De Olho Na Mídia


Quilombolas se articulam nacionalmente contra a Globo

[Por Henrique Costa] A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) se prepara para realizar no próximo dia 5 de outubro um ato para questionar o papel das concessões públicas de televisão e o oligopólio das comunicações no país. O principal alvo da manifestação é a Rede Globo de Televisão, acusada de criminalizar e deslegitimar o movimento dos quilombolas.

O ato pretende agregar outras entidades e movimentos sociais, e a idéia é que nesse dia haja um boicote à programação da Globo e que se realizem atividades nos quilombos sobre análise de mídia. Outras organizações que defendem a democratização da comunicação planejam manifestações para o mesmo dia para reivindicar transparência na outorga e renovação das concessões de rádio e televisão. A data foi escolhida pelas entidades, pois nesse dia vencem as concessões da Rede Globo, TV Bandeirantes e TV Record.

A manifestação dos quilombolas é motivada por matérias recentes veiculadas na imprensa com conteúdo discriminatório e que contestam tanto a legitimidade das comunidades quanto o reconhecimento, pelo Incra, de territórios que foram ocupados por quilombos durante a vigência do regime escravocrata no Brasil. O estopim da indignação foi uma reportagem veiculada no Jornal Nacional do dia 14 de maio deste ano, quando a emissora acusa a comunidade remanescente de São Francisco do Paraguaçu, em Cachoeira (BA), de falsificar documentos e, portanto, fraudar seu processo de legalização como comunidade descendente, já aprovado pela Fundação Cultural Palmares, ligada ao Ministério da Cultura. Em nota divulgada na época (leia aqui), a Conaq acusava a Rede Globo de manipular os fatos em benefício dos fazendeiros locais.

A primeira iniciativa da Conaq foi entrar com um pedido de direito de resposta contra a Rede Globo, que ainda não teve retorno. Agora, do ponto de vista jurídico, a entidade pretende procurar o Ministério Público para tomar as medidas cabíveis. "A reportagem veiculada pela Globo foi forjada. As entrevistas com o nosso povo foram simplesmente ignoradas. Até a Rede Record chegou a fazer uma reportagem negando o que havia passado na Globo, mas por pressão dos fazendeiros, ela nem chegou a ir ao ar", descreve Clédis Souza, uma das coordenadoras da Conaq.

Segundo os organizadores, a manifestação do dia 5 de outubro é mais uma oportunidade para demonstrar a insatisfação dos movimentos sociais com a mídia conservadora e suas investidas contra os setores populares. Clédis Souza diz que vários movimentos já foram contatados, como o MST e o movimento negro no sentido de se agregarem ao ato. "É importante, no dia 5 de outubro, que mostremos que também temos força para questionar esta emissora, fazendo um boicote que crie repercussão", conta.

NPC Informa


Jornalismo de Informação Sindical: atores e práticas de uma forma de produção jornalística

No livro Jornalismo de Informação Sindical: atores e práticas de uma forma de produção jornalística, o pesquisador Vladimir Caleffi Araujo, analisa importantes aspectos da comunicação sindical: as condições que envolvem a produção da informação, as relações de interdependência que se estabelecem entre jornalistas, dirigentes e militantes sindicais, os mecanismos de funcionamento, decisão, etc. e as estratégias de produção. O trabalho aborda experiências tanto do sindicalismo brasileiro como francês e é uma adaptação da tese de doutoramento em Ciência da Informação e da Comunicação defendida em 2003 na Université Panthéon-Assas Paris II - Institut Français de Presse. Será lançado em dezembro pela Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 

“ O processo de evolução da informação sindical indica que esse campo passou por transformações profundas nos últimos anos, no que diz respeito tanto a seus meios de produção e difusão de informação (principalmente com a incorporação de novos veículos de comunicação) como a seu corpo de profissionais (através da profissionalização crescente de jornalistas e técnicos, agentes produtores da informação sindical) e a suas práticas informativas”, afirma Araujo.

Exposição no Rio: Esporte na Favela – um olhar descolonizado

[Por Lígia Coelho] Olhar a favela por dentro da favela, com um olhar descolonizado. Essa é a proposta da exposição Imagens do Povo – Esporte na Favela, inaugurada nesta segunda-feira, dia 20 de agosto, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro. A mostra reúne cem fotos de 16 jovens formados em 2006 pela Escola de Fotógrafos Populares do Observatório de Favelas, localizada no Complexo da Maré e é patrocinada pelo Ministério do Turismo. A exposição, que fica em cartaz até o dia 16 de setembro. 

Do judô ao pião

Os registros fotográficos da mostra foram feitos nas favelas da Rocinha e Vidigal (Zona Sul do Rio), no Morro da Coroa (Zona Norte) e na Vila Vintém (Zona Oeste). A curadoria é dos fotógrafos Dante Gastaldoni, João Roberto Ripper e Kita Pedroza, professores da Escola de Fotógrafos Populares, inaugurada em 2004, no complexo da Maré, junto com a agência Imagens do Povo. A Escola oferece um curso de 540 horas/aula, patrocinado pela Unicef e chancelado pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal Fluminense. Os fotógrafos que integram a mostra são: Adair Aguiar A.F. Rodrigues, Bira Carvalho, Davi Marcos, Diana Araújo, Fabio Café, Francisco Valdean, Jaqueline Felix, Larissa Freitas, Maicon Camargo, Ratão Diniz, Rodrigues Moura, Rosinaldo Lourenço, Rovena Rosa, Sadraque Santos e Walter Mesquita.

Mostra Memória da Loucura em cartaz no Rio de Janeiro

A mostra Memória da Loucura fica em exibição no Centro Cultural da Saúde, no Rio de Janeiro, até o dia 15 de dezembro. Praça Marechal Âncora, s/n° (Praça XV). A mostra apresenta personagens, documentos, fotos e cenários da história da Psiquiatria no Brasil, desde a criação do Hospício de Pedro II até os dias de hoje, com a consolidação da lei n.º 10.216, de 6 de abril de 2001, que dispõe sobre a gradativa desativação dos manicômios e a implementação
dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

Ciclo de filmes sobre a questão agrária em São Paulo

O Cineclube Jair Borin, uma iniciativa da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra) e da Associação dos Servidores do Incra (Assincra), vem promovendo, em São Paulo (SP), um ciclo de filmes com temas relacionados à questão agrária do país. Os filmes têm sido exibidos no cinema do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O Cineclube Jair Borin fica na Rua Dr. Brasílio Machado, 203 - 8° andar - Campos Elíseos - São Paulo (próximo à estação Marechal Deodoro do Metrô) 

Os filmes serão exibidos em mais três datas este ano, confira abaixo a programação:

23 de agosto: “O Leopardo” de Luchino Visconti.

Convidados: José Juliano de Carvalho Filho e Marcelo Goulart 

20 de setembro: “Notícias de uma guerra particular”

Convidados: Hélio Luz e Periferia Ativa 

18 de outubro: “Deus e o Diabo na Terra do Sol” de Glauber Rocha.

Convidados: Professora especialista em Glauber Rocha  e um representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Por Dentro da Universidade


Professora da Universidade de Paris VIII debate sobre Políticas Culturais na UFRJ

Nos próximos dias 23 e 24 de agosto, às 9h, no salão Moniz Aragão do Forum de Ciência e Cultura (FCC), acontece o Seminário de Políticas Culturais, organizado pelo Programa de Ensino Tutorial (PET) da Escola de Comunicação da UFRJ. O evento conta com a participação da professora Anne-Marie Autissier, da Universidade de Paris VIII, que abordará temas relacionados ao seu foco de pesquisa: a sociedade e suas manifestações culturais.

No dia 23, quinta-feira, o tema da palestra, proferida em espanhol, é Construção dos Imaginários Sociais pelas Imagens Midiáticas. Já dia 24, uma mesa redonda com diversos especialistas discutirá a questão das Identidades Culturais. A entrada é franca.

O evento acontecerá no Salão Moniz Aragão (2º andar do Forum de Ciência e Cultura), campus da Praia Vermelha (UFRJ). Informações: (21) 8667-4008 (Isabella Bonisolo)

Proposta de Pauta


Sergipe inclui pergunta sobre transposição no Plebiscito Popular da Vale

De 1º a 9 de setembro, organizações dos movimentos sociais, religioso, sindical, estudantil, popular, realizam Plebiscito Popular, sobre o qual a população brasileira deverá se manifestar sobre: a anulação do leilão da venda da Vale do Rio Doce; a questão da energia (pela qual as famílias brasileiras pagam oito vezes mais caro do que as empresas); o não pagamento das dívidas externa e interna que inviabilizam investimentos sociais mais sérios; e a proposta de Reforma da Previdência, que retiraria vários direitos adquiridos. 

Em Sergipe os representantes de entidades, organizações e movimentos sociais de todo o Estado definiu pela inclusão na consulta à população o tema sobre a transposição do rio São Francisco. 

Para o presidente estadual da CUT, Antônio Carlos Góis, as perguntas abordam temas que contribuem para reflexão e construção de um novo projeto para o Brasil, chamando a responsabilidade de todos os trabalhadores e trabalhadores como construtores de uma nação livre e soberana. 

As perguntas terão a alternativa para resposta o SIM ou o NÃO. Veja as perguntas: 

1. Em 1997, a Companhia Vale do Rio Doce - patrimônio construído pelo povo brasileiro - foi fraudulentamente privatizada, ação que o governo e o poder judiciário podem anular. A Vale deve continuar nas mãos do capital privado?  

2. O Governo deve continuar priorizando o pagamento dos juros da dívida externa e interna, em vez de investir na melhoria das condições de vida e trabalho do povo brasileiro?  

3. Você concorda que a energia elétrica continue sendo explorada pelo capital privado, com o povo pagando até 8 vezes mais que as grandes empresas?  

4. Você concorda com uma reforma da previdência que retire direitos dos trabalhadores/as?  

5. Você concorda com a transposição das águas do rio São Francisco? 

Com o a realização do plebiscito os organizadores, cobram a regulamentação do artigo 14 da Constituição Federal, que trata de plebiscitos e referendos. Cobram ainda o controle social sobre as políticas públicas.

Dicas


PAUL GAUGUIN

PAUL GAUGUIN 1891 - Femmes de Tahiti,  Musée d Orsay, Paris (Leia sobre Paul Gauguin, em http://www.sabercultural.com/template/pintores/PaulGauguin1.html)

 

De Olho Na Vida


Marcha das Margaridas

Foto:Marcello Casal JR/AB

Brasília - Trabalhadoras rurais participaram da abertura da Marcha das Margaridas, que começou nesta quarta-feira, dia 22, em Brasília, com o tema "Duas mil e sete razões para marchar". Cerca de 30 mil mulheres participaram, na Esplanada dos Ministérios, da Marcha das Margaridas e pediram, entre outras revindicações, o combate à fome, à pobreza e à violência doméstica.

Pérolas da edição


Heinz Von Achlochstrecher

"Mandar cinegrafistas ficar nas janelas do Palácio do Planalto filmando as janelas dos escritórios para pegar alguém coçando prurido anal, o buraco do nariz ou da orelha é uma atitude que denota absoluta falta de controle emocional e uma obsessão que pode ser contagiosa.”

Heinz Von Achlochstrecher, psiquiatra suíço (Nobel de Psiquiatria) sobre as imagens do assessor especial Marco Aurélio Garcia fazendo gestos obscenos em seu gabinete.

Empresária paulista

" Ele [o coronel Ubiratan], se estivesse vivo, certamente estaria nos apoiando. Ele era desses que nunca fugiu à luta”

Frase de empresária referindo-se ao coronel acusado de comandar o massacre do Carandiru (1992), em manifestação do "Movimento Fora Lula! O Brasil Acordou", realizado em São Paulo, em 04/08/2007 - Folha de São Paulo - 05/08/2007

Memória dos Trabalhadores


Centro de Memória reúne história do sindicalismo bancário no Rio

O Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro inaugura seu Centro de Memória no próximo dia 24, às 16h. O evento contará com a exibição do curta-metragem "Aluísio Palhano", dirigido por Clarisse Mantuano.  Palhano foi presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e da Contec. Com o golpe de 64, o ativista teve seus direitos políticos cassados e passou a ser perseguido pelos órgãos de repressão. Viveu fora do Brasil por seis anos e, ao regressar, em 1970, fez alguns contatos com a família. Testemunhos de outros presos políticos revelam que Palhano foi preso em maio de 1970 e assassinado sob tortura poucos dias depois. O militante foi dado como morto somente em 1978 e até hoje as autoridades militares não admitem sua prisão e morte.

Novos artigos em nossa página


Os riscos do financiamento à TV digital - Por Gustavo Gindre

O governo anunciou que irá financiar a implantação da TV digital no Brasil. Através do BNDES, o Programa de Apoio à Implementação do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (ProTVD) terá disponível cerca de R$ 1 bilhão para apoiar três linhas de crédito: fornecedor (empresas de equipamentos), radiodifusão (para as emissoras) e conteúdo. [16.08.2007] 

[Dica do NPC - Este texto foi publicado no Boletim do Observatório do Direito à  Comunicação. Se desejar  recebê-lo, envie um e-mail para boletim@direitoacomunicacao.org.br].

Quando o baralho tem cinco reis - Por Gustavo Gindre
Há muitos anos, milito no movimento de democratização da comunicação. Já vi muita coisa escabrosa, mas poucas vezes me senti tão constrangido quanto na reunião realizada pelo ministro Hélio Costa, no dia 1° de agosto, para discutir a digitalização do rádio.



Desaparecidos de nascença - Por Vera Malaguti Batista

A questão dos desaparecidos como fenômeno político aparece durante os ciclos militares da América Latina no século XX, do Brasil à Guatemala. No entanto, não se pode pensá-la como um momento singular, mas como uma permanência histórica. A diferença entre as conjunturas aponta, na superfície, para uma seletividade às avessas: naquele momento os que desapareciam não eram exatamente a clientela típica da tortura e do extermínio em nossas paragens. [18/08/2007]

Expediente Boletim do Núcleo Piratininga de Comunicação Editora-responsável: Claudia Santiago Editores-assistentes: Kátia Marko (RS), Gustavo Barreto (RJ) e Bruno Zornitta (RJ) Web: Luisa Vieira Souto  Colaboradores: Ana Manuella Soares, Carlos Maia, Eliane Amaral, Ligia Coelho, Marcela Figueiredo, Regina Rocha e Renata Souza Colaboram nesta edição: Adriane Rodrigues (RJ), Guilherme Marques Soninho (RJ) e Roberto Ponciano (RJ). Consultores: León Diniz, Lycia Ribeiro, Reginaldo Moraes, Sérgio Domingues, Virgínia Fontes e Vito Giannotti. Se você não quiser receber o Boletim do NPC, por favor, responda esta mensagem escrevendo REMOVA.