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Boletim do
NPC —
Nº 139
— De 1 a 15/2/2009
Para
jornalistas, dirigentes, militantes
e
assessores sindicais e dos Movimentos Sociais
Notícias do NPC
Esquerda debate rumos no FSM
[Por Claudia Santiago] O Fórum Social Mundial, realizado em Belém de 27 de janeiro a 1º de fevereiro, reuniu, como em suas outras edições, gente de vários países do mundo que têm uma causa para defender. Pelos prédios das universidades, podia-se encontrar militantes da Via Campesina, bolivarianos, sindicalistas de todas, ou quase todas, as centrais sindicais, vítimas de violência policial, trabalhadores de várias categorias em luta contra o desemprego e a crise mundial, ambientalistas, feministas, defensores da legalização da maconha, adeptos da meditação, críticos do governo da China. A lista não caberia neste boletim. Teve atividades para todos os gostos. A maior de todas elas aconteceu no Centro de Convenções: o encontro de cinco presidentes latino-americanos que simbolizam a crença de índios, negros e pobres em uma outra América possível e desejável. É claro que há avaliações diferentes e até contraditórias sobre o papel destes novos governantes latino-americanos. Há quem os veja como revolucionários, outros os definem como reformistas socialdemocratas e outros os vêem como um avanço real para seus povos. A novidade é que essas presenças seriam impensáveis há dez anos quando o imperialismo dominava absoluto em toda a América do Sul. O Fórum Social Mundial não agradou a todos, principalmente aqueles que desejavam uma posição firme contra as várias manifestações do capitalismo neoliberal, do genocídio na Faixa de Gaza, à condenação de todos os efeitos da crise jogados sobre os trabalhadores, passando pelos Estados que criminalizam a pobreza e os movimentos sociais. É nessa linha que escreveu Emir Sader em Carta Maior, “chegaram a Belém angustiados com a necessidade de respostas urgentes aos grandes problemas que o mundo enfrenta”. Para estes, segundo Emir, “ficou a frustração, o sentimento de que a forma atual do FSM está esgotada, que se o FSM não quer se diluir na intranscendência, tem que mudar de forma e passar a direção para os movimentos sociais’. Na mesma linha vai o dirigente do MST, Egídio Brunetto que viu como um potencial desperdiçado o não encaminhamento pelo Fórum de mobilizações concretas e de uma agenda de lutas. Que o debate continue, siga franco e aberto. Que todos nós, que, de uma forma ou de outra, construímos este espaço de troca de experiências, denúncias, aglutinações, saibamos fazê-lo ainda mais eficiente como peça na construção de uma nova sociedade. E que as próximas edições nos tragam, como aconteceu em Porto Alegre, pensadores como José Saramago, Eduardo Galeano, Noan Chomsky, Tarik Ali, Daniel Ben Said entre outros. Sem dúvida, encontros como aqueles realizados no Gigantinho, ginásio de esportes localizado no Complexo Beira-Rio, ou no Auditório Araújo Viana, no Parque da Redenção, fizeram muita falta. Estes encontros poderiam ter acontecido no hangar, Centro de Convenções e Feiras da Amazônia. Seriam eles, exatamente, que reuniriam as várias tribos e as fortaleceriam frente ao objetivo comum: um outro mundo possível. Fariam melhor sentir sua força e suas fraquezas.
NPC discute criminalização da pobreza pela mídia empresarial
[Por Sheila Jacob] Na tarde do dia 29 de janeiro, o NPC promoveu no Fórum Social Mundial uma discussão sobre a campanha da grande mídia de criminalização das favelas e da população pobre. Segundo a jornalista Claudia Santiago, coordenadora do NPC, os meios de comunicação comerciais são os principais responsáveis pela banalização da violência policial em comunidades pobres.
“No Rio de Janeiro, em São Paulo, na Bahia, em diversos lugares do país existe uma grande parcela da população sendo exterminada. E a grande mídia tem papel central no convencimento de que isso é certo”, denunciou Claudia. Cartazes com páginas do jornal O Globo estampados nas paredes confirmavam a afirmação.
Gizele Martins, estudante de jornalismo e editora do jornal “O Cidadão”, da Maré, fez um relato emocionante do tratamento que a grande mídia dá ao cotidiano das favelas.
"O pobre perde a própria identidade e não pode se assumir como morador de favela, porque logo é chamado de bandido ou traficante. Tive muitas vezes que esconder no meu currículo que sou moradora da Maré para poder tentar arrumar emprego", relatou. Clique aqui para ler o texto completo
Oficina do NPC reafirma importância da mídia sindical para a disputa de hegemonia
[Por Sheila Jacob] O Núcleo Piratininga de Comunicação promoveu na tarde do dia 30 de janeiro uma oficina sobre a comunicação sindical como elemento de disputa de hegemonia.
Dela participaram alguns responsáveis pela comunicação de sindicatos ou federações: Fernando Gonçalves de Lima, do Sindsep/PE; Carlos R. Bittencourt, da Fisenge; Adelmo Andrade e Ney Sá, dos Bancários da Bahia; José de Ribamar França, da Fenajufe; e Vito Giannotti do NPC.
Giannotti repetiu uma das idéias-chave do NPC, que existem duas mídias distintas: “a deles, patronal, empresarial, comercial ou classicamente chamada de burguesa, e a nossa, a dos trabalhadores”. Ele deu vários exemplos de como a mídia empresarial constrói hegemonia. “Por isso a mídia sindical é uma arma importante para disputar hegemonia”.
Para reafirmar a importância da comunicação mostrou uma pesquisa com 100 grandes empresas publicada em Carta Capital de 6/08/08. Esta mostra que 92% consideram a comunicação essencial para seus lucros. “Eles já perceberam que a comunicação é estratégica. E os nossos sindicatos? Nós temos que investir em todos os veículos, como jornais, boletins, rádios...”
As experiências dos sindicatos e federações que participaram da mesa mostrou um grande esforço que muitos sindicatos fazem de usar as mais variadas formas de comunicação, para ganhar os corações e as mentes de milhares e milhões de trabalhadores. Estas vão da rádio-web, a programas de rádio, a revistas, a boletins eletrônicos regulares enviados duas vezes por dia, a cadernos, a programas de TV e vídeos e até jornal diário.
Da oficina ficou clara a centralidade da comunicação para os sindicatos que querem disputar a hegemonia na sociedade.
Radiografia da Comunicação Sindical
“Será que outro mundo é possível?”.
[Por Vito Giannotti] O lema tradicional do Fórum Social Mundial é “Outro mundo é possível”. Hoje já há quem, como o presidente da Venezuela Hugo Chàvez, comece a mudar este lema para “Outro mundo é necessário”. Sim, porque não sobram dúvidas que o modelo de capitalismo que hoje é hegemônico, só pode nos dar o império da barbárie. Basta ver o que Israel, patrocinada pela ONU sob domínio dos EUA, está fazendo em Gaza, exatamente nos dias do Fórum de Belém. O sindicato dos Servidores da Justiça Federal do Pará/Amapá, levou para a oficina de Comunicação com o NPC sua última revista com uma capa chocante. Todos lembram daquela foto de uma criança morrendo de fome, no Zaire, alguns anos atrás, com um urubu a espera de sua morte para dela se alimentar. A tragédia desta foto não tem fim. O fotógrafo esperou a criança cair morta e ser devorada pela ave de rapina. Anos depois, em profunda depressão acabou se matando. E tem mais. Olhem bem a foto. Não é uma criança que está na frente do urubu. É um corpo tão acabado de um homem que de tão magro e raquítico parece ser de uma criança. Pois é esta foto que o Sindjuf/PA-AP colocou na capa da sua revista com a manchete: “Será que outro mundo é possível?”. Rosa Luxemburgo, cem anos atrás já dizia que a alternativa da humanidade era uma só: “socialismo ou barbárie”. A capa da revista do Sindjuf insinua a mesma coisa: outro mundo só será possível, sim. Só com um novo modelo: um mundo socialista. Até lá, os urubus vão fazer seus banquetes.
A Comunicação que queremos
Brasil de Fato comemora seis anos durante Fórum Social Mundial
[Por Claudia Santiago] Na noite do dia 30 de janeiro, redes coloridas se espalhavam pela Universidade Federal Rural da Amazônia, em Belém. Elas pareciam enfeite de parede para receber os que chegavam para a cerimônia pelo sexto aniversário do jornal Brasil de Fato. Não eram, não. É que ali estavam hospedados integrantes do MST que foram a Belém participar do Fórum Social Mundial. Após a festa, as redes foram estendidas e abrigaram corpos bem cansados. Mas... voltando à cerimônia. Foi simples e bonita. Jornalistas de diversos países, comprometidos com a luta dos povos, se revezaram ao microfone para saudar a única publicação semanal brasileira vendida em bancas. “O Brasil de Fato é um instrumento da luta de classes”, afirmou o editor do jornal, Nilton Viana. Para ele, a ditadura hoje se apresenta através do monopólio da informação, controlada pelo capital financeira e transnacional. “A cada ano que completarmos comemoraremos mais um ano de resistência ajudando a formar a classe trabalhadora para que ela faça as transformações necessárias”, declarou. A atividade contou com a presença de várias personalidades. Entre elas, a médica Aleida Guevara, que se define como “Hija de la Revolución e hija biologica del Che”. É emocionante mirar o rosto de Aleida, bem parecido com o do pai. Impossível não pensar em tudo o que o nome Guevara significa para a esquerda latino-americana. Vito Giannotti, um dos coordenadores do NPC, convidado a dar o seu depoimento sobre o Jornal, não perdeu tempo. Enfatizou a necessidade de ler, divulgar assinar e presentear os amigos com o Brasil de Fato. “Um grande instrumento para a disputa de hegemonia com nossos inimigos de classe”, disse. O último orador foi João Pedro Stédile, da direção nacional do MST. Stédile lembrou a tradição revolucionária da esquerda européia de construir jornais, boletins e programas de rádio. E criticou os partidos de esquerda que trocaram a sua voz por três minutos da televisão. “Alguns chegaram a dizer que a imprensa é neutra”. O dirigente do MST destacou que, embora o Brasil de Fato não tenha se consolidado como um jornal de massas, como era seu objetivo inicial, “tiragens extras de até 2 milhões de exemplares são feitas quando a conjuntura exige”. Para ele, a comunicação de esquerda é central no mundo, hoje. “Durantes os séculos XIX e XX, a burguesia reproduzia suas idéias através da escola, da igreja, dos partidos. Agora, a televisão é o principal instrumento para transmitir a ideologia burguesa”.
Fórum Mundial de Mídia Livre discute comunicação compartilhada e a crise
Comunicadores de todo o mundo se reuniram no Fórum de Mídia Livre para discutir novas formas de comunicação. O encontro foi realizado nos dias 26 e 27 de janeiro, em Belém, na véspera do Fórum Social Mundial. Os temas discutidos no primeiro dia foram “Como ampliar o midialivrismo” e “Mídia e crise”. As principais discussões foram sobre a necessidade de dar espaço a grupos e vozes que se contraponham à mídia empresarial. Como exemplo de novas oportunidades, foram lembradas as rádios comunitárias e a internet, que permite agilidade e maior integração. A mídia hegemônica foi apontada ainda como co-responsável pela crise, por fazer parte do sistema financeiro. Foi ressaltada a necessidade de fortalecer a mídia livre para se contrapor à investida da mídia hegemônica contra os trabalhadores e os povos. A grande mídia tem justificado as demissões e outras propostas de redução dos direitos trabalhistas. No último dia, foi realizada uma plenária de encerramento, com a apresentação de propostas elaboradas durante o encontro. Depois, os participantes do Fórum Mundial de Mídia Livre foram para a marcha de abertura do nono Fórum Social Mundial, que reuniu cerca de 100 mil pessoas nas principais ruas de Belém.
(Mais detalhes no endereço http://forumdemidialivre.blogspot.com/)
CUT promove debate sobre a comunicação e disputa ideológica
A comunicação dos trabalhadores como ferramenta de disputa ideológica também foi tema de um debate promovido pela CUT no Fórum Social Mundial. Participaram da discussão o jornalista Beto Almeida, correspondente da Telesul; o cubano Ovídio Cabrera, diretor-geral da Telesul; o cientista político Emir Sader e Rosane Bertotti, secretária nacional de comunicação da Central.
Beto Almeida lembrou que o tema da comunicação é imprescindível para transformar a sociedade: “temos que discutir os campos públicos da mídia: TVs educativas, comunitárias e legislativas, já que a maioria dos canais tem contribuído para o embrutecimento das relações humanas em um modelo verticalizado e injusto”. Ele lembrou que atualmente existe um desequilíbrio enorme entre a mídia dos trabalhadores, de circulação pequena, e a empresarial.
Normalmente a mídia comercial ignora alguns temas essenciais da América Latina, como a erradicação do analfabetismo na Bolívia e a associação entre Cuba e Venezuela para cirurgia de cataratas, entre outros fatos lembrados pelo jornalista. “Essas medidas não são anunciadas, mas quando tem algum desfile em Londres ou lançamento de perfume em Paris, logo é divulgado”.
(Clique aqui e leia mais sobre o debate)
De Olho Na Mídia
Como a grande mídia cobriu o Fórum Social Mundial
[Por Rodrigo Vianna] Não chega a ser novidade, mas é sempre irritante quando isso acontece: a imprensa corporativa brasileira (com raríssimas exceções) não consegue cobrir o Fórum Social Mundial de outra forma que não seja "folclorizando" o que se passa por lá. Na primeira página desta sexta-feira, a Folha traz a fotografia de Hugo Chavez cantando ao lado da filha de Che Guevara, sob o título: "Karaokê no Fórum Mundial". Não há nenhuma informação sobre o que se discutiu no encontro dos presidentes, que reuniu Chavez, Morales, Lugo Correa e Lula. Na página interna, entre os milhares de participantes do Fórum, a Folha escolheu para ilustrar a "reportagem", um rapaz deitado na grama, de frente pro rio. Claro que nada disso é mentira. Chavez cantou e o rapaz deitou na grama. As escolhas são sintomáticas. Passam a imagem de que tudo, em Belém, não passa de deboche e descompromisso. É o oposto do que vi por lá. Passei por Belém no início da semana. Vi centenas de pessoas reunidas em escolas, ginásios, auditórios, debatendo formas de superar a barbárie neoliberal. Ou, simplesmente, se articulando para batalhas futuras. Nada disso está nos jornais. (texto completo no blog do jornalista Rodrigo Vianna: http://www.rodrigovianna.com.br/)
Democratização da Comunicação
Movimentos Sociais pressionam por Conferência Nacional de Comunicação em 2009
Durante uma entrevista com lideranças sociais no Fórum Social Mundial, o presidente Lula afirmou que o governo vai realizar a I Conferência Nacional de Comunicação neste ano. O presidente, entretanto, não falou em datas. Mais cedo, no entanto, o ministro Luiz Dulci, da Secretaria-Geral da Presidência, havia citado a conferência de comunicação entre as que serão realizadas este ano pelo governo federal. No Fórum Social Mundial, a Comissão Pró-Conferência Nacional de Comunicação realizou uma plenária, após a notícia de que o presidente teria anunciado a realização da Conferência para 2009. Ao final do encontro, os presentes puderam confirmar o compromisso após a apresentação de um áudio em que o presidente anunciava a sua realização. A notícia foi recebida com entusiasmo pelos participantes da reunião. Além do otimismo, foi sublinhada a importância de a sociedade civil e os movimentos sociais participarem das discussões, para propor diretrizes para um novo marco regulatório e políticas públicas para o setor. Foi questionada a renovação automática das concessões, a falta de incentivos à comunicação livre e comunitária e a intensa perseguição e fechamento de rádios comunitárias no país. A realização da Conferência Nacional deve ocorrer no segundo semestre, pela necessidade de realização de encontros regionais e estaduais. Que tal acompanhar esse processo em cada município e estado do Brasil, para que essa oportunidade seja aproveitada pelos movimentos que lutam pela democratização da comunicação? (Informações sobre esse processo no site www.proconferencia.com.br.)
NPC Informa
Várias publicações nascem no Fórum Social Mundial. Longa vida!!!!!!!!
Grupos políticos, Associações, ONGs e vários tipos de Organizações aproveitaram o Fórum Social Mundial para lançar novas publicações. Algumas são iniciativas de vida curta. Outras são voltadas a temas locais ou setorializados. Mas,todas elas fazem parte de um grande mosaico que quer construir, de uma forma ou de outra, uma nova comunicação para um “outro mundo possível”... ou diríamos, no mínimo necessário. Uma destas publicações é o jornal de circulação nacional, Levante!. Seu lema “mudar o mundo e mudar a vida” dá pistas de sua linha editorial, sintetizada em seu logo, no trinômio: “Anticapitalista, Libertário, Ecossocialista”. Nas suas páginas artigos sobre o genocídio em Gaza, sobre o que esperar e não esperar de Obama, sobre violência policial, juventude e devastação das florestas. Além de jornais, boletins e revistas, centenas de vídeos/documentários foram produzidos e apresentados no Fórum de Belém. Um dos mais interessantes é sobre a luta pela terra, produzido pelo MST: Nas terras do Bemvirá. O NPC coletou várias dezenas destes filmes que serão examinados e divulgados no Nº 2 do Catálogo de vídeos Populares que está sendo preparado para início de 2010.
Filme Justa Causa apresenta a história das ocupações no Rio de Janeiro
As ocupações Chiquinha Gonzaga, Zumbi dos Palmares, Quilombo das Guerreiras e Machado de Assis são apresentadas pelo documentário Justa Causa. São movimentos por moradia que resistem no centro da cidade do Rio de Janeiro, em meio à especulação imobiliária, ao sucateamento e ao alto preço dos transportes e à escassez dos serviços públicos básicos nas periferias. As experiências coletivas vividas pelos ocupantes diante destas dificuldades tornam o filme um relato real e emocionante. Este mostra a dor, o drama e a vitória de pessoas que lutam para garantir suas conquistas através da organização social e popular. Para adquirir uma cópia deste filme deposite R$ 5,00 na conta 05409-2 agência 6003 (Banco Itaú - Renata Couto) e mande um e-mail com o comprovante de depósito para quilombodasguerreiras@gmail.com
Fundação Lauro Campos lança revista ‘Socialismo e Liberdade’ no Fórum Social Mundial
A Fundação Lauro Campos, do Partido Socialismo e Liberdade – PSOL, lançou o número zero da revista Socialismo e Liberdade às vésperas do Fórum Social Mundial. A nova publicação possui uma linha editorial contrária ao pensamento único veiculado pelos meios de comunicação de massa. A primeira edição contém 21 artigos agrupados em 13 seções de variados temas, como ecossocialismo democrático, filosofia e questões teóricas, a crise econômica no Brasil, educação, movimento estudantil, política e questões sociais. Dentre os autores estão Michael Löwy, Leandro Konder, Carlos Nelson Coutinho, Milton Temer, Paulo Passarinho, Éric Toussaint, Marcelo Freixo, entre outros. O sumário do número zero da revista pode ser lido em http://www.socialismo.org.br/portal/revista-socialismo-e-liberdade.
Imagens da Vida
Sem eles, não teríamos boa parte da memória visual do Fórum.
Fotógrafo Douglas Mansur chega à UFRA.
De Olho Na Vida
Sessão simbólica do Tribunal Popular no FSM condena Estado, elites e mídia comercial
Na manhã do dia 31 de janeiro, no FSM se realizou uma seção especial do Tribunal Popular Internacional para julgar os responsáveis por crimes contra os movimentos sociais. No banco dos réus estavam a mídia comercial/empresarial, as elites econômicas e o Estado brasileiro. Os acusados foram julgados simbolicamente após o depoimento de testemunhas. De acordo com os advogados de acusação, "os réus obedecem aos interesses do poder econômico". Um dos advogados, Marcelo Freitas, da Sociedade Paraense de Direitos Humanos, acusou, inclusive, o poder judiciário de barrar as ações sociais ao "enquadrar no crime de formação de quadrilha qualquer um que se reúna para fazer ações de reivindicação." Após o relato das testemunhas e as apresentações da defesa e da acusação, a presidente do Tribunal leu o texto final do julgamento. As elites econômicas, dentre elas, fazendeiros e madeireiros, foram acusadas de patrocinar perseguições e atentados à vida das vítimas do povo e dos trabalhadores. O aparato do Estado foi considerado conivente com as práticas de criminalização da pobreza através das forças repressivas e do judiciário, além de criminalizar permanentemente os movimentos sociais que lutam contra esta sociedade injusta. A mídia empresarial foi acusada de veicular informações deturpadas, distorcidas e dirigidas intencionalmente a caracterizar as ações dos movimentos sociais como criminosas. Num ritual simbólico, com voto popular da plenária que assistia a encenação do julgamento, os três réus foram considerados culpados por unanimidade. (Fonte-base: Agência Pulsar)
Tribunal Popular dos crimes do Estado tem oficina em Belém
[Por Claudia Santiago] Luciene, Débora, Zé Luís, Rodrigo. O que estas pessoas tem em comum? São vítimas da violência do Estado. Violência que é, de acordo com Maurício Campos, um dos organizadores da oficina que os reuniu no FSM, uma ação política. Uma ação política de um Estado que não consegue dar resposta às demandas da sociedade. Um Estado que usa a criminalização como forma de conter a pobreza seja nas favelas, seja nas cadeias. Luciene, Luciene, Débora, Zé Luís, Rodrigo são mães, pai e irmãos de vítimas do Estado que foi considerado culpado pelo Tribunal Popular realizado em São Paulo, em dezembro do ano passado. O Tribunal considerou que houve violência estatal nos seguintes casos: 1. Caso do Complexo do Alemão no Rio de Janeiro. 2. Situação do sistema carcerário e as execuções sumárias da juventude negra pobre na Bahia 3. Crimes de maio/2006, histórico genocida de execuções sumárias, sistema prisional paulista, violência institucional e morte de jovens na Fundação Casa. Todos no estado de São Paulo. 4. Criminalização da luta sindical, pela terra e pelo meio-ambiente. A mídia alternativa divulgou amplamente o Tribunal. Brasil de Fato, Caros Amigos, edição brasileira do Le Monde Diplomatiquè. Parece que estamos nos convencendo de que a organização do povo trabalhador passa pelo compartilhamento de sua luta cotidiana pela sobrevivência nas favelas e periferias das cidades. Leia mais: http://www.tribunalpopular.org/
Filósofo e ativista marxista Michael Löwy defende socialismo ecológico e democrático no FSM
[Por Sheila Jacob] Em um painel promovido pela revista Margem Esquerda, da Boitempo Editorial, o sociólogo brasileiro radicado na França, Michael Löwy, destacou a questão ecológica como uma das crises mais preocupantes da atualidade – além das outras que vêm sendo discutidas, como a financeira, energética e alimentar.
"O mundo em que vivemos está ficando cada vez mais impossível", afirmou Löwy. Para ele, são imprescindíveis as lutas contra o desmatamento e por meios públicos coletivos de transporte.
O sociólogo lembrou que o capitalismo não vai morrer de causa natural ou desaparecer sozinho, "mesmo que as atuais crises tenham desconstruído o mito de que o mercado resolve tudo". Por isso, ele disse ser necessário pensar em medidas que atinjam a raiz do problema, "para frear o caminho suicida que o capitalismo predador vem trilhando".
Löwy propôs, então, a construção de outro paradigma de sociedade: o "socialismo do século XXI", que seria democrático e ecológico. "O novo socialismo tem que vir de baixo para cima, respeitando sempre a nossa Mãe Terra", afirmou. Esse mundo seria conquistado com a luta dos movimentos sociais, como o de mulheres, dos camponeses, indígenas, operários, negros e estudantes, contando com o apoio de alguns governos progressistas, como Venezuela, Bolívia e Equador.
Desse painel, chamado "Por onde anda o outro mundo possível?", participaram ainda o mexicano Luiz Hernández Navarro, editor de opinião do jornal La Jornada, e o cientista político brasileiro Emir Sader.
Indígenas do Vale do Javari denunciam extermínio do seu povo (“etnogenocídio”)
Em uma manifestação realizada no dia 31 de janeiro, no FSM, um grupo de 30 índios denunciaram o etnogenocídio de seis povos da região. Os indígenas viajaram durante 5 dias do extremo oeste do Amazonas, fronteira com Peru e Colômbia, até Belém do Pará para apresentar a situação e cobrar respostas.
Os índios afirmaram que as mortes são freqüentes por falta de política pública de saúde no Vale do Javari. Os índios têm sofrido principalmente com a epidemia de hepatite dos tipos A, B, C e Delta, que já atingiu 80% da população. Entre outras doenças, está também a malária. Em Javari vivem 3.700 pessoas, sendo a segunda maior terra indígena demarcada no Brasil, com cerca de 8,5 milhões de hectares. Entre as etnias ameaçadas estão: Marubo, Matis, Mayoruna, Kanamary, Kulina e Kokama. Fonte: Agência Pulsar
Memória
Movimentos sociais fazem homenagem a Chico Mendes no FSM
Chico Mendes é o maior símbolo da defesa de um modelo de economia sustentável para a Amazônia. Em lembrança aos vinte anos de seu assassinato, que ocorreu em dezembro de 1988, a tenda dos 50 anos da Revolução Cubana promoveu uma homenagem ao ativista. A nona edição do Fórum Social Mundial mostrou que as idéias de Chico Mendes ainda estão vivas e são urgentes. Como lembrou Michael Löwy, no debate “Por Onde anda o outro mundo possível?”, as idéias do militante são cada vez mais necessárias. “O brasileiro Chico Mendes é um dos teóricos do socialismo democrático e ecológico que estamos defendendo. Sabemos que era socialista, e se destacou por defender os povos da floresta, com quem temos muito a aprender a respeitar a natureza”, disse o sociólogo. A questão da sustentabilidade ambiental e defesa da Mãe Terra teve destaque no dia 28 de janeiro, dedicado à Pan-Amazônia. Foi um dia de celebração e incentivo à luta das mulheres indígenas, ribeirinhos, quilombolas, afro-descendentes, movimentos sociais e demais grupos. A região da Pan-Amazônia envolve nove países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa. As idéias de Chico Mendes pautaram os diversos debates de sustentabilidade ambiental, preservação do meio-ambiente e defesa da Amazônia.
Proposta de Pauta
Encontro organizado pelo MST lembra os 19 mortos na chacina de Eldorado dos Carajás, de 1996.
[Por Vito Giannotti] De 24 a 27 de janeiro, antes do Fórum de Belém o MST, juntamente com as prefeituras locais, organizou o Fórum Social Carajás. Justamente nas terras onde impera o latifúndio e a mineração da Vale e que é palco de grandes lutas pela Reforma Agrária. Em 17 de abril de 1996, a polícia militar do Pará protagonizou uma chacina em Eldorado dos Carajás, que resultou na morte de 19 trabalhadores sem-terra. No local onde ocorreram as mortes, conhecido como Curva do S, foram fincados 19 troncos queimados de castanheira - planta típica da região, simbolizando os 19 mártires.
Na manhã do dia 26, durante o Fórum Social Carajás os participantes do Fórum foram ao assentamento Palmares, mais uma conquista dos sem-terra. Lá,foram inaugurados a Pedra Fundamental do Instituto Amazônico Latino-americano e um estádio com o nome de Che Guevara.
À tarde foi realizado um ato com cerca de 500 pessoas, entre moradores dos assentamentos da região e participantes do Fórum. Antes do ato, as delegações estrangeiras e personalidades brasileiras plantaram mudas de castanheira no local onde estão fincados os 19 troncos de castanheiras. É um símbolo do desafio que os movimentos fazem à morte e da esperança de vida que eles representam.
A dois quilômetros de onde o latifúndio mandou assassinar os sem terras que exigiam Reforma Agrária em 1996, hoje existe uma cidade rural, chamada Assentamento 17 de abril. Este é o resultado da luta pela Reforma Agrária que custou aquelas 19 vidas. Neste assentamento, após o ato na Curva do S, Aleida Guevara, filha de Che Guevara e da Revolução Cubana, fez um discurso que terminou com o grito de guerra: "Globalizemos a luta – Globalizemos a esperança".
Ao final da visita, os ex-sem terra ofereceram aos 500 visitantes um jantar com produtos dos próprios camponeses assentados na sua nova cidade.
De Olho No Mundo
FSM lembra os cinco cubanos presos injustamente nos Estados Unidos
Uma tenda em comemoração aos 50 anos da Revolucão Cubana foi erguida na Universidade Federal do Pará, onde ocorreu a nona edição do Fórum Social Mundial. Um painel realizado durante a tarde do dia 28 de janeiro lembrou os cinco cubanos presos injustamente em Miami, em setembro de 1998. São eles: Antonio Guerrero, Fernando Gonzales, Gerardo Hernández, Ramón Lavañino e René Gonzalez. ”Os cinco”, como ficaram conhecidos, foram presos sob acusação de espionagem, quando na verdade estavam lutando contra o terrorismo praticado por grupos anti-cubanos dos Estados Unidos. O objetivo do encontro de quarta-feira foi ressaltar a importância de se discutir a questão e divulgar as arbitrariedades cometidas, para que os Estados Unidos liberem os presos. No final, foi apresentado o documentário cubano "O processo: a história não contada".
Manifestações de apoio à Palestina marcaram o FSM
Na foto: Alemanha 1945 / Palestina 2009 Cartazes espalhados pela Universidade Federal do Pará lembravam aos participantes do Fórum Social Mundial o massacre que Israel está promovendo na Faixa de Gaza. O cientista político Emir Sader chegou a pedir para todos se engajarem nessa luta da maneira que for possível, para não deixar que essa barbaridade continue acontencendo ou então para não ficar impune. No início do ano, por todo o Brasil ocorreram manifestações de repúdio aos assassinatos do povo palestino. No Rio de Janeiro, um ato público reuniu cerca de 500 pessoas no centro da cidade no dia 8 de janeiro. Cartazes, bandeiras e palavras de ordem exigiam a saída de Israel fascista da Faixa de Gaza, e de toda a região da Palestina. Na ocasião, Paulo Alentejano, professor do Departamento de Geografia da UERJ, declarou ao BoletimNPC que considera claramente enviesada a cobertura da grande mídia dos conflitos no Oriente Médio. “Eles reproduzem a criminalização dos movimentos árabes. Isso leva à formação de uma opinião pública que legitima o direito de Israel se defender dos ataques em seu território”. Após a concentração na Cinelândia, os manifestantes fizeram uma passeata pacífica pela Avenida Rio Branco. Em frente ao Consulado dos Estados Unidos, alguns sapatos foram atirados na bandeira estadunidense, para mostrar o repúdio ao apoio a Israel, à criminalização constante do povo árabe e ao massacre que está sendo cometido contra os palestinos. O ato foi organizado pelo Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino, em conjunto com uma série de movimentos sociais. O texto completo pode ser lido em http://www.piratininga.org.br/novapagina/leitura.asp?id_noticia=3893&topico=Mídia
Pérolas da edição
Por Eduardo Galeano e Emir Sader
Por Eduardo Galeano, em nota ao MST pela comemoração dos 25 anos “Eu suplico aos deuses e aos demônios que protejam o MST e a toda sua linda gente que comete a loucura de querer trabalhar, neste mundo onde o trabalho merece castigo”. Por Emir Sader, no debate sobre comunicação dos trabalhadores no FSM “A vida cotidiana é pautada pela mídia da direita. Não só falam como pensar, mas também o que é mais ou menos importante. Escondem os temas essenciais. Por isso temos uma tarefa imensa pela frente: a de disputar cada um, cotidianamente”.
Novos artigos em nossa página
O ano de 1968 e o movimento operário no Brasil
[Por Vito Giannotti] Tratar de 1968, no Brasil, significa falar de França, Inglaterra, EUA, Alemanha, Itália e Tchecoslováquia; de Luther King, Panteras Negras, manifestações feministas nos EUA, ofensiva do Tet, no Vietnã, e Revolução Cultural na China. Nesse caldeirão, fala-se de raspão no Brasil e logo se pensa em passeatas de estudantes, artistas e intelectuais contra a Ditadura, que já estava entrando no quinto ano. Texto completo em: http://www.piratininga.org.br/novapagina/leitura.asp?id_noticia=3927&topico=Hist%F3ria
Grande Mídia e criminalização da pobreza
[Por Gizele Martins] Os meios de comunicação são os grandes apoiadores da sociedade do capital, pois é por meio deles também que se aliena. É por meio deles que se influencia toda a sociedade, seja na vida política, na vida pessoal etc. O seu papel é o de mostrar sempre a versão do capital, estar sempre contra os trabalhadores, os movimentos sociais e o desenvolvimento equilibrado e justo do país. Ela é uma comunicação que favorece e sempre favorecerá a minoria rica. Eu, como moradora de favela, vejo esta exclusão midiática de perto. Quantas vezes a mídia fala o que realmente existe nas favelas?
Texto completo em: http://www.piratininga.org.br/novapagina/leitura.asp?id_noticia=3932&topico=M%EDdia
Gráficos 1858-2008: uma luta de 150 anos
[Por Vito Giannotti] Em vários livros de história do Brasil fala-se da greve dos gráficos do Rio de Janeiro, em 1858. Sua importância se deve ao fato de ter sido o primeiro movimento de trabalhadores que teve visibilidade. Antes tinham acontecido pequenos protestos em oficinas ou nos portos. Mas o movimento iniciado em 9 de janeiro de 1858 foi o que mais apareceu. Foram 60 trabalhadores gráficos de todas as profissões daquele tipo de indústrias, liderados pelos tipógrafos que pararam um setor-chave da capital do país.
Texto completo em: http://www.piratininga.org.br/novapagina/leitura.asp?id_noticia=3963&topico=Hist%F3ria
Carimbó, carimbó é gostoso! Carimbó em Belém do Pará!
Expediente
Núcleo Piratininga de Comunicação
Edição: Claudia Santiago Redação: Claudia Santiago e Sheila Jacob Estagiária: Luisa Santiago
Se você não quiser receber o Boletim
do NPC, por favor, responda esta mensagem escrevendo REMOVA.
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