mundial sobre a Sociedade da Informação
Confederação dos Bancários reformula sua página na Internet
CUT/SP lança revista
Encontro da Fenajufe reforça importância da comunicação para os sindicatos
Vídeo sobre a Marcha dos Sem é lançado em Porto Alegre

De Olho Na Mídia
HVT nº 1
Crime, menores de idade, pena de morte
“Dossiê Tim Lopes- Fantástico/Ibope” será lançado dia 18, no Rio
Bória Casoy: exemplo de mau jornalismo da Record
Vida de jornalista é precária, diz pesquisador

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Boletim do Núcleo Piratininga de Comunicação

Sobre o Boletim

 
 NPC - Núcleo Piratininga de Comunicação * Arte: Cris Fernandes * Automação: Micro P@ge