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Boletim do NPC Nº 170De 15 a 30/6/2010
Para jornalistas, dirigentes, militantes
e assessores sindicais e dos Movimentos Sociais



Mensagem do NPC



Namorados

Nós sabemos que muita coisa triste anda acontecendo no mundo. Estamos irmanados com os palestinos da Faixa de Gaza e com as famílias dos que morreram ao prestar ajuda humanitária. Também sabemos que o Dia dos Namorados alimenta o consumismo. Nosso lema, porém, é lutar sempre, a vida inteira, sem perder a ternura jamais. Por isso, aproveitemos o Dia dos Namorados para abraçar muito aqueles que amamos. Afinal, se namora de tantas maneiras, não é mesmo?




Notícias do NPC


Comunicação Popular: um jeito diferente de explicar o mundo

Os alunos do curso de Comunicação Popular do NPC tiveram uma aula diferente no sábado, 5 de junho. Às 18h, foram recebidos pela aluna Gizele Martins no Museu da Maré, que funciona no Complexo de mesmo nome, em Bonsucesso, Zona Norte do Rio. Logo foram informados de que se tratava do único, ou um dos únicos museus que funcionam dentro de uma favela em todo o planeta.  

Lá dentro os visitantes embarcaram em uma viagem desde o tempo em que os moradores habitavam em palafitas - daí o nome Maré. Também puderam ver os vários tipos de moradias, as brincadeiras das crianças, a arte e a comunicação dos mareenses. Uma casa de antigamente fez com que os jovens sentissem medo sobre as palafitas, mas também fez os mais velhos se sentirem em casa diante de certos objetos, como a máquina de moer carne, o quadro na parede, a bacia de alumínio, o balde de lata. 

No museu estão também expostas as marcas da violência, como a que tirou a vida do menino Mateus cravejado por balas de um policial. Por último, a dolorosa imagem das centenas, ou milhares?, de balas perdidas achadas pelos moradores nas ruas do bairro. O museu foi organizado pelos moradores, sob a coordenação do Ceasm, organização que atua na favela.



Qual é a minha cara?

Teatro

A aula seguinte, após a visita ao museu, foi dada pela Cia Marginal, grupo de teatro dirigido por Isabel Penoni e formado por moradores da Maré. O espetáculo “Qual é a Minha cara?” fica em cartaz no Espaço Redes até este final de semana. Em vários esquetes o grupo encena o cotidiano dolorido de quem mora em favela com foco na violência policial, no tráfico de drogas e nas mulheres e homossexuais.

Com estas aulas, o NPC pretende dizer a seus alunos que a luta contra a opressão não se aprende apenas nos bons livros, mas no contato direto com aqueles que são as suas maiores vítimas. No sábado, dia 12, os alunos terão aula de geografia nas áreas da Barra da Tijuca onde os moradores estão ameaçados de remoção. Vão almoçar em uma dessas casas. Na parte da tarde, assistem à aula da professora Raquel Paiva, da UFRJ, na Cidade de Deus.

Temos o dever de informar que, por conta da entrada do Caveirão na favela no dia 11 de junho não foi possível a realização do espetáculo.



Agenda 2011 do NPC

Pesquisa encerrada, com primeira revisão de texto feita por Sheila Jacob, a Agenda do NPC 2011 segue agora para a segunda revisão que será feita pela jornalista gaúcha Rosane Vargas. A pesquisa de imagens está a cargo da estudante do curso de Formação de Escritores da PUC-Rio Marina Morena. O tema, por enquanto, é segredo.



Curso Anual do NPC já tem data marcada

O 16 Curso Anual do NPC vai ser de 17 a 21 de novembro, no Rio de Janeiro.



Dicionário de Politiquês: nenhuma linha sequer que um operário não entenda

livro

Depois de lançado no Rio, Manaus, Recife e Brasília, o Dicionário de Politiquês chega, agora, a Santa Catarina. O livro faz parte da batalha do NPC para convencer aqueles que lutam por mudanças sociais que a linguagem tanto pode atrair pessoas para esta luta, como pode afastá-las. É a batalha para convencer que falar a língua que todos entendem não é rebaixar o nível político do debate, mas sim trazer todos aqueles que querem fazer parte das discussões.  

A proposta do livro é a inclusão política de todos, independentemente do número de anos escolares que se tenha tido. Essa preocupação não é nova e, na maioria das vezes, não é da esquerda. É a imprensa comercial que tem pesquisado os hábitos e a linguagem do povo para com ele se comunicar, seja através dos antigos folhetins ou das atuais notícias dos jornais. O magnata da imprensa americana, William Herst, aconselhava aos repórteres de seu jornal Examiner: Há um operário que entra de madrugada no trabalho. Enquanto aguarda, ele abre o jornal. Pense nele ao escrever uma reportagem. Não escreva uma única linha que ele não possa entender e que ele não vá ler”.



NPC no Orkut, twitter e facebook

As atividades e notícias atualizadas do NPC podem ser acompanhadas pelo nosso twitter: http://twitter.com/npc_  (underline depois de npc).

Confira nosso perfil no Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?rl=fpp&uid=4978015543164713213

E também estamos no Facebook:

http://www.facebook.com/home.php?#!/profile.php?id=100001197057754&ref=ts




A Comunicação que queremos


Associação dos Amigos da Escola Florestan Fernandes lança página

Visite a nova página da Associação dos Amigos da ENFF: http://amigosenff.org.br.
Situada em Guararema (a 70 km de São Paulo), a Escola foi inaugurada com um grande evento internacional em 23 de janeiro de 2005. Ela foi construída entre os anos de 2000 e 2005, graças ao trabalho voluntário de pelo menos mil trabalhadores sem terra e simpatizantes. Sua grande missão histórica é a de atender às necessidades da formação de militantes de movimentos sociais e organizações que lutam por um mundo mais justo. Sem recursos, a escola corre o risco de encerrar suas atividades. Por isso mesmo, sua contribuição é mais do que nunca necessária. Conheça a página e saiba como ajudar a escola.




Proposta de Pauta


140 anos depois, negras continuam no trabalho doméstico

Pesquisa do IBGE revela que, em 2010, 23,4% das mulheres pretas e pardas que trabalham estão no serviço doméstico. De acordo com o primeiro censo feito no país, em 1872, 24,3% das escravas estava no serviço doméstico. Os dados são de Marcelo Paixão (UFRJ).




De Olho Na Mídia


Repórter d’O Globo faz bela matéria sobre colegas de Fernandinho Beira Mar

O repórter do jornal O Globo Antonio Werneck mais uma vez brinda os leitores de jornal com uma de suas belas matérias. Desta vez, trata-se de uma reportagem sobre como vivem hoje aqueles que dividiram os bancos escolares com Fernandinho Beira Mar. A tese da matéria é que pobreza não gera violência. Confira na página do jornal na internet, na editoria Rio. A data é 06.06.2010.



Mas quando o assunto é Israel...

O dito sobre a reportagem de Antonio Werneck não pode ser repetido em relação ao texto de Daniela Kresch sobre o cerco de Israel ao navio de bandeira irlandesa, no final de semana. O tempo todo fala da forma pacífica com que os policiais israelenses foram recebidos pelo grupo de ajuda humanitária: “ativistas sentaram no chão do convés e colocaram as mãos na cabeça assim que as tropas de aproximaram”. Triste imagem. Será que esta descrição não diz nada ao povo judeu? Mas o que queremos dizer aqui é o seguinte: segundo a repórter, os tripulantes do navio turco morreram porque se negaram a agir como gado em direção ao matadouro.



Copa do Mundo: para torcer e distorcer

[Por Sérgio Domingues] A Copa do Mundo vem aí. Muito “oba, oba” nos meios de comunicação em geral. Pouca informação, debate, contextualização. Uma exceção foi o programa Ver TV, do Canal Brasil, do dia 06/05. Os convidados eram o ex-jogador Sócrates e o jornalista José Cruz, do portal UOL. O apresentador do programa, Laurindo Leal Filho, chamou a atenção para o tipo de cobertura da TV: “Acompanha até o café da manhã dos jogadores, mas nada de debater a situação do esporte no país”.
Sócrates afirmou que a TV vende atitude, aparência, comportamento, moda. Mas, é incapaz de vender educação. E vender esporte sem educação é um crime, disse ele. Segundo o ex-jogador, tudo se resume a construir estádios e ginásios caríssimos, que viram elefantes brancos. Além disso, já foi dado sinal verde para obras para a Copa de 2014, sem necessidade de licitações.
José Cruz lembrou que o tal “legado” do PAN 2007 continua revelando prejuízos aos cofres públicos. Nada disso aparece na voz irritante de um Galvão Bueno. Enquanto a multidão torce, a grande mídia faz sua parte. Distorce uma paixão popular para favorecer os cartolas do esporte, da política e do capital.
                                                                 Publicado em http://pilulas-diarias.blogspot.com



Professor de língua portuguesa defende uso de “cidadões” pelo presidente Lula

[Por Claudia Santiago] Atire a primeira pedra quem nunca cometeu um “erro de português”. Quem nunca trocou um z por um s? Quem nunca falou acumpuntura ao invés de acupuntura? É sobrancelha ou sombrancelha? Tirando aqueles que tiveram o azar de não fazer mais nada na vida a não ser estudar, todo mundo erra. Sim, porque obviamente embora o conhecimento seja uma coisa muito boa, jogar pelada num campinho de várzea, se empanturrar de churrasco e caiprinha nos finais de semana, fazer sexo e tomar banho de mar ou de rio não são coisas de se jogar fora.

Bom, mas voltando ao erro de português. Todo mundo comete, mas quando o presidente Lula dá uma escorregada, o mundo vem abaixo. Tive inúmeras briguinhas com colegas de faculdade, sim, sou jornalista de formação, mas estou fazendo outra graduação, porque  seres mal saídos dos cueiros linguísticos faziam troça do jeito de o metalúrgico falar.

Pois é, no sábado, dia 4 de junho, o professor Eraldo Maia, de Arraial do Cabo (RJ), uma das cidades praianas mais bonitas do Brasil, falou bonito à coluna “Gente Boa” do jornal O Globo. “Não existe fala errada. Há, sim, variedades dialetais e de registro, mas nenhum falante fala errado”. Sobre o uso de “cidadões” pelo presidente Lula, registrado como erro pela coluna, Eraldo explica: resulta de uma analogia com o plural em ões, o mais comum nas palavras terminadas em ão. O plural de verão seria verãos, mas o verões foi legitimado, o que não aconteceu com cidadões, embora seja assim que até o presidente fale.

Não é só o presidente não. Já vi muita gente boa se enrolar toda nessa hora. Ah!,  mas seria tão bom se estivéssemos aqui debatendo sobre o significado da palavra cidadão, sua origem e quantos podem ser considerados cidadãos no mundo, e não a grafia de seu plural. Ou será que, no fundo, é este exatamente o debate que nos traz o professor Eraldo? Será que Lula é tão vigiado em sua língua e seus hábitos (não nos esqueçamos jamais da emblemática reação midiático-burguesa ao isopor nas costas) porque, no Brasil, trabalhadores braçais ainda não são considerados cidadãos, nem mesmo quando chegam ao mais alto cargo do país. Pode ser.  




Democratização da Comunicação


Lançada Frente pelo Direito à Comunicação em São Paulo

Em março deste ano foi lançada a Frente Paulista pelo Direito à Comunicação e a Liberdade de Expressão. Segundo o manifesto divulgado pela entidade, ela vem se somar a outras diversas iniciativas que lutam por mudanças no sistema de comunicações do Brasil, acreditando que apenas a organização e o fortalecimento do movimento serão capazes de promover transformações significativas na mídia brasileira. Dentre os principais objetivos estão o combate aos monopólios e oligopólios dos meios de comunicação; a regulação democrática e participativa das concessões públicas de radiodifusão; o combate às violações dos Direitos Humanos e às manipulações dos meios que criminalizam as lutas populares; a defesa do controle social da mídia; entre outros.

Leia o Manifesto da Frente em nossa página.




NPC Informa


Página na Internet mostra diversas visões sobre a violência no Brasil

Acaba de estrear o site O veneno e o antídoto, que reúne 40 depoimentos de pessoas que foram tocadas pela violência social do país. Os entrevistados que contam suas experiências e fazem suas análises são de origens e ocupações bem distintas: o tema é abordado pelas próprias vítimas, agressores, policiais, pesquisadores e também ativistas. O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL/RJ) é um dos que falam sobre o assunto, explicando o que são, o que querem e como agem as milícias.

Confira a página: www.venenoeantidoto.com.br/



Artistas declaram apoio ao MST

A cantora Beth Carvalho e o ator Wagner Moura gravaram declarações em apoio ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. Confira e divulgue!
Beth Carvalhohttp://www.mst.org.br/node/9830
Wagner Mourahttp://www.mst.org.br/node/9987



Prorrogada inscrição dos concursos na campanha do petróleo

Concurso

A comissão organizadora dos concursos da Campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso prorrogou os prazos de entrega dos trabalhos. As escolas, da educação infantil até o ensino médio, poderão entregar as redações, poesias e desenhos até o dia 11 de agosto. Os trabalhos universitários serão aceitos até 1º de setembro. A prorrogação foi uma decisão unânime dos organizadores.
70 escolas de mais de 30 cidades diferentes já se inscreveram. Universitários, representando 25 instituições de ensino superior, também. A expectativa do Sindicato dos Petroleiros do Rio é que, a partir dessa iniciativa, o debate sobre o petróleo e da apropriação popular dessa imensa riqueza ganhe as salas de aula.
A proposta dos concursos em ambos os níveis é estimular a produção de conhecimento crítico e reflexivo em torno da defesa dos nossos recursos naturais. Os primeiros colocados de cada modalidade receberão computadores. Os segundos e terceiros ganharão vale-livros. Os professores orientadores dos melhores trabalhos, além das escolas e colégios, também
serão premiados.

O formulário de inscrição e mais informações estão disponíveis em www.concursopetroleo.org.br.


Debate sobre anistia e lançamento de livro

Na próxima quarta-feira, 16 de junho, às 18h, será lançado, no Rio, o livro 1968 - 40 anos depois, História e Memória, organizado por Carlos Fico e Maria Paula Araújo. Na ocasião haverá uma mesa-redonda com o tema “Anistia, Memória e Reparação: a experiência brasileira em debate”, com Paulo Abrão Pires Júnior, presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça; Jessie Jane Vieira de Sousa e Maria Paula Araujo, ambas da UFRJ. No mesmo dia será lançado o segundo número da revista Anistia Política e Justiça de Transição.

O evento está sendo promovido pelo programa de Pós-Graduação em História Social da UFRJ e pela Editora 7 Letras. O debate e o lançamento das duas publicações ocorrem no salão nobre do IFCS/UFRJ: Largo de São Francisco de Paula, 1, 2º andar, Centro do Rio.



Jornal Passe Livre completa 435 edições

Passe livre

Lançado em fevereiro de 1998, o Jornal Passe Livre chegou à sua edição 435. A tiragem é de 60 mil exemplares, distribuídos em Brasília gratuitamente a cada semana na rodoviária urbana da cidade, em sindicatos, associações e órgãos do Governo. Além da edição impressa, há um mailing com 120 mil endereços e edição online com uma média de quatro mil acessos/dia.

Confira o veículo em http://passelivreonline.wordpress.com/



Lançamento de livro sobre a vida de Jirges Ristum

ColetâneaNeste fim-de-semana será lançado, em Ribeirão Preto (SP), o livro Um vento me leva, uma coletânea organizada por Ivan Isola sobre a vida de Jirges Ristum, o “Turco” nascido em Ribeirão Preto. A partir dos próprios escritos de Ristum e de depoimentos de amigos e familiares, a obra acaba revelando os bastidores da arte, do cinema e da política do Brasil dos anos 70, período conhecido como “Anos de Chumbo”.  Jirges fazia cinema, compunha versos, e foi definido pelos amigos e familiares como um homem “contestador”, “longe do convencional”, “bem-humorado” e “figura apaixonante”. Durante a ditadura civil-militar do Brasil ele esteve exilado, e foi quando colaborou com realizadores como Antonioni, Bertolucci e Rosselini. Morreu precocemente, aos 42 anos, interrompendo a sua carreira em expansão.

O lançamento do livro será neste sábado, 12 de junho, das 16h às 19h, na Feira do Livro de Ribeirão Preto, Estande 25.



Mais um lançamento!

O que é favela?

Pensar as favelas de modo crítico e inovador foi o que incentivou o Observatório de Favelas a produzir o livro O que é a favela, afinal?. A publicação será lançada no dia 18 de junho, às 16h, na sede da instituição, no Rio de Janeiro. Na ocasião também haverá debate sobre o tema com alguns dos autores da obra.

O livro foi organizado a partir do seminário O que é a favela, afinal?, realizado em agosto de 2009. Nele é apresentada uma diversidade de experiências e olhares que compartilham ideias e vivências em contraponto à visão predominante sobre as favelas, que criminaliza esse espaço e seus moradores. A publicação reúne artigos de 10 pesquisadores sobre o tema, além de contar sobre como foi o seminário de dois dias. Apresenta ainda a declaração “O que é a favela, afinal?”, elaborada pelo Observatório de Favelas a partir das diferentes ideias e dos debates realizados durante o seminário. O objetivo é propor relações democráticas com esses territórios, para que se efetivam políticas públicas que garantam e afirmem os direitos sociais da população favelada.

O livro está disponível na internet. Confira.




Imagens da Vida


NPC participa de debate sobre Comunicação e Disputa de Hegemonia no terreiro tenda espírita do Boiadeiro, no bairro da Engenhoca, em Niterói.

Bartira



Campanha italiana de combate à violência contra a mulher e as crianças.

Imagens da Vida




De Olho Na Vida


UPPs ainda em debate

Duas horas da manhã. É quando as caixas de som da favela Santa Marta, no Rio de Janeiro, devem ser desligadas, mesmo nos finais de semana. Os responsáveis por garantir que esta regra seja cumprida são os policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do local, a primeira implantada no Rio de Janeiro, em dezembro de 2008. Hoje, já existem outras oito unidades espalhadas por favelas da cidade. Na madrugada de sábado, 22/05, o rapper Emerson Nascimento, conhecido como MC Fiell, foi preso e espancado por policiais da UPP por desrespeitar esta regra.

Desde a implantação da UPP, os moradores do Santa Marta chamam a atenção para a relação entre a polícia e a comunidade. Além das queixas comuns sobre o desrespeito nas revistas pessoais e buscas nas residências, outros conflitos com policiais da Unidade continuam surgindo. Na Cidade de Deus, favela que já recebeu uma UPP, também existem histórias de abusos de policiais. O presidente da Associação de Moradores da comunidade, Alexandre Ferramenta, relatou algumas delas. Segundo ele, é um pequeno grupo de policiais que, nos fins de semana, com a saída do comandante, “se consideram donos da comunidade”. “Eles batem, agridem, xingam idosos, acabam com festas familiares. As lideranças não são contra o projeto da UPP, mas contra esse tipo de policial. Não queremos que a UPP vire uma milícia de farda”, explica ele.

                                                                          Leia o texto completo de Marília Gonçalves.



Relator da ONU diz que as mortes causadas pela polícia brasileira continuam em taxas alarmantes

“O dia-a-dia de muitos brasileiros, especialmente aqueles que vivem em favelas, ainda é vivido na sombra de assassinatos e violência de facções criminosas, milícias, esquadrões da morte e da polícia, apesar de importantes reformas do Governo". Essa afirmação foi feita pelo Relator Especial da ONU, Philip Alston, sobre execuções extrajudiciais, quando divulgou no dia 1º de junho um Relatório sobre o que o Brasil tem feito para reduzir mortes pela polícia desde a sua visita de 2007.

"Quando visitei o país, dois anos e meio atrás, constatei que a polícia executou supostos criminosos e cidadãos inocentes durante operações ‘de guerra’ mal planejadas e contra-produtivas dentro das favelas. Policiais que operam fora de serviço em esquadrões da morte e milícias também mataram civis, como ‘justiceiros’ ou para obter lucro. Atualmente, a situação não mudou dramaticamente. A polícia continua a cometer execuções extrajudiciais em taxas alarmantes", constatou o especialista. "E eles geralmente não são responsabilizados por isso".

Confira o texto completo.




Dicas


O que resta do tempo, filme sobre conflito árabe-israelense

Genial. Elia Suleiman deixa os espectadores de olhos arregalados o tempo todo no genial O que resta do tempo, em cartaz no Rio de Janeiro. Dividido em quatro episódios, o filme narra a história da família de Elia, em Nazaré, na Palestina, desde o ano 1948, quando se dá a brutal ocupação do norte da Palestina pelo Estado de Israel, que subjugou os antigos povos da região. Muitos se dispersaram pelos países árabes vizinhos, muitos aderiram aos novos senhores e muitos resistiram. Entre os que resistiram estavam o pai e a mãe do diretor, a quem o filme é dedicado.

O primeiro episódio trata da Nazaré de 1948; o segundo, a vida corre na Nazaré do final dos anos 1960, com direito ao noticiário sobre a morte do líder egípcio Gamal Abdel Nasser; o terceiro, os efeitos da ocupação em Nazaré com revolta da juventude. No último, a Nazaré moderna e os moderníssimos tanques e canhões de Israel, o muro e as pedras palestinas.

Fundamental ver o filme para compreender o ataque ao navio humanitário que ia à Faixa de Gaza. Fundamental para compreender desabafos como o do historiador da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Fred Galvão: “se eu não fizer nada agora para denunciar o que se passa na Palestina, vou sentir vergonha de mim; assim como os alemães sentem vergonha pelo nazismo”.

Façamos então, como diz Fred, com o que nos resta do tempo.



Ao Sul da Fronteira em cartaz no Brasil

Ao sul da fronteira

Com texto de Tarik Ali, autor do livro Piratas do Caribe, sobre os atuais presidentes de países da América do Sul, o filme, centrado na figura de Hugo Chávez, é uma aula sobre como funciona a mídia nos Estados Unidos e na Venezuela. Em um momento, o filme mostra os golpistas de 2002 na Venezuela agradecendo a participação da mídia no golpe que quase destituiu o presidente do país. Em outro, Evo Morales diz que a mídia é seu principal inimigo. Rafael Correa do Equador afirma que ser se preocuparia mais se a mídia do estados Unidos o elogia

sse ao invés de criticá-lo como faz. Além dos já citados, o diretor Oliver Stone entrevista Cristina e Nestor Kischner, da Argentina; Fernando Lugo, do Paraguai; Lula da Silva, do Brasil; e Raul Castro, de Cuba. O filme revela que a América do Sul está diferente. Segundo Lugo, a culpa da mudança é dos movimentos sociais. Na platéia, como era de se esperar, muitos se conheciam. Alguns cobraram do NPC que o filme seja exibido em sessão do Domingo é Dia de Cinema. Está aí uma boa dica para quem quer manter o otimismo.  



Livro Teorias dos movimentos sociais para baixar

Está disponível na internet o livro Teorias dos Movimentos Sociais: paradigmas clássicos e contemporâneos, da socióloga Maria da Glória Gohn. A obra faz um mapeamento das diversas teorias sobre os movimentos sociais. O livro contém três partes. A primeira destaca teorias em abordagens norte-americanas sobre a ação coletiva; a segunda aborda a produção teórica européia, das teorias marxistas clássicas à teoria dos Novos Movimentos Sociais. Já a terceira trata do paradigma Latino-Americano. Destacam-se as abordagens que têm sido feitas sobre os movimentos sociais populares latino-americanos, urbanos e rurais, assim como estudos sobre os movimentos de gênero; etnia; ambientalistas; em defesa da paz e dos direitos humanos; entre outros.

Confira: http://books.google.com.br/books?id=h5OeDwqDC9MC&printsec=frontcover&source=gbs_slider_thumb#v=onepage&q&f=false




De Olho No Mundo


EUA financiam “blogueiros” contra Cuba

[Por Altamiro Borges] Com base em documentos recentemente desclassificados, a socióloga estadunidense-venezuelana Eva Golinger comprovou que os Estados Unidos têm investido milhões de dólares na propaganda contra Cuba através da internet. Isto talvez ajude a explicar a gigantesca badalação em torno da blogueira cubana Yoani Sánchez, que virou estrela da mídia mundial. A farta documentação, que veio à tona devido à Lei de Acesso à Informação (FOIA), revela que a USAID, agência estadunidense famosa por interferir nos assuntos internos de várias nações, inverteu mais de US$ 2,3 milhões para disseminar “propaganda suja” contra Cuba nos últimos anos. Ela inclui os contratos originais entre a USAID e a organização CubaNet, formada por “blogueiros” raivosos contra o regime cubano. Criada em 1999, ela tem sede em Miami e hoje recebe o grosso dos recursos da USAID e também da NED (National Endowment for Democracy).
“Os documentos demonstram um padrão de financiamento que aumenta a cada ano no esforço de promover informações distorcidas sobre Cuba. Há cinquenta anos, Washington executa uma guerra suja contra a ilha. Um componente dessa agressão é o uso dos meios de comunicação para manipular e distorcer a realidade cubana junto à opinião pública internacional e, ao mesmo tempo, infiltrar e disseminar informações falsas dentro de Cuba”, explica Golinger. Como ela aponta, “a campanha de agressão contra Cuba está mais intensa hoje do que nunca. E neste ano de 2010, a USAID maneja um orçamento de mais de US$ 20 milhões para financiar grupos dentro e fora de Cuba que promovam a agenda de Washington”.

                                               Leia o texto completo publicado na página do Brasil de Fato.



Médicos da CIA fizeram experiências com presos

“Médicos estadunidenses fizeram experimentos com prisioneiros suspeitos de terrorismo e interrogados pela CIA após o 11 de setembro”, revela um relatório publicado pela organização Physician for Human Rights (PHR), que pede a abertura de uma investigação. A organização de médicos em defesa dos direitos humanos afirma que profissionais da saúde empregados pela CIA não se contentavam em "acompanhar" os interrogatórios dos detidos considerados de maior importância. "Há provas de que os médicos avaliavam a dor causada pelas técnicas de interrogatórios e buscavam melhorar seus conhecimentos a respeito", explicou Nathaniel Raymond, dirigente da PHR, em uma entrevista à imprensa. 
Pelo menos 14 detidos desapareceram nas prisões secretas da Agência Central de Inteligência (CIA) entre o final de 2001 e setembro de 2006 e reapareceram no centro de detenção da base naval americana de Guantánamo, na ilha de Cuba. Entre eles, pelo menos dois foram submetidos a simulações de afogamento (submarino) e todos passaram por programas de privação de sono, nudez forçada e exposição a temperaturas extremas. Segundo o relatório, os Estados Unidos elaboraram, após os atentados de 11 de setembro de 2001, uma lista de “técnicas de interrogatório aprimoradas", que depois foram amparadas legalmente pelo Departamento de Justiça. Alguma semelhança com o nazismo?

                                                                                               [Com informações da AFP]




Pérolas


Por Haydée Santamaría

Fui presa, torturada e fiquei viúva. Me senti mais forte e mais livre do que aqueles que iam me julgar.

 Haydée Santamaría participou do assalto ao Quartel de Moncada de 26 de julho de 1953, em Cuba.



Por Fourier e Stuart Mill

"O melhor modo de avaliar o grau de civilização de um povo é analisar a situação da mulher”.

Charles Fourier foi um socialista francês, e Stuart Mill foi um filósofo inglês.



Por Eduardo Galeano
As pulgas sonham com comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico a sorte chova de repente, que chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chove ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.

Os ninguéns: os filhos de ninguém, os donos de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são, embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não têm cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.
                                                                                                                     [Os Ninguéns]



Memória


Tomas Paine: um defensor da liberdade de expressão

Em 8 de junho de 1809 morreu o inglês Tomas Paine (1737-1809), cidadão honorário da França, pioneiro defensor dos direitos humanos e ativo participante da Guerra de Independência dos Estados Unidos e da Revolução Francesa. Ele foi julgado e condenado em seu país por traição pela publicação do clássico “Direitos do Homem” em 1790. Esta obra foi respondida pela feminista inglesa Mary Wollstonecraft com seu livro Reivindicação dos direitos da Mulher.



Cineasta Glauber Rocha, perseguido durante a Ditadura, é anistiado

A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça aprovou, por unanimidade, a anistia política do cineasta Glauber Rocha por censuras e perseguições em sua produção criativa sofridas durante o regime militar. A anistia foi aprovada em reunião realizada no Teatro Vila Velha, em Salvador (BA). O processo foi iniciado pela filha do cineasta, Paloma Rocha, em 17 de maio de 2006.
A Comissão de Anistia julgou até hoje 55 mil requerimentos de anistia política, segundo o Ministério da Justiça. Há ainda 11 mil processos na comissão aguardando análise em primeira instância e outros 3,5 mil pedidos de recurso.  

Fonte: Portal Terra




Entrevista


O mundo da mulher é um antes da pílula e outro, depois da pílula
[Por IHU On-Line] Na opinião da escritora Rose Marie Muraro, “O homem tem muito medo da mulher, ele está muito deprimido e dizendo ‘vocês ganharam a batalha’”. A constatação é da escritora Rose Marie Muraro, na entrevista que concedeu, por telefone, à IHU On-Line. Na entrevista, ela reflete sobre os impactos provocados pela invenção da pílula nesses últimos 50 anos e identifica que, no aspecto individual, o maior ganho das mulheres foi a construção da sua identidade. E, no aspecto social, “estamos transformando a noção de política e economia”. Ela explica: “os homens têm a relação opressor/oprimido dentro de si. Confira a entrevista.


Artigos


A Sky mente

[Por Marcos Dantas] Num texto que pode ser encontrado em http://www.liberdadenatv.com.br/, mas não pode ser sequer impresso, a SKY desinforma, deturpa e até mente ao dar as suas razões para se opor à PL-29, em tramitação na Câmara dos Deputados, para as quais logrou aliciar alguns deputados para a sua causa, cujos motivos, em véspera de eleição, são compreensíveis... Leia o texto completo.



O dossiê do simulacro de imprensa

[Por Gilson Caroni Filho/ Carta Maior] A direita não se deu sequer ao trabalho de atualizar métodos. A “venezuelização” do monopólio global já lançou sua palavra de ordem: a eleição não será televisionada. Este é o mote que assusta. Leia o texto completo.



O império do consumo

[Por Eduardo Galeano] O sistema fala em nome de todos, dirige a todos as suas ordens imperiosas de consumo, difunde entre todos a febre compradora; mas sem remédio: para quase todos esta aventura começa e termina no écran do televisor. A maioria, que se endivida para ter coisas, termina por ter nada mais que dívidas para pagar dívidas as quais geram novas dívidas, e acaba a consumir fantasias que por vezes materializa delinquindo. Leia o texto completo.

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Governo suprime mecanismos de controle público da mídia previstos pelo PNDH-3

[Por Raquel Junia] Todos os dias nos jornais, rádios e canais de TV é possível coletar exemplos de desrespeito aos direitos humanos. A primeira versão do 3º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3), lançada em dezembro de 2009 pelo Governo Federal, tentou criar ou fortalecer mecanismos já existentes para coibir este tipo de postura. Foi o caso, por exemplo, da proposta de criação de um ranking nacional de veículos de comunicação comprometidos com os princípios dos direitos humanos. E os veículos que cometem violações também estariam elencados. A proposta não era inovadora, já que atualmente a Campanha pela Ética na TV já promove um ranking dos veículos que atentam contra a dignidade humana – o primeiro lugar do último, inclusive, foi o programa Big Brother Brasil, veiculado pela Rede Globo. O PNDH 3 ia além, pois reforçava e sugeria a criação pelos estados e municípios de um observatório social destinado a acompanhar a cobertura da mídia em direitos humanos. Entretanto, essa proposta do ranking foi uma das retiradas pelo decreto 7.177, de 12 de maio de 2010, além de outras modificações.           Leia o texto completo da jornalista Raquel Júnia sobre o assunto.  



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Colaboraram: Tatiana Lima (RJ), Raquel Junia (RJ) e Dênis de Moraes (RJ).

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