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Boletim do
NPC —
Nº 136
— De 1 a 15/12/2008
Para
jornalistas, dirigentes, militantes
e
assessores sindicais e dos Movimentos Sociais
Notícias do NPC
Curso do NPC se despede dos participantes com samba e feijoada
Depois de quatro dias de muita discussão e troca de experiências, os mais de duzentos participantes do 14º Curso Anual do NPC, de 21 estados do Brasil e do Distrito Federal, se despediram ao som de samba e ao sabor de feijoada. Todo esse pessoal presente no curso representou cerca de 90 sindicatos e movimentos sociais. Imediatamente antes da entrada da bateria, a última mesa sobre Cultura da periferia e música funk chocou os participantes. Muitos, a partir das palavras do MC Leonardo, morador da Rocinha, descobriram como o preconceito elitista, com suas raízes classistas e racistas, está presente em cada um. Ao final da sua intervenção, a platéia se levantou emocionada, cantando junto ao MC uma de suas músicas cujo refrão era: “Favela! Favela!” Esta mesa foi um soco no estômago para muitos e um convite para todos a abrir nossa comunicação sindical e comunitária para estas manifestações culturais que envolvem milhões de brasileiros e brasileiras. A animação da despedida ficou por conta da bateria dos Canários das Laranjeiras e do intérprete Artur Willian, também jornalista e colaborador do NPC. Ao longo do curso foram realizadas onze mesas temáticas, além de oficinas e apresentação de trabalhos no primeiro dia. O Núcleo Piratininga de Comunicação agradece a presença e colaboração dos convidados e felicita todos os participantes por esta ocasião, que tornaram o Curso Anual do NPC um espaço sério e prazeroso para a construção e aperfeiçoamento da mídia da classe trabalhadora.
Agenda 2009 do NPC já pode ser adquirida
Os participantes do 14º Curso receberam algumas lembranças simbólicas: 1 – Um canudo com o pôster do Quarto Estado e um folheto explicativo. É um lembrete que a história não acabou. Que o mundo do trabalho continua. Que os trabalhadores ainda são os principais atores da futura mudança. 2 – Um caderninho sobre a grande revolucionária comunista Rosa Luxemburgo, cujo assassinato fará 90 anos dia 15 de janeiro de 2009. É um convite à leitura, ao estudo e ao aprofundamento teórico não só dos escritos desta revolucionária, mas de todos os clássicos do socialismo. 3 – Uma Agenda sobre As Lutas dos Trabalhadores do Brasil, no século XX. A agenda traz na capa uma foto da greve de vinte anos atrás, na qual o Exército assassinou três jovens grevistas, durante a dura greve dos metalúrgicos da CSN, em Volta Redonda. Na agenda, além desta luta, há quase mil notícias de lutas, greves, derrotas e vitórias da classe trabalhadora ao longo do século XX, aqui no nosso país. A agenda é um convite ao estudo da história do nosso país e da nossa classe. Um convite a conhecer, guardar nossa memória e a divulgá-la, sempre, na nossa comunicação. Os participantes do curso receberam um exemplar. Quem quiser adquirir mais cópias para amigos, companheiros e companheiras de luta, é só entrar em contato com o NPC.
Radiografia da Comunicação Sindical
Fenajufe produz Boletim Extraordinário sobre o Curso
A Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União (Fenajufe) participou do 14º curso com três representantes: o coordenador Joaquim Catrillon, a jornalista Leonor Costa e a secretária, Miriam Débora. Outras federações estiveram presentes, como a Fenafisco e a Fisenge, entre outras, mas a Fenajufe foi... muito rápida no teclado! Durante o curso saiu o Boletim Extraordinário da Fenajufe, no dia 21 de novembro, com uma edição especial sobre o evento. O boletim foi distribuído para os participantes do curso e traz fotos do jornalista do Le Monde Diplomatique Ignácio Ramonet, que foi um dos palestrantes; dos representantes da Fenajufe no curso e da platéia.
Capa de revista Em Movimento da FISENGE trata do mesmo tema do 14º Curso do NPC: A disputa de hegemonia no mundo da informação
A edição de dezembro da revista da Federação Nacional dos Engenheiros faz coro com os grandes temas tratados durante o 14º Curso Anual: a comunicação e seu papel na disputa político ideológica na atualidade. Entre artigos instigantes de César Benjamim, Agamenon de Oliveira e do presidente eleito do Crea/RJ, Agostinho Guerreiro, a revista destaca o tema da comunicação a partir de reflexões de Marcos Dantas, Vito Giannotti e Ignácio Ramonet. Marcos Dantas trata do seu tema predileto: a televisão, e dentro do assunto, os desafios da TV digital. O Subtítulo do seu artigo dá logo o recado: “entre o potencial e a política real”. Ao final escreve: “Neste momento, segmentos da sociedade brasileira começam a se mobilizar a favor da convocação da Conferência Nacional de Comunicação. Esta Conferência, se realizada, atingirá plenamente seus objetivos se não se limitar a discutir apenas radiodifusão, mas entender que, hoje, comunicação incorpora um novo universo de possibilidades interativas e plurais.” Vito Giannotti retoma os temas por ele repetidos exaustivamente igual à famosa expressão do senador romano Cato, duzentos anos antes de Cristo: “Temos que destruir Cartago”. Para Giannotti, “Comunicação e formação política são irmãs gêmeas, univitelinas. A vida de um sindicato é a ação na defesa dos interesses imediatos e históricos dos trabalhadores. Sindicato existe para lutar, para se defender, para avançar. Mas como vamos convencer a “massa” a agir? Com muita, muita, muitíssima comunicação/formação”. É dessa premissa que ele faz um eterno hino ao papel da comunicação dos trabalhadores. Ignácio Ramonet fez sua palestra e sua coletiva à imprensa no mais curioso silêncio da platéia. A revista lhe dedica três páginas. Difícil resumi-las ou tirar uma frase síntese. Uma das mais chocantes é: “A maioria dos grupos de imprensa (...) não trata de vender informação às pessoas e sim de vender as pessoas aos anunciantes”. Daqui podem-se tirar as conclusões do que seja a mídia empresarial, comercial, corporativa ou mais simplesmente patronal.
A Comunicação que queremos
Comunicadores populares realizam cobertura do Curso Anual do NPC
Alunos do Curso de Comunicação Comunitária promovido pelo NPC realizaram a cobertura do 14º Curso Mídia dos Trabalhadores e Política. Ignácio Ramonet, Mário Maestri, Beto Almeida, Dioclécio Luz, Mc Leonardo e Adriana Facina são alguns dos palestrantes convidados que foram entrevistados pelos alunos. As entrevistas estão em fase de transcrição e serão divulgadas aqui no Boletim do NPC e também estarão disponíveis para publicação em outras mídias alternativas e comunitárias das quais os entrevistadores participam, como a Agência Pulsar e o jornal O Cidadão, da Maré e o jornal Fazendo Média. Os alunos que participaram da cobertura concluíram o curso de comunicação comunitária no final de outubro e foram sorteados para participarem do 14º Curso. Aos entrevistados, os jovens comunicadores ofereceram a edição do jornal Vozes das Comunidades, produzido por eles, como atividade exemplar de conclusão do curso. O que eles não esperavam é a cantora Beth Carvalho desse uma passadinha pelo curso e também desse uma palinha na entrevista.
De Olho Na Mídia
“Cada dia é mais difícil estar informado, por excesso de informação”, afirma Ignácio Ramonet
O jornalista e diretor do jornal francês Le Monde Diplomatique, Ignácio Ramonet, abriu o 14º Curso Anual do NPC na mesa A Comunicação do Império e a Resistência dos Movimentos Sociais, no dia 20. Para Ramonet, a censura é uma realidade na imprensa, não mais pela figura de um censor que impede que informações sejam publicadas, como foi bastante comum na ditadura civil-militar brasileira, mas sim pelo excesso de informações. “O que acontece é uma asfixia. Estou saturado de informação e por isso não vejo a informação que falta”, explica o jornalista. De acordo com Ramonet, esse é um tipo de censura, e o resultado é a pouca informação sobre as lutas sociais e os processos de transformação, ou seja, uma informação deformada. Ramonet comentou também sobre os jornais que são distribuídos gratuitamente, ou os próprios canais de televisão pelos quais não se paga diretamente. Para ele, esses meios colocam em perigo a qualidade da informação porque como são difundidos gratuitamente, não querem gastar muito dinheiro para produzir as notícias. “O que ocorre é que essas mídias não vendem a informação, mas vende os leitores aos anunciantes. Quando eu consumo essa informação, na verdade eu estou sendo vendido”, reflete Ramonet. O diretor do Le Monde Diplomatique foi entrevistado e veiculado, no dia 20, diretamente do 14º Curso do NPC, para o programa Brasil Nação, gravado pela TV Educativa do Paraná. O programa é apresentado pelo jornalista Beto Almeida. Os entrevistadores, além do Beto, foram os jornalistas Maria Inês Nassif, do jornal Valor Econômico, e Marcelo Salles, do jornal Fazendo Media e da revista Caros Amigos. Vinte jornalistas da mídia alternativa e sindical também acompanharam a gravação do programa e puderam fazer perguntas a Ignácio Ramonet. Confira as perguntas e respostas feitas a Ignácio Ramonet durante o programa Brasil Nação em nossa página.
Democratização da Comunicação
Apesar da repressão, vale a pena fazer rádio comunitária, diz Dioclécio Luz
Essa é a opinião do jornalista Dioclécio Luz, palestrante da mesa Perspectivas para as rádios comunitárias. Dioclécio comentou por um lado sobre as restrições da legislação sobre radiodifusão comunitária e por outro, sobre a falta de fiscalização da Anatel àquelas rádios que ferem a legislação por estarem controladas por grupos religiosos e políticos. Ele mostrou fotos de comunicadores populares nas rádios comunitárias que exercem um bom trabalho e também denunciou por meio das imagens outras rádios que funcionam dentro de igrejas. Apesar do quadro difícil o jornalista acredita que as rádios comunitárias são uma conquista e precisam ser defendidas. “Essa é uma luta que vale a pena. Essa minoria que tem poder vai ser contra isso. A minha esperança é que as rádios comunitárias continuem se organizando, continuem enfrentando esse poder”, diz Dioclécio. Ele insiste na necessidade de que os comunicadores populares se qualifiquem. Sugere, por exemplo, que as emissoras comunitárias façam bons programas de debate e saibam contar a história das músicas e compositores que tocam, por exemplo. A palestra do Dioclécio se insere numa das idéias básicas do NPC: é necessário usar todos os instrumentos de mídia, do jornal, ao rádio, ao cinema à TV, à internet. Usar todos na batalha para difundir nossas idéias. Para disputar a visão de mundo com a mídia deles. A propósito, foi repetido por vários expositores que não há simplesmente “A Mídia”. Há duas mídias. A mídia deles e a nossa. A deles é a chamada “grande mídia”, ou mais precisamente, a mídia empresaria, patronal, comercial, a mídia burguesa como se dizia anos atrás. E há a nossa. A dos trabalhadores. A do povo oprimido e explorado na sua luta para se libertar. Para criar uma outra sociedade. Confira a entrevista completa de Dioclécio Luz nos próximos boletins.
Imagens da Vida
Menino Matheus
Foto: Naldinho Lourenço
[Por Silvana Sá] O fotógrafo Naldinho Lourenço, da Maré, fez a cobertura da trágica morte do menino Matheus e também do sepultamento. São imagens muito fortes, que nos fazem pensar em que espécie de mundo vivemos. Que Estado é esse, que desrespeita o mais fundamental direito, que é o direito à vida? Que política de segurança é essa que extermina as camadas mais pobres da sociedade, que considera cidadão apenas as pessoas provindas da classe média pra cima? Que polícia é essa que extermina nossas crianças e que fala para a imprensa, órgãos regulatórios, entre outros, que o que aconteceu não partiu deles, que a criança morreu por bala perdida em confronto de facções rivais? Que confronto? Onde estão as cápsulas de bala no chão? Onde ressoaram os barulhos dos tiros trocados? Cadê as paredes perfuradas? Apenas um tiro de fuzil foi disparado... tiro este que encontrou seu destino na cabeça de uma criança inocente que saía para comprar o pão. O mundo é muito injusto.
Olhar as fotos que foram publicadas no site Viva Favela é ter uma pequena dimensão da dor e do choque sofrido por todos nós. Todos nós familiares, vizinhos, conhecidos, moradores de favela. E a gente se pergunta: quantos outros Matheus precisarão ter sua vida interrompida? Quantas outras mães precisarão passar pela dor de perder seu filho? Quantos assassinatos o Estado ainda vai cometer? É triste, é lamentável, é muito dolorido... O desejo agora é que esse pequeno anjo esteja num lugar livre da dor, livre do medo do tráfico, do medo da polícia, do medo da milícia. Livre da dor, do desespero de ver e saber que tantas crianças morrem todos os dias vítimas do mesmo mal que o vitimou. O desejo também que essa família tenha forças e assessoria para enfrentar e vencer a luta que começa para pôr os responsáveis atrás das grades. Desejo de que essa mãe não sucumba à dor - inimaginável, imensurável - de perder um filho amado, de quase oito anos de idade. Sabemos que ficará para sempre os sons de suas gargalhadas, de suas bagunças em casa... mas também o som daquele único disparo que matou impiedosamente aquela criança.
Este é mais um desabafo... sou moradora de comunidade, estava lá ontem, tenho um filho de 4 anos - o meu bem mais precioso - e não consigo imaginar o que seria de minha existência sem a existência dele. Não posso imaginar a dor que a mãe de Matheus sente... sou solidária ao seu sofrimento. Sofro junto, choro, me abato. Mas a grande diferença é que meu filho está em casa,vivo, brincando, correndo, alegre. E o dela não. Choro, mas posso abraçar meu pequeno todos os dias. Ela não mais... E isso, nem que todos os culpados sejam presos, nem que toda a sociedade se mobilize e a gente consiga melhorar este país, nem que a família seja indenizada em bilhões de reais. Mesmo que tudo isso aconteça, o sorriso dessa criança, sua presença alegre e amorosa não estará e não voltará a estar entre nós.
De Olho Na Vida
O funk emocionou o público no último dia de curso
Não eram raros os que comentavam que antes de ouvirem Mc Leonardo falar e cantar tinham preconceito com o funk. No dia 23 de novembro, o MC e a professora Adriana Facina foram os convidados para discutir o tema Vida, Cultura e Comunicação. Mc Leonardo falou sobre a criação da Associação dos Amigos e Profissionais do Funk (APAfunk) e sobre a realidade de criminalização da cultura da favela. O papel da grande mídia também foi questionado pelos dois palestrantes, já que a mídia comercial descaracteriza o funk, mostrado apenas parte dele. Mc Leonardo explicou sobre o projeto de lei 4.124/2008 que reconhece o funk como um movimento cultural. O 14ª Curso Anual do NPC também esteve “de olho na vida” na mesa A mídia e a Criminalização dos trabalhadores e dos movimentos sociais, com as presenças do coronel da polícia militar de Sergipe, Luiz Fernando Almeida e da militante da Via Campesina, Lourdes Vicente. O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL/RJ) também era um dos convidados para a discussão, mas como não pode estar presente, por meio de um vídeo passou uma mensagem aos participantes. “A gente não faz luta para aparecer na mídia, a gente faz luta porque se não a gente não sobrevive”, concluiu Lourdes Vicente, da Via Campesina.
Memória
Curso do NPC presta homenagem a Rosa Luxemburgo
No dia 21 de novembro, segundo dia de palestras do 14º Curso Anual, Claudia Santiago, coordenadora do 14º Curso Anual do NPC orquestrou uma homenagem à Rosa Luxemburgo, em memória aos 90 anos de seu assassinato. Rosa foi protagonista da fundação do Partido Comunista Alemão (KPD), e uma “crítica apaixonada e convincente do capitalismo. Deste ponto de vista crítico retirava forças para a ação revolucionária”, como define o material distribuído aos participantes do Curso. Em homenagem a Rosa, considerada um “símbolo revolucionário”, a equipe do NPC encenou um jogral com informações sobre a vida e a obra da militante, e algumas de suas idéias sobre a revolução, sobre o socialismo, sobre a vida e sobre a igualdade entre homens e mulheres. No final, foram distribuídas rosas aos participantes, que, emocionados, cantaram, de pé, visivelmente emocionados, o hino A Internacional, que Rosa cantou desde 1900 nos vários Congressos, Conferências, Encontros da Internacional Socialista da qual foi uma destacada dirigente.
Proposta de Pauta
Pesquisa revela que negros continuam sendo discriminados no mercado de trabalho
No dia 21 de novembro, o 14º Curso Anual do NPC propôs uma discussão sobre os mitos em relação ao povo brasileiro. Uma das idéias ainda muito presentes no nosso imaginário é a de que o racismo não existe no Brasil. Entretanto, os negros continuam sendo discriminados no mercado de trabalho brasileiro, de acordo com os dados apresentados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). Os resultados da pesquisa foram divulgados no dia 20 de novembro, dia da Consciência Negra. Cinco regiões foram avaliadas: Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Distrito Federal. O resultado apontou que, em 2007, a desigualdade ainda persiste, e em alguns casos piorou. Durante o curso foi apresentado o começo de um belíssimo filme sobre o preconceito e a discriminação racial no País: A Negação do Brasil, do palestrante Joel Zito. É um filme ideal para o debate sobre este candente tema das nossas raízes, sobre um dos mitos fundadores do Brasil da cordialidade, do pacifismo e da miscigenação como anulação do problema racial. A pesquisa pode ser acessada em www.dieese.org.br
De Olho No Mundo
Beto Almeida, um dos diretores da Telesur reafirma necessidade de um jornalismo de integração
Em 2005 entrou no ar a Telesur, uma TV que tem como lema “Nosso Norte é o Sul” e é financiada pelos governos de Venezuela, Argentina, Cuba e Uruguai. O objetivo da Telesur é romper com os latifúndios midiáticos, integrar os povos latino-americanos e se contrapor à imagem do continente veiculada pelas grandes redes internacionais – como a estadunidense CNN. Um dos diretores da Telesur é o jornalista brasileiro Beto Almeida, um dos participantes do 14º Curso Anual do NPC. O jornalista foi convidado, no dia 21 de novembro, da mesa TV Pública, TV Educativa e TV Comunitária, juntamente com Cristiani Sekefe, da Secretaria de Comunicação do Governo do Piauí; Élson Faxina, da TV Educativa do Paraná; e Laurindo Leal Filho, ouvidor da Empresa Brasil de Comunicação, gestora da TV Brasil.
“Telesur surge para fazer uma integração comunicativa, para respaldar um processo que já está se dando na área da economia, da cultura, científica e energética aqui na América do Sul. Essa integração é vista por setores da grande mídia, apenas como um processo econômico frustrante, geralmente fazem uma linha editorial dizendo que o Mercosul é um fracasso econômico, que as relações do Brasil com a Bolívia são absolutamente paternalistas, tudo isso intimida um processo de integração, portanto, isso exige um jornalismo de integração”, afirmou Beto Almeida. Confira a entrevista feita com Beto Almeida durante o 14º Curso.
Pérolas da edição
Frases de Ignácio Ramonet no 14º Curso
● “A maioria dos grupos de imprensa escrita quer chegar a um público muito amplo. Não se trata de vender informação às pessoas e sim vender as pessoas aos anunciantes. Quanto mais leitores tenho mais caro vou vendê-los aos anunciantes” ● “Não que esses grupos midiáticos anteriormente não existissem. O que muda é que agora eles são muito mais poderosos simplesmente porque podem controlar todos os setores: jornais, revistas, livros, dicionários, rádios, discos, concertos, TV, cinema, fotografia, pesquisa e, também, a Internet” ● “Nem mesmo a ficção conseguiu criar o quadro que temos hoje em termos de perigosa manipulação da mídia, que cresceu de maneira astronômica com a revolução digital” ● “Em 1797, a França soube da queda da Bastilha três semanas depois, com a informação avançando por todo o país como uma diligência puxada a cavalo, a 50 quilômetros por dia. (...)Hoje alcançamos a instantaneidade (...) E essa instantaneidade modifica as regras de funcionamento da indústria da informação” ● “A censura é uma prática geral dos sistemas de informação, que nos permitem o acesso a tantas informações que não percebemos o que falta. Simplesmente não transmitem as informações e eu não me dou conta da informação que falta” ● “Estamos em um sistema que nos fornece poucas informações sobre as lutas sociais, muito pouco sobre os movimentos que estão transformando a sociedade e que nos transmite informações deformadas sobre a luta dos trabalhadores”
Novas entrevistas em nossa página
Sociedade deve se sentir dona da TV Brasil
O ouvidor-geral da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), jornalista Laurindo Leal Filho, foi um dos palestrantes do 14º Curso Anual do NPC. Em entrevista à equipe de cobertura do Curso, Lalo, como é conhecido, falou sobre as principais características de uma TV Pública, como a independência econômica e administrativa. Também destacou a importância de se fazer com que a sociedade se sinta dona da programação e defendeu a realização da Conferência Nacional de Comunicação. Confira a entrevista.
“Rádio Comunitária só para tocar música, não precisa”
A equipe do NPC conversou com Dioclécio Luz, um militante incansável pelas rádios comunitárias que participou do 14º Curso Anual do NPC. Nessa entrevista ele fala sobre sua trajetória no movimento pela radiodifusão comunitária, os problemas na lei 9.612, a necessidade de se romper com o modelo tradicional de comunicação e principalmente o reforço de que uma rádio comunitária é uma rádio de todos e para todos, e não apenas de um grupo específico. O grande desafio é dar voz para todo mundo.
Em breve, outras entrevistas em nossa página
Nas próximas edições do Boletim NPC, divulgaremos várias outras entrevistas feitas com os participantes do 14º Curso Anual. Dentre eles estão o coronel da Polícia Militar de Sergipe, Luis Fernando Almeida; o professor de História da Universidade Passo Fundo/ RS, Mário Maestri; o jornalista Beto Almeida, um dos diretores da Tele Sur; a jornalista Fátima Lacerda, da Agência Petroleira de Notícias; o jornalista Maurício Dias, da Carta Capital; a professora Adriana Facina e MC Leo, sobre o Movimento Funk É Cultura; e outros.
Não deixe de acompanhar na nossa página e nos próximos boletins.
Novos artigos em nossa página
Rádios comunitárias como meios de politização do cotidiano
[Por Rubermária Sperandio] Os debates e pesquisas em torno da comunicação comunitária, ao longo das últimas décadas, têm aumentado consideravelmente. Com isso observamos o surgimento de novas temáticas destinadas a consolidar novos paradigmas e perspectivas no cenário comunicativo. Este artigo não tem a pretensão de trazer para a reflexão uma temática inédita, mas a luz de estudos de temas afins acalorar um pouco mais o debate sobre este novo fenômeno cultural no nosso cenário midiático.
Como a direita, através da mídia, cria seus intelectuais orgânicos
[Por Hamilton de Souza – material apresentado no 14º Curso Anual do NPC] O tema desse curso remete ao sistema de comunicação social existente no Brasil, que é amplamente dominado por empresas privadas nos meios impressos (jornais e revistas) e nas concessões de rádio e TV. O sistema hegemônico de comunicação subordina-se ao jogo do mercado, integra e representa os interesses do capital; os meios reproduzem a ideologia, o programa, as propostas e a agenda do pensamento neoliberal dominante. [Veja o material integral de Hamilton na página do NPC]
A Nova Geopolítica da Fome
[Por João Pedro Stédile] Como explicou Josué de Castro, a fome e a falta de alimentos não provêm de uma condição geográfica, mas são resultado de relações sociais de produção. Nos anos 60, 80 milhões de pessoas sofriam fome no mundo. Estava no auge o capitalismo industrial e as empresas multinacionais se expandiam por todo o planeta para dominar os mercados e explorar a mão-de-obra barata e os recursos naturais dos países periféricos. Nesse contexto foi lançada a Revolução Verde, que prometia acabar com a fome. A produtividade por hectare aumentou e a produção mundial quadruplicou. Mas os famintos passaram de 80 milhões para 800 milhões.
Expediente
Núcleo Piratininga de Comunicação
Jornalista responsável: Claudia Santiago
Estagiárias: Luisa Santiago, Raquel Junia e Sheila Jacob Colaborou nesta edição: Jéssica Santos (RJ), Gizele , Gean, Katarine Flor, Douglas, Cinthia, Glaucia Fotos do curso: Eduardo Nunes e Laércio
Se você não quiser receber o Boletim
do NPC, por favor, responda esta mensagem escrevendo REMOVA.
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