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Boletim do NPCNº 63De 1 a 15.3.2005
.Para jornalistas, dirigentes, militantes e assessores sindicais e dos Movimentos Sociais
TOME NOTA: Novo telefone do NPC. (21) 9923-10-93 (para falar com Augusto ou Vito)

ÍndiceClique nos ítens abaixo para ler os textos.
Notícias do NPC
20 de março: Dia Internacional de Luta contra a guerra
Curso de Oratória no Rio de Janeiro
Caderno sobre a história do 1º de maio
Cartilha sobre o Trabalho Escravo no Maranhão foi lançada em março
NPC ministra curso de história das lutas dos trabalhadores em Porto Alegre
Sítio do NPC inaugura seção

A Comunicação que queremos
Entidade capacita mulheres a criarem programas de rádio com olhar feminino
Rede Mocoronga ganha prêmio internacional
Dê seu apoio à imprensa jovem alternativa
Fórum Social Mundial: os números e as lutas

NPC Informa
Adital ganha reconhecimento da Unesco
Mais oito rádios comunitárias fechadas em Uberaba
Fiscais da Anatel lacram Rádio Comunitária Esperança FM

De Olho Na Mídia
Veja faz campanha contra a Reforma Agrária
UNE e Globo unidas e projeto Ancinav castrado
Walter Salles protesta contra organizadores do Oscar
Ministro venezuelano contesta imprensa internacional

De Olho No Mundo
Jornal do Sindipetro-RJ entrevista Hugo Chávez

Proposta de Pauta
Os cidadãos contra a ditadura financeira

Democratização da Comunicação
TV digital: especialistas debatem modelo a ser seguido
Lei de comunicação de massa: nova tentativa

Pérola da edição
Florestan Fernandes, em 'O que é Revolução'

Novos artigos em nossa página
Dono de jornal quer imprensa livre, mas sem perder comando
Por uma mídia mais democrática
Matéria na Isto É Dinheiro é repudiada por ambientalistas
A cultura e a comunicação sob a tirania do mercado
TV Brasil promete integração sul-americana
FHC fala em crise e pede a Bush maior presença no continente

Entrevista
Dom Tomás Balduíno: Pelos direitos dos povos

Sobre o Boletim


Notícias do NPC

20 de março: Dia Internacional de Luta contra a guerra
20 de março é Dia Internacional de Luta contra a intervenção estadunidense no Iraque. No Rio de Janeiro os protestos começam na sexta-feira com panfletagem na Cinelândia. No sábado, dia 19, o Comitê-Rio contra a guerra e a violência, que definiu que a luta contra a violência nas favelas é uma de suas prioridades, estará em Vigário Geral participando de culto ecumênico no bairro, às 17h. No dia 20, o ato é na Cinelândia, às 11h, de onde sairá uma caminhada pelo Aterro do Flamengo. O Projeto Domingo é Dia de Cinema, uma parceira Oficina Cine-Escola / Grupo Estação, Pré-vestibulares Comunitários e Núcleo Piratininga de Comunicação exibe, também no dia 20, às 9h, na Cinelândia, o filme A Batalha de Argel. Ingresso: R$ 2,00.

Curso de Oratória no Rio de Janeiro
Estão abertas as inscrições para o Curso de Oratória Sindical e Popular, no Rio de Janeiro. Será nos dias 29 e 30 de março, no Sindicato dos Engenheiros. As inscrições custam R$ 200,00 e devem ser feitas diretamente no NPC, com Augusto, pelo telefone (21) 2220-5618. Os sindicalistas que forem indicados pela Secretaria de Formação da CUT-RJ, cujo titular é o eletricitário Jorge Viana, terão desconto de 50%.

Caderno sobre a história do 1º de maio
O Núcleo Piratininga de Comunicação, com o apoio do Sindipetro-RJ, está produzindo um caderno especial sobre a história do 1º de maio no Brasil e no mundo. A pesquisa e redação são da jornalista Rosângela Gil e do coordenador do NPC, Vito Giannotti. No próximo boletim informaremos como será a distribuição.

Cartilha sobre o Trabalho Escravo no Maranhão foi lançada em março
Foi lançada no municipio de Imperatriz, no início do mês de março, a cartilha "Combate ao Trabalho Escravo no Maranhão", produzida pelo NPC, a pedido da Delegacia Regional do Trabalho do Maranhão e do Fórum Estadual pela Erradicação do Trabalho Escravo. Para obter exemplares dessa cartilha, dirigir-se a drtma@mte.gov.br

NPC ministra curso de história das lutas dos trabalhadores em Porto Alegre
A próxima turma a fazer o curso História das Lutas dos Trabalhadores, do Núcleo Piratininga de Comunicação, é formada por aproximadamente 100 bancários do Rio Grande do Sul. A promoção é dos Federação do Bancários daquele estado.

Sítio do NPC inaugura seção
O Núcleo Piratininga de Comunicação já conta com um novo canal de divulgação das atividades dos movimentos sociais. Além do tradicional Boletim NPC, de divulgação quinzenal, a seção AGENDA destacará eventos no Brasil e no mundo, com atualização diária. Para divulgar seu evento, basta enviar um e-mail para piratininga@piratininga.org.br ; Para visitar a seção, basta entrar em www.piratininga.org.br


A Comunicação que queremos

Entidade capacita mulheres a criarem programas de rádio com olhar feminino
Uma rádio com um olhar 'lilás' sobre as questões cotidianas. Essa foi a proposta de um grupo de mulheres ativistas que buscavam um canal de comunicação para divulgar seus desejos e seus direitos frente a uma sociedade ainda preconceituosa. A ONG Comunicação, Educação e Informação em GêneroCEMINA, criada nos anos 80, surgiu para dar voz e vez às mulheres, questionando valores e estruturas da sociedade. A primeira iniciativa da entidade foi o programa Fala Mulher, que surgiu em 1988 a partir de um grupo de voluntárias e se profissionalizou. O programa fez escola e foi transmitido durante 12 anos na rádio Guanabara e Rede Bandeirantes do Rio de Janeiro.

"O programa Fala Mulher foi pioneiro em produzir algo diferente para as mulheres. Não tratava de dicas de beleza, receitas de bolo e coisas domésticas, mas impulsionava um pensamento próprio para a mulher", comenta Denise Viola, coordenadora do Núcleo de Produções Radiofônicas do CEMINA. Com o sucesso do programa Fala Mulher, um público formado por líderes comunitárias e entidades queria aprender a utilizar a rádio como instrumento de luta para as relações de gênero. Assim, a CEMINA passou a oferecer cursos de capacitação. A entidade agrupava os interessados de acordo com o tema para começar as turmas, que ficavam de quatro a cinco dias reunidas para aprender a elaborar uma matéria e editar o produto final. Há aulas teóricas e práticas para as pessoas poderem manusear tanto a mesa de operação do áudio, quanto elaborar uma pauta. Informações do Setor3; saiba mais em www.cemina.org.br

Rede Mocoronga ganha prêmio internacional
A Rede Mocoronga de Comunicação Popular, Floresta Nacional do Tapajós e Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, ganhou um dos prêmios (categoria aberta) da primeira edição do Prêmio Yeomans para Conteúdos Locais, organizado pela Global Knowledge Partnership (GKP) e a Open Knowledge Network (OKN). A Rede Mocoronga forma jovens de comunidades tradicionais da floresta como repórteres para participar em uma rede local de comunicação, que integra jornais, rádios por alto-falante, produção de vídeos, fotografia e internet. As informações são do Boletim Prometheus via Grupo de Trabalho Amazônico.

Dê seu apoio à imprensa jovem alternativa
A Revista Viração continua a sua caminhada em defesa de uma informação livre e independente. Feita por e a partir dos jovens e adolescentes de todo o Brasil, a Vira é para quem tem fome de notícias sobre cultura, cidadania, comportamento, economia e política. São 10 edições por ano e um cartão-postal a cada edição. A assinatura anual custa apenas R$40,00 e pode ser feita por meio de depósito bancário em qualquer agência do Banco Bradesco: Ag.: 126-0 - C/C: 82330-9. Após o depósito, favor enviar o recibo e os dados do assinante por fax ou correio. Quem preferir boleto bancário, telefone ou mande e-mail para a revista: (11) 3237-4091 - assinatura@revistaviracao.com.br ; Aos assinantes pedimos a renovação antecipada para 2006. O valor é de apenas R$35,00. Conheça mais a proposta: www.revistaviracao.com.br

Fórum Social Mundial: os números e as lutas
O V Fórum Social Mundial foi realizado em Porto Alegre entre os dias 26 e 31 de janeiro de 2005. Na marcha que marcou o início do Fórum, estiveram presentes mais de 200 mil pessoas. No total, foram 155 mil participantes cadastrados, sendo 35 mil integrantes do Acampamento da Juventude e 6.823 comunicadores. Cerca de 6.872 organizações de 151 países estiveram envolvidas em 2.500 atividades, distribuídas entre os 11 espaços temáticos do Território Social Mundial. As maiores delegações foram as do Brasil, da Argentina, dos Estados Unidos, do Uruguai e da França. Os dias de maior pico foram 29 e 30 de janeiro: 500 mil pessoas circularam no Território Social Mundial. Os balanços, os números, as avaliações, as declarações e os documentos finais das atividades autogestionadas podem ser encontrados no sítio www.forumsocialmundial.org.br ; Já os frutos dos encontros, esses reaparecerão no dia-a-dia, dia após dia, com as lutas e desejos de mudanças reafirmados durante o FSM.


NPC Informa

Adital ganha reconhecimento da Unesco
A iniciativa de difundir notícias sobre uma região ainda pouco conhecida nos meios de comunicação da própria América Latina, em especial do Brasil, e do resto do mundo, vem dando frutos bastante positivos para a Agência de Informação Frei Tito para América LatinaAdital (www.adital.com.br). O objetivo maior, de ultrapassar as fronteiras latino-americanas, já é realidade. Quase 15 mil endereços eletrônicos recebem as notícias produzidas pela agência, em duas línguas (espanhol e português), com 265 mil acessos no mês passado. Diante da aposta num conceito de jornalismo que enfatiza os atores sociais dos países de América Latina, a Adital ganha, agora, o reconhecimento importante por parte da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). No dia 1° de março, o órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou que a Agência foi eleita como uma das 20 melhores iniciativas de comunicação da região. Dentro da iniciativa, lançada em novembro de 2004, "se buscam idéias e melhores práticas para promover a produção e difusão de conteúdos locais na América Latina".

A Adital foi eleita na categoria agência de notícias, juntamente com a Agência de Notícias Aids, do Brasil, e a AutoGestión Vecinal (Auto-Gestão Vicinal), do Uruguai. Em outras categorias, como televisão e rádios comunitárias, a Unesco destaca projetos também do Brasil, Argentina, Colômbia, Peru, Chile, Equador, Bolívia e Cuba. A agência explica que quer, com seu trabalho, "evidenciar para a sociedade mundial o pensamento e as práticas dos numerosos grupos e entidades, movimentos sociais, igrejas e pessoas que, na América Latina e Caribe, lutam contra estruturas de exclusão e constroem cidadania; além de favorecer a integração do continente e demonstrar a dignidade de indígenas, operários, mulheres etc".


Mais oito rádios comunitárias fechadas em Uberaba
A Polícia Federal, a pedido da ANATEL, fechou na semana passada mais oito rádios comunitárias na cidade de Uberaba, em Minas Gerais. São estas: Mulher, Mundial, Visão, Viva Rio, Terra, Atual, Planeta e Minas. A ordem partiu da Juíza Claudia Aparecida Salge, da 1ª Vara Federal de Uberaba, em mandado de 31 de janeiro deste ano (processo 2005.38.02.000365-2). O despacho da juíza manda “apreender os equipamentos transmissores e todos os outros equipamentos que estejam sendo utilizados para a empreitada criminosa”, causando indignação em integrantes das rádios comunitárias locais e de outros Estados.

“Não foi possibilitada qualquer forma de defesa dos companheiros, já que foram executadas várias ordens ao mesmo tempo”, diz Joaquim Carlos, supervisor jurídico da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço). Ele afirmou que foram requisitados fiscais da ANATEL e da Polícia Federal (PF) de todo o estado de Minas. “Na Rádio Mulher, foram cinco fiscais da ANATEL e cinco da PF. Eles pularam o portão, subiram no telhado do prédio, executaram apreensão em endereço diferente do estabelecido no mandado e coagiram a Presidente de uma associação, que mesmo enferma resistiu à investida dos agressores. Achavam que, por encontrar uma mulher e uma criança no local, resolveriam na base da pressão e no grito”, afirma.

Rádio TERRA tem objetos roubados
Uma integrante da Rádio TERRA informou que cerca de 15 pessoas - entre agentes da ANATEL e policiais da PF - invadiram a emissora com armas de fogo. “Eles coagiram o locutor com um mandado judicial. Apreenderam e lacraram tudo o que encontravam, inclusive telefone. Levaram todo o material de áudio, e mesmo o que não era de áudio. Levaram tudo”, diz Gleibe, uma líder local. Ela afirmou ainda que, em desrespeito à juiza da 2a Vara Criminal de Uberaba e signatária do mandado, os agentes estão levando todos os equipamentos apreendidos de Uberaba para a ANATEL em Belo Horizonte. “Querem tornar mais difícil a devolução do material, como um agente adiantou ‘em off’, para dificultar a ação de rádios que contrariam algumas pessoas”, denunciou.

Mas Gleibe diz que a reação virá: “A operação da PF e da ANATEL na TERRA FM, emissora com mais de nove anos no ar e defensora da Democratização da Comunicação Social, ocorreu sem derramamento de sangue. Breve estaremos no ar, agora com mais potência e modernidade. Jamais nos curvaremos ao monopólio e oligopólio da Comunicação no Brasil”. E concluiu: “Para Calar a nossa voz, somente a morte. Vamos lutar e ter coragem de enfrentar o Lula, traidor da esperança de um povo, a ANATEL e quem quer que seja”.

Fiscais da Anatel lacram Rádio Comunitária Esperança FM
Fiscais da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) lacraram no dia 4 de março os equipamentos de transmissão da Rádio Comunitária Esperança FM, que funciona na Vila Esperança, no bairro Pinheirinho, em Curitiba. A emissora foi criada no início de 2004 e protocolou pedido no Ministério das Comunicações para concessão de rádio comunitária em março do mesmo ano. A Rádio Comunitária Esperança FM mantém uma programação diversificada que envolve associações de moradores, organizações da sociedade civil, movimentos sociais, igrejas católicas e evangélicas. É mantida pela Associação Comunitária do Jardim Esperança, mas a programação é organizada e fiscalizada pelas entidades que têm programas e pela comunidade. Em razão da inércia do Ministério das Comunicações na concessão de rádios comunitárias, a Rádio Comunitária Esperança passou a transmitir mesmo sem autorização, mas respeitando as demais normas da Lei 9612/98, como o uso de transmissor homologado pela Anatel, com potência de apenas 25 watts.

A ação dos fiscais foi acompanhada por Eduardo Harder, advogado da organização não-governamental Terra de Direitos. O presidente da Associação Comunitária do Jardim Esperança, Ronny Roque da Silva, comunicou aos ouvintes que a rádio estava sendo "visitada" pela Anatel. Logo em seguida pessoas da comunidade começaram a chegar ao portão da emissora para acompanhar o fato. De posse da notificação emitida pelos fiscais, os responsáveis pela rádio irão encaminhar um pedido de liminar para que a rádio volte a funcionar enquanto o Ministério das Comunicações não agilizar a concessão. Esta foi a segunda vez que a Anatel visitou a Rádio em apenas um mês. Na primeira o fiscal não emitiu notificação. Atualmente existem apenas três rádios comunitárias autorizadas a transmitir pelo Ministério das Comunicações em Curitiba, sendo que duas estão em funcionamento. Ambas mantêm basicamente uma programação musical, sem participação efetiva da comunidade como determina a legislação. As informações são do Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo (www.cefuria.org.br).


De Olho Na Mídia

Veja faz campanha contra a Reforma Agrária
A edição da revista mais conservadora do País foi às bancas no dia 6 de março. O título da matéria é explícito: “Nós pagamos, eles invadem”. Abaixo do título, uma charge de João Pedro Stedile ordenhando uma vaca verde-amarela sobre um balde com o símbolo do MST, cheio de militantes tomando o leite que cai das tetas do animal.

A reportagem de André Rizek diz que “O MST nunca recebeu tanto dinheiro do governo. E agora é investigado por suspeita de usá-lo para financiar invasões”. Rizek alega que o MST viu secarem suas fontes de financiamento quando os doadores europeus voltaram sua atenção para o Leste Europeu nos anos 90. Além disso, a causa por que luta teria sofrido um esgotamento, já que nasceu apoiada no combate “aos – hoje praticamente inexistentes – latifúndios improdutivos”. Esses dois fatores teriam provocado “um esvaziamento do movimento”. E isso teria feito com que o MST fosse empurrado “para uma direção inédita: os braços do Estado”.

O artigo da Veja, como sempre, mistura fatos com interpretações e, sobretudo, opiniões que refletem sua linha política e ideológica conservadora. É fato que o apoio internacional aos movimentos populares se deslocou, hoje, do Brasil para outras áreas do mundo. Mas quem disse que hoje as terras e latifúndios improdutivos são quase inexistentes? E, sobretudo, por que a Veja silencia que milhões de hectares de terra que ela, alegremente, chama de produtivas são terras devolutas, terras sem dono.

Quanto ao que a Veja define como uma queda do MST nos braços do Estado, essa é outra afirmação ideológica.

O MST exige, com centenas de ocupações, que o Estado cumpra seu papel de implementar a reforma agrária. O que o MST exige e em parca medida recebe do governo não é nem um milésimo do que o agronegócio recebe de mil formas do mesmo governo. As maneiras do chamado agro-business aumentar seus lucros são tantas: ferrovias feitas especialmente para escoar seus produtos, portos, isenções e incentivos, estoques regulatórios, apoios técnicos e toda a parafernália de artifícios para financiar o capital.

Para a Veja, isso é legítimo. Seu interesse é convencer seu milhão de assinantes que o MST é o vilão, o bandido e deve ser processado. 

Por Sérgio Domingues e Vito Giannotti


UNE e Globo unidas e projeto Ancinav castrado
Em 25 de fevereiro, teve início a 4.ª Bienal de Arte e Cultura da UNE. Uma data marcante, não apenas por causa do evento em si. Mas pela parceria entre a entidade e a Rede Globo de Televisão para a sua realização. É isso mesmo. A UNE, entidade da linha de frente no combate à ditadura militar, associando-se exatamente com um dos pilares do governo dos generais. Pelo menos uma coisa boa. A atividade foi encerrada no último dia 3 março, segundo matéria do jornal O Estado de São Paulo, com ato pela Ancinav. Infelizmente, o projeto da Agência Nacional do Audiovisual já foi devidamente esvaziado de qualquer possibilidade de regulação efetiva do setor. E a Globo está feliz com isso. Óbvio. Outras informações sobre a Ancinav você encontrará na edição de número 326 de Carta Capital. O título da matéria é:  "A REDE GLOBO GANHA OUTRA: O governo recua e esvazia o projeto da agência do audiovisual". Não deixe de ler.

Walter Salles protesta contra organizadores do Oscar
Premiado com a melhor canção no Oscar 2005, o compositor uruguaio Jorge Drexler não pôde interpretar "Al otro lado del río", apresentada originalmente no filme "Diários de motocicleta", de Walter Salles. Sobre a interpretação de Antonio Banderas e Santana na cerimônia, Salles é categórico: "(...) não tem qualquer semelhança com a versão original que está no filme, tanto na forma quanto no conteúdo. Estava equivocada até no cenário e no figurino. Se nos convidam para essa festa, que nos aceitem como somos, e não como acham que devemos ser". Leia a íntegra da nota em nossa página: www.piratininga.org.br

Ministro venezuelano contesta imprensa internacional
O ministro de Comunicação e Informação da Venezuela, Andrés Izarra, acusou a imprensa internacional de lançar uma ofensiva contra o governo de Hugo Chávez. Em uma cerimônia de entrega de equipamentos para meios de comunicação alternativos, o ministro pediu apoio aos veículos comunitários. "Esta campanha político-mediática visa deslegitimar a Venezuela diante da opinião pública nacional e internacional, numa estratégia de isolar nosso país e justificar retaliações políticas", assegurou Izarra. Ele destacou que a oposição ocupa 84% das fontes consultadas por meios internacionais, sobre tudo em meios norte-americanos, e que apenas 16% das opiniões sobre o país são originadas das autoridades bolivarianas. A publicação sistemática em meios de comunicação dos EUA de informações que utilizam técnicas "pseudo-jornalísticas para mentir, divulgar meias verdades, confundir e exagerar" são elementos, completou Izarra, que comprovam a ofensiva mediática contra o país. As informações foram coletadas no jornal EL UNIVERSAL.


De Olho No Mundo

Jornal do Sindipetro-RJ entrevista Hugo Chávez
Hugo Rafael Chàvez Frias, tenente-coronel reformado do Exército, professor e mestre em Ciência Política, se elegeu duas vezes presidente da Venezuela, com expressiva votação. Apesar das críticas da imprensa internacional ao seu governo, saiu fortalecido após o referendo da população ao seu governo em 2004 e do fracassado golpe para afastá-lo da presidência, patrocinado pelo governo norte-americano, que levou o povo a ocupar as ruas de Caracas exigindo sua volta. Chàvez foi a grande estrela do V Fórum Social Mundial: a personalidade que mais atraiu público e o mais ovacionado. O presidente venezuelano levou 25 mil pessoas ao Gigantinho, além das mais de cinco mil que ficaram do lado de fora acompanhando o discurso pelo telão. Antes da palestra, Chàvez participou a inauguração do Bosque Internacional da Solidariedade em um assentamento do MST, junto com o coordenador nacional da entidade, Stédile. Ele concedeu entrevista coletiva a mais de 200 órgãos de imprensa. Sua comitiva sorteou cinco jornalistas usando o critério de duas empresas de comunicação, uma agência de notícias e dois veículos alternativos. Confira a primeira parte da entrevista no jornal do Sindipetro-RJ, o Surgente, no endereço www.sindipetro.org.br/101/b1021/s-1021p4.htm


Proposta de Pauta

Os cidadãos contra a ditadura financeira
O Brasil vive submetido a uma chantagem: afirma-se que nada pode ser feito para mudar a política econômica. O Estado brasileiro gastou em 2003, com o pagamento de juros - quase sempre beneficiando grandes grupos capitalistas - cerca de R$ 150 bilhões. Foram 5 vezes mais que os investimentos em Saúde; 8 vezes mais que em Educação; 28 vezes mais que em Transportes; 47 vezes mais que em Segurança Pública, Energia e Preservação do Ambiente; 70 vezes mais que em Ciência e Tecnologia; 140 vezes mais que em Reforma Agrária; 700 vezes mais que em Saneamento. Esses números repetem-se, com mínimas variações, há cerca de uma década. Revelam algo chocante: embora aparentemente "livre", o país está submetido a uma ditadura financeira. Liberdade Brasil. Este é o nome da iniciativa nacional, lançada por movimentos sociais e intelectuais críticos, que se propõe a enfrentar a ditadura. Mas qual a alternativa? A campanha vai propor o controle, pela sociedade e pelo Estado, dos movimentos de capital. Saiba mais em www.liberdadebrasil.net


Democratização da Comunicação

TV digital: especialistas debatem modelo a ser seguido
O governo brasileiro decidiu intensificar as conversações com a China sobre a construção de um modelo conjunto de TV Digital, informou o Portal Vermelho no último dia 25. De acordo com o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, o governo enviará um representante à China para discutir o projeto. Eunício ressaltou a importância do uso de um sistema digitalizado de televisão para a inclusão social no Brasil. A tecnologia de TV Digital possibilita usos diversos além da distribuição de sinais de TV, como Internet e outras aplicações. A China já anunciou sua intenção de desenvolver um padrão próprio e, desde então, o Brasil está atento quanto à evolução dos estudos chineses. A idéia é aproveitar o potencial de exportação de equipamentos e tecnologias para os chineses. Para isso, o padrão brasileiro de TV Digital deverá estar minimamente afinado com o da China. O governo brasileiro já liberou R$ 23 milhões para as pesquisas do modelo tecnológico.

O Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação (FNDC), de cuja executiva a Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ) faz parte, afirma que, mais importante do que a escolha do modelo tecnológico a ser adotado, é a escolha de que tipo de conteúdo irá transitar nesse novo sistema. “A tecnologia não pode ser uma panacéia e anteceder o debate dos conteúdos, como tem acontecido até agora”, afirmou Celso A. Schröder, coordenador do FNDC e secretário Geral da Fenaj, ao Boletim NPC. Ele elogia a parceria internacional: “O governo chinês tem sido um parceiro comercial interessante para a América do Sul, na medida que rompe uma lógica de dependência ao bloco hegemônico comandado pelos EUA”. Maria José Braga, também da FENAJ, pondera que “o Brasil deve sim se aproximar da China, se esta aproximação garantir uma parceria efetiva, e não apenas a utilização da tecnologia chinesa que está em desenvolvimento”. A federação é uma das entidades que fazem parte do Conselho Consultivo para a Implantação da TV Digital.

Para Venício Lima, pesquisador do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da Universidade de Brasília (UnB), a parceria com a China, além de contribuir para a qualidade científica da empreitada, abre também a porta para a maior viabilidade comercial da nova tecnologia, considerando-se o tamanho potencial dos dois mercados. “Creio que a busca por um modelo autônomo de TV Digital, com o envolvimento de universidades e instituições brasileiras de pesquisa, é um avanço importante. Trata-se de uma nova tecnologia cuja implantação terá enormes repercussões não só na indústria eletro-eletrônica como na forma mesmo de produção e distribuição de conteúdo de televisão no país”, diz. E conclui: “Há  possibilidade potencial de avanço na democratização da comunicação através da interatividade e do aumento do número de canais. A autonomia tecnológica no setor é, portanto, fundamental”.

Lei de comunicação de massa: nova tentativa
Excluída a parte regulatória da proposta da Ancinav, ressurgiu a idéia de uma Lei Geral de Comunicação de Massa, abrangente, e não limitada ao cinema e audivisual. A elaboração do projeto da lei ficou a cargo de um grupo interministerial, em princípio o mesmo que conduziu o projeto da Ancinav — representantes de ministérios e da sociedade civil, assim como no Conselho Superior de Cinema. Segundo Orlando Senna, secretário-geral do Audiovisual, do Ministério da Cultura, a elaboração da lei será comandada pela Casa Civil.

Segundo o jornal Brasil de Fato da semana passada, especula-se que a discussão sobre a nova lei poderia gerar conflitos entre as equipes dos ministérios da Cultura (MinC) e das Comunicações (Minicom), que têm diferentes posições políticas. A Cultura, com Gilberto Gil, tem sido mais combativa no debate. O Minicom, com Eunício Oliveria, parece preferir o mínimo de regulamentação possível. Uma lei geral que englobe todos os setores — telecomunicações, radiodifusão, televisão aberta e paga, mídias digitais e internet — também implicaria a necessidade de mudanças na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e uma possível, e muito provavelmente difícil, redistribuição de funções de fiscalização entre esta e a Ancinav, trazendo novamente à tona o debate entre os dois ministérios.

Segundo Venício Lima, pesquisador do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da Universidade de Brasília, tenta-se pautar uma lei de comunicação de massa desde o governo Fernando Henrique Cardoso. Para ele, a ausência de marco regulatório tem favorecido apenas os empresários do setor. “A necessidade urgente de construir uma regulamentação significa encarar uma disputa política e ideológica com os grandes concessionários e empresários”, declarou ao Brasil de Fato. Lima considera essencial a mobilização da sociedade civil em torno do tema, para participar na construção da lei geral. “Esse espaço deve ser conquistado. Nós sabemos que não vai ser dado de graça. Não podemos ter a ilusão de conseguir alguma coisa dentro da grande mídia, mas mesmo para a comunicação alternativa é preciso regulação”.


Pérola da edição

A burguesia não precisa recorrer à violência exemplar sempre que desejem proteger-se e contra-atacar. Basta incorporar um setor mais amplo da vanguarda operária e das burocracias sindicais ou partidárias do proletariado nas classes médias, para convertê-los em burgueses e em cavaleiros andantes da democracia burguesa. A violência aplicada a uma Rosa Luxemburgo ou a um Karl Liebknecht, por exemplo, fica reservada para ocasiões extremas, e a perseguição do movimento proletário em nenhum quartel.

Florestan Fernandes, em 'O que é Revolução'

Novos artigos em nossa página

Dono de jornal quer imprensa livre, mas sem perder comando
Sucesso da Rede em Defesa da Liberdade de Imprensa, uma parceria entre Unesco e Associação Nacional dos Jornais, está ameaçado pela própria concentração dos meios: só seis grupos concentram a posse de mais da metade da circulação diária de notícias impressas no país. Por Bia Barbosa, da Agência Carta Maior, fevereiro de 2005

Por uma mídia mais democrática
Há uma necessidade emergencial dos setores sociais organizados investirem numa comunicação alternativa, que faça frente à massificação da grande mídia capitalista. E hoje, mais do nunca, isso é possível através da internet. Esse foi um dos consensos do debate “A luta pela democratização dos meios de comunicação”, realizado ontem no 14º Congresso Latino-americano e Caribenho de Estudantes, que fez críticas profundas ao jornalismo praticado pela grande parte dos veículos nacionais e apostou na internet como um dos instrumentos potenciais da democratização da informação. Por Renata Mielli, do Portal Vermelho, março de 2005

Matéria na Isto É Dinheiro é repudiada por ambientalistas
A Coordenação Nacional da Rede de ONGs da Mata Atlântica divulgou nota no dia 21 de fevereiro repudiando a qualidade e praticamente todo o texto divulgado pela revista Isto É Dinheiro no último fim de semana. O texto, enfocado na coordenadora nacional da Rede, Miriam Prochnow, relata que "de arma em punho" ela conseguiu impedir o funcionamento de diversas barragens Brasil afora e cita o nome de seu marido do forma equivocada. Leia abaixo o texto da nota da RMA e da matéria da Isto É. Por João Batista Santafé Aguiar, da EcoAgência de Notícias, fevereiro de 2005

A cultura e a comunicação sob a tirania do mercado
Os produtos jornalísticos relacionados aos temas da subjetividade e da vida privada dos indivíduos estão cada vez mais em pauta. Em especial quando o foco recai sobre aqueles que, através de estratégias de comunicação, se transformaram nas ditas "celebridades". Esta tendência à mistura de notícia com entretenimento, assessoria de comunicação com jornalismo, e que acompanha as regras do mercado de consumo, tem se revelado como uma perigosa mordaça ao mundo ético e à diversidade. Tal constatação nos atenta, ainda, para o risco de podermos estar caminhando para uma ditadura estética, expressiva e comunicacional. Por Márcia Cristina Pimentel, fevereiro de 2005

TV Brasil promete integração sul-americana
Canal público internacional oferecerá informação e cultura do Brasil e de países da América do Sul; Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário firmaram termo de compromisso. Da Agência Brasil, março de 2005

FHC fala em crise e pede a Bush maior presença no continente
Afirmando que interesses norte-americanos e latino-americanos estariam em perigo, ex-presidente brasileiro e ex-representante comercial dos EUA lideram grupo que pede mais atenção do governo Bush na América Latina para “proteger e reforçar os direitos democráticos”. Por Marco Aurélio Weissheimer, da Agência Carta Maior, fevereiro de 2005


Entrevista

Dom Tomás Balduíno: Pelos direitos dos povos
Goiano, 82 anos de idade, filósofo e teólogo com pós-graduação em Antropologia e Linguística, Dom Tomás Balduíno (foto) foi Bispo da Cidade de Goiás (hoje Goiás Velho) durante 31 anos. De 1965 a 1967 cuidou do prelado de Conceição do Araguaia, quando tornou-se mais conhecido por seu trabalho em defesa de povos indígenas e trabalhadores rurais. Dom Tomás participou na última segunda (28/2) do programa Roda Viva, da TV Cultura. Sem deixar se intimidar, o bispo atacou diversos setores da elites econômicas e políticas e apontou rumos para o fim dos conflitos no campo. "Jesus já dizia: isso convem fazer, e aquilo não omitir". Confira as principais informações da conversa. Por Gustavo Barreto, do NPC, fevereiro de 2005



Boletim do Núcleo Piratininga de Comunicação

Av. Rio Branco, nº 277 sala 1706   CEP. 20040-009
Tel. (21) 2220-5618 / 9923-1093
www.piratininga.org.br / npiratininga@uol.com.br
Coordenador: Vito Giannotti
Edição: Claudia Santiago (MTB.14.915)
Redação: Claudia Santiago e Gustavo Barreto
Projeto Gráfico: Gustavo Barreto e Cris Fernandes
Colaboraram nesta edição: Sérgio Domingues (SP). [voltar]
 

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 NPC - Núcleo Piratininga de Comunicação * Arte: Cris Fernandes * Automação: Micro P@ge