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Boletim do
NPC —
Nº 26
— De 15 a 31/7/2003
Para
jornalistas, dirigentes, militantes
e
assessores sindicais e dos Movimentos Sociais
Notícias do NPC
Vídeo sobre a Venezuela será lançado no Rio
O Núcleo Piratininga de Comunicação e o Sindicato dos Jornalistas do município do Rio de Janeiro convidam para lançamento e debate do vídeo “Uma outra maneira é possível na Venezuela”, produzido por Gattacicova. Será no dia 27 de agosto, quarta-feira, no auditório do Sindicato dos Jornalistas. Participarão do debate o cônsul ou o embaixador da Venezuela e o professor do curso de Comunicação da PUC-SP, Gabriel Priolli. O endereço é Rua Evaristo da Veiga, nº 16/ 17º andar, Cinelândia, no Rio de Janeiro. A obra trata, entre outros assuntos, do envolvimento da mídia venezuelana no golpe que tentou derrubar o presidente eleito Hugo Chavez. Este debate cresceu em atualidade e importância com o fechamento da Catia TV, emissora alternativa. O vídeo relata o processo de criação da Catia TV e contém entrevistas com seus criadores e impulsionadores. Imperdível para os que acreditam que uma outra comunicação é possível. Sobre o fechamento da emissora encontra-se nesta edição artigo de Maringoni e, em nossa página, texto de Maximilien Averlaiz.
9º Curso anual do NPC já tem alguns palestrantes e local definidos
O 9º Curso anual de Comunicação Sindical e Popular do NPC será realizado na sede do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-RJ), de 20 a 23 de novembro de 2003. O tema deste ano é "Nossa Comunicação no Brasil de hoje’. Já estão confirmadas as presenças de José Arbex Jr., Pedrinho Guareschi, Adelaide Gonçalves, Reginaldo Moraes, Eduardo Ribeiro e Gilmar Mauro. Estamos aguardando resposta ou acertando agenda com outros convidados entre eles, Muniz Sodré, Raquel Paiva, Isleide Fontenelle, Marcos Dantas, Maringoni, Caco Barcellos, José Luís Proença, Carlos Donelles e Luís Francisco. Alguns temas também estão definidos. Estamos tentamos atender às diversas sugestões que nos chegaram. Conheça os temas que já estão definidos: # A disputa pela informação mundial ( Telecomunicações, TV digital..) # O nome da Marca # Os conglomerados da mídia mundial # A Mídia contra o povo na Venezuela # Os grupos de mídia no Brasil de hoje # Mídia e MST # Como a mídia tratou os servidores públicos nos últimos dez anos # Mídia faz campanha disfarçada de notícia # Linguagem
Arquivos do NPC
Os participantes do curso que tiverem interesse terão a oportunidade de conhecer o Arquivo de Memória Sindical do NPC. Solicitamos que enviem exemplares de suas publicações para Av. Rio Branco, nº 277 sala 1706. CEP. 20.040-009. Centro, Rio de Janeiro. Os boletins eletrônicos deverão sem enviados para npiratininga.uol.com.br.
NPC Informa
Lançamento: livros
Livro que analisa controle público da mídia é lançado em Santa Catarina Foi lançado em Santa Catarina, no início de julho, o livro Monitores de Mídia - como o jornalismo catarinense percebe os seus deslizes éticos, do jornalista Rogério Christofoletti, professor da Univali e vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina. Os erros e deslizes de repórteres e editores, que muitas vezes podem causar grandes problemas às pessoas envolvidas, levaram o autor a buscar alternativas para o controle da mídia. Informações: www.sjsc.org.br "Operários sem patrões: os trabalhadores da cidade de Santos" Fernando Teixeira da Silva, membro do Conselho da Coleção História do Povo Brasileiro da Fundação Perseu Abramo, lançou no dia 14 de julho, o livro "Operários sem patrões: os trabalhadores da cidade de Santos" (Ed. Unicamp). A obra focaliza as lutas dos trabalhadores do porto de Santos no período entre as duas Guerras Mundiais. A análise dos dois elementos centrais da interpretação — a noção de “operários sem patrões” e o complexo de práticas e valores englobados no conceito de valentia — permite uma nova compreensão das bases sociais das diversas estratégias sindicais encontradas em Santos e das suas mudanças no decorrer do período. Informações com Deise Helena Miguel: Tel. (19) 37887804
Responsabilidade social da mídia é tema do Enjac O Encontro Nacional de Jornalistas em Assessoria de Comunicação (Enjac) será realizado de 22 a 24 de agosto no Hotel Portobello Resort e Safari, em Mangaratiba, no Rio de Janeiro. Os painéis são os seguintes: I: Direito do Consumidor e Ouvidoria II: Estágio nas Assessorias de Comunicação III: Responsabilidade Social & Empresas IV: Responsabilidade Social & a MídiaInformações: www.jornalistas.org.br.
Nota da editora: Como podemos ver, a Comunicação Sindical continua inexistente nesses encontros de jornalistas, mesmo os de jornalistas em assessoria. Talvez seja porque os jornalistas sindicais andem participando pouco da vida dos seus sindicatos.
Diploma de jornalismo volta a valer A juíza Federal Alda Basto, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, suspendeu a sentença da juíza Carla Rister, da 16ª Vara Cível de São Paulo, que dispensava a obrigatoriedade do curso superior de Jornalismo para o exercício da profissão.
Para Alda Basto, "num futuro é possível que aqueles que não têm diploma universitário possam ser jornalistas, se a presente ação for confirmada nos recursos à segunda instância do Judiciário, mas esta não é a realidade de hoje. Preocupam-nos como ficarão os milhares de jovens que lograrem obter a Carteira de Jornalistas, em virtude da sentença de primeiro grau e conseguirem emprego, pois, amanhã, podem tudo perder".
Os registros precários obtidos desde a liminar de Carla Rister, concedida há mais de um ano, deixam de valer. A Ação Civil Pública foi impetrada pelo procurador André de Carvalho Ramos. Essa é uma decisão em segunda instância. Ainda cabe recurso, que deverá ser encaminhado ao Supremo Tribunal Federal.(Por Jorge Henrique)
Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina informa:
# Prêmio Abramge de Jornalismo # Prêmio Previdência Social de Jornalismo # Prêmio Confea 70 Anos de Jornalismo Impresso # II Prêmio ABIMAQ de Jornalismo # 8º Prêmio Abrelpe de Reportagem # 1º Prêmio New Holland de Fotojornalismo Agrícola # 2º Prêmio de Jornalismo da Unimed # Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos # Concurso Nacional de Fotografia "Um Olhar sobre o Meio Ambiente Urbano - Alternativas para as Cidades" # Concurso de Poesias do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio (Para colaborar com o Boletim Eletrônico do SJSC. Envie informações para jornalistas@sjsc.org.br.)
ONG oferece Bolsa para trabalhos sobre resolução positiva de conflitos
A organização norte-americana Search for Common Ground está selecionando bolsistas para seu programa Common Ground Media Fellows. A intenção é estimular jornalistas a produzir trabalhos visando o fim dos conflitos, e não sua exarcebação ou o sensacionalismo. Leia mais em www.sjsc.org.br
A Comunicação que queremos
Catia TV: uma alternativa na América Latina
Caracas – O prefeito do distrito metropolitano de Caracas, Alfredo Peña, de oposição ao governo de Hugo Chávez, mandou fechar a sede da Catia TV, a mais importante estação comunitária da Venezuela, na quinta-feira, 10 de julho. A alegação de Peña é que os estúdios provisórios da TV situavam-se no Hospital Lidice, pertencente à prefeitura. O direção do hospital cedia de fato um pequeno espaço para abrigar a emissora. Catia TV é uma estação legalizada pela Conatel (equivalente venezuelana da Anatel) e tem este nome por situar-se no bairro popular de Catia, um dos mais populosos de Caracas. Blanca Eekout, 32, diretora da emissora, afirmou ser esta "uma violação dos direitos da comunidade e Peña, um ex-jornalista, (que) se converteu no primeiro censor da Era Chávez". A emissora jogou um papel fundamental na mobilização popular durante o golpe que afastou Hugo Chávez do governo por três dias, em abril de 2002. A oposição venezuelana tenta recobrar a ofensiva após os sérios reveses que sofreu por conta de seu empenho no locaute que paralisou o País no início do ano. Um de seus dirigentes, o jornalista Teodoro Petkoff, reconhece que o setor está agora muito dividido. Projetos populares O gesto de Peña acontece ao mesmo tempo em que ganham corpo dois projetos do governo para as populações pobres: o "Plano Robinson", de alfabetização intensiva, e o "Programa Bairro Adentro". O primeiro visa erradicar totalmente o analfabetismo no País, hoje ao redor de 8%. O segundo pretende estender o atendimento público de saúde às populações que nunca tiveram acesso ao serviço. Para isso, a administração federal realizou um chamado para que médicos venezuelanos aderissem ao programa, fixando-se nos bairros pobres e convivendo com sua população. Apenas 35 atenderam ao chamado. "Prevalece aqui uma visão mercantilista da medicina", diz Rafael Vargas, coordenador do projeto e cotado para assumir o Ministério da Saúde. Acordo com Cuba O governo, então, baseando-se num acordo de intercâmbio firmado com Cuba, chamou médicos daquele país. Chegaram mais de 700, nos três primeiros meses. A imprensa voltou a deflagrar uma intensa campanha conta o governo, acusando os programas de serem "doutrinários" e que Chávez promoveria a "cubanização" da Venezuela. No entanto, seis deputados do Parlamento Europeu, que estiveram em Caracas durante toda a semana, conversando com governo e oposição, constataram não haver nada que indique algo nesta direção. Mesmo na tecla que a imprensa mais bate – atentados ao direito de informação – nada foi constatado. A não ser pelo fato de que a única censura aos meios de comunicação tenha partido da oposição, lembra Maximilian Arvelaiz assessor da Presidência da República. (Texto de Gilberto Maringoni para Carta Maior)
Exposição Fotográfica "Jornada de Lutas por Terra, Trabalho e Direitos Sociais
Foi inaugurada na sexta, dia 25, em Porto Alegre, a Exposição Fotográfica "Jornada de Lutas por Terra, Trabalho e Direitos Sociais". Os registros foram tomados no dia 29 de maio nas regiões de Rio Pardo e Santa Cruz do Sul, em uma manifestação organizada pela CUT, Federações e Sindicatos e Via Campesina. A exposição estará aberta ao público de segunda a sexta, das 14h às 18h, no Auditório do Semapi (Rua Lima e Silva, 280 Cidade Baixa). As fotos e o vídeo podem ser conferidos até o final de agosto. Esta exposição é uma iniciativa do Semapi através do Coletivo de Cultura do sindicato. Os registros foram feitos por diretores e militantes da base da entidade. O objetivo da mostra é a reflexão frente ao momento de lutas no campo e nas cidades.
De Olho Na Mídia
Docentes demitem dirigentes do Sindicato dos Jornalistas por justa causa em Cuiabá
No último dia 11, as jornalistas e dirigentes do Sindicato dos Jornalistas de Cuiabá Najla Passos e Márcia Andreolla foram demitidas por justa causa da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (ADUFMAT), após mais de cinco anos de serviços prestados à entidade. Tiveram direito apenas a receber apenas o saldo dos dez dias trabalhados no mês. O motivo alegado foi insubordinação. As jornalistas se reusaram a assinar um jornal do qual não participaram da produção. Najla e Márcia fizeram praticamente todos os cursos do Núcleo Piratininga de Comunicação. Por estas duas companheiras, com quem convivemos nos últimos cinco anos, temos profundo apreço e admiração. A elas, nossa total solidariedade. Leia em nossa página a carta de despedida de Najla e Márcia.
Showrnalismo na guerra do Iraque
“As cenas foram gravadas, com uma câmera que filma no escuro, por um ex-assistente de Ridley Scott que trabalhou com ele no filme Falcão Negro em Perigo (2001). Segundo Robert Scheer, do Los Angeles Times, em seguida as imagens foram enviadas, para serem editadas, ao comando central do exército norte-americano, no Catar. Após passarem pelo controle do Pentágono, foram divulgadas para o mundo inteiro”. Ignacio Ramonet, sobre a falsa história da libertação da soldado norte-americana Jessica Lynch no Iraque – www.diplo.com.br
Deputada denuncia grande imprensa
A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) definiu o tratamento dispensado por setores da grande imprensa aos debates sobre a Reforma da Previdência como leviano, parcial e, em muitos casos, flagrantemente desonesto. Em sessão na Câmara dos Deputados na semana passada, ela criticou a manipulação de dados, em especial uma matéria da revista Veja. Em reportagem intitulada A reforma que virou novela, a revista volta suas baterias contra os servidores públicos brasileiros, apontando-os como detentores de privilégios e benefícios superiores aos usufruídos por servidores de países mais ricos. A reportagem utiliza quadros comparativos que relacionam a situação dos servidores públicos no Brasil, na Argentina, na França, na Finlândia e nos EUA. Segundo a publicação, o servidor brasileiro ganha, em média, 251% mais do que a renda per capita do país. Tomando por base apenas os servidores público federais, que recebem, em média, remunerações superiores aos estaduais e municipais, os dados do Ministério do Planejamento informam que a remuneração média mensal bruta do servidor do Poder Executivo é de R$ 1.679,00. Sobre tal remuneração incide desconto de 11% para a Previdência e 15% para o Imposto de Renda. Ao final de um ano, o servidor do Executivo terá, em média, uma remuneração total de R$ 18.132,12. Em contrapartida, dados do IBGE revelam que o salário médio do funcionalismo público é de R$ 976,00 por mês. E números do Siape mostram que 30% dos servidores aposentados recebem menos de mil reais e 68,9% recebem menos de R$ 1,5 mil. Entre os ativos, 16,9% recebem até mil reais e 52,7%, menos de R$ 1,5 mil.
Novela da Globo desqualifica as mulheres
Frases machistas ditas pelo personagem Onofre ao personagem César no capítulo da novela ‘Mulheres Apaixonadas’, de quinta, dia 24: . Sorte que você estava sozinho, sem a Luciana, nessas horas as mulheres atrapalham. Disse Onofre a Cesar comentando o atraso do primeiro a uma reunião devido a um temporal e problemas com o carro . Despedi uma enfermeira para não cair em tentação. . Você pode imaginar a Marta avó do filho da empregada? Referindo-se a sua esposa. . As mulheres ainda nos levam à loucura ou à bancarrota. Leia no próximo Boletim-NPC artigo sobre as personagens da novela Mulheres Apaixonadas Marta, a mulher de Onofre; a mãe de Gracinha; a mãe da Clara; a mãe da Fernanda; Dóris; e seus maridos, pai e irmão gentis.
Entrevista
Alca: risco de maior pobreza e desemprego para o Brasil
O Boletim NPC vem acompanhando com muito interesse a discussão sobre a Alca, proposta comercial dos Estados Unidos. No ano passado, participou ativamente da mobilização que culminou com um grande plebiscito em todo o Brasil, que levou mais de dez milhões de brasileiros e brasileiras às urnas de forma espontânea. O resultado também não poderia ser diferente, fruto de um acumulo de debate sobre o assunto, a esmagadora maioria dos participantes disse um redondo "não" à adesão do País ao acordo comercial estadunidense. O assunto não está encerrado. Agora, no governo Lula, o tema assume um novo patamar e exige ainda mais mobilização de tantos que entendem a Alca como subserviência aos interesses dos conglomerados do império norte-americano. Ao completar nove anos de existência, o Nafta (Acordo Norte-Americano de Livre Comércio), que envolve México, Estados Unidos e Canadá, não mostrou eficiência na promoção da justiça e do equilíbrio entre os países participantes. Ao contrário, conforme aponta Marco Aurélio Weissheimer, em reportagem para Carta Maior - Agência de Notícias, mais da metade de população do México vive na pobreza e 19% na indigência. Em tempos de "nove anos" do Nafta, nada melhor do que avaliar quais seriam as semelhanças que esse acordo guardaria (em segredo?) com a Alca, proposta que envolve os países da América Latina, excluindo Cuba. O Boletim NPC entrevistou um dos integrantes do Comitê Paulista Anti-Alca, Ricardo Gebrim, que ainda é presidente do Sindicato dos Advogados de São Paulo e membro do conselho editorial do jornal Brasil de Fato. Boletim NPC - São noves anos de Nafta. São nove anos de mais prejuízos para a população do México. Quais os problemas que a Alca traria na mesma proporção aos países latino-americanos, incluindo o Brasil? Ricardo Gebrim - Bom, a primeira questão que precisamos considerar é que os países que estão agrupados no Nafta, ou seja, os EUA, o Canadá e o México, representam quase praticamente 80% a 90% do produto interno bruto, PIB, do conjunto de países que estariam incluídos numa proposta da Alca. Portanto, é previsível que a Alca não poderá ser distinta das regras que já foram acertadas na negociação do Nafta. Conseqüentemente, as mesmas condições e situações que agravaram a miséria, causaram desemprego, desorganizaram a economia mexicana e, principalmente, destruíram a agricultura familiar, inchando as cidades, aumentando a crimininalidade e a violência no México, vão se reproduzir em condições ainda maiores no Brasil e nos demais países da América Latina, se nós não formos capazes de impedir a Alca. Boletim NPC - E como é que se impede a Alca? Primeiro tivemos o plebiscito, em setembro do ano passado, com a participação de mais de dez milhões de pessoas, e agora, como está a campanha contra a Alca? Ricardo Gebrim - Nesse momento, o centro da estratégia da nossa campanha é pela aprovação do projeto de lei do senador Saturnino Braga, que possibilita a convocação de um plebiscito oficial que decidirá se o Brasil integrará ou não a Alca. A nossa Constituição Federal estabelece limite a atividade do Congresso Nacional. Questões que envolvem a soberania só podem ser decididas por intermédio de um plebiscito. O projeto do senador Saturnino Braga está aguardando um parecer da senadora Ideli Salvatti, de Santa Catarina. Estamos aguardando que a senadora dê um parecer favorável e que a gente possa aprovar esse projeto. Estamos também coletando assinaturas em todo o País, para pressionar a agilização e aprovação do plebiscito oficial. Boletim NPC - Você falou em soberania. Como a Alca afetará, ou acabará, com a soberania dos países? Ricardo Gebrim - A Alca, em poucas palavras, resultaria, se aprovada, na seguinte situação. Em primeiro lugar, os mecanismos de decisões jurídicas deixam de funcionar em cada país e são transferidos para um tribunal arbitral, que hoje já funciona em Washington para julgar as questões do âmbito do Nafta, e conseqüentemente se manteria na hipótese da Alca. Em segundo lugar, as grandes decisões econômicas e os regulamentos da economia são transferidos também para instâncias da Alca, se sobrepondo à capacidade regulamentar econômica dos países. Terceiro, os países integrantes vão, gradativamente, perdendo a sua moeda e vinculando-a ao dólar. Inclusive, utilizando um expediente que os ingleses usaram para a dominação da colônia da Índia, no século XIX, onde quem fixa o valor da moeda, na verdade, é o banco central do país dominador. No nosso caso seria o norte-americano. Em quarto lugar, países como o Brasil, que são definidos como vendedores mundiais, estariam vinculando sua economia a basicamente um grande comprador, no caso os Estados Unidos. E, por último, o nosso mercado consumidor, que hoje é um mercado consumidor amplo, estaria vinculado à economia norte-americana. Tem ainda mais um aspecto, embora isso não esteja constando das negociações oficiais da Alca, que se refere ao esvaziamento gradativo do papel defensivo das forças armadas de cada país, destinando esse papel de defesa geral às forças armadas norte-americanas. De forma resumida eu diria que um país que não tem regras econômicas próprias, não tem instâncias jurídicas próprias, está vinculada a uma economia "matriz", não tem moeda própria e não tem forças armadas, essa é a definição de uma colônia. Essa é a definição que os historiadores dão tecnicamente a uma colônia. Portanto, a Alca implica na nossa recolonização, a volta à situação colonial. (Por Rosângela Gil, de Santos)
Cartas
Dos Companheiros do Sindicato dos Bancários de Nova Friburgo
"Caro Vito, gostamos do enfoque dado no boletim do NPC no lançamento do Jornal intersindical de Nova Friburgo "A Voz do Trabalhador". Pena que você tenha esquecido de nós, OS BANCÁRIOS (SEUS ALUNOS). Vai ter troco, hein!!!! Um forte abraço dos Companheiros do Sindicato dos Bancários de Nova Friburgo”.
De Neusa Ribeiro, Porto Alegre/RS
Recebi de outra pessoa, e faço questão de me inscrever para receber o boletim de vocês. Quem é do movimento social e quem não é, NÃO DÁ PRÁ NÃO LER. grande abraço fraterno e bom trabalho!!! Neusa Ribeiro, Porto Alegre/RS.
De Marcos Marques de Oliveira/RJ
“Não deve haver surpresa no projeto de reprodução dos programas globais por rádios alternativas ligadas ao Viva Rio. Ora, está ong tem, em seu comando, participação direta dos donos da maior rede de comunicação do Brasil, obedecendo a seus princípios e interesses, principalmente políticos. Na maioria das vezes, os projetos de ongs como esta tem a simples função ideológica de privatizar o público, contribuindo para a difamação do papel do Estado e corroborando para a substituição das políticas públicas de direito coletivo pela focalização de políticas "sociais" de interesse privado. É mais uma forma de assalto à riqueza social constituída com o fundo dos trabalhadores pelos grupos empresariais. E tem gente que ainda acredita na esparrela das ongs.
Sobre a relação Ong e Imprensa, sugiro a leitura do artigo: Demissões nas redações, Os carrascos "voluntários" da mídia
Jornalista e pesquisador do Coletivo de Políticas Educacionais da UFF Marcos Marques de Oliveira
De Claudia de Abreu/RJ
“Sei que é natural acreditar em companheiros antigos do movimento, mas acredito que é necessário tomar cuidado quando se falar no Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). Problemas de esvaziamento são - infelizmente - naturais. É por isso que eu e outros companheiros assumimos como nossa a tarefa de reconstruir esse movimento, acreditando que o esvaziamento não era intencional. Muitas coisas aconteceram e hoje podemos dizer que o FNDC tem sérios problemas de representatividade, mas não por falta de prioridade das entidades em fortalecê-lo. Algumas entidades já o abandonaram politicamente. Outras, aguardam reunião nacional de sua entidade para fazê-lo. Entre as críticas, a de negociação de cargos em Brasília em nome das entidades sem consultá-las. Eu e Rafael, coordenadores do Comitê Rio, renunciamos na semana passada após diversas tentativas frustradas de apresentar uma carta - aprovada em janeiro- com as críticas à atuação recente do FNDC. Estranhamente surgiu outra carta assinada como Comitê Rio que só é reconhecida pelas duas pessoas do Rio que estão na coordenação do FNDC. Várias entidades mostraram-se indignadas. Infelizmente, nem todo mundo gosta de comprar uma briga dessas e a consequência foi o abandono total. Para vocês terem uma idéia, a reunião nacional do Conselho Deliberativo, que só foi convocada após muita insistência do Comitê Rio, foi marcada para a única data que dissemos que não poderíamos participar. Alegaram que a referida data (cinco dias depois da convocação e sem nenhuma urgência na pauta) era melhor para a maioria. Nenhum Comitê Regional pôde participar oficialmente, pois ninguém consegue convocar uma plenária tão rápido para tirar representantes. E a reunião teve CINCO entidades! (Uma já está sendo até questionada internamente). Pelo jeito, foi mais importante garantir a presença de representantes da Anatel e do Ministério do que dos militantes”. Claudia de Abreu Jornalista e ex-coordenadora do Comitê-Rio do FNDC
Novos artigos em nossa página
Oposição a Chavez fecha canal comunitário em Caracas. Por Maximilien Averlaiz
A TV Catia, talvez o canal de televisão comunitário mais importante da atualidade, foi fechado pelo prefeito do distrito de Caracas, Alfredo Peña, adversário político de Hugo Chávez. O ato foi realizado sem qualquer autorização judicial. O motivo alegado foi, de acordo com a Agencia Carta Maior, o fato de o canal funcionar no hospital municipal Jesús Yerena de Lidice. Apesar de ter um alcance limitado (seu sinal serve apenas a região de Catia, em Caracas), o canal tem um papel estratégico importante na comunicação independente venezuelana. A emissora, por exemplo, tem tido um papel fundamental após o golpe militar de abril de 2001. O ato do prefeito conta com o apoio da mídia comercial local, que tem tratado a Catia Tve como inimiga.
Carta de despedida das jornalistas Najla Passos e Márcia Andreolla de Cuiabá (MT)
Agradecimento público do jornalista Jackson Figueiredo, de Belo Horizonte (MG)
Pesquisa sobre Mídia realizada pelo IVE
O IVE (Grupo Imagens e Vozes da Esperança) promoveu este ano, durante um mês, a pesquisa Estudo Exploratório da Mídia. Foram entrevistadas 92 pessoas, 27 delas jovens estudantes. A pesquisa era composta de três perguntas e ouviu homens e mulheres de diversas profissões e faixa etária diferenciada. Imagens e Vozes de Esperança é uma conversa global sobre o impacto das imagens e histórias nas pessoas, famílias, comunidades, culturas e no mundo. A meta é encontrar jornalistas, executivos de mídia, publicitários, artistas, contadores de histórias, editores, músicos, cinegrafistas, video-makers que já estejam fazendo uma contribuição positiva à sociedade através de seu trabalho. (www.jornalistas.org.br).
Marcas americanas perdem espaço. Por David Usborbe para "O Independent"
Não demorou muito para que os americanos compreendessem que a triunfal visita do presidente George W. Bush a um porta-aviões após a queda de Saddam Hussein foi de certa forma prematura. Raramente passa um dia sem que outro soldado americano caia vítima das balas de atiradores desconhecidos no Iraque ocupado. Mas poucos têm prestado atenção a uma outra conseqüência da campanha militar. Podemos chamá-la de "danos colaterais corporativos". E as vítimas são as marcas norte-americanas.
Demissões nas redações: Os carrascos "voluntários" da mídia. Por Marcos Marques de Oliveira (*)
A edição passada do Observatório da Imprensa na TV (terça, 17/6) foi brilhante ao abordar a crise da mídia brasileira. De todas as contribuições, a que mais me sensibilizou foi a do presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, principalmente pela denúncia da substituição de antigos colegas de profissão por essa nova categoria "esdrúxula" (palavra do sindicalista) que tomou conta da agenda nacional desde fins dos anos 1990: o "voluntário".
Expediente
Boletim NPC
Av. Rio Branco, nº 277 sala 1706. CEP. 20.040-009. Centro Rio de Janeiro. Tel (21) 222-5618, 2210-1493. Coordenação: Vito Giannotti Edição e redação: Claudia Santiago e Sérgio Domingues Diagramação:Edson Dias
Colaboraram nesta edição: Kátia Marko (RS), Rosângela Gil (SP), Sílvio Costa Pereira (SC)
Se você não quiser receber o Boletim
do NPC, por favor, responda esta mensagem escrevendo REMOVA.
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