Lançamento do Brasil de Fato 

A noite de 25 de janeiro de 2003, dez anos atrás, representou um marco na história da esquerda brasileira. Naquele dia, foi lançado o jornal Brasil de Fato, referência desde então para militantes do país inteiro. O ato político-cultural que inaugurou a circulação do jornal foi realizado durante o 3º Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS), e contou com a presença de gente como o escritor uruguaio Eduardo Galeano; a cubana Aleyda Guevara, filha de Che; a argentina Hebe de Bonafini, uma Avó da Praça de Maio; o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado; além de outras figuras comprometidas com a transformação social no Brasil e no mundo.

Dez anos se passaram, e o Brasil de Fato se consolidou como o mais importante veículo nacional de esquerda do país. Em entrevista à RadioagênciaNP, o editor do periódico, Nilton Viana, destacou as dificuldades de manter o jornal na rua de forma ininterrupta por uma década. “Sobreviver dez anos como imprensa popular, comprometida com a classe trabalhadora e a visão de esquerda da luta de classes é, sem dúvida, uma vitória, um feito fantástico. Principalmente em se tratando do Brasil, onde temos uma concentração muito grande dos meios de comunicação. Com certeza, é uma vitória da classe trabalhadora, do conjunto dos movimentos sociais que nesse tempo tem nos ajudado financeiramente e politicamente”, ressaltou.  

Ele anunciou algumas novidades do jornal, como um projeto de edições regionais que serão distribuídas de forma gratuita em terminais de ônibus e estações de trem e metrô de diversas capitais. Na internet, foi lançada uma página especial de comemoração dos 10 anos. Nela estão divulgadas reportagens, entrevistas com personalidades históricas, o vídeo

Proposta de Pauta


Racismo no Brasil mostra a sua cara

O mito da DEMOCRACIA RACIAL é um dos mais fortes no Brasil. Dizem que por aqui não há preconceito de cor, que a miscigenação gerou cordialidade entre brancos, negros e mulatos etc. No entanto, como destacou a revista Carta Capital, na penúltima semana de janeiro dois episódios mostraram como no país existe RACISMO sim, tanto nas relações pessoais quanto nas instituições brasileiras.  

# O primeiro fato foi a divulgação de um documento assinado pelo capitão da Polícia Militar de São Paulo, Ubiratan de Carvalho Góes Beneducci. O texto orienta policias que trabalham em região nobre de Campinas a abordarem com rigor pessoas “em atitude suspeita, especialmente indivíduos de cor parda e negra”. A determinação é adotada por policiais desde o dia 21 de dezembro do ano passado e é direcionada principalmente para jovens entre 18 e 25 anos, que estejam em grupos de três a cinco pessoas e tenham a pele escura. 

# O outro episódio ocorreu em uma concessionária da BMW na Barra da Tijuca, bairro burguês dos novos ricos da cidade do Rio de Janeiro. Um casal de pele clara foi à loja com seu filho adotivo negro de sete anos. O menino se afastou dos pais para assistir a um programa na televisão. Quando se aproximou do casal, o gerente ordenou que o menino saísse da loja, dizendo que aquele lugar não era pra ele e ele teria que se retirar.  

Para quem diz que não há racismo no Brasil, basta lembrar também que no ano passado, perto do Dia da Consciência Negra (20 de novembro), o Ministério da Saúde divulgou dados sobre o assassinato de negros no Brasil: segundo o órgão oficial, em 2010 cerca de 27 mil jovens foram mortos, sendo 75% deles negros, do sexo masculino e com idade entre 15 e 29 anos. 

Imagens da Vida


Pequeno Vinícius faz pose com iogurte Campo Vivo, produção do MST

 

Na foto, feita por Joka Madruga, o pequeno Vinícius sorri feliz da vida com seu iogurte Campo Vivo, um produto orgânico da Reforma Agrária. Ele posa em frente ao laticínio inaugurado na segunda, 4/2, no assentamento Dorcelina Folador em Arapongas (PR). A Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária União Camponesa (Copran) é uma demanda antiga dos movimentos do campo, que pretendem avançar na organização dos assentamentos em cooperativas e industrializar a produção, para agregar valor e gerar renda aos trabalhadores rurais. Saiba mais! 

Democratização da Comunicação


FNDC lança revista com campanha Para Expressar a Liberdade

O Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação (FNDC) lançou a sua 13ª revista MidiaComDemocracia. O destaque da edição é a campanha Para Expressar a Liberdade – Uma nova lei, para um novo tempo, que luta por um novo marco regulatório para a comunicação no Brasil. A publicação traz reflexões sobre a importância de o Estado enfrentar a pauta da mídia para garantir que a liberdade de expressão seja exercida por todos e todas e não apenas pelos donos dos meios de comunicação. Um dos exemplos mais significativos é o da experiência que se constrói na Argentina com a nova Ley de Medios.  

Clique aqui para baixar a revista!

De Olho Na Vida


Justiça suspende agressão à Reforma Agrária no assentamento Milton Santos

O Tribunal Regional Federal da 3ª região (TRF-3) determinou, nesta semana, a suspensão da reintegração da área onde está o assentamento Milton Santos, entre as cidades de Americana e Cosmópolis (SP). A decisão ocorreu com base em recurso do INSS em conjunto com o Incra.  

No final do ano passado, o TRF-3 havia concedido a reintegração de posse em favor da Usina Ester S/A. No recurso, o INSS alega que havia adquirido o terreno nos anos 1970 para que o grupo empresarial saldasse dívidas previdenciárias com o Instituto. Em 2005, o órgão transferiu as terras ao Incra, que as destinou para a reforma agrária, com a criação do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Comuna da Terra Milton Santos. Lá vivem, há sete anos, 68 famílias assentadas. O assentamento é considerado modelo em agroecologia e um dos mais produtivos do Estado de São Paulo. 

A tranquilidade dos assentados só virá após a assinatura do decreto de desapropriação por interesse social pela Presidente da República”.

 

LER-DORT: TRT/SC condena frigorífico em R$ 25 milhões

R$ 25 milhões é o valor da condenação por danos morais coletivos atribuída à Seara Alimentos S. A. O valor é fruto de ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em 2007, após a demissão de dez trabalhadoras que haviam se retirado por instantes da sala de cortes da unidade industrial de Forquilhinha/SC, por conta do frio intenso do local. Julgados os recursos das partes contra a decisão de 1ª instância, a destinação da pena imposta por danos sociais (R$ 14,6 milhões) foi ampliada e majorada pela 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina (TRT/SC). 

Outro problema tratado no processo refere-se à limitação do uso de banheiro, o que configura descumprimento dos preceitos constitucionais que tutelam a saúde e a dignidade humana”. Da decisão cabe recurso. Saiba mais sobre o caso.

[Fonte: Assessoria de Comunicação do TRT-SC]

Pérolas


Por Vito Giannotti

O Brasil de Fato trabalha todos os temas da sociedade. Fala dos agrotóxicos, da Venezuela, da luta das mulheres etc. Qual a sua característica? Ele é plural, para todos os sindicatos, não interessa a qual sindicato, mas sim os temas que vamos tratar: reforma agrária, a luta contra a homofobia... E nós de esquerda temos que falar desses temas aos trabalhadores.

Vito Giannotti, em entrevista ao Brasil de Fato para a matéria "A mídia sindical e seus desafios".

Por Romário

Analisando esse conjunto de ações, é fácil chegar a uma conclusão: não, o Brasil não aproveitará todo o potencial da Copa. [...] O excesso de gastos, no entanto, não é o pior dos cenários. O tão falado legado social para a população parece ter ficado só no papel. Quase todas as obras de transporte estão atrasadas, a inauguração de algumas, inclusive, já foi remarcada para somente depois do Mundial e outras foram canceladas. Há ainda os problemas de pouca visibilidade, mas grande impacto social, como as remoções involuntárias. O tema foi destaque no jornal "The New York Times", em março passado. O diário informou que 170 mil pessoas devem ser despejadas até a Copa do Mundo e a Olimpíada, para dar lugar a intervenções urbanas para os eventos.

Trecho do artigo  "Copa para inglês ver", publicado na Folha de S.Paulo dia 2/2/13 

De Olho Na Mídia


Tragédia em Santa Maria (RS): jornalismo ou a arte do grotesco?

[Por Raphael Tsavkko Garcia/ Obs. da Imprensa] O que há em comum entre tragédias como o deslizamento no morro do Bumba, o massacre na escola em Realengo e o incêndio em Santa Maria? A grotesca cobertura midiática. Sensacionalista, sedenta por sangue, louca pelo melodrama, desesperada pelo furo que normalmente consiste em imagens degradantes, cenas de humilhação, desespero e a miséria humana.  

Imagens de corpos carbonizados ou machucados, closes vergonhosos de pessoas sentindo a imensa dor da perda, vídeos com o momento exato de uma execução, a insistência nas perguntas-clichê nos momentos de maior dor de familiares ou mesmo vítimas: “Como você está se sentindo?”, “O que você pensa disso ou daquilo?”, “Qual a sensação?”. Leia o texto completo. 

Tragédia em Santa Maria (RS): como usar o drama para fazer marketing

[Por Pedro Aguiar/ Obs. da Imprensa] Em 2005, o editor do Jornal Nacional, William Bonner, comparou o telespectador médio do telejornal que apresenta ao personagem Homer Simpson.  Hoje, o estilo Bonner/Homer parece ter feito escola e já está normalizado, em certos círculos tratados como se fosse “a” maneira de se fazer jornalismo. Não fosse assim, não haveria espaço moral nem tolerância para a edição do Jornal Nacional de segunda-feira (28/1), gastar preciosos minutos com autopromoção em lugar de entrar direto com informações sobre a tragédia da boate Kiss em Santa Maria (RS). Deixando o lide para segundo plano, o âncora William Bonner preferiu descrever e apresentar ele próprio, a própria equipe, seu deslocamento, suas habilidades e suas reações subjetivas ao deparar-se com o fato, e não o fato em si. 

Um take de Bonner dentro do jatinho particular apelidado de “JN no Ar”, para fins de marketing, tem carga informativa nula sobre os 245 mortos no incêndio da boate Kiss, bem como a situação de seus familiares ou a investigação sobre as causas e os responsáveis. Leia o texto completo.

De Olho No Mundo


El País publica foto falsa de Hugo Chávez na capa

O jornal espanhol El País mostrou como os barões da mídia no mundo fazem de tudo para atingir a imagem do presidente Hugo Chávez. O periódico divulgou em sua página na internet a foto de um homem entubado em uma cama de hospital. O paciente foi identificado como o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, mas logo depois a informação foi desmentida. A foto era falsa e teria saído de um vídeo postado no Youtube em 2008. A imagem também havia sido publicada na capa de sua edição impressa do dia 24/1, que trazia como manchete “O segredo da doença de Chávez”. O jornal recolheu imediatamente os jornais das bancas, e pediu desculpas aos seus leitores pelo grave erro ocorrido.  

O ministro para a Comunicação e Informação da Venezuela, Ernesto Villegas, qualificou como “falsa e grotesca” a imagem publicada pelo diário espanhol. Segundo ele, a montagem revela a campanha internacional e psicológica de desestabilização da situação política do país e de ataques à imagem do presidente Hugo Chávez, que está internado em Cuba para tratamento de um câncer na região pélvica.  

NPC Informa


SERGIPE: MP denuncia criminalmente jornalista por texto ficcional

O resultado da audiência criminal realizada na manhã de quarta-feira, 23 de janeiro, envolvendo o jornalista José Cristian Góes e o desembargador do Tribunal de Justiça de Sergipe Edson Ulisses, terminou com o jornalista denunciado criminalmente pelo Ministério Público em razão de um texto ficcional, em primeira pessoa, onde sequer aparecem na crônica o nome e nem a função do desembargador. Na parte externa ao Juizado Criminal, vários movimentos sociais, sindicais, populares, religiosos e partidários realizam um grande ato pela liberdade de expressão e pelo direito à comunicação.

No início da audiência, o autor da ação, desembargador Edson Ulisses, foi enfático ao afirmar que não há nenhuma possibilidade de acordo. Segundo o desembargador, o jornalista teria ofendido a sua honra quando o chamou de “jagunço” e disse que sua mulher, irmã do governador do Estado, Marcelo Déda, é “feia”. Apesar de Cristian Góes ter buscado o acordo, mesmo tendo apresentado um texto de esclarecimento, mesmo tendo garantido que não citou o nome de ninguém no artigo, a promotora de Justiça denunciou criminalmente o jornalista, pedindo sua condenação, e arrolando como suas testemunhas as testemunhas apresentadas pelo desembargador. 

Várias manifestações públicas serão programadas e entidades nacionais e internacionais dos direitos humanos devem vir a Sergipe no mês de março.

Saiba mais na página do Sindjor-SE.

SÃO PAULO: Livro sobre imagem da mulher na mídia

Na segunda-feira, 18 de fevereiro, será lançado, em São Paulo, o livro A imagem da mulher na mídia, escrito pela feminista Rachel Moreno. Na ocasião, a partir das 19h, haverá um debate com Juvandia Moreira Leite (presidenta do Sindicato dos Bancários), Rosane Bertotti (FNDC e CUT), Altamiro Borges (Centro de Estudos Barão de Itararé) e Rachel Moreno, a autora do estudo. O lançamento será no Auditório Azul do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região: Rua São Bento, 413, Centro. Informações pelo telefone (11)3188-5207. 

O livro recupera a importância da mídia enquanto poderosa educadora informal. Além de abordar como a mulher aparece na mídia comercial, os ideais de beleza e o estímulo constante a consumo, a autora traz para a reflexão as diversas maneiras de formular a legislação com relação a este tema, mostrando a importância de um controle social da mídia.

Dicas


LIVRO: Diário de uma invasora: o outro lado da história

 

Este Diário de uma invasora apresenta as angústias e revelações de uma menina de 17 anos que vive na comunidade do Horto e sofre dia a dia com as mentiras e preconceitos divulgados pelos grandes meios de comunicação. O local, assim como tantos outros, está sendo ameaçado de remoção. As justificativas são as mesmas de sempre: “preservação ambiental”, “invasão” da área do Jardim Botânico etc. Mas este livro mostra como, ao contrário de tudo isso, as cerca de 600 famílias que há décadas moram ali têm direito a permanecer no local. A Secretaria do Patrimônio da União (SPU), em parceria com a Faculdade de Urbanismo da UFRJ, chegou a dar início a um processo de regularização fundiária. Os interesses da especulação imobiliária, no entanto, falaram mais alto, e este processo está paralisado já que “rico pensa que pobre não pode morar aqui”, como diz a autora. 

Com uma linguagem simples, objetiva e ao mesmo tempo encantadora, este Diário dá voz a quem não tem espaço nos meios de comunicação tradicionais. Por essas páginas o leitor passará a conhecer o drama de vida de uma moradora da comunidade do Horto, Zona Sul do Rio. Um drama que é comum a tantos moradores dessa rica e tão contraditória cidade.

O livro está à venda na Livraria Antonio Gramsci, do NPC. Custa R$ 19,90 e pode ser pedido pelo e-mail livraria@piratininga.org.br, que enviamos para qualquer lugar do Brasil.

Documentário: O Massacre de Pinheirinho: a verdade não mora ao lado

Este curto vídeo, com duração de 15 minutos, mostra a truculência do Poder Público de São Paulo na violenta desapropriação da ocupação Pinheirinho, em São José dos Campos (SP). Aqui está exposto o drama de uma gente que há cerca de um ano perdeu suas casas.  
Assista ao vídeo!

Publicação online: Estudos Rurais e Gênero na pauta

O Núcleo de Estudos Agrários (Nead), do MDA, disponibilizou na internet o livro Margarida Alves: Coletânea de Estudos Rurais e Gênero para download gratuito. A publicação de autoria de Ellen Woortmann, Beatriz Heredia e Renata Menashe reúne textos que abordam o tema da mulher relacionado à agricultura familiar, às comunidades tradicionais, à reforma agrária, à regularização fundiária, às políticas públicas, aos movimentos sociais, aos saberes tradicionais, à sexualidade e à violência.

Expressão Popular lança ebooks gratuitos em solidariedade a Hugo Chávez

Obras de Marta Harnecker, Richard Gott e Núnzio Armenta podem ser baixadas no site da Expressão Popular e inauguram série de livros digitais a serem disponibilizados pela editora

Saiba mais clicando aqui.

Relatório : o Rio de Janeiro no combate à tortura

O Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Estado do Rio de Janeiro lançou, no final de 2012, o seu primeiro relatório anual. O documento contém a análise de mais de 50 visitas feitas em clínicas psiquiátricas, abrigos, sistema prisional e unidades socioeducativas para adolescentes. O órgão faz visitas de monitoramento a todos os locais de privação de liberdade no Estado do Rio. Os objetivos são a erradicação e a prevenção da tortura e da aplicação de penas cruéis, degradantes ou desumanas.

O relatório está disponível em http://bit.ly/MPCT2012.

Literatura


Onde estão os homens caçados neste vento de loucura

(Alda do Espírito Santo) 

O sangue caindo em gotas na terra 
homens morrendo no mato 
e o sangue caindo, caindo... 
Fernão Dias para sempre na história 
da Ilha Verde, rubra de sangue, 
dos homens tombados 
na arena imensa do cais. 
Aí o cais, o sangue, os homens, 
os grilhões, os golpes das pancadas 
a soarem, a soarem, a soarem 
caindo no silêncio das vidas tombadas 
dos gritos, dos uivos de dor 
dos homens que não são homens, 
na mão dos verdugos sem nome. 
[...]

E o sangue das vidas caídas 
nos matos da morte 
ensopando a terra 
num silêncio de arrepios 
vai fecundar a terra, 
clamando justiça. 
É a chamada da humanidade 
cantando a esperança 
num mundo sem peias 
onde a liberdade 
é a pátria dos homens... 

Os versos acima foram compostos pela poetisa Alda do Espírito Santo, de São Tomé e Príncipe. Eles fazem referência à chacina que ocorreu no dia 3 de fevereiro de 1953 no país, conhecida como Massacre de Batepá. Este é considerado um dos episódios mais sangrentos do colonialismo português na África. Centenas de santomenses foram mortos em um momento que não havia resistência armada à presença colonial portuguesa. Alguns dos pretextos foram uma "conspiração comunista" na ilha e a recusa dos filhos da terra  de realizarem trabalhos forçados. O governo Carlos Gorgulho respondeu com uma violenta onda de repressão. Até hoje não se sabe ao certo quantos morreram. 3 de fevereiro se tornou o Dia dos Mártires, um feriado oficial em São Tomé em homenagem às "vidas caídas/ nos matos da morte". 

Memória


Memorial na Paraíba recupera trajetória das Ligas Camponesas

 

Fundada em 2006, a ONG MEMORIAL DAS LIGAS CAMPONESAS nasce do empenho de um coletivo formado por trabalhadores e trabalhadoras do campo com o objetivo principal de preservar a memória histórica das Ligas Camponesas: seus fundadores, protagonistas, sua trajetória de lutas, seu legado de combatitividade e esperança. A organização tem sede no Povoado de Barra de Antas, município de Sapé (PB), e conta com a colaboração de agentes pastorais (principalmente da CPT), de militantes de movimentos sociais populares do campo, de professores e estudantes ligados à UFPB e de outros profissionais comprometidos com a justiça no campo. O grupo também promove trabalhos de Educação Popular e Extensão Popular em diversos assentamentos, priorizando a formação contínua dos trabalhadores, parcerias com coletivos nordestinos e apoio de diversas iniciativas de luta.

Dentre as atividades promovidas pelo grupo estão a gravação de diversas entrevistas com pessoas que conheceram a trajetória de João Pedro Teixeira e das Ligas Camponesas. A cada 2 de abril também organizam eventos anuais em homenagem a João Pedro, pois foi a data de seus assassinato. Conheça a página do Memorial! http://www.ligascamponesas.org.br/

Em Roma um ancião comunista em meio ao protesto operário

[Por Osvaldo Coggiolla] Na periferia industrial de Roma, na Tiburtina, a fábrica Eutelia, uma das mais importantes da área de informática da Itália, foi fechada pelos seus donos, demitindo 1200 trabalhadores. Isso ocorreu no final de 2009. Depois a fábrica foi ocupada pelos operários, e posta para produzir. A 10 de novembro, os trabalhadores repeliram um ataque de bandas para-policiais (“vigilantes”). A 25 de novembro, um ato-festival foi realizado na fábrica, com oradores e grupos musicais, para receber solidariedade e divulgar a luta. Lá fui eu, levar meu apoio e saber o que rolava.

O ato era bastante pequeno, pouco numeroso. Os oradores sindicais (FIOM-CGIL) apelavam para a sensibilidade das autoridades, fustigavam os donos pela sua “má gestão da empresa”, criticavam a mídia. Até que um orador, bem mais velho, tomou a palavra e, falando com energia, responsabilizou o capitalismo, e chamou à unidade dos ocupantes da Eutelia com os outros trabalhadores da Itália que lutam pelos mesmos motivos, em especial os sardos e venetos da Alcoa (que dois depois enfrentaram a polícia, em manifestação nas ruas de Roma)  

Quem era ele? Ninguém menos que Mario Monicelli, o diretor e roteirista de “L Armata Brancaleone”, “I Compagni”, “I Soliti Ignoti”, “Brancaleone nelle Crociate”, “Romanzo Popolare”, “Amici Miei”, “Parenti Serpenti”, e tantos outros filmes, que já não são só parte dos clássicos do cinema italiano, mas da própria cultura universal (viraram até expressões usadas na linguagem corrente). Lá estava ele, com seus 95 anos (sim, noventa e cinco), falando com a energia de um garoto, chamando à unidade dos trabalhadores, sublinhando e encorajando o papel das mulheres na luta de classes, ele que o filmou como ninguém no fantástico “I Compagni”, de 1961 (...)

Fui falar com ele, ele sentado no meio dos operários, o vencedor dos Festivais de Veneza e Berlim, bebendo seu cafezinho. A conversa não foi fácil, ele está começando a ter problemas auditivos (embora se negue a usar aparelho de ouvido), mas foi o suficiente para me dizer que continua “mais comunista do que nunca”.  

Leia o texto completo. 

Movimentos sociais estão de luto por Cícero e João Zinclar

No dia 19 de janeiro ficamos sabendo da morte do fotógrafo João Zinclar em um acidente de ônibus. Ele dedicou sua vida e sua arte à militância, sempre acompanhando as mobilizações de diversos movimentos sociais no país inteiro. Menos de uma semana depois, perdemos mais um militante, dessa vez assassinado. Na sexta-feira, 25/1, o trabalhador rural e militante do MST Cícero Guedes foi morto por pistoleiros, nas proximidades da Usina Cambahyba, no município de Campos dos Goytacazes (RJ). Cícero foi baleado quando saía do assentamento de bicicleta. 

"A morte do companheiro Cícero é resultado da violência do latifúndio, da impunidade das mortes dos Sem Terra e da lentidão do Incra para assentar as famílias e fazer a Reforma Agrária. O MST exige que os culpados sejam julgados, condenados e presos", diz o MST em nota divulgada em seu site.  

Homenagear João Zinclar e Cícero Guedes é continuar lutando pela Reforma Agrária e por um outro mundo: justo e igualitário.

Artigos


Na Usina Cambahyba a impunidade mata

[Por Vito Giannotti/ Brasil de Fato] Em 2012, em um livro, um torturador que se diz arrependido revelou que a Usina Cambahyba, produtora de açúcar, localizada perto de Campos, no norte do Estado do Rio, foi usada para dar fim a corpos de perseguidos pela Ditadura civil-militar que se instalou no país em 1964. Os usineiros que se dizem dono desta imensa terra emprestavam a usina com uma imensa fornalha, para fazer desaparecer os corpos de lutadores e lutadoras contra a Ditadura. Eram corpos de revolucionários presos, torturados e assassinados nas várias casas da morte espalhadas pelo país. O que fazer com os corpos despedaçados? Simples, mandavam-se para a Usina Cambahyba e lá viravam cinzas e fumaça. [...] Neste mesmo lugar, hoje, se mata lutador pela REFORMA AGRÁRIA. No dia 25 de janeiro tombou o dirigente do MST Cícero Guedes. Onde? Lá na Usina Cambahyba. Leia o texto completo.

As recomendações europeias sobre a regulamentação da mídia
[Por Venício Lima - 01.02.2013] Europa também prepara sua Ley de Medios. Sob o ensurdecedor silêncio da grande mídia brasileira, foi divulgado em Bruxelas, na terça-feira (22), o relatório “Uma mídia livre e pluralista para sustentar a democracia europeia”, comissionado pela vice-presidente da União Europeia, Neelie Kroes, encarregada da Agenda Digital. Leia o artigo completo.  

Sylvia Moretzsohn: Racismo, mídia e hipocrisia
[Por Sylvia Debossan Moretzsohn* . 01.02.2013 - Observatória de Imprensa] Em Campinas (SP), a Polícia Militar divulga uma ordem de serviço orientando patrulhamento em determinado bairro com atenção especial a suspeitos “de cor parda e negra”. No Rio, um menino negro é enxotado de uma concessionária de carros de luxo pelo funcionário que viu nele apenas mais um moleque importuno e não supôs que pudesse ser filho adotivo do casal branco a quem atendia. Leia o artigo completo.

A tortura retratada no filme
[publicado em 01/02/2013 - Análise do fime feita por Slavoj Zizek] ‘A hora mais escura’, com cinco indicações ao Oscar e que estreia em 15 de fevereiro no Brasil, trata dos bastidores da operação dos EUA que matou Osama Bin Laden em 2011. Diretora Kathryn Bigelow se defende, mas cenas de tortura “normalizam” a prática de modo até mais intenso do que fazia a série de tevê “24 Horas” – um sinal do vácuo moral do qual nos aproximamos. Leia o artigo completo.

Erro do El País: o Chávez que não era Chávez

[Por Luiz Egypto/ Obs. da Imprensa] Jornalismo é uma disciplina de verificação. Nas redações, o exercício do ceticismo responsável sempre implicará checagens, rechecagens, novas verificações e questionamentos até que se chegue à versão mais próxima da verdade que se possa obter a respeito de um fato. Um dos jornais mais importantes do mundo derrapou feio na quinta-feira (24/1) ao negligenciar os controles que deveria exercer antes da divulgação de uma notícia. Na madrugada de quinta, o site do diário espanhol El País publicou a foto de um homem entubado, em uma sala de cirurgia, que identificou como o presidente venezuelano Hugo Chávez – que desde o início de dezembro está internado em um hospital de Havana para tratamento de um câncer pélvico. O personagem mostrado pela imagem tem semelhança com Chávez, mas se tratava de outra pessoa. Leia o artigo completo.

EGITO: dois anos após queda de Mubarak, a revolução egípcia permanece um enigma
[Por Aldo Cordeiro Sauda e Marcia Camargos] Dois anos após aeuforia inicial do Egito pós-Mubarak, uma depressão generalizada paira sobre os narradores da revolução árabe. Mas se é verdade que a situação no Egito tem evoluído ao avesso de um jantar à luz de velas, a perplexidade de proporções faraônicas da intelectualidade ocidental talvez fale mais sobre nós mesmos do que dos levantes populares em curso no Oriente Médio e Norte da África. Não teria sido, por exemplo, nosso fascínio com o papel das redes sociais na revolução, tão celebrado pela imprensa mundo afora, apenas uma expressão da insaciável paixão por bugigangas digitais da era virtual? Ao mesmo tempo, a antipatia gratuita à Irmandade Muçulmana e as constantes referências a um suposto "islamo-fascismo" não teriam mais a ver com preconceitos arraigados do que com uma leitura objetiva da realidade? Leia o texto completo.


Entrevistas


Dênis de Moraes: O Brasil é a vanguarda do atraso da América Latina

 

[Por Najla Passos/ MídiaComDemocracia] Considerado um dos mais lúcidos observadores dos fenômenos da comunicação de massa no Brasil, o professor do Departamento de Estudos Culturais e Mídia da UFF, Dênis de Moraes, tem se dedicado a estudar como os governos de origens populares da América Latina enfrentam o monopólio midiático, com legislações e políticas públicas mais democráticas e inclusivas. Ele tem pesquisado, também, o potencial da rede mundial de computadores como nova arena de embates pela hegemonia política e cultural. Nesta entrevista à MídiaComDemocracia, ele critica o imobilismo dos sucessivos governos brasileiros frente à necessidade de se democratizar a comunicação, o que coloca o país em descompasso com seus vizinhos latinoamericanos. E condena, em especial, a falta de políticas consequentes de inclusão digital e de fortalecimento da internet como ferramenta já indispensável à pluralidade de vozes sociais. Leia a entrevista completa.

Expediente Núcleo Piratininga de Comunicação Rua Alcindo Guanabara, 17, sala 912 - CEP 20031-130 Tel. (21) 2220-5618www.piratininga.org.br / npiratininga@uol.com.br Coordenação: Vito Giannotti Redação: Sheila Jacob Edição: Claudia Santiago Web: Luisa Souto Colaborou nesta edição: Cristian Goes (SE), Najla Passos (DF) Se você não quiser receber o Boletim do NPC, por favor, responda esta mensagem escrevendo REMOVA.