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Boletim
do NPC — Nº
62 — De
16 a 28.2.2005
Para jornalistas, dirigentes,
militantes
e assessores sindicais
e dos Movimentos Sociais
Notícias
do NPC
Mudanças
no perfil dos cursos do NPC
Hora
de parar para refletir? Pelas solicitações de curso que o
Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) vem recebendo,
parece que sim. Os sindicatos continuam interessados em aprender sobre
comunicação e disputa de hegemonia, a nossa especialidade,
mas querem que o curso seja precedido por algumas horas de discussão
sobre a situação, o papel e os desafios do sindicalismo,
hoje.
Agenda
de cursos do NPC
Os interessados
em agendar cursos para o primeiro semestre de 2005 devem se apressar. Só
há datas vagas na segunda quinzena de março e na segunda
quinzena de abril. As outras datas já estão comprometidas
com entidades no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Maranhão, Sergipe
e Pernambuco. Nas próximas edições divulgaremos datas,
locais e informações sobre a possibilidade de abertura de
vagas nesses cursos.
Domingo
é dia de Cinema
A primeira
edição de 2005 do projeto Domingo é Dia de Cinema
vai comemorar o Dia Internacional da Mulher, 8 de março.
Será exibido um filme sobre o tema, seguido de debate e depoimentos.
De acordo com as possibilidades técnicas apresentaremos "Caminhando
nas nuvens" ou "Butim de guerra". Ambos são úteis a um bom
debate sobre a situação da mulher. No domingo, dia 6, às
9h,
no Cine Odeon-BR, que fica na Cinelândia, Rio de Janeiro.
Na
gráfica, o nº 2 do Repórter da Terra
A edição
nº 2 do jornal Repórter de Terra já está
na gráfica. Traz reportagens sobre assentamentos de reforma agrária
no Rio Grande do Sul (Carla Ferreira), Espírito Santo (Sueli de
Freitas), Mato Grosso (Najla Passos), Paraíba (Heloisa de Souza)
e Pará (Rogério Almeida). Também neste número
a repórter Liana Melo entrevista o presidente do Incra Rolf Hackbart.
Não perca.
A Comunicação
que queremos
Imagens
de uma sociedade descartável
Robson
Oliveira é sociólogo e fotógrafo
As
mais modernas técnicas e tecnologias da fotografia digital revelam
o mundo das pessoas excluídas da própria sociedade de consumo.
Certamente isso soa como um paradoxo. E é. A forma de "cut-out"
da mostra “Os Excluídos” destaca o contraste de dois mundos
distintos que se sobrepõe, numa clara crítica à sociedade
pós-industrial. Pelas lentes de Robson Oliveira, a mostra traz imagens
de diferentes cidades ao redor do mundo, de países ricos a pobres,
apresentando o mesmo problema: o crescimento da população
marginalizada e de moradores de rua. "É um trabalho engajado e militante
na mesma linha e qualidade do trabalho de Sebastião Salgado", avalia
o economista e coordenador nacional do MST, João Pedro Stedile.
"Robson Oliveira efetivamente combina cor e o branco e preto na mesma imagem,
como forma de expressar sua identidade brasileira. Ele usa habilmente a
tecnologia digital para ir muito além da tecnologia, fazendo um
poderoso discurso social que deixa uma impressão duradoura", completa
Rickey Rogers, editor-chefe da Reuters Latin America.
"A
gente nunca teve tanta tecnologia, tanta capacidade de produzir tantos
bens no mundo, mas ao mesmo tempo a gente nunca teve tanta miséria,
tantos problemas, tanta criminalidade, tanta dificuldade no planeta. Hoje
a gente tem o contraste muito grave. A gente tem poucos que tem muito,
exageradamente e, tem bilhões de seres humanos, exatamente 4/5 da
população humana, fora da sociedade de consumo. Esse número
vai aumentando a cada dia", denuncia. E mostra números aterrorizantes:
"Existem hoje 75 mil prostitutas brasileiras vivendo e trabalhando na Europa.
Isso é um dado assustador para a gente aqui, ou seja, nós
brasileiros sabemos que muitas garotas, muitas mulheres, tiveram que sair
daqui para se prostituir em outros países simplesmente para conseguirem
sobreviver". “Os Excluídos” foi exibida durante o V Fórum
Social Mundial, na bio-construção do Prédio dos Bens
Comuns das Terras e dos Povos. Em fevereiro esteve no Rio de Janeiro. Saiba
mais em
www.lampyre.com.br/robsonoliveira/
Campanha
luta pela liberdade das rádios comunitárias
Está
se deflagrando na Amazônia uma campanha que se pretende nacional
contra a lei 9.612, que limita os transmissores radiofônicos em 25
watts e seu alcance em 1 quilômetro de distância. Tal limitação
na Amazônia é considerada uma piada de mau gosto devido à
grande extensão do território. Consideram que a lei não
favorece a população mais carente e sofrida do país,
principalmente na área amazônica, onde os conflitos no campo
têm se agravado e chamado a atenção de todo o mundo,
com a recente execução da irmã Dorothy Stang. A Rede
GTA está procurando parceiros para disponibilizar na Internet dez
"spots" radiofônicos sobre o assunto, com depoimentos. "Nós
estamos aqui na Transamazônica com muita força de vontade
de prestar serviço à população, onde a comunidade
também se sente membro de uma emissora para fazer valer seus direitos,
e essa lei somente reprime o trabalho..." diz um dos depoimentos do novo
CD.
Também
será disponibilizada uma cartilha de comunicação.
Ambos os produtos foram coordenados pela radialista Mara Régia di
Perna, integrante da Rede de Mulheres do Rádio e produtora
do programa Natureza Viva, transmitido nas manhãs de domingo
pela Rádio Nacional da Amazônia. Parcerias para a campanha
podem ser encaminhadas para
gtanacional@gta.org.br
ou proteger@gta.org.br, com Sílvia,
Arnaldo, Júlio ou Patrícia. Ou pelo telefone (61) 346.7048.
A Rede GTA também participa da Articulação Cris-Brasil,
que promove a cooperação entre movimentos pelo direito público
à comunicação em todo o país e discute também
outros temas como a convergência digital (que pode aumentar de 40
para 200 os canais disponíveis no dial), a governança na
internet, os direitos culturais e outros. Informações da
Agência ADITAL.
CRIS
Brasil pretende enfrentar desafios do setor
Logo
da campanha
Se
hoje uma associação de bairro deseja montar uma rádio
comunitária, ela tem se adequar a uma série de normas limitantes
(que dificultam ao máximo a regularização), entrar
com um pedido de autorização no Ministério de Comunicação
e entrar na fila dos mais de 7000 processos que já estão
lá. O governo diz que só tem condições de analisar
1500 processos por ano, o que significa que, se tudo der certo, até
o final de 2009 o pedido será analisado. Enquanto isso, as rádios
estão sob ameaça de fechamento pela ANATEL ou pela Polícia
Federal. Para se ter uma idéia, desde 1998, quando foi promulgada
a lei de radiodifusão comunitária, foram licenciadas 2.199
rádios comunitárias. Enquanto isso, só em dois desses
anos, 2002 e 2003, foram fechadas 7.612 rádios. A prática
da comunicação, que deveria ser um direito, é hoje
um delito para boa parte dos brasileiros.
Foi pensando
em atuar sobre esse tipo de questão que cerca de 40 entidades resolveram
trabalhar na criação da CRIS Brasil. Essa articulação
nasce para incidir em diversos campos da área das comunicações,
desde a concentração da mídia até a apropriação
social das Tecnologias de Informação e Comunicação,
passando pela defesa e incentivo da diversidade cultural e da busca por
medidas de flexibilização da propriedade intelectual que
favoreçam a socialização do conhecimento. Na pauta,
a luta por políticas públicas e pela sensibilização
da sociedade brasileira para esse tema. Conheça mais em
www.crisbrasil.org.br
Governo
instala grupo interministerial para tratar de radiodifusão comunitária
No início
do mês de fevereiro, o governo anunciou a instalação
de um grupo interministerial (instituído em novembro de 2004) que
vai avaliar aspectos da fiscalização e da outorga de rádios
comunitárias no Brasil. O grupo é coordenado pelo Ministério
das Comunicações, e conta com a participação
de oito órgãos do governo, entre ministérios e secretarias.
Foi determinado o prazo de 180 dias para que os resultados sejam apresentados.
O próprio governo reconhece que a demora na expedição
de outorgas é um problema sério, já que acarreta no
acúmulo de processos no Ministério das Comunicações.
Hoje existem quase 10 mil processos esperando análise, e o próprio
governo já anunciou que só tem condições de
analisar cerca de 1.500 por ano.
Em 2003,
já havia sido instalado um Grupo de Trabalho pelo Ministério
das Comunicações para dar conta da análise de cerca
de 4.400 processos parados relativos ao Serviço de Radiodifusão
Comunitária. Ao grupo caberia também, em caráter consultivo,
buscar soluções para a "necessidade de se definir critérios
que objetivem nortear os procedimentos concernentes à análise
dos requerimentos para prestação do Serviço de Radiodifusão
Comunitária" e, também, a "necessidade de se criar mecanismos
que possibilitem conferir maior transparência aos atos praticados"
e "proporcionar maior celeridade à análise desses requerimentos".
As recomendações desse primeiro grupo previa uma série
de procedimentos a serem levados em conta para a outorga, visando dar mais
transparência e rapidez ao processo. Segundo o Boletim Prometheus,
foi recentemente retirado do website do Ministério das Comunicações
e não se encontra mais disponível. A única proposta
apresentada pelo governo, ainda de acordo com o Boletim, é que a
partir dos trabalhos do grupo interministerial seja realizada uma Conferência
Nacional de Radiodifusão Comunitária, com objetivos ainda
não claramente definidos.
Rádios
comunitárias na pauta da CUT
O Coletivo
de Comunicação da CUT-RJ vai se reunir no próximo
dia 3 de março para conversar sobre a repressão às
rádios comunitárias e sobre a articulação das
entidades do setor no estado. A Central pretende organizar um seminário
estadual que reunirá os sindicatos filiados no estado, o secretário
nacional de Comunicação da CUT, Antônio Carlos Spis,
e rádios comunitárias.
Conversa
Afinada abre com Celso Schröder e Moacir Bedê
Informação
e arte. Esta é a fórmula do Conversa Afinada, novo
projeto cultural do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Ceará
(Sindjorce), que
vai promover bate-papos com profissionais da área de comunicação
seguidos de apresentações de cantores e grupos de música
do Ceará. O primeiro Conversa Afinada já está marcado.
Será nesta quinta-feira, 24 de fevereiro. Celso Schröder, secretário-geral
da Federação Nacional dos Jornalistas e coordenador nacional
do Fórum Nacional da Democratização da Comunicação,
vai conversar com os jornalistas cearenses. O tema do bate-papo será:
"O projeto do Conselho de Jornalistas morreu. E agora, Fenaj?". Em seguida,
Moacir Bedê sobe ao palco do Sindbar para apresentar o show "Música
Instrumental Brasileira". O Conversa Afinada começa às 19h30.
O Sindbar (Sede do Sindjorce) fica na rua Joaquim Sá, 545, Dionísio
Torres.
Conselho
recomenda proibição de anúncios de bebidas
O Conselho
de Comunicação Social do Congresso aprovou moção
que recomenda aos futuros conselheiros, que assumem em breve, a realização
de estudo para restringir a propaganda de bebidas alcoólicas na
mídia. Desde o ano 2000 está parado no Senado um projeto
de lei da Câmara que proíbe a publicidade desses produtos
entre 6h e 21h, lembra a Agência Câmara. Antes de aprovar
a moção, os conselheiros ouviram o psiquiatra Ronaldo Laranjeira,
que defende as restrições sob o argumento de que o alcoolismo
responde por cerca de 50% dos casos de internação psiquiátrica
no Brasil, e está ligado a pelo menos 20% dos casos de violência
doméstica. Laranjeira diz ainda que a auto-regulamentação
não funcionou bem em nenhum país pesquisado. "Ninguém
dá tiro no pé", comenta. Com informações do
sítio
Advillage.
Nota da editora: Torcemos
para que a próxima moção recomende estudos sobre os
efeitos da exposição de corpos feminos nus na mídia
e sua relação com a violência sexual a que tantas mulheres
são submetidas. O Boletim do NPC aceita contribuições
sobre o tema.
De Olho Na Mídia
As
revistas semanais e a morte de Dorothy Stang
O
terrível episódio envolvendo a morte da irmã Dorothy,
em 12 de fevereiro, chegou às edições das principais
revistas semanais esta semana. Com exceção de Carta Capital,
as outras fizeram tudo para passar uma imagem de faroeste, guerra civil
rural, terra de ninguém. Na verdade, uma imagem complicada, por
sugerir troca de tiros. Quem trocou tiros com quem? Não foi isso
o que aconteceu. As vítimas do conflito agrário são,
em sua imensa maioria, os trabalhadores sem-terra, lideranças e
apoiadores da luta pela reforma agrária. Ao mesmo tempo, o governo
conseguiu ser alvo de críticas dos dois lados. Pela esquerda, CPT,
MST e ambientalistas responsabilizam o governo pelo avanço do agronegócio
no país e, principalmente, na região. Pela direita, ruralistas,
PFL, PSDB e latifundiários acusam o governo de negligência,
conivência com o MST, incentivador da ilegalidade. Ao mesmo tempo,
essas críticas visam ao MST, ao sugerir (ou afirmar) que o governo
está atrelado à luta dos Sem-Terra e que seus órgãos,
principalmente o Ministério do Desenvolvimento Agrário e
o INCRA, estão aparelhados pelo MST.
As
prioridades do Jornal Nacional
Estava
mais uma vez presente no Jornal Nacional desta segunda, dia 21, o desprezo
da Rede Globo pelos pobres. Um enorme incêndio numa favela da zona
leste de São Paulo, que deixou 180 famílias desabrigadas,
mereceu apenas dez segundos da edição de 21 de fevereiro
e nem sequer é lembrado na página do JN
na
internet. A Rede Globo não se preocupou em pesquisar a fundo
a causa do incêndio ou em tentar achar responsáveis e levantar
soluções. Necessária seria uma contextualização,
mesmo que rápida, sobre a questão da moradia nas favelas
de São Paulo. Muitos incêndios em favelas paulistanas, especialmente
na região da Vila Prudente, em plena zona leste, sempre foram suspeitos
de incêndios provocados para desalojar e assim afastar os moradores
destes aglomerados miseráveis, localizados em áreas nobres
da capital. Mas o Jornal Nacional não se lembra de nada disso. Rapidinho
dá a sua explicação onde culpa os próprios
moradores. Isso é ter uma posição de classe bem definida.
Os ricos são inocentes e os pobres, favelados, operários,
sem terra, são automaticamente culpados. E quem disse que alguém
foi no local do incêndio? Passaram de helicóptero, de longe,
até porque pobreza é contagioso.
Então
a Globo, sem ir ao local do incêndio, só passando de helicóptero,
de longe, dá seu veredicto que culpa os próprios moradores
pelo "fato". Não se sabe qual foi a causa. É isso,
"deu no Jornal Nacional", o problema foi na rede elétrica, que é
supostamente
clandestina. Pronto: culpa dos moradores, quem
mandou não ter dinheiro para ficar dentro da lei? No mesmo telejornal
a Globo nos fala de dez leões apreendidos pela IBAMA no interior
de Minas Gerais e doados a um zoológico na África do Sul
durante generosos dois minutos. Bem de acordo, na verdade, com as prioridades
da elite brasileira e internacional.
Por Gustavo
Barreto
TVs
brasileiras censuram apelo de jornalista
As TVs
européias mostraram a jornalista italiana Giuliana Sgrena, seqüestrada
no Iraque, fazendo um apelo desesperado: "Vocês devem acabar com
a ocupação. É o único jeito de sairmos dessa
situação. Pressionem o governo. Ninguém deve vir ao
Iraque neste momento. Nem mesmo jornalistas. Saiam do Iraque, este povo
não deve continuar sofrendo! Chegaram aqui matando crianças
e velhos, massacrando"!
Sebastião Nery, colunista da Tribuna
da Imprensa, observou nesta quarta (23/2) que as TVs brasileiras também
mostraram o apelo. Mas censuraram. Cortaram as frases em que ela denunciou
a invasão norte-americana e inglesa, o massacre do povo, o genocídio
das crianças e velhos por Bush e Blair. "A "alma" e a "soberania"
deles é a alma e a soberania dos vassalos", comentou Nery.
No sábado
(19/2), cerca de meio milhão de pessoas desfilaram em Roma atendendo
à convocação do jornal de esquerda Il Manifesto
para pedir a paz no Iraque e a libertação de Giuliana e das
outras pessoas feitas reféns nesse país. "Meus serviços
indicaram a participação de cerca de 500 mil pessoas", informou
à agência AFP o prefeito da capital, Walter Veltroni (Democratas
de Esquerda, oposição), presente na manifestação.
Inúmeras associações pacifistas, religiosas e feministas
participaram no desfile junto a sindicatos e grupos políticos de
esquerda. Todos os jornalistas de Il Manifesto, jornal criado por
intelectuais de esquerda que se distanciaram do Partido Comunista, encabeçaram
a passeata. O jornal escreveu em sua manchete de primeira página
na edição deste sábado a palavra "Juntos" ao lado
de uma fotografia de sua jornalista, seqüestrada em 4 de fevereiro
passado em Bagdá.
Os pais
da jornalista, Franco e Antonietta, vieram de seu cidade no Piemonte (noroeste)
para encabeçar a passeata, junto com Pier Scolari, companheiro de
Giuliana. "Hoje nos sentimos otimistas. Queremos dizer à nossa filha:
seja forte", declarou Franco Sgrena ao comentar a amplitude da movimentação.
No plano político, a manifestação recebeu apoio da
oposição de centro-esquerda. Seu chefe, Romano Prodi, declarou
que era um dever estar presente nesta manifestação. Valentino
Parlato, um dos fundadores do Il Manifesto, declarou que a participação
na manifestação superou todas as expectativas, que giravam
em torno dos 200 mil. Os partidos que fazem parte da coalizão de
Silvio Berlusconi não participaram na manifestação.
Ignazio La Russa, dirigente da Aliança Nacional (direita), considerou
que seria "hipócrita" participar em um protesto "contra os Estados
Unidos e por Saddam Hussein". Com informações da AFP.
Lúcio
Flávio Pinto e a defesa da Amazônia
"A Vale
é maior que o estado do Pará. No ano passado, foi responsável
por 10% do lucro líquido do país, e um terço disso
saiu daqui. Ainda assim, o Pará é o 16º estado em Índice
de Desenvolvimento Humano e o 19º em Índice de Desenvolvimento
Juvenil. O efeito dessa riqueza não fica no estado". Esta é
uma das opiniões do jornalista Lúcio Flávio Pinto
em entrevista ao Jornal do Brasil na segunda (21/2). Lúcio
publica há 17 anos o Jornal Pessoal, com reportagens sobre
as disputas na floresta amazônica. Por causa do periódico,
com tiragem de 2 mil exemplares, foi agredido e ameaçado de morte
em janeiro, na frente de 170 pessoas num dos restaurantes mais sofisticados
de Belém. A acusação recai sobre Ronaldo Maiorama,
um dos donos do grupo O Liberal. "Todo o esforço que tenho
feito é para evitar que a Amazônia tenha o mesmo destino colonial
da África e da Ásia." Aos 55 anos, 39 deles dedicados ao
jornalismo, acumula quatro prêmios Esso de reportagem e 10 livros
sobre a região, entre eles Amazônia: o anteato da destruição
e CVRD: a sigla do enclave na Amazônia, obra mais recente,
que trata da Vale do Rio Doce. Leia a entrevista do conceituado jornalista
e sociólogo,
clicando
aqui.
Jornal
Hoje e a linguagem
Infratores,
menores, fugitivos, internos. O Jornal Hoje, diário nacional
de TV da Rede Globo, que passa durante o almoço, chamou nesta
terça (22/2) os adolescentes da FEBEM de tudo, menos de adolescentes.
Alguns, dizem, não conseguiram ser "recapturados", o que confirma
o sentido animalesco que a Globo dá a esses "delinqüentes".
Ou, como preferem outros, crianças sem oportunidades e que deveriam
ter os mesmos direitos que os atores de Malhação.
NPC Informa
Sindicato
contrata assessor de Comunicação
O Sindicato
dos Trabalhadores na Saúde no Estado de São Paulo está
selecionando jornalista para atuar como assessor de Comunicação.
Os interessados devem enviar currículos até o dia 4 de março
através do endereço eletrônico
ebohland@sindsaudesp.org.br
ou pelo fax: (11) 3083-6100. Informações: (11) 3083-6100,
com Lica.
4o
Colóquio Marx e Engels na Unicamp
O Centro
de Estudos Marxistas (Cemarx), do Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas (IFCH) da Unicamp, abriu as inscrições de trabalhos
para o 4o Colóquio Marx e Engels, que ocorrerá entre
os dias 8 e 11 de novembro de 2005. Este colóquio traz algumas novidades
frente aos colóquios anteriores. A primeira delas é que a
Comissão Organizadora, considerando o crescente interesse despertado
pelo nosso seminário no exterior, decidiu que o IV Colóquio
Marx e Engels será um evento de âmbito internacional. Informações
sobre a programação, as normas de funcionamento e o prazo
para inscrição de trabalhos no telefone (19) 3788-1639, e-mail
cemarx@unicamp.br
ou na página
www.unicamp.br/cemarx/
III
Conferência sobre a obra de Marx em Havana
Convocada
por diversas organizações, entre elas a Central de Trabalhadores
de Cuba e o Conselho Latinoamericano de Cências Sociais (CLACSO),
será realizada, de 3 a 6 de maio de 2006, no Palácio
das Convenções, em Havana, a III Conferência Internacional
“A
obra de Karl Marx e os Desafíos do Século XXI”.
A conferência será dedicada ao 50º Aniversário
do desembarque do iate Granma, ação que
marcou o início de la última etapa das lutas do povo cubano
por sua independência e soberania e à celebração
do XIX Congresso da Central de Trabalhadores de Cuba. No centro dos trabalhados
estará o tema “Caminhos até o poder revolucionário
no século XXI: classes, movimentos sociais e partidos políticos”.
Para mais informações, visitar:
www.nodo50.org/cubasigloXXI/
Brasileiros
têm média de apenas seis anos de estudo, segundo IBGE
Os brasileiros
ficam apenas cerca de seis anos na escola e estão abaixo da média
de estudo de outros países latino-americanos, como Argentina e Chile.
Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais, pesquisa
divulgada esta semana pelo IBGE. Segundo o estudo, um terço da população
adulta, cerca de 31,4 milhões de brasileiros, é composta
por analfabetos funcionais.
86%
das bibliotecas escolares encontram-se na área urbana
Das 52.932
bibliotecas escolares existentes hoje no Brasil, 45.966 estão localizadas
na área urbana, correspondendo a 86% do total. As restantes 6.966
encontram-se na área rural. Os dados são do Censo Escolar
2004, que é realizado anualmente pelo
Inep.
Na área urbana, a rede privada concentra o maior número de
bibliotecas (17.279), seguida das redes estadual (16.192), municipal (12.356)
e federal (139). Na área rural, o maior número de bibliotecas
pertence à rede municipal (4.786), seguido pelas redes estadual
(1.905), privada (232) e federal (43).
Região
Sudeste concentra 38,9% das bibliotecas
A Região
Sudeste é a que possui o maior número de bibliotecas escolares
do País, com 20.608 (38,9% do total). Em seguida vêm a Nordeste
(12.286), a Sul (13.330), a Centro-Oeste (3.514) e a Norte (3.194). A Região
Sudeste também abriga o maior número de bibliotecas em área
urbana (19.111). Minas Gerais tem mais bibliotecas escolares do que qualquer
outra unidade da federação (8.983). Roraima é o que
menos disponibiliza bibliotecas escolares, com apenas 41. Os dados foram
divulgados pelo MEC em fevereiro de 2005.
Clique
aqui para fazer o download da tabela completa.
Grupo
cria clone do Windows XP
Um grupo
de 30 pessoas residentes em Bangladesh e nos EUA está desenvolvendo
um sistema operacional de código aberto cujo objetivo é ser
100% compatível com Windows XP. Segundo o site do projeto, o Ekush
OS é baseado na tecnologia Windows NT e todos os seus componentes
como o Kernel (gerenciador de dispositivos) e até mesmo a camada
de aplicativos é baseada no arquitetura Win32. Isso permite, na
teoria, que esse Sistema Operacional seja compatível com API's,
drivers e programas escritos para Windows. Um dos motivos que levaram a
esta criação veio da própria Microsoft, que nunca
disponibilizou uma versão do Windows no idioma local de Bangladesh,
o Bengali. Como na Índia, lá também se fala Inglês.
"Se o mundo precisava de um clone gratuito do Unix, descobrimos que também
precisamos de um clone gratuito do Windows", concluiu o grupo. Mais informações
sobre esse projeto pode ser encontrada no site
www.ekush.com
De Olho No Mundo
Libération
abre portas para Rothschild. E agora?
A entrada
de Edouard Rothschild no capital do jornal francês Libération,
anunciada no final de janeiro, evidencia uma tendência mundial. Diversos
países têm assistido a um fenômeno de grandes capitalistas
investindo em empresas de mídia, que passam a ser controladas por
grupos não ligados à área. A General Eletric (GE),
que possui hoje um dos seis maiores conglomerados de mídia do mundo
(NBC e Universal, entre outros), tem negócios no setor de energia,
aviação e automóveis. Na mesma França do Libération,
o jornal Le Figaro foi comprado pela Dassault, fabricante de armas.
O que
torna notável o fato de isso acontecer com o Libération
é o seu histórico. O jornal foi fundado por Jean Paul Sartre
em 1973 e preservava uma série de características democráticas,
possíveis pelo fato de o jornal não ter fins lucrativos.
O modelo de gestão, por exemplo, prevê igualdade para os funcionários
e apenas duas faixas salariais. A decisão sobre a entrada de Rothschild
foi fruto de votação polêmica, que acabou dividindo
o setor administrativo (favorável à entrada) e o jornalístico
(de modo geral, contrário). As informações são
do Boletim Prometheus.
Guerra
ao Terror: o que os jornais escondem
Na última semana, quase
todos os jornais, tevês, rádios e sites reproduzam a exigência
da Casa Branca, com apoio do francês Jacques Chirac, para que a
Síria
retire suas tropas do Líbano sem lembrar que dezenas de países
possuem tropas francesas e, destacadamente, norte-americanas. Pegue o exemplo
elementar do Iraque. O secretário de defesa dos EUA, Donald Rumsfeld,
repete para quem quiser ouvir - e
os
meios repercutem - que seu país só sairá do Iraque
quando os conflitos tiverem fim. Como até as pedras sabem que o
conflito é causado em grande parte exatamente pela presença
norte-americana, é fácil deduzir que a intervenção
simplesmente não terá fim. É uma questão simples
e transparente. Este governo exige que a Síria retire 14 mil soldados
do Líbano, mesmo que mantenha 120 mil soldados no Iraque,
sem
intenções de mudar esta realidade.
Outra coisa interessante, amplamente
divulgada na segunda (21/2). Bush e Chirac cobraram o “cumprimento imediato
e completo da resolução 1559 da ONU em todos os seus aspectos,
incluindo seu apelo por um Líbano soberano, independente e democrático”
e também pela “consolidação da segurança sob
a autoridade de um governo libanês livre da dominação
estrangeira”, disseram os dois presidentes, em
comunicado
divulgado pela Casa Branca. Nenhum editor que realmente influencia muitas
pessoas gosta de lembrar que, com ajuda explícita dos EUA, Israel
invadiu o Líbano em 1982 e realizou um dos piores massacres da década
de 80. Assassinou 20 mil pessoas pelo menos. Ninguém exigiu o cumprimento
imediato das resoluções da ONU. Pelo contrário.
Os EUA utilizaram seu poder
de veto no Conselho de Segurança por diversas vezes. Por sua importância
histórica - e a lógica continua a mesma -, este fato mereceria
pelo menos duas linhas. Quem era o comandante desta heróica chacina
na cidade de Sabra e Chatila? O atual primeiro-ministro de Israel, Ariel
Sharon. A atual “Guerra ao Terror”, por sinal, vai ser liderada, como indicou
recentemente a Casa Branca, por John Negroponte, que por acaso era embaixador
dos EUA em Honduras e foi o responsável por ignorar o veto à
guerra do Iraque em 2003, como representante de seu país na ONU.
Por Gustavo
Barreto
Jornalista
aliviava questionamentos a Bush
Um jornalista
representando um obscuro site de notícias da internet - da Talon
News, empresa do ativista republicano do Texas Bobby Eberle - trabalhava
na Casa Branca há cerca de dois anos, devidamente credenciado pelo
governo, mas sob falsa identidade. Segundo os jornais desta terça
(22/2), é forte a suspeita de que o repórter James D. Guckert,
que se apresentava como Jeff Gannon, tinha sido plantado pelo principal
conselheiro político de Bush, Karl Rove, para fazer perguntas leves
sobre temas de interesse do governo, e que propiciassem respostas favoráveis
à política de Bush, durante entrevistas diárias do
porta-voz da Casa Branca. Outra possibilidade é a de que houve uma
"falha de segurança", o que é pouco provável de ter
acontecido, já que o credenciamento de jornalistas na Casa Branca
só é aprovado depois de uma demorada e supostamente minuciosa
investigação do serviço secreto.
Liberdade
de imprensa está ameaçada no Nepal
A população
do Nepal está passando por dias de isolamento. Com a queda do primeiro
ministro e a tomada de poder pelo rei Gyanendra, telefones e internet foram
cortados, vôos foram desviados e agora a liberdade de imprensa também
corre risco. Desde o início de fevereiro, o rei está impedindo
a atividade de jornalistas que trabalham em jornais e, principalmente,
estações de rádio. Segundo a ONG Repórteres
Sem Fronteiras, cerca de mil jornalistas estão proibidos de trabalhar
e correm sério risco de perderem seus empregos. Redações
já foram invadidas e jornais impedidos de serem rodados e distribuídos.
Além disso, os veículos de comunicação que
ainda não foram fechados têm que submeter o seu conteúdo
aos censores. Com informações do Sindijus-PR.
No
Uruguai, visibilidade para os meios comunitários
Segundo
relato do Diretor do Programa de Legislação e Direito à
Comunicação da AMARC (Associação Mundial de
Rádios Comunitárias), Gustavo Gomez, Nora Castro, primeira
mulher a ocupar a presidência da Câmara dos Deputados, em seu
discurso na abertura da 46° legislatura do parlamento uruguaio, destacou
a necessidade de enfrentar a "inexistência de um Sistema Nacional
de Comunicações", que deveria incluir a presença de
um terceiro modelo de radiodifusão complementar ao estatal e ao
comercial, que ela denominou de "alternativo-comunitário". A referência
é especialmente importante porque foi uma das poucas iniciativas
concretas manifestadas em sua intervenção, marcada pela ênfase
nos desafios pessoais e institucionais que tem a esquerda uruguaia ao haver
assumido o controle do parlamento pela primeira vez na história
daquele país. Segundo Castro, uma ex-guerrilheira tupamaro, este
novo Sistema deveria “articular o público-estatal, o comercial e
o alternativo-comunitário”. As informações são
do Boletim Prometheus.
Denúncias
de corrupção levam jornalista à justiça
Mais
quatro jornalistas são alvo da justiça hondurenha. Nelson
Fernández e Luis Fuentes, diretor e editor chefe do diário
La
Prensa, respectivamente, editado na nortenha cidade de San Pedro Sula,
a 250 quilômetros da capital Tegucigalpa, foram processados por uma
magistrada da Suprema Corte de Justiça pelo delito de difamação
e calúnia. Eles afirmaram na sua edição de 1°
de fevereiro de 2005 que a funcionária negociava sua renúncia
ao cargo, em troca de uma forte soma milionária. A magistrada María
Elena Matute estaria cobrando a quantidade de 12 milhões de lempiras,
cerca de 642 mil dólares, em troca de deixar seu cargo para habilitar
assim a participação política de dois parentes seus
nos comícios eleitorais de 2005 - seu filho Marco Tulio Hernández
Matute, e seu cunhado, Juan Orlando Hernández Alvarado, este último
Secretário do Congresso Nacional. A Agência ADITAL (www.adital.org.br)
está acompanhando o caso.
Proposta de Pauta
Libertando-se
do armário
A Revista
Época, em sua edição 341, de novembro de 2004,
publicou entrevista com Sergio Viula, um dos criadores do grupo
que defende a “cura” da homossexualidade. Ele se assumiu como gay e disse
que tratamento é uma farsa. Atualmente professor de Inglês
e estudante de Filosofia na Uerj, Viula conhece como poucos os métodos
dos grupos de ''reorientação'' sexual. Sabe que não
funcionam e critica o projeto de lei do deputado estadual Édino
Fonseca (PSC-RJ) que prevê o custeio de tratamento psicológico
para pessoas interessadas em ''virar heterossexuais''. Para acessar a entrevista,
clique
aqui.
Democratização
da Comunicação
Sindicato
protocola dossiê contra repressão às rádios
comunitárias mantida pelo Governo Lula
Um dossiê
intitulado Querem Calar a Voz do Povo II, com críticas ao
Governo Lula pela manutenção da ação repressiva
da Anatel e da Polícia Federal contra as rádios de baixa
potência, foi protocolado na quarta, dia 16/2, no Palácio
do Planalto, pelo Sindicato dos Jornalistas do DF (SJPDF). Além
da Presidência da República, o documento será protocolado
na Procuradoria Geral e nos ministérios da Justiça e das
Comunicações. Essa é a segunda edição
do documento distribuído aos órgãos públicos
em 2003, atualizado durante o Fórum Social Mundial de janeiro deste
ano, por entidades aliadas ou que integram o movimento de radiodifusão
comunitária.
De lá
para cá, alegam as entidades subscritoras do documento - entre elas
o SJPDF, o Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul e a Associação
Brasileira de Radiodifusão Comunitária - a repressão
às rádios de baixa potência continua sendo feita de
forma feroz pela Anatel e Polícia Federal. “Infelizmente o Governo
Lula, eleito para promover as mudanças que o povo necessita, nada
fez para mudar o quadro atual. Temos hoje uma legislação
inadequada; o Ministério das Comunicações não
faz com que os processos tramitem de forma clara e transparente; a Anatel
continua seguindo a lei que é conveniente aos latifundiários
da comunicação; os agentes da Polícia Federal, desqualificados
para lidar com a questão, tratam aqueles que lidam com rádio
comunitária como marginais da pior espécie. É lamentável
reconhecer que existe cerca de 10 mil pessoas sendo processadas hoje pelo
crime de falar. São os presos políticos dos dias atuais”,
denuncia o Dossiê. Saiba mais na página do sindicato, em
www.sjpdf.org.br/noticias/dossie_protocolado.htm
FNDC
disponibiliza legislação da comunicação no
mundo
O Fórum
Nacional pela Democratização da Comunicação
- FNDC, colocou em seu site uma coletânea de legislação
sobre comunicações de 50 países mais a regulação
prevista para a União Européia. De acordo com James Gorgen,
secretário executivo do Fórum, a intenção é
contribuir com o debate sobre a futura Lei Geral de Comunicação.
O levantamento apresenta os textos na íntegra dos principais referenciais
legais em vigor em 22 países e na União Européia.
Parte
do material está em inglês em traduções não
oficiais oferecidas pelos órgãos reguladores de alguns países,
o restante está em espanhol ou no idioma dos países de origem.
O Fórum pretende traduzir para o português algumas leis referenciais
como os Communicatios Act do Reino Unido e dos Estados Unidos, além
da legislação da União Européia que a partir
de 2002 passou a orientar as mudanças na regulamentação
dos países associados. O link para acessar os documentos é
www.fndc.org.br/Leg_Brasil_Comun/lei_comunica_mund.htm
Ainda
de acordo com Gorgen, todas as críticas e contribuições
para melhorar esta compilação serão bem vindas. O
contato com o Fórum também pode ser feito por telefone (51)
3328-1922 r.223. Com informações da TELA VIVA News.
Pérola da
edição
Levantem-se
contra a ditadura das teorias, tanto quanto contra a teoria das ditaduras.
Cultivem o senso grave da ordem e o anseio irresistível da liberdade.
E creiam no poder da razão, pois dela nasce a liberdade; da liberdade
a justiça; da justiça, o bem comum; e deste o amor. O amor,
de dimensão imensurável, a derradeira oferta do indivíduo
à sociedade. E de um professor a seus alunos. Adeus.
— Discurso do prof. Carlos Chagas,
aposentado depois de 25 anos lecionando "Ética" no curso de Jornalismo
da Universidade de Brasília, pela 38ª vez escolhido Patrono
ou Paraninfo das turmas de formandos
A
liberdade de imprensa de uma sociedade burguesa consiste na liberdade dos
ricos para fraudar, desmoralizar e ridicularizar sistemática e incessantemente
as massas exploradas e oprimidas do povo.
— V. Lênin
Cartas à
Imprensa
Carta
de Mário Maestri ao ombudsman da Folha de São Paulo
Como consumidor assíduo da grande imprensa, acompanho há
mais de três décadas a transformação da ação
de informar em ato de formar,
através da manipulação da
notícia. Também
desde há muito sou leitor assíduo da Folha de São
Paulo, que se destaca com reconhecida galhardia nesse e em tantos outros
campos da informação. Digo isso para registrar que pouca
coisa me surpreende nesse domínio, na grande mídia nacional
e internacional.
Porém, na página internacional desta quinta-feira, 13 de
janeiro, chamou-me a atenção o importante parágrafo
inicial – lide – de artigo sobre o Oriente Médio “Violência
azeda clima amistoso entre Israel e palestinos”. Em verdade, a simetria
quase artística com a qual o redator do artigo estupra o conteúdo
da informação, através da manipulação
da linguagem, transforma-o em uma quase pérola desse campo da narrativa.
Vejamos esse pequeno capolavoro da informação a serviço
da formatação subliminar a que o leitor é habitualmente
submetido: “Um terrorista palestino
assassinou
um colono judeu num assentamento
da faixa de Gaza, enquanto soldados israelenses mataram,
na Cisjordânia, dois integrantes do grupo terrorista
Hamas.”. Por Mário Maestri, janeiro de 2005. Leia o texto
completo em
www.piratininga.org.br
Novos artigos em
nossa página
TV
Brasil: Uma nova alternativa no ar?
Numa tarde chuvosa de quinta-feira
pós-Carnaval, quando a Brasília oficial ainda ensaiava o
retorno às atividades normais, depois de cinco dias quase-parados,
os presidentes dos três poderes da República, em singela solenidade
realizada no Palácio do Planalto, assinavam um Acordo de Cooperação
que confirmava a criação da TV Brasil – Canal Internacional,
uma empreitada que reúne a Radiobrás, a TV Senado, a TV Câmara
e a TV Judiciário. Por Venício A. de Lima, fevereiro
de 2005
Livro
lembra 25 anos da morte de Santo Dias
No dia 31 de outubro de 1979,
não apareceu um policial perto das 30 mil pessoas que marcharam
da Igreja da Consolação até a Catedral da Sé,
no Centro de São Paulo. Depois do que ocorrera na véspera,
os PMs sumiram das ruas, em especial perto das fábricas, onde pouco
antes reprimiam com força os piquetes de metalúrgicos. A
multidão de trabalhadores, não só metalúrgicos,
mas representantes de dezenas de categorias profissionais, parou o centro
da Capital paulista. Na frente, seguia D. Paulo Evaristo Arns, então
arcebispo de SP, em um carro, com a viúva do operário, Ana
Maria, seus filhos, Santinho e Luciana. Ao lado, seus 11 bispos auxiliares
e religiosos de todas as comunidades paulistanas acompanharam o corpo de
Santo Dias da Silva, nesse trajeto. Por Jô Azevedo, janeiro
de 2005
Liberdade
de imprensa ou de empresa?
Em vez de vender espaço
aos anunciantes, os jornais estão vendendo cidadãos e mentes
às empresas. “É a venda da massa aos anunciantes não
propriamente do ponto de vista econômico, mas sobretudo psicológico”,
sustenta o jornalista Ignácio Ramonet, que esteve presente no IV
Fórum Mundial de Juízes, evento paralelo ao Fórum
Social Mundial de Porto Alegre. Por Gustavo Barreto, 24 de janeiro,
2005
Juíza
decidirá ação da Globo
A juíza Maria Helena
Pinto Machado Martins, da 42ª Vara Cível, será responsável
pelo julgamento do processo que os herdeiros da família Ortiz Monteiro
movem contra o espólio de Roberto Marinho e a TV Globo Ltda, com
objetivo de retomar o controle da antiga TV Paulista (hoje, TV Globo de
São Paulo, responsável por mais de 50% do faturamento da
rede. Os autores da ação alegam que Roberto Marinho assumiu
o controle da emissora utilizando documentos falsificados, segundo laudo
pericial emitido pelo Instituto Del Picchia de Documentoscopia. Assim,
se a juíza reconhecer a inexistência do ato jurídico
(a suposta venda das ações majoritárias da TV Paulista
a Roberto Marinho), a propriedade da emissora terá de ser devolvida
à família Ortiz Monteiro. Da Tribuna
da Imprensa, 15 de fevereiro, 2005
Carta
aberta ao presidente do Viva Rio
Prezado Senhor Rubem César
Fernandes, A propósito da parceria estabelecida entre o Viva Rio
e a TV Globo, para levar o áudio de programas da emissora para as
rádios comunitárias, apresentamos as seguintes considerações:
1. Permita-nos lhe informar que as rádios comunitárias têm
por princípio promover a educação, a cidadania, a
cultura. Também promovemos a solidariedade e a integração
da comunidade; defendemos e difundimos valores humanos e lutamos por um
Brasil justo e soberano, com igual oportunidade para todos; 2. Ao contrário
das emissoras comerciais, nosso objetivo não é o lucro, mas
a promoção da educação e da cultura na nossa
comunidade. (...) Por diversas entidades representativas, fevereiro
de 2005
Aos
40 anos, a Globo quer ser a senhora do destino
"Senhora do Destino" atrai
45 milhões de telespectadores diariamente. Reportagem da revista
Veja explica bem o fenômeno. Mas não tira a conclusão
necessária. A de que a estratégia das novelas globais é
totalitária. Algo que vem sendo construído há 40 anos.
Por Sérgio Domingues, fevereiro de 2005
O
martírio de Dorothy
Dezesseis anos depois da morte
de Chico Mendes, a Amazônia tem um novo mártir: é a
missionária americana – naturalizada brasileira no ano passado –
Dorothy Mae Stang, de 73 anos. Seu assassinato, no dia 12, em Anapu, no
Pará, chocou o mundo. Por quatro circunstâncias agravantes
no conjunto macabro das mortes por encomenda e da violência em geral
que caracteriza o sertão paraense como o mais conflituoso do meio
rural brasileiro. Por Lúcio Flávio Pinto, fevereiro
de 2005
A
pena solta. E espírito crítico
Três livros lançados
na Europa apontam, com humor, os limites da prática jornalística.
Por Gianni Carta, para a Carta Capital, 23 de fevereiro de
2005
Boletim do Núcleo
Piratininga de Comunicação
Av. Rio Branco, nº
277 sala 1706 CEP. 20040-009
Tel. (21) 2220-56-18 / 9628-5022
www.piratininga.org.br
/ npiratininga@uol.com.br
Coordenador:
Vito Giannotti
Edição:
Claudia Santiago (MTB.14.915)
Redação:
Claudia Santiago e Gustavo Barreto
Projeto
Gráfico: Gustavo Barreto e Cris Fernandes
Colaboraram
nesta edição: Sérgio Domingues (SP), Mário
Maestri (RS), Jô Azevedo (SP) e SINDJUS (PR).
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Se
você não quiser receber o Boletim do NPC, por favor, responda
esta mensagem escrevendo REMOVA.
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