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Boletim do
NPC —
Nº 226
— De 15 a 31/12/2012
Para
jornalistas, dirigentes, militantes
e
assessores sindicais e dos Movimentos Sociais
Notícias do NPC
Mensagem do NPC de final de ano
Nós do NPC estamos convencidos que é cada vez mais necessária a integração entre os povos latinoamericanos para a construção de outro mundo, onde prevaleçam nossos valores de Solidariedade/Socialismo. Para isso, apostamos no poder de “convencimento”, isto é formação e mobilização da comunicação dos trabalhadores do Brasil e dos países vizinhos. Neste último boletim de 2012, gostaríamos de fazer uma homenagem a todos os povos de nosso continente, herdeiros de uma história de sofrimento e resistência à exploração e opressão. Desejamos a todos(as) um ano de 2013 de muita coragem e força para mudar o mundo. Em coro com Vitor Jara, gritamos: SIGAMOS CANTANDO JUNTOS!
2012 foi ano intenso de atividades do NPC
AgendaNPC, à venda Livraria Antonio Gramsci Temos muito a comemorar no fim de 2012. A) Neste ano, consolidamos a Livraria Antonio Gramsci, especializada em obras marxistas, que já se tornou referência para militantes sociais, professores, sindicalistas, estudantes e demais lutadores do Rio de Janeiro. B) Promovemos, em parceria com o Sindicato dos Engenheiros do Rio (Senge-RJ), um Cine-Fórum sobre os efeitos perversos do neoliberalismo na vida das pessoas, no plano econômico, político e afetivos. De março a outubro foram exibidos filmes que tratam dessas temáticas seguidos de debate. C) Também lançamos a Agenda NPC de 2013, que tem como tema Lutas, levantes, revoltas e insurreições populares no Brasil dos séculos 19, 20 e 21. Idealizado pelo coordenador do NPC, Vito Giannotti e com o trabalho coletivo de todo o NPC, o material é importante para a formação de todos aqueles que desejam conhecer melhor a história de lutas do nosso povo, rompendo com a visão de que “brasileiro é bonzinho e não se mobiliza”. D) Continuamos com cursos, seminários e palestras ministrados no Brasil inteiro,sobre os temas centrais do NPC: História dos Trabalhadores no Brasil e no Mundo e Comunicação sindical e popular como disputa de hegemonia. E) Realizamos o 18º Curso Anual do NPC de 21 e 25 de novembro no Centro do Rio. O evento teve como tema central Os trabalhadores e a comunicação na América Latina, e reuniu cerca de 250 pessoas do país inteiro. Além de refletir sobre os desafios atuais para a esquerda no Brasil e no continente, o objetivo foi incentivar a comunicação das entidades presentes, entendendo que a mídia dos trabalhadores é um instrumento fundamental para a construção de outro mundo que queremos. Leia como foi o curso em nosso blog. Último encontro dos alunos de Comunicação Popular do NPC em 2012
F) Tivemos ainda muitas atividades do Curso de Comunicação Popular do NPC, voltado a lideranças comunitárias e participantes de movimentos sociais que estejam interessados em produzir ou aprimorar a sua própria mídia para disputar sua visão de mundo na sociedade. De maio a setembro foram realizadas aulas práticas de reportagem, entrevista, fotos, rádio e diagramação. Também houve aulas teóricas sobre Rio de Janeiro e a importância da comunicação contra-hegemônica. G) No final do curso foi lançado, durante o Grito dos Excluídos, o jornal Vozes das Comunidades, que pode ser lido aqui. Os alunos também visitaram museus e participaram de etapas extras de acordo com o interesse de cada um. No dia 1º de dezembro houve uma grande aula de encerramento com o tema O Rio de Janeiro e a Comunicação Popular. O objetivo foi debater as grandes transformações que vêm ocorrendo na cidade e fortalecer a atuação dos comunicadores populares na capital. Saiba mais como foi o encontro aqui.
Radiografia da Comunicação Sindical
Sindicatos investem na comunicação de suas entidades
Ao longo de 2012 divulgamos uma série de iniciativas de mídia promovidas por sindicatos do país inteiro. Dentre os materiais apresentados estão uma série de cartilhas de formação produzidas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE); o lançamento de um jornal pelo Sindicato dos Urbanitários no Distrito Federal (STIU-DF), em parceria com o NPC; a retomada, pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações e Operadores de Mesas Telefônicas no Rio (SINTTEL-RJ), da revista Interativa, que em 2012 voltou a circular em edições on-line; a exibição de um programa especial sobre o Dia do Trabalhador pela TV do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Superior do Rio Grande do Norte (SINTEST-RN); o investimento em novas mídias por diversos sindicatos, como a APP-Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Paraná; entrevista sobre comunicação sindical publicada pelo jornal do Sindicato dos Químicos de Osasco; o lançamento de livro sobre o desenvolvimento do motor a álcool pelo Sindicato dos Servidores na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial (SindCT); a produção de uma cartilha sobre o Pré-Sal, produzida pela AEPET em parceria com o NPC; e muitas outras novidades. Entrevistas sobre a centralidade da Comunicação e seu papel na construção de uma prática sindical que vá além do umbigo, feitas com membros do NPC apareceram em várias publicações sindicais, como os Químicos Unificados de Osasco, Sindisaúde do RN e tantos outros. No próximo ano continuaremos a divulgar ações de sindicatos do país inteiro na área da comunicação. Para isso, contamos com sua colaboração! Entre em contato conosco pelos telefones (21)2220-5618 e 2220-4895, ou então pelo e-mail boletimnpc@uol.com.br, e informe o que seu sindicato tem feito nessa área!
A Comunicação que queremos
Em 2013 Brasil de Fato completa 10 anos e pede contribuição
O Brasil de Fato está prestes a comemorar dez anos! No dia 25 de janeiro de 2003, durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS), foi lançado o primeiro número do jornal. Num belíssimo ato político-cultural, no ginásio Araújo Viana, cerca de cinco mil pessoas presenciaram a criação deste veículo: um semanário político, de circulação nacional, para contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país. O semanário foi resultado das aspirações de milhares de lutadores de movimentos populares, intelectuais de esquerda, sindicatos, jornalistas e artistas que se uniram para formar uma ampla rede nacional e internacional de colaboradores. Agora, a equipe responsável pela manutenção do periódico está fazendo uma campanha de arrecadação de dinheiro para garantir sua continuidade na disputa de ideias. “Não temos dúvidas: uma imprensa popular, alternativa, só sobrevive com independência se for mantida pelos movimentos populares, sindicais, estudantis. Enfim, pela classe trabalhadora, suas organizações e sua militância”, dizem os responsáveis por este belo projeto. Saiba como ajudar! Acesse: http://www.brasildefato.com.br/node/11203
Proposta de Pauta
População pobre é principal vítima da violência de São Paulo
A violência em São Paulo tomou conta dos noticiários neste ano de 2012. Os números são alarmantes: segundo dados divulgados em novembro pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP), já foram registrados 1.157 homicídios dolosos neste ano. Deste total foram cerca de 100 policiais e mais de 1000 civis, mortos quase sempre em chacinas. Só no mês de outubro houve 176 assassinatos. A explicação para tal caos urbano seria uma troca de ataques comandados por criminosos e pela Polícia Militar Paulista. Essa situação é muito parecida com a de 2006, quando em apenas uma semana cerca de 450 pessoas morreram no episódio que ficou conhecido como os “Crimes de Maio”. Naquela ocasião, jornais e redes de TV justificavam o massacre comandado pela polícia por ser uma resposta aos ataques do PCC. Depois, com a luta de familiares das vítimas e defensores de direitos humanos, ficamos sabendo que o que houve foi uma verdadeira matança de trabalhadores, pobres, negros e moradores de periferia, vítimas históricas da violência do Estado Brasileiro. Infelizmente, em 2012 essa história se repete. Como destacou editorial recente do jornal Brasil de Fato, as principais vítimas da onda recente de violência é a população pobre e de periferia da cidade. “Frente à ofensiva dos criminosos e da inoperância do governo, os setores mais truculentos e violentos da Policia Militar (PM) sentiram-se autorizados a agir e a assemelhar-se com os que dizem combater”, diz o texto.
Cabe à imprensa dos trabalhadores apresentar uma outra visão do caso e questionar: qual é o perfil dos inocentes que diariamente aumentam as estatísticas de morte em São Paulo?
Democratização da Comunicação
Argentina avança com democrática ‘Lei dos Meios’
Foi marcado para dezembro de 2012 o prazo final de adequação dos grandes grupos de comunicações da Argentina à Lei dos Meios. A legislação, aprovada em 2009, é considerada a mais avançada no combate aos monopólios de mídia não apenas na América Latina, mas no mundo inteiro. “A Argentina tem uma lei avançada. É um modelo para todo o continente e para outras regiões do mundo”, reconheceu Frank La Rue, relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Liberdade de Opinião e de Expressão. A legislação foi aprovada após ampla consulta popular, que contou com assembleias e reuniões em sindicatos, universidades, organizações sociais, empresas etc. O texto prevê a divisão igualitária das concessões de rádio e TV para o setor privado, público-estatal e comunitário. Para isso, nenhum grupo poderá ter mais do que dez emissoras de rádio, um canal aberto de televisão e 24 concessões de TV a cabo. A medida afeta diretamente os interesses econômicos e políticos de diversos grupos de comunicação, com destaque para o Clarín, que possui 240 concessões de TV a cabo – ou seja, dez vezes mais do que o permitido. O dia 7 de dezembro, conhecido como 7D argentino, seria o marco da entrada em vigor da “Lei dos Meios”. Mas uma decisão judicial da Câmara Civil e Comercial a favor do grupo Clarín acabou adiando o fim dos monopólios da comunicação audiovisual. Uma semana depois, a Justiça argentina determinou que a legislação é constitucional. O Clarín anunciou que vai recorrer da decisão. Movimentos que defendem a democratização das comunicações apoiam a iniciativa do governo da Argentina, onde falta pouco para entrar em vigor uma lei que precisa ser estudada e tomada como exemplo por outros países que desejam avançar no combate à concentração midiática e na defesa da verdadeira liberdade de expressão. Cristina avança. E Dilma, cadê? – Leia artigo de Vito Giannotti sobre o assunto.
Democratização da Mídia
Brasil precisa avançar muito para democratizar a mídia
No final de 2009 foi realizada a 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). De lá para cá, o Brasil quase não avançou no sentido de democratizar a comunicação no país. Pelo contrário: o projeto do marco regulatório deixado por Franklin Martins não foi enviado à consulta pública – como havia prometido o atual ministro das Comunicações, Paulo Bernardo; o Conselho Nacional de Comunicação foi reativado sem consulta prévia alguma a entidades que debatem a democratização da mídia; milhares de rádios comunitárias continuam sendo fechadas pela Polícia Federal e a Anatel; a lei de radiodifusão comunitária foi considerada a pior do continente sul-americano... Enquanto veículos comunitários e populares são extintos pela dificuldade de sustento financeiro dos meios alternativos, em 2012 ficamos sabendo que mais de 70% da verba publicitária federal é destinada a apenas 10 empresas de comunicação. Só a Globo Comunicação e Participações S.A., responsável pela TV Globo e sites ligados à emissora, abocanhou quase um terço da verba aplicada pela Presidência da República entre janeiro de 2011 e julho deste ano. Para tentar alterar um pouco esse quadro pessimista, em 2012 foi criada a campanha Para expressar a liberdade: uma nova lei para um novo tempo. Já que o Governo pouco tem colaborado para a democratização das comunicações, movimentos autônomos têm se mobilizado para garantir o direito humano à comunicação. Para 2013, esses grupos deverão se mobilizar por mudanças significativas no setor.
De Olho Na Vida
Megaeventos têm justificado onda de remoções no país inteiro
No Dia Internacional dos Direitos Humanos (10 de dezembro), o Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas no Rio lançou o seguinte questionamento: o que nosso país tem feito para dar resolução às graves denúncias de violação de direitos relacionadas aos grandes eventos esportivos? A pergunta se justifica frente ao triste quadro que denunciamos mensalmente ao longo de 2012: os Estados que sediarão os megaeventos esportivos internacionais vêm promovendo uma perversa política de remoção, guiada pelos interesses da especulação imobiliária. É essa a triste situação de famílias pobres de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Natal e Fortaleza. É o que denuncia o Dossiê Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos no Brasil, lançado há um ano para denunciar o desrespeito aos direitos dos cidadãos brasileiros. De lá pra cá, a situação só vêm se agravando. Como denuncia o Comitê Popular, “as remoções continuam a ameaçar diversas famílias que estão no caminho das obras, sem fundamento no interesse público e associadas a projetos imobiliários bilionários de elitização do espaço urbano. A terra pública vem sendo ilegalmente destinada a parcerias público-privadas para benefício de grupos empresariais, enquanto que a população removida tem recebido indenizações irrisórias, ou a opção de moradia em locais distantes e desprovidos de mínimas condições de urbanidade. Estamos vivenciando inúmeros retrocessos com relação ao acesso à moradia digna e à construção democrática das cidades”. Uma série de vídeos, produzidos por movimentos sociais, vêm denunciando essa situação. Confira em nossa página.
De Olho Na Mídia
Os 50 tons do Mensalão
[Por Vito Giannotti / NPC] Neste ano de 2012 está na moda aparecer livros sobre Os cinquenta tons disso ou daquilo. Para nós, da esquerda brasileira, falta um livro sério sobre As 50 lições do Mensalão. Com certeza há umas 50 lições políticas a tirar deste show televisivo que foi essa história toda. Mas há uma pergunta que todos os que refletem sobre as lições da esquerda brasileira de 2012 não podem deixar de fazer. Por que nós, esquerda, desde o fim da Ditadura no começo dos anos 80 não criamos nossa mídia contra-hegemônica? Uma mídia para falar de nossa visão de mundo, de nossos valores. Hoje até os postes veem a força da nova direita organizada no Instituto Milenium, que cumpre o papel de “comitê central” da mídia, verdadeiro partido da direita. Sim, está claro para muitos que a mídia deles mente, inventa, esconde e domina o cenário todo. Mas, por que em 30 anos, nem um partido nascido das lutas operárias e populares, nem a maior central sindical que o país já teve, nem outros partidos da esquerda mais tradicional , nem outros de uma esquerda mais radical, criou a nossa mídia - uma mídia capaz de enfrentar e derrotar o verdadeiro “partido do capital”? Quem nos proibiu? Falta de gente? Falta de dinheiro? Leis que atrapalham? Haveria gente e dinheiro de sobra. E leis, se mudam com gente nas ruas e praças! E então? Leia o texto completo.
De Olho No Mundo
Contra interesses da imprensa hegemônica, Chávez é reeleito na Venezuela
Como avaliou o coordenador do NPC, Vito Giannotti, a direita dos EUA e seus discípulos no Brasil, sobretudo os grupos da mídia empresarial/patronal, não admitiram a derrota com a reeleição de Hugo Chavez na Venezuela. A mídia, agrupada na revista da editora Abril, no jornal que falou da “Ditabranda”, no empresarial Estadão e nas Organizações Globo, ficou altamente contrariada. A revista Veja, em sua cobertura, afirmava na primeira linha: “O ditador Chávez...” E questiona Giannotti: “Ditador? Com esta eleição disputada, fiscalizada, observada por centenas de enviados internacionais? E daí? A Veja continua sua cruzada, feita de mentiras, como capitã da extrema direita no nosso país”. Em 2012, a esquerda da Venezuela e de toda América Latina comemorou essa vitória, que representa a crença do povo na aposta em outro modelo de sociedade, bem diferente da ordem neoliberal. Esse sonho, no entanto, sofreu um abalo neste último mês de 2012: o presidente recém-eleito democraticamente teve que voltar a Havana, Cuba, para mais uma cirurgia de emergência. Ele considerou a possibilidade de ter que se afastar do poder, e indicou o vice Nicolas Maduro como seu sucessor na implantação de seu projeto bolivariano. Caso ele não consiga assumir o cargo, novas eleições serão convocadas para o início do ano que vem. Os venezuelanos saíram às ruas, na capital e no interior, torcendo pela melhoria da saúde de seu presidente. Neste momento torcemos pela saúde de Chavez e, principalmente, pela perpetuação de seu exemplo e sua garra na construção do socialismo do século 21.
Memória
Jornalistas envolvidos com causas sociais foram assassinados neste ano
Anderson Leandro Silva
Em outubro lamentamos imensamente a morte do companheiro Anderson Leandro da Silva, grande jornalista do Paraná comprometido com as lutas populares. Ele foi um dos fundadores da QUEM TV, uma produtora criada para contribuir com os movimentos sociais urbanos e rurais na área de comunicação, principalmente com meios audiovisuais. O jornalista entendia a comunicação como um elemento central para a construção de outra sociedade. Ele participou e foi expositor em alguns cursos anuais do NPC, colaborou com nosso Catálogo de Vídeos e levou o NPC ao Paraná para cursos e palestras. Seu corpo foi encontrado uma semana após seu desaparecimento. Segundo a polícia, o crime foi passional. Anderson se foi e deixou muita saudade àqueles que acreditam no poder transformador da comunicação. Lucas Fortuna
Um mês depois, fomos surpreendidos com a notícia da morte de outro jornalista. Lucas Fortuna, goiano de 28 anos, foi encontrado morto em uma praia em Cabo de Santo Agostinho (PE), onde participava como árbitro de um campeonato pela Federação Goiana de Voleibol. Ele era homossexual assumido e um importante ativista da causa LGBT. Foi fundador do Grupo Colcha de Retalhos, em defesa dos direitos homoafetivos, e organizou diversas Paradas da Diversidade em Goiânia. Quando foi encontrado, ele estava apenas de cueca e seu corpo apresentava sinais de espancamento, o que caracteriza crime causado por homofobia. Em nota, a Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecos) registrou o pesar da entidade ao saber da morte do jornalista, que foi coordenador regional Centro-Oeste da Executiva em 2005 e 2006. “Lucas foi um dos precursores do Movimento Pró-Saia dentro da Executiva e um dos jovens que sonhava com um mundo melhor e mais justo, onde todos e todas tivessem o direito de amar; independente de sua cor, crença, sexo ou posição social”, diz o texto. Deixamos aqui registrada nossa homenagem a esses dois jornalistas comprometidos com as lutas do povo.
NOVIDADE EM 2012: Crimes da ditadura são mais divulgados
2012 foi um ano importante para a lembrança dos crimes cometidos de 1964 a 1985, período de ditadura civil-militar no Brasil. Neste ano FOI INSTALADA OFICIALMENTE A COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE (CNV), responsável por investigar e denunciar as violações de direitos humanos ocorridas por agentes do Estado brasileiro. A instalação da CNV foi um avanço, apesar de tímido, já que uma de suas limitações é não prever justiça contra os torturadores e assassinos. TAMBÉM EM 2012 FORAM LANÇADAS VÁRIAS OBRAS que lembram esse período sombrio. Fazem parte desse conjunto tanto testemunhos de agentes da tortura quanto das vítimas da violência. Alguns exemplos do primeiro grupo são Memórias de uma guerra suja, depoimento de Claudio Guerra, ex-delegado do DOPS do Espírito Santo; e Mata! O Major Curió e as guerrilhas no Araguaia, escrito pelo jornalista Leonardo Nossa após uma consulta ao arquivo pessoal do major Sebastião Rodrigues de Moura, o major Curió. Já sobre as vítimas da violência foram lançados Luta Armada/ ALN-Molipo: As 4 mortes de Maria Augusta Thomaz, que conta a história da estudante de filosofia da PUC-SP que se tornou guerrilheira contra a Ditadura; e Seu amigo esteve aqui, sobre Carlos Alberto Soares de Freitas, ex-dirigente da VAR-Palmares morto na Casa da Morte de Petrópolis. Um dos livros recém-publicados e um dos mais procurados é Marighella: o guerrilheiro que incendiou o mundo, do jornalista Mario Magalhães. Além destes, outros títulos sobre o período foram lançados. São muitas histórias que dez anos atrás não conhecíamos. Por fim, merecem grande destaque as AÇÕES DO LEVANTE POPULAR DA JUVENTUDE. Ao longo de todo o ano, jovens foram às ruas de todo Brasil com tambores, apitos e cartazes para fazer os “escrachos”, ou seja, denúncias do atual paradeiro de antigos agentes da ditadura e colaboradores. Em Sergipe, um torturador escrachado, o Dr. José Carlos Pinheiro, moveu processo contra seis estudantes do movimento. Depois de várias manifestações em apoio ao grupo, o médico retirou a queixa no final do ano. Também no dia 13 de dezembro, data que lembra os 44 anos da promulgação do AI-5, jovens do Levante Popular do Rio junto a “velhos” lutadores contra a Ditadura escracharam o Coronel Licio Maciel, responsável direta ou indiretamente pela morte de 60 pessoas no episódio da Guerrilha do Araguaia.
“Levante pela justiça, levante pela verdade! Levante povo na rua para acabar com a impunidade!”. Este é o grito desses jovens que, certamente, continuará em 2013.
Imagens da Vida
VERGONHA! - No Ministério das Comunicações, processos de rádios comunitárias que aguardam legalização há anos
Foto de Arthur William
NPC Informa
Desembargador do Tribunal de Justiça de SE processa jornalista Cristian Góes por texto ficcional
[Por Caroline Santos] “Processos judiciais sem o menor cabimento, sem sentido e sem nenhuma razão de ser”. Assim reage o jornalista José Cristian Góes, 41, contra dois processos movidos contra ele pelo desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe, Edson Ulisses de Melo. Ações pedem abertura de inquérito policial e pena de prisão, além do pagamento de indenização por dano moral a ser fixada pelo juiz e o pagamento de R$ 25 mil pelas custas do processo. O desembargador, que é cunhado do governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), ingressou com um processo criminal e outro cível contra o jornalista por conta de um texto ficcional publicado em seu blog no portal Infonet em maio deste ano. No texto, que é intitulado de “Eu, o coronel em mim”, o jornalista escreve em primeira pessoa, num estilo de confissão onde um coronel imaginário dos tempos de escravidão se vê chocado com o momento democrático. Imaginou o desembargador Edson Ulisses e seus advogados que Cristian Góes estava, na verdade, fazendo críticas diretas ao seu cunhado, o governador Marcelo Déda. Assim, quando o jornalista escreveu “chamei um jagunço das leis, não por coincidência marido de minha irmã”, supôs o autor da ação de que estaria fazendo referência ao cargo de desembargador e a ele pessoalmente. Cristian Góes lembra ainda que o desembargador, através das ações, tenta confundir notícia jornalística com texto ficcional. “São objetos completamente diferentes, radicalmente opostos”, explica. Ele lamenta os processos porque eles podem configurar, antes de tudo, uma tentativa de ataque direito à liberdade de expressão, um sagrado direito constitucional. “Acredito que o desembargador Edson Ulisses irá analisar melhor e perceber o equívoco dessas ações”, aposta o jornalista.
Entidades da sociedade civil, movimentos populares, organizações sindicais, jornalistas e militantes sociais assinaram uma Nota Pública de solidariedade a Cristian. As entidades e pessoas que desejarem assinar devem enviar mensagem para o email liberdadedeexpressao.sergipe@gmail.com.
Saiu a lista de quem recebeu o Prêmio Nacional de Direitos Humanos A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República entregou, no início da semana, o Prêmio Nacional de Direitos Humanos, que possui quinze categorias. Além disso, houve uma Homenagem Especial a Dom Tomás Balduíno e Dom Pedro Casaldáliga e uma menção honrosa ao Levante Popular da Juventude.
Confira, na nossa página, a lista dos premiados.
Dicas
LIVRO - Mães de Maio, Mães do Cárcere: a periferia grita
O movimento independente Mães de Maio, formado por familiares de vítimas da violência policial no estado de São Paulo, lançou no início de dezembro o livro Mães de Maio, Mães do Cárcere – A Periferia Grita. A publicação é dividida em três temáticas diferentes. 1ª- A primeira - grito familiar - reúne o relato de mais de 20 familiares e amigos de vítimas diretas da violência de agentes do estado, desde os crimes de maio de 2006. 2ª- A segunda parte – grito poético - reúne letras, contos e poesias de cerca de 40 poetas. 3ª- A terceira e última parte – grito dos parceiros – reúne textos de outros coletivos que somam com a luta do movimento nos quatro cantos do Brasil. O primeiro livro lançado pelo movimento foi em maio de 2011, intitulado Mães de Maio – Do Luto à Luta. O livro abordou os crimes cometidos por grupos de extermínio formado por policiais em maio de 2006, em que resultou na morte de mais de 500 pessoas em apenas oito dias.
FILME - Infância Clandestina
[Por Matheus Gonçalves/ Vírus Planetário] O filme argentino Infância Clandestina, de Benjamin Ávila, entra desde já para a galeria dos grandes filmes latinoamericanos sobre as ditaduras que assolaram o continente. A exemplo de seus pares Machuca (Chile) e O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias (Brasil), a película narra acontecimentos marcantes da história recente do ponto de vista de uma criança. O enredo é baseado na infância de seu diretor: filho de militantes montoneros, Ávila retornou para a Argentina em 1979, aos sete anos, junto de sua mãe e de seu padrasto, que participariam da luta armada contra o regime autoritário. No mesmo ano o padrasto foi assassinado pela ditadura; a mãe é uma das mais de trinta mil pessoas desaparecidas no período.
Infância Clandestina é um filme que vale a pena ser visto. Não só por sua beleza estética, boas atuações e história comovente, mas porque passa uma mensagem clara e imprescindível: é preciso lutar. Lutar para que os fatos sejam esclarecidos e para que os repressores sejam responsabilizados. Lutar para que nunca mais aconteça. Leia o texto completo.
ENTENDA CUBA - Caros Amigos lança série especial CUBA SEM BLOQUEIO
Junto com a edição 189 da revista Caros Amigos, o leitor receberá o encarte especial número 1 da série Cuba Sem Bloqueio. Essa série especial faz um balanço vivo e atualizado dos 50 anos de bloqueio econômico imposto pelo governo dos Estados Unidos ao povo da República de Cuba. Este primeiro fascículo aborda cinco assuntos: Revolução; Guerra Fria; América Latina; Ação do Império; e Cuba HOJE. Os quatro fascículos – encartados nas revistas de dezembro, janeiro, fevereiro e março – mostram a origem e os danos causados pelo bloqueio, o absurdo de tal medida, e enfatizam as vantagens de sua imediata suspensão, não apenas para os cubanos, os povos da América Latina e do mundo, mas também para o próprio povo estadunidense. Na produção desse material jornalístico, com independência e senso crítico, a revista se posiciona pelo fim do bloqueio, pelo direito do povo cubano defender a sua soberania e ter respeitada a sua autodeterminação, de tal forma que a República de Cuba, socialista e democrática, seja aceita em todos os fóruns mundiais sem sofrer nenhum tipo de discriminação.
Artigos
Carta Maior divulga uma série sobre o 7D argentino
“O abarcamento dos meios de comunicação por parte de uma pequena quantidade de empórios econômicos se converteu em uma das principais ferramentas de neoliberalismo para o controle ideológico das sociedades”. Isso é o que diz o jornalista espanhol Pascual Serrano em um artigo divulgado pelo portal Carta Maior como parte de uma série especial sobre a Ley dos Medios da Argentina. Além dele, escrevem sobre o assunto Martin Granovsky, Eric Nepomuceno, Gilberto Maringoni e outros autores. Saiba mais sobre a lei argentina com o especial da Carta Maior.
Jornalismo e diversidade
[Por Dênis de Moraes/ blog Exp. Popular] O cenário que envolve o jornalismo atual é complexo e intrincado. De um lado, há uma profusão de conteúdos industrializados na proporção exigida por canais multimídias em crescimento contínuo. De outro, há uma perversa concentração das informações nas mãos de poucos conglomerados empresariais, em sintonia com a meta de ampliar o valor mercantil e os padrões de acumulação e lucratividade do setor. Se apontamos essa concentração em torno de estruturas de industrialização de notícias pertencentes a megagrupos, o que é produzido obedece a uma escala de valores e de visões geralmente restrita às avaliações e conveniências das fontes controladoras. A "diversidade" apregoada pelos arautos do neoliberalismo está, quase sempre, sob forte controle das fontes de emissão, responsáveis pela mercantilização generalizada da produção simbólica. Leia o texto completo.
Entrevistas
Oscar Niemeyer: O importante é a vida de mão dada
[Por Caros Amigos] Lamentamos, neste início de dezembro, o falecimento do arquiteto comunista Oscar Niemeyer, reconhecido internacionalmente por seu trabalho e solidariedade aos povos. Em uma entrevista publicada na edição 112 da revista Caros Amigos, que circulou a partir de julho de 2006, Oscar Niemeyer manifestou a alma romântica que alimenta sua certeza de um futuro melhor para o ser humano. Leia a entrevista completa.
Frank La Rue: comunicação é um direito universal
[Por Leandro Fortes/ Carta Capital] A passagem de Frank La Rue pelo Brasil foi solenemente ignorada pela maioria dos meios de comunicação. Entende-se: o jornalista nascido na Guatemala, relator especial para a promoção e proteção do direito à liberdade de opinião e expressão das Nações Unidas, é um crítico duro e contumaz dos oligopólios de mídia no mundo e, em especial, na América Latina. m uma viagem de três dias, La Rue reuniu-se com congressistas e militantes dos movimentos sociais organizados pela Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão, coordenada pelo deputado Domingos Dutra (PT-MA), também presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Participou de debates organizados pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, esteve em ministérios, foi à Secretaria Geral da Presidência da República e à Universidade de Brasília. Confira a entrevista completa.
Expediente
Núcleo Piratininga de Comunicação
Rua Alcindo Guanabara, 17, sala 912 - CEP 20031-130 Tel. (21) 2220-5618www.piratininga.org.br / npiratininga@uol.com.br
Coordenação: Vito Giannotti Redação: Sheila Jacob Edição: Claudia Santiago Web: Luisa Souto Colaboraram nesta edição: Rodrigo Otávio (RJ).
Se você não quiser receber o Boletim
do NPC, por favor, responda esta mensagem escrevendo REMOVA.
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