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Boletim do
NPC —
Nº 27
— De 15 a 31/8/2003
Para
jornalistas, dirigentes, militantes
e
assessores sindicais e dos Movimentos Sociais
Notícias do NPC
Inscrições abertas
9º Curso Anual do NPC Nossa comunicação para a disputa de hegemonia, no Brasil de hoje Rio, de 20 a 23 de novembro Local: o 9º Curso será realizado, de 20 a 23 de novembro de 2003, no centro do Rio de Janeiro, na sede do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-RJ). Programação Quinta dia 20 Das 9h às 10h45 Comunicação Popular e Hegemonia Com Pedrinho Guareschi – Escritor, Prof. UFRGS Das 11h às 13 A comunicação sindical, hoje Com Antônio Carlos Spis - Secretário de Comunicação da CUT nacional Claudia Santiago - Escritora, jornalista (NPC e CUT) Das 14h às 15h45 # OPÇÃO A A Comunicação nas Prefeituras Populares Com Paulo Riccordi – Prof. e Consultor popular # OPÇÃO B Comunicação AlternativaCom Cesar Benjamin Jornalista, Cientista político* (a confirmar) Das 16h às 18 # OPÇÃO A Comunicação sindical e Memória Operária Com Adelaide Gonçalves – Escritora, Profa UFCE # OPÇÃO B Jornalismo Popular e sensacionalismo Com Marialva Barbosa - Profa UFF Sexta dia 21 Das 9h às 10h45 A disputa pela informação mundialCom Marcos Dantas – Escritor, Jornalista, Prof. PUC-RJ Das 11h às 13 O nome da Marca: MC Donald´s, Nike... Com Isleide Fontenelle – Escritora, jornalista Das 13 às 15h45 Mídia e MST Com Gilmar Mauro - Coordenação do MST Das 16h às 18 # OPÇÃO A Mídia Servidores e Serviços públicos nos últimos dez anos Com Eduardo Alves - Cientista político e assessor da Condsef # OPÇÃO B Web-Rádio: uma experiência prática Com Nato Kandhall – Jornalista/radialista Sábado dia 22 Das 9h às 10h45 Os grupos de mídia no Brasil de hoje Com Raimundo Pereira - Editor da Revista Reportagem Das 11h às 13 Mídia faz campanha disfarçada de notícia Com José Arbex Jr. - Prof. Cásper Líbero - editor do Brasil de Fato Das 14 às 15h45 Deus é inocente, a Imprensa não Com Carlos Dornelles – Escritor, jornalista Das 16h às 18 A Mídia contra o povo na Venezuela Com Gilberto Maringoni – Jornalista, ilustrador Domingo dia 23 Das 9h às 10h45 A Revolução Farroupilha e A Casa das 7 Mulheres Com Mario Maestri – Escritor e professor Das 11h às 13h A Muralha da Linguagem e a hegemonia Com Vito Giannotti – Escritor, coordenador do NPC Das 13h às 13h30 Encerramento e entrega de certificados Às13h30 Almoço de confraternização As inscrições devem se feitas mediante preenchimento e envio da ficha de inscrição para o NPC através do endereço eletrônico npiratininga@uol.com.br. Custo da inscrição: Com direito a quatro dias de hospedagem com café da manhã (início na quarta feira às 12h) é de R$ 570,00. Para os que não precisarem de hospedagem é de R$ 410,00. Todos terão direito à participação nas atividades do 9º Curso, almoço, lanches e apostila e certificado. O pagamento deve ser feito via depósito bancário na conta do NPC. Fazer o depósito no Banco do Brasil, na conta de: Núcleo Piratininga de Comunicação, Ag.9288-7, CC 63.311-0 Após feito o depósito enviar comprovante, via fax, para o NPC, a/c Augusto. (021) 2220-56 18
Lançamento do vídeo: uma outra Venezuela é possível
Será na quarta-feira, dia 27, às 18h, o lançamento e debate do vídeo “Uma outra maneira é possível na Venezuela”, da produtora italiana Gattacicova. A promoção é do Núcleo Piratininga de Comunicação e do Sindicato dos Jornalistas do município do Rio de Janeiro. O debate terá a participarão do cônsul da Venezuela e do professor do curso de Comunicação da PUC-SP, Gabriel Priolli. O endereço é Rua Evaristo da Veiga, nº 16/ 17º andar, Cinelândia, no Rio de Janeiro. A obra trata, entre outros assuntos, do envolvimento da mídia venezuelana no golpe que tentou derrubar o presidente eleito Hugo Chavez. Informações: (21) 222-56-18 / 3686-1693. Em tempo: Segundo informa o site Ciranda da Informação “satanizado pelas elites como “perseguidor da mídia”, Chávez é elogiado pela Human Rights Watch, por garantir liberdade de imprensa”. E mais: em depoimento legal, jornalistas das tevês Globovisión e Venevisión admitem que tropas de Chávez não atiraram contra população, às vésperas do golpe do ano passsado. A declaração confirma a manipulação do vídeo que tenta culpar o presidente Hugo Chávez pelas mortes. Tudo isso e muito mais você encontra nos boletins da Ciranda da Informação.
NPC participa de Seminário de Comunicação na Escola Sul da CUT
O coordenador do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) participa, de 1º a 3 de outubro, do Seminário Regional de Comunicação da CUT, na Escola Sul da CUT, em Florianópolis. O objetivo do Seminário é formular uma política de comunicação para a Região Sul, a partir de dois eixos de debate: - O papel da CUT na Democratização da Comunicação; - O desafio dos 20 anos e as Estratégias de Comunicação da CUT. O Plano de Comunicação será construído a partir desses eixos em oficinas temáticas para troca de experiências e informações, e de formulação e planejamento de ações.
NPC Informa
Bancários de Santos renovam jornal da categoria
O Sindicato dos Bancários de Santos e Região, entendendo a importância da Comunicação do Trabalhador, está de jornal novo, com novo projeto gráfico, cores e textos mais concisos. O jornal, formato tablóide, terá quatro páginas e será semanal. O novo informativo, segundo a diretora de imprensa do sindicato, Cidinha dos Santos, vai trabalhar com textos mais curtos, com mais fotos e desenhos. A parte editorial também recebeu atenção. Cidinha dos Santos explica que o jornal não vai ter o "olhar" voltado apenas para o próprio umbigo, mas vai trazer informações sobre as conjunturas nacional e internacional. "Vamos ter, também, seções fixas sobre cultura, saúde e esporte". O lançamento do novo jornal faz parte da comemoração dos 70 anos do sindicato, completados em janeiro deste ano. (Rosângela Gil, de Santos)
Vermelho, vermelhou: a campanha salarial dos bancários
Os bancários e bancárias de todo o País fizeram uma manifestação diferente. No dia 14 de agosto, eles promoveram o Dia do Vermelho, marcando o início das negociações salariais com os banqueiros para renovação do acordo coletivo da categoria, que tem data-base em setembro. A campanha tem quatro eixos: reposição salarial de 21,58%; jornada de seis horas diárias para criação de mais uma turma de trabalho; emprego; PLR (participação nos lucros e resultados) e fim do assédio moral nos bancos. O Dia do Vermelho quis mostrar que a categoria está "vermelha" de raiva. Apesar de ser um dos únicos setores a bater recordes de lucros, em meio à crise econômica por que passa o país, os bancos são péssimos patrões. Os bancários acumulam problemas, desde salário arrochado até pressão por metas, assédio moral e redução do quadro funcional das agências. Em Santos, o Dia do Vermelho foi além. A diretoria do sindicato dos bancários da região aproveitou para resgatar a história de luta da cidade, que já foi conhecida como Porto Vermelho e pequena Barcelona, além de ter sido a vanguarda na luta contra a escravidão. Com bandeiras, balões e muitos metros de panos, os bancários "tingiram" de vermelho uma das praças mais famosas, a Praça Mauá, que fica no centro de Santos. Mas não é apenas a cidade que tem vocação de luta, os bancários da região também. Uma vocação que começou bem cedo Em 1932, mais precisamente no dia 18 de abril, acontece a primeira greve de bancários no Brasil. Os funcionários do Banco do Estado de São Paulo, sucursal de Santos, cruzam os braços. Reivindicações: gratificações semestrais no valor de três salários, fim das demissões de funcionários que voltavam de licenças médicas e aumento do valor das horas extras noturnas, realizadas para liquidar os estoques de café. Pânico geral. O banco simplesmente era o responsável por toda a movimentação financeira do maior produto do País, o café. O secretário da Fazenda do Estado de São Paulo, José Silva Gordo, é acionado. Ele desce a serra. Além de se reunir com os "bambambans" do setor, associação comercial, Bolsa do Café, etc, o secretário fala com os funcionários. Os negócios não podiam parar. Tudo foi feito para que a paralisação terminasse o quanto antes. O que acabou acontecendo um dia depois de iniciado o movimento. E com vitória: todas as reivindicações dos funcionários do Banco do Estado de São Paulo foram atendidas. Passados 71 anos desde a greve pioneira dos bancários de Santos, a categoria se vê também num outro momento pioneiro: os bancos federais -- Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal -- e Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) vão participar da mesma mesa de negociação salarial com os bancários. Explica-se: nos oito anos de governo FHC, os bancos federais não participavam das negociações unificadas. MEMÓRIA No início do século XX, em razão do porto, um grande número de trabalhadores estrangeiros se estabeleceu na cidade. Esses trabalhadores trouxeram as idéias anarquistas e libertárias da Europa, redendo um "título" honroso para Santos: pequena Barcelona, em referência à cidade da Espanha que era o centro dos anarquistas espanhóis. Depois de pequena Barcelona, a cidade de Santos ficou conhecida como "Porto Vermelho" em razão do forte movimento sindical do porto. Ficou famoso, em 1946, o boicote promovido pelos estivadores aos navios de bandeira espanhola contra a ditadura de Franco. Para aumentar a fama de cidade "vermelha", Santos elegeu 14 vereadores comunistas, também na década de 40. (Rosângela Gil, de Santos)
Mostra: 20 anos da CUT em Porto Alegre
Quem passar por Porto Alegre neste mês de agosto não deve perder a oportunidade de visitar a Mostra Fotográfica "CUT 20 anos - as lutas dos trabalhadores do Rio Grande do Sul", no mezanino da Usina do Gasômetro. A mostra poderá ser visitada até o dia 22, no mezanino, e de 22 a 1º de setembro, no 4º andar da Usina. Organização: CUT/RS, Cpers, Sinpro, Sindicato dos Jornalistas, Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre e Região Metropolitana. Apoio: Núcleo de Pesquisa Histórica/IFCH/UFRGS. (Kátia Marko)
Comitê pela Ética na TV será lançado em Alagoas no dia 19
Será lançado no próximo dia 19, em Alagoas, o Comitê Estadual pela Ética na TV - "Quem financia a Baixaria é Contra a Cidadania". O evento acontece no auditório da OAB - Praça Montepio, às 19h30, e terá a participação de diversas personalidades nacionais, engajadas na luta por uma programação cidadã nas tvs regionais. Já está confirmada a presença de Roberto Farias, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Federal; deputado Orlando Fantazinni, coordenador da Comissão Nacional pela Ética na TV (Câmara dos Deputados); Pedro Montenegro, chefe da Ouvidoria da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República; e Beth Costa, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ). O Comitê é uma iniciativa do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas e tem como co-participantes entidades, órgãos e instituições da sociedade civil organizada, como: OAB/AL, Ministério Público Federal, Conselho Estadual de Direitos Humanos e o Cesmac, através da Coordenação do Curso de Direito. Outras entidades, órgãos e instituições podem fazer parte formal do Comitê, que terá caráter permanente a partir do lançamento no dia 19/08. (InformaCUT-Alagoas)
Rádios Comunitárias criam Associação no Espírito Santo
Representantes de 28 rádios comunitárias do Espírito Santo criaram, no último dia 26 de julho, mais uma sede estadual da Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraco), existente a sete anos na maior parte dos Estados brasileiros. A entidade foi criada durante o “I congresso de Rádios Comunitárias do Espírito Santo”, realizado em Vitória. “Vamos conversar com as autoridades do legislativo, judiciário e executivo para mostrar a importância das rádios comunitárias para a população e evitar a repressão pura e simples da polícia em relação ao funcionamento das rádios”, afirma o presidente da Abraco-ES, José Nilton Oliveira dos Santos.
Cefuria participa do I Fórum Estadual de Rádios Comunitárias do Paraná
A cidade de Jataizinho, localizada na região norte do Paraná, foi sede do I Fórum Estadual de Rádios Comunitárias, realizado nos dias 8,9 e 10 de agosto. O evento foi promovido pela Rádio Comunitária Nova Geração, de Jataizinho, e contou com o auxílio da Rádio Universidade FM, o Grupo de Estudos em Rádio do Núcleo de Estudos em Música e Contemporaneidade e o Curso de Especialização em Comunicação Popular e Comunitária, todos da Universidade Estadual de Londrina. Foram debatidos temas como rádio na educação e na dramaturgia, legislação, criação e desenvolvimento de rádios comunitárias, entre outros. O Cefuria esteve presente ao evento, que foi de extrema importância pois abriu oportunidades de organização e articulação das associações e movimentos que têm interesse em formar rádios comunitárias em Curitiba e Região Metropolitana. As entidades que queiram saber mais sobre rádios comunitárias podem entrar em contato com o Cefuria pelo telefone (41) 322-8487, no horário das 14:00h às 18:00h com Anderson Moreira, ou enviar e-mail para cefuria@bsi.com.br.
Estão abertas as inscrições para o 14º ENJAC
Estão abertas as inscrições para o 14º Encontro Nacional de Jornalistas em Assessoria de Comunicação (ENJAC) e 4º Encontro Internacional de Jornalistas em Assessoria de Comunicação do Mercosul, que serão realizados em Florianópolis de 9 a 11 de outubro. A programação completa e a ficha de inscrição estão disponíveis no site www.sjsc.org.br\enjac. Os sindicatos tem até 9 de setembro para encaminhar os nomes ou fazer a inscrição dos delegados e estudantes delegados. A indicação dos Delegados segue os Estatutos da FENAJ. Importante: lançamento de livros Os participantes inscritos no Enjac poderão realizar o lançamento de livros. É necessário fazer a reserva de espaço antecipadamente, enviando para a Secretaria Executiva do evento, até 15 de setembro, as seguintes informações: título da obra, nome do autor, resumo do livro, mini currículo do autor, telefone/fax/e-mail para contato, data e hora sugerida para o lançamento (que será confirmado pela Organização mediante a disponibilidade de espaço. O agendamento será feito pela ordem de chegada das solicitações). O autor deverá doar dois exemplares do livro para o Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina. Os livros devem estar relacionados ao tema central do evento (jornalismo, comunicação institucional e assessoria de imprensa). A Organização disponibilizará o espaço para o lançamento do livro, com uma mesa e duas cadeiras. Qualquer outro material necessário deverá ser providenciado pelo autor. Atenção do dia 11 No painel 1 Assessoria e Ética: A produção de notícias e as relações de mercado, que será realizado no dia 11 o palestrante é Pedrinho Guareschi, professor da PUC/RS e uma das debatedoras Marialva Barbosa, da UFF. Ambos estarão no 9º Curso Anual do NPC, em novembro. No painel 2 tem a diretora do Departamento de Mobilização em Assessoria de Comunicação da Fenaj e professora da USP, Roseli Fígaro.
Faculdade de Educação da UFF promove seminário sobre Educação e poder
A pós-graduação da Faculdade de Educação da UFF promove nos dias 3, 4 e 5 de setembro o III Seminário Nacional de Pesquisa Educação e Poder: tensões de um país em mudança. Os temas são convidativos. Educação e Poder: Tensões de um País em Mudança com João Wanderley Geraldi (UNICAMP) e Osmar Fávero (UFF). Tensões e Desafios nas Ciências da Educação com Miriam Limoeiro (PUC-RJ) e Mariza Vorraber (UFRGS) e Regina Leite Garcia (UFF). Educação e Políticas de Ação Afirmativa com César Benjamin (Consulta Popular), Fúlvia Rosemberg (Fundação Carlos Chagas, SP) e Iolanda de Oliveira (UFF). Escola, velhos e novos desafios com Miguel Arroyo (UFMG), Nilda Alves (UERJ/ANPEd) e Célia Linhares (UFF). As inscrições dos ouvintes, com direito a certificação, podem ser feitas através do endereço: http://www.uff.br/seminarionacional/ ou na própria Faculdade de Educação, até o dia 1º de setembro de 2003. Informações: (21) 2714-1253.
A Comunicação que queremos
O movimento sindical ainda não entendeu o papel da comunicação
Entrevista concedida por Vito Giannotti ao jornalista Elton Viana, editor do Jornal da CUT Ceará. CUT Ceará. O movimento sindical brasileiro vive um dilema. Apoiou Lula durante a eleição e no entanto tem de se manter autônomo e independente. Qual o papel que a comunicação sindical desempenha nesse processo? Vito Giannotti. A comunicação sindical deve refletir as idéias do sindicato. Ou seja, este é um problema de definição política do Sindicato. O conjunto do sindicato e nossa Central devem primeiro definir sua relação política com este governo que ajudamos a eleger e depois ter uma comunicação com os trabalhadores que reflita esta decisão. O papel da comunicação neste momento continua a ser o de disputar a hegemonia na sociedade com os inimigos dos trabalhadores: industriais, banqueiros, latifundiários, com os patrões, enfim. E naturalmente com os donos do capital mundial: FMI e as multinacionais. É uma disputa com essas forças e com todas as estruturas que os sustentam: organizações patronais, culturais, a estrutura escolar, e com toda a mídia que tradicionalmente sempre esteve a serviço de manter esta chamada ordem. Órdem, que,na verdade é uma desordem.`´E a continuação da Casa Grande e da Senzala da época da escravidão. CUT Ceará. Que tipos de veículos de comunicação um sindicato ou uma Central sindical devem desenvolver? Vito. Todos. Não podemos nos satisfazer com um jornalzinho, ou com um outdoor. A burguesia, nossa inimiga de classe, usa todos os instrumentos, ao mesmo tempo. Vai de Gutemberg ao Bill Gates. Ou seja, para conservar a sociedade como esteve durante quinhentos anos, ela usa o jornal, o rádio, a televisão, a internet e todos os outros instrumentos que o dinheiro lhe permite. Nós, movimento sindical, precisamos usar todos os instrumentos possíveis. Usar de forma criativa, sempre atualizada, sempre mais intensa. E usar com todas as técnicas que o povo está acostumado a ver na TV, nos jornais, ou ouvir pelo rádio. É claro, sempre selecionando os instrumentos e as técnicas que melhor se adequam a uma prática participativa e libertadora, como deve ser a nossa.Temos que nos dispor a aprender sempre. A melhorar sempre. A aumentar, cada vez mais, o volume da nossa comunicação. E isto na nossa comunicação escrita, nos programas de rádio, no uso de vídeos, no uso da internet. Por quê? Porque queremos ganhar a disputa na sociedade. Queremos convencer milhões que uma outra sociedade é possível. Convencer que o socialismo, que está escrito nos princípios da nossa Central, é este outro mundo possível. CUT Ceará. Uma proposta histórica da CUT, na área da comunicação, é a criação de um jornal nacional da CUT. Completando 20 anos no próximo dia 28 de agosto, por que o senhor acha que esse projeto nunca vingou? Vito. Porque não entendemos o papel da comunicação para a mudança desta sociedade. No editorial do primeiro número do jornal japonês, Joji Shimbum, em 1875, estava escrito: "Um partido sem jornal é como um exército sem armas". E o que serve para um partido serve para uma Central. No entanto, nós somos forçados a ler notícias da nossa Central na Folha de São Paulo, que é um ótimo jornal... neoliberal. Esta é a nossa condenação... por que não temos o jornal da nossa Central. O mesmo vale para o partido. Nenhum partido nosso, de esquerda, tem um jornal/jornal. Isto é um jornal diário. E no entanto, em 1919, aqui no nosso país,o jornal anarquista A Plebe, durante seis meses foi diário. Em 1946, o Partido Comunista editava 8 jornais diários. E hoje nós temos a Folha de São Paulo para nos dar áulas de política neoliberal. CUT Ceará. E qual a importância de se desenvolver uma política nacional de comunicação da CUT? Vito. A CUT tem, em seu ideário, uma definição por uma sociedade democrática e socialista. Duas vezes, no estatuto da CUT, se fala em socialismo. E como convencer a sociedade, como convencer os milhões de trabalhadores que devemos caminhar neste sentido? Como convencer milhões de trabalhadores a ir para a luta a fazer uma greve, fazer uma manifestação? O meio é o convencimento... isto é, a comunicação.E para convencer milhares e milhões precisamos de muitos jornais, muitos programas de rádio, produzir e usar muitos vídeos, usar e abusar da internet, estar na TV Comunitária, usar a Web-Rário, enfim fazer da comunicação nossa atividade principal. É com ela que temos que organizar a base para a luta cada vez mais difícil contra o capital e seus representanres. CUT Ceará. Os informativos dos sindicatos, aqui no Ceará, alcançam um maior número de leitores que todos os outros veículos de comunicação da grande imprensa. Que tipo de iniciativa deve ser tomada pelos sindicatos para criarem um veículo de comunicação que verdadeiramente venha a se contrapor à grande mídia? Vito. A CUT pode ter um papel fundamental de unificar, de aglutinar ou, no mínimo de ser um motor de arranque de iniciativas unificadas. Passos podem ser dados, sem ilusão que vai ser fácil. O sectarismo e o exclusivismo presentes na nossa cultura sindical dificultam tremendamente. Mas, ou avançamos nesse sentido, ou nossos inimigos avançam. CUT Ceará- Como o senhor avalia a atual política de comunicação da CUT Ceará? Vito. A CUT Ceará está dando passos importantes. Já tem uma bela página eletrônica. Tem um informativo etc. Mas não podemos nos dar por satisfeitos. Tasso Gereissati tem muito mais do que a CUT/CE. Só podemos descansar quando a coisa se inverter. Nós por cima e Tasso por baixo. Tasso e toda a classe que ele representa: a velha e nova classe dos exploradores do povo cearense. CUT Ceará. Para finalizar, existe liberdade de imprensa no Brasil? Vito. Liberdade de fazer uma jornal até que tem. Evidentemente há um enorme fosso entre os meios econômicos da burguesia e os dos trabalhadores.A resposta, quando se trata das concessões de rádio e televisão é NÃO. Não há liberdade. Os canais de televisão, a TV a cabo, e as rádios são capitanias hereditárias doadas aos amigos do poder. Até agora foi assim. Esse é o grande desafio do Governo Lula. Sem esta democratização dos meios de comunicação, a hegemonia na sociedade será sempre daqueles que a detêm desde Pedro Álvares Cabral. A frase jocosa que se fala é que precisa fazer uma reforma agrária no ar. Ou seja, rever todas as concessões de rádio e TV. Isso é uma revolução. Sem esse passo inicial, a hegemonia continuará nas mãos dos Marinhos, dos Frias, dos Sirotskis, dosMesquitas, dos Silvios, e dos bispos Macedo e companhia.E de qual lado estes grupos econômicos estão?
Prestigie a imprensa alternativa dos movimentos sociais
O MST da Bahia está desenvolvendo uma grande campanha de assinatura dos seus veículos de comunicação – o jornal e a revista Sem Terra – e do jornal Brasil de Fato. O MST vem nesses mais de vinte anos de luta produzindo diversos materiais com o intuito de afirmar a simbologia do movimento, formar politicamente a militância, criar canais de diálogo e interação com a sociedade civil para debater o projeto de reforma agrária para o país. O jornal Sem Terra nasceu no remoto agosto de 1981, no acampamento da Encruzilhada Natalino, através de um grupo de militantes que o iniciou como um modesto boletim mimeografado, na sede do Movimento de Direitos Humanos de Porto Alegre. A revista Sem Terra nasceu em 1999, reunindo intelectuais do movimento e de fora, produzindo um material jornalístico com conteúdo e forma reconhecidos pela qualidade e densidade. Dessa maneira que o jornal e a revista vêm contando a história da luta pela terra. Já o Brasil de Fato, lançado no III Fórum Social Mundial, que já se encontra no seu vigésimo terceiro número, é a mais nova ação da imprensa alternativa no país e vem envolvendo boa parte da inteligência brasileira. Jornal Sem Terra (periodicidade mensal): assinatura anual R$ 25,00; Revista Sem Terra (periodicidade mensal): assinatura anual R$ 25,00; Jornal Brasil de Fato (periodicidade semanal): assinatura anual R$ 100,00. (As informações são da Assessoria de Comunicação do MST –BA)
De Olho Na Mídia
Você sabia?
A Rede Globo tem 50% da audiência e 78% da verba publicitária em televisão. Deste total, 50% vêm do governo.
Casa de ferreiro, espeto de pau
Estas pérolas nos foram enviadas pelo assessor do Sintrajufe/RS Sandro Barros, com o seguinte comentário: Parece incrível, mas lemos isso nos jornais e, às vezes, nem nos damos conta desses absurdos.... Que pena que quem recolheu essas "pérolas" não colocou as datas de publicação. Abraços, Sandro. Confira algumas frases publicadas em alguns jornais nos últimos meses, no Rio de Janeiro. E se por acaso você já escreveu coisa parecida, console-se, acaba de saber que não é o único ou a única. . "A nova terapia traz esperanças a todos os que morrem de câncer a cada ano". (Jornal do Brasil)
. "Apesar da meteorologia estar em greve, o tempo esfriou ontem intensamente". (O GLOBO)
. "Os sete artistas compõem um trio de talento". (EXTRA) . "A vítima foi estrangulada a golpes de facão". (O DIA) . "Os nossos leitores nos desculparão por esse erro indesculpável” (O GLOBO) . "No corredor do hospital psiquiátrico os doentes corriam como loucos" (O DIA) . "Ela contraiu a doença na época que ainda estava viva". (JORNAL DO BRASIL)
. "Parece que ela foi morta pelo seu assassino". (EXTRA) . "Ferido no joelho, ele perdeu a cabeça". (O DIA) . "O acidente foi no triste e célebre Retângulo das Bermudas". (EXTRA) . "O tribunal, após breve deliberação foi condenado a um mês de prisão". (O DIA)
. "O velho reformado, antes de apertar o pescoço da mulher até a morte, se suicidou". (O DIA)
. "A polícia e a justiça são as duas mãos de um mesmo braço". (EXTRA)
. "Há muitos redatores que, para quem veio do nada, são muito fiéis às suas origens". . "Depois de algum tempo, a água corrente foi instalada no cemitério, para a satisfação dos habitantes". (JORNAL DO BRASIL)(O GLOBO)
Novos artigos em nossa página
O receituário do extermínio. Por Lucília Maria Sousa Romão
Professora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo analisa panfleto de latifundiários distribuído à população de São Gabriel, no Rio Grande do Sul, em 17 de junho. O panfleto segue abaixo do texto da professora.
Carlos Dorneles desvenda artilharia da guerra manipulada. Entrevista do jornalista Carlos Dorneles concedida à BR Press Que a cobertura de guerras - com isenção e imparcialidade - sempre foi uma utopia para a imprensa ninguém duvida. Phillip Knightley, em seu livro A Primeira Vítima, um "clássico" no assunto, não nos deixa mentir: ali, ele atesta que a primeira vítima numa guerra é a informação -- leia-se a liberdade de expressão.
O que é duvidoso quando não absurdo, chocante e beirando o non sense, é a maneira tosca como a notícia jornalística foi manipulada, desencontrada e ridicularmente divulgada pelos meios de comunicação, nos últimos conflitos (fortemente) armados que presenciamos no final do século 20 e no início do 21: as guerras do Golfo e Afeganistão, tendo como protagonistas os Estados Unidos e como coadjuvantes Iraque, Osama Bin Laden e o Talebã.
De olho nesse carnaval de censura descarada e de press releases da Casa Branca -- rarissimamente a imprensa ocidental se deu ao trabalho de ir ver o estrago que acontecia in loco, debaixo dos bombardeios cerrados que aparentam assépticos videogames --, o jornalista brasileiro Carlos Dorneles também mandou bala: compilou os maiores disparates publicados na mídia impressa internacional e brasileira, que foram classificados de "cobertura", nos conflitos pós-11 de setembro.
Está tudo lá, no livro Deus é Inocente (Editora Globo, 276 páginas, R$ 32,00). Se os fatos são assustadores, mais ainda é o modo como a hegemonia política norte-americana conseguiu se impor -- sem a mínima resistência da imprensa. Quase que cronologicamente, Dorneles reproduz manchetes e trechos de matérias, cujo tom ufanista pró-EUA chega a ser vergonhoso. Trata-se de uma prática tão comum adotar o tom norte-americano como o lado "civilizado" que sempre tem razão -- e que, efetivamente, manda --, que o leitor ficará corado quando não irado. E, talvez, mais esperto agora que há a possibilidade de acontecer uma nova guerra entre EUA e Iraque. Será mais um show de parcialidade e aceitação. Posto isso, não é de se espantar que as justificativas do governo Bush na "guerra contra o terror" sejam reproduzidas na imprensa ocidental em geral sem cortes -- e muito menos análise. Mais uma vez, grandes conglomerados de mídia vão ficar um só house organ globalizado e institucionalizado de serventia a Washington? Muito provavelmente. Mais um motivo para ler Deus é Inocente. Com a facilidade de ser em nossa língua -- esse tipo de bibliografia ainda é rara no Brasil --, o livro revela a realidade sobre a Guerra do Afeganistão não mostrada pela mídia. E mostra como ela pode vender ideologias, publicar fatos não comprovados, transformar religiões e povos em ameaças para toda a civilização.
Combate terceirizado
A obra traz também, em painel assombroso, os resultados das investidas do poderio militar norte-americano contra uma nação já devastada pelo regime Talebã; o perigo do "achismo" quando aliado ao preconceito, refletido no caso dos prisioneiros de guerra enjaulados e de olhos vendados em Guantánamo; a guerra do terceiro milênio, cuja sofisticação é a terceirização de massacres -- Dorneles usa e descreve com propriedade a "guerra terceirizada", tendo os EUA como "contratantes" e a Aliança do Norte como "contratada"; a eterna "retaliação" de Israel contra os homens-bomba palestinos; o, finalmente, que levou a atenção do mundo a se voltar para o Iraque, e em que isso beneficia o presidente George W. Bush.
Antes de ler o livro, leia a entrevista concedida por Carlos Doneles à BR PRESS em nossa página. www.piratininga.org.br.
Roberto Marinho foi tarde
A grande mídia amanheceu chorosa no dia 7 de agosto, lamentando o desaparecimento do presidente Rede Globo. Quanto a nós, do lado de cá, não é bem o caso de soltar fogos. Se há algo que temos que lamentar, são os prejuízos que o falecido nos causou. O título acima pode parecer raivoso, mas é um reconhecimento de que a burguesia perdeu um general talentoso. Artigo de Sérgio Domingues.
Procurando Nemo? Procurando Lula? Procurando um norte!
No último filme da Disney, tubarões resolvem adotar dieta vegetariana. No Brasil do governo Lula, os tubarões capitalistas parecem satisfeitos com salada, mas aguardam o momento para voltar à velha dieta carnívora. Para nos prevenir contra isso, temos que discutir projetos e parar de nos acusar entre nós. Artigo de Sérgio Domingues.
Governo gasta R$ 763 mil em cartilha que defende a Reforma da Previdência
Há uns dois meses, começaram a chegar às residências brasileiras uma cartilha chamada "Saiba Tudo sobre a Nova Previdência do Servidor". A correspondência foi endereçada a pelo menos 1,7 milhão de servidores ativos e inativos. Os gastos em correios ficaram em R$ 763 mil. Tudo para defender uma proposta que é o oposto do que a cartilha afirma e que ainda falseia dados. Artigo de Sérgio Domingues.
O regozijo suspeito da imprensa. Artigo de Muniz Sodré. O regozijo da imprensa carioca e paulista com o trânsito vitorioso da reforma previdenciária no primeiro turno de votação da Câmara de Deputados, sem o necessário esclarecimento de pontos colaterais inquietantes, é sintoma de um desserviço à informação socialmente produtiva. Que pontos são estes? Vamos tomar como exemplo o da economia que, segundo os cálculos oficiais, a reforma proporcionará ao Estado: 50 bilhões de reais, em vinte anos. (Publicado em http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/iq120820031.htm)
Expediente
Boletim NPC
Av. Rio Branco, nº 277 sala 1706. CEP. 20.040-009. Centro Rio de Janeiro. Tel (21) 222-5618, 2210-1493, 9628-5022.
Coordenação: Vito GiannottiEdição e redação: Claudia Santiago e Sérgio Domingues Diagramação:Edson Dias Colaboraram nesta edição: Kátia Marko (RS) e Rosângela Gil (SP) Seja bem vindo ao http://www.piratininga.org.br
Se você não quiser receber o Boletim
do NPC, por favor, responda esta mensagem escrevendo REMOVA.
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