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Boletim do
NPC —
Nº 135
— De 1 a 15/11/2008
Para
jornalistas, dirigentes, militantes
e
assessores sindicais e dos Movimentos Sociais
Notícias do NPC
Curso Anual do NPC: inscrições terminam nesta quarta-feira, dia 12
Já recebemos inscrições de quase todos os estados do Brasil. O 14º Curso Anual do NPC começa no dia 19 de novembro, com cinco oficinas e apresentação de trabalhos. Os participantes podem escolher duas opções de oficina e uma opção de apresentação de trabalhos. De 14h às 16h, as opções são: - Nossa Linguagem: palavras e frases, com o coordenador do NPC, Vito Giannotti
- Ilustração: uma poderosa arma da luta política, com o cartunista Latuff
De 16h às 18h, as opções são: - Blogs/ Orkut / Grupos / Rádio Web e a Comunicação Sindical, com o jornalista Arthur Willian
- A nossa pauta e a disputa na sociedade, com Vito Giannotti
- Infográficos: necessidade e viabilidade, com o infografista Gustavo Sixel
De 18 às 20h, a jornalista Rubermária Sperandio apresentará um trabalho sobre Rádios Comunitárias em Mato Grosso. A jornalista Najla Passos apresentará A prática na mídia burguesa: Veja e o MST; e o professor e jornalista Rozinaldo Miani, da Universidade Estadual de Londrina, fará uma exposição sobre o trabalho A Charge na Imprensa dos Metalúrgicos do ABC. Nossas homenagens
O 14º Curso Anual do NPC será de 19 a 23 de novembro, no Sindicato dos Contabilistas do Rio de Janeiro. Em 2008, o NPC homenageia os operários da Wiliam, Valmir e Barroso, assassinados pela repressão à greve da CSN, em 9 de novembro de 1988, e à revolucionária, Rosa Luxemburgo. Quem nos apóia
Para a realização deste 14º Curso Anual, o NPC conta com o apoio de amigos em diversoss cantos e recantos do país. Agradecemos, especialmente, ao Sindicato dos Contabilistas, que, mais uma vez nos recebe de portas abertas. Ao Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro, onde serão realizadas algumas oficinas; e ao NEAD/ Ministério do Desenvolvimento Agrário que apóia este curso garantindo as condições de participação de 15 jornalistas populares das diversas regiões do país e a todos os que aceitaram nosso convite para fazer palestras, em especial, ao jornalista Ignácio Ramonet que virá ao Brasil unicamente para o 14º Curso do NPC.
Radiografia da Comunicação Sindical
Sindicato disputa hegemonia com agência de notícias, rádio e militância pela democratização da mídia
Entre as iniciativas de agências, páginas, portais e blogs que serão apresentadas em nosso curso estará a mídia feita pelo Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro- RJ). Além de manter um portal, uma rádio na Internet, editar impressos, o Sindipetro também participa da mobilização no Rio pela democratização da mídia. “Democratizar a comunicação. Verdade a qualquer preço, a justiça a qualquer custo. Questão de soberania”, piscam as chamadas de apresentação da Agência no topo da página eletrônica. Diariamente, a lista de cerca de 10 mil contatos do sindicato recebe notícias por correio eletrônico. A linha editorial dos veículos está baseada na defesa da soberania e na democratização da comunicação. As pautas apontam para essas temáticas, com destaque para notícias que abordem a luta contra a privatização do petróleo e gás. O Sindipetro atua ainda na TV Comunitária de Niterói, que atualmente está com o transmissor quebrado. A Rádio Petroleira possui programação ao vivo diariamente, das 17 às 22 horas. A rádio também produz vinhetas em apoio a movimentos sociais e manifestações populares. Foi na rádio Petroleira que as vinhetas para a passeata “Governos, parem de matar os nossos jovens!” foram gravadas. A manifestação, em maio desse ano, lembrou a morte do estudante Edson Luis, durante a ditadura civil-militar e denunciou a criminalização da pobreza pelos governos.
A Comunicação que queremos
MST também quer “reforma agrária do ar”
Na mesa de abertura do Curso Anual do NPC A Comunicação do Império e a resistência dos movimentos sociais, estarão o diretor do jornal francês Le Monde Diplomatique, Ignácio Ramonet, e João Pedro Stedile, da Coordenação Nacional do MST. O MST é um exemplo de que os movimentos sociais, sindicatos, partidos de esquerda devem fazer sua própria comunicação. Além de ocupar os latifúndios da terra, o MST quer também a “reforma agrária do ar”. E para isso já tem algumas ferramentas. Além da página na Internet com notícias atualizadas, há também um jornal, uma revista e o programa de rádio Vozes da Terra, disponível gratuitamente na Internet. Contribua com a mídia do MST pelo contato assinaturas@mst.org.br
De Olho Na Mídia
Como a direita, através da mídia, cria seus intelectuais orgânicos
Este é o nome de uma das mesas de discussões do curso. Os convidados serão os professores da PUC-São Paulo, José Arbex e Hamilton de Souza e o professor da Unicamp, Reginaldo Moraes. Um artigo do professor Hamilton de Souza, com o título A violência da imprensa já nos fornece uma mostra de como a mídia forma seus intelectuais orgânicos. Para ele, “muitos jornais, revistas, emissoras de rádio e de TV atuam como cães de guarda ou como partidos das classes dominantes”. “A violência praticada pela imprensa é o tipo de violência que não atinge apenas os alvos escolhidos e as vítimas diretas, pois ela contamina e corrói o conjunto da sociedade, na medida em que sonega a compreensão da realidade e alimenta uma visão distorcida, dissemina a intriga, a calúnia e o preconceito, não respeita a verdade dos fatos. A luta contra a violência e contra a impunidade implica, também, na defesa de um sistema de comunicação efetivamente democrático, que mostre o Brasil sem restrições e que garanta ao povo o direito de expressar livremente a sua opinião – sem manipulação”, diz Hamilton de Souza.
Democratização da Comunicação
Dioclécio Luz ensina “A Arte de Pensar e Fazer Rádios Comunitárias”
Na mesa Perspectivas para as rádios comunitárias e para a Internet, um dos convidados será o jornalista Dioclécio Luz. Ele é autor do livro A Arte de Pensar e Fazer Rádios Comunitárias, no qual o autor reflete com uma linguagem de fácil entendimento e diálogo constante com o leitor como deve funcionar uma rádio comunitária. Dioclécio enumera, por exemplo, o que devem fazer essas rádios conquistadas pelo povo: - provocar a reflexão
- fazer perguntas
- formular propostas com a população
- educar
- promover a arte e a cultura
- aprender com o povo
- questionar o latifúndio da comunicação
- mostrar a realidade
- não ter medo do novo
“Este livro é para os sonhadores. Ele continua a trilha apaixonada das rádios comunitárias. É para aqueles que vivem com um pé no chão e o outro nas estrelas. Para os que acreditam em mudanças, e mudanças para melhor. Neste sentido, é um livro radical: é para quem não se acostumou em comer as sobras da mesa”, introduz Dioclécio Luz. O livro estará disponível para os interessados durante o Curso.
Imagens da Vida
Foto: Eduardo Nunes
Auditório do 13º Curso Anual do NPC, em novembro de 2007. No alto, à direita, homenagem a Ernesto Che Guevara. Nesse ano o curso homenageia Rosa Luxemburgo.
De Olho Na Vida
Conferência Internacional da Via Campesina reafirma luta contra multinacionais
Na V Conferência Internacional da Via Campesina, realizada no mês de outubro, em Maputo, Moçambique (África), o movimento assumiu, entre outros, o compromisso de continuar a luta contra as empresas transnacionais, consideradas a principal ameaça ao campesinato. A Cargill, Monsanto, Nestlé WallMart foram citadas entre as empresas que ameaçam de forma direta as comunidades do campo. A Via Campesina propõe a outros movimentos transformar o dia 16 de outubro no dia mundial de mobilização contra as transnacionais. E potencializar a luta contra os Tratados de Livre Comércio e contra a criminalização dos movimentos sociais. Lourdes Vicente, militante da Via Campesina é uma das convidadas do curso na mesa A Mídia e a Criminalização dos trabalhadores e dos Movimentos Sociais. Também participarão desta mesa o coronel da Polícia Militar de Sergipe Luís Fernando Almeida e o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol-RJ)
Memória
Agenda do NPC homenageia 20 anos da greve de Volta Redonda
Operários da CSN votam em assembléia Durante o curso, será lançada a Agenda 2009 do NPC, com o tema a luta dos trabalhadores do Brasil. Vinte anos depois, a agenda lembra a greve de 1988 dos trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, Rio de Janeiro, e homenageia os três trabalhadores mortos pela repressão. Willian, Valmir e Barroso: PRESENTE! [Por Claudia Santiago] No dia 7 de novembro de 1988, os operários da CSN entraram em greve. Lutavam pela implantação do turno de 6 horas, reposição de salários usurpados por planos econômicos e reintegração dos demitidos por atuação sindical. A greve envolveu a comunidade de Volta Redonda. No dia 9 de novembro, soldados do Exército de vários quartéis do estado e do Batalhão de Choques da PM-RJ dispersaram uma manifestação em frente ao escritório central da companhia e invadiram a usina. . Mataram William Fernandes Leite, 22 anos, com tiro de metralhadora no pescoço. . Mataram Valmir Freitas Monteiro, 27 anos com tiro de metralhadora nas costas. . Mataram Carlos Augusto Barroso, 19 anos, com esmagamento de crânio. Mesmo após os assassinatos e prisões a greve continuou até o dia 23 de novembro. Os trabalhadores conquistaram todas as suas reivindicações. No dia 1º de maio do ano seguinte foi erguido, na Praça Juarez Antunes, memorial em homenagem aos três operários. Algumas horas depois uma bomba explode e põe por terra o memorial. Todos os participantes do Curso Anual receberão a Agenda NPC 2009. É a nossa homenagem aos nossos mártires e um incentivo a todos nós para conservarmos e divulgarmos a “memória operária”, a memória dos trabalhadores.
Proposta de Pauta
Movimento de funkeiros rejeita visão distorcida que a grande mídia mostra do funk
MC Leonardo, do Movimento Funk é Cultura e da Associação dos Profissionais e Amigos do Funk (APAfunk) também é um dos convidados do Curso Anual do NPC. Juntamente com a professora da Universidade Federal Fluminense, Adriana Facina, participará da mesa A arte na periferia. A Apafunk foi criada em agosto desse ano, no Rio de Janeiro. “Reivindicar politicamente o funk como cultura nos fortalecerá enquanto coletivo para combatermos a estigmatização que sofremos e o poder arbitrário que, pela força do dinheiro ou da lei, busca silenciar a nossa voz”, diz o manifesto da Associação. MC Leonardo explica que o Funk carioca não é só o que se vê no mercado e que o ritmo, como os outros, também tem uma função social a cumprir. “Todos os ritmos do nosso país têm por obrigação de fazer alguma coisa pelo social, pois somos um país de uma desigualdade muito grande e precisamos usar nossa arte para lutar contra isso (informação é uma arma poderosa). Mas atribuo essa obrigação ao Funk, de maneira muito mais clara, porque além da Favela sofrer mais do que qualquer outra parte da cidade no que diz respeito à segurança pública, a produção musical do Funk é de longe a maior do país. A grande mídia sabe disso, por isso propaga o Funk de maneira nada agradável, o que faz o Funk ser o que é nas cabeças das pessoas desinformadas sobre o movimento”. O que acham de tentar quebrar esse estereótipo e mostrar o Movimento Funk é Cultura em nossos jornais?
De Olho No Mundo
Como estão as políticas de comunicação dos governos da América Latina?
Para o professor e jornalista Dênis de Moraes, Venezuela, Bolivia e Equador se destacam quanto a políticas públicas para se democratizar a comunicação. No último país, a legislação aprovada recentemente diz que as concessões futuras de rádio e TV não poderão mais ser cumulativas. Dênis de Moraes visitou vários desses países da América Latina para uma pesquisa sobre o assunto, que será publicada em livro. Quem sabe estará pronto para o 14º Curso! Dênis é convidado na mesa Quem Controla a mídia na América Latina e no Brasil, juntamente com o jornalista Venício Lima.
Pérolas da edição
Por convidados do 14º Curso Anual do NPC – Mídia dos Trabalhadores e Política
“(...) quem conta a História influencia na forma como ela é feita. Mas quem faz a História somos nós. No entanto, quem conta a História tem um poder danado. Estou convencido disso, porque você constrói a representação do passado. E o passado é importantíssimo para orientar a sua ação de presente. É por isso que nós não podemos descuidar dessa questão”. Venício A. de Lima, em entrevista ao Núcleo Piratininga de Comunicação. Na ocasião, em 2004, ele participou do 10º Curso Anual do NPC. “Na qualidade de patrocinadora do cinema nacional, que vive dos impostos que pago, demando filmes prenhes de utopia, nos quais a realidade seja entendida como processo e não como aprisionamento estático do futuro”. Adriana Facina, no artigo Era (mais) uma vez a criminalização da favela, publicado no Observatório da Indústria Cultural. “O que acontece com a grande mídia brasileira? Ela menospreza a inteligência popular, trata a população como se fosse imbecil, dá ordens, faz revistas nas quais não há mais texto, ela desalfabetiza, deseduca. Nós precisamos de meios que respeitem a inteligência da população, que socializem os conhecimentos que existem, que sejam capazes de produzir de fato debates reais. A mídia hoje é meio unicamente de convencimento mercantil. É uma grande indústria, não é mais serviço”. Virgínia Fontes, em entrevista ao jornal Fazendo Media, em agosto de 2006.
Novas entrevistas em nossa página
A TV e a negação do Brasil – Entrevista com Joel Zito
Joel Zito Araujo também estará em nosso curso. Confira entrevista feita com ele na ocasião em que realizava o filme A Negação do Brasil. “Você não pode discutir cidadania se o país não tiver orgulho da sua composição multiética, multirracial, multicultural – esse é um tema muito forte. Outro tema também importante no meu trabalho, e vai estar em A Negação do Brasil, é que eu acho que qualquer trabalho, ele tem de ter um compromisso com a auto-estima, com a valorização do componente racial negro no Brasil”, diz Joel Zito ao programa Salto para o Futuro, da antiga TVE, hoje TV Brasil.
Novos artigos em nossa página
Brasil, 1968: o Assalto ao Céu, a descida ao Inferno
[Por Mario Maestri] Em 12 de dezembro, o Congresso Nacional rechaça o pedido aviltante. No dia seguinte, 13 de dezembro de 1968, o governo liquida o que restava de liberdade democrática. O caso Márcio Moreira Alves era uma justificativa.
Tragédia de Eloá exige urgente controle social sobre a mídia [Por Beto Almeida] Enquanto a mídia estiver acima do bem e do mal, livre de qualquer controle social civilizatório, humanizador e democrático da sociedade, estaremos sendo surpreendidos por espetáculos animalescos em que a televisão termina envolvendo-se irresponsavelmente em crimes, tal como ocorreu agora no seqüestro que terminou com a trágica morte da adolescente Eloá Cristina.
Expediente
Núcleo Piratininga de Comunicação
Jornalista responsável: Claudia Santiago Estagiárias: Luisa Santiago, Raquel Junia e Sheila Jacob
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