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Boletim do NPCNº 58De 15 a 31.12.2004
Para jornalistas, dirigentes, militantes
e assessores sindicais e dos Movimentos Sociais


Notícias do NPC

Surgente, do Sindipetro-RJ, vence concurso de melhor jornal sindical
"Comunicação, Ideologia e Política na batalha da hegemonia". Este foi o tema do 10º Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), realizado de 1º a 5 de dezembro, no Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro. Éramos mais de 100 pessoas, entre dirigentes sindicais, jornalistas e assessores, discutindo intensamente uma comunicação para disputar a hegemonia. Todos os debates focaram o tema do encontro. Leia artigo de Rosângela Gil, com resumo das palestras, em nossa página: www.piratininga.org.br

Neste número do boletim, você vai ler o resumo de algumas palestras. No próximo tem mais. 

A Agenda do NPC-2005, lançada no curso, está praticamente esgotada. Na sexta-feira, dia 16, quando fechamos essa edição, havia apenas 50 agendas na sede do Núcleo.

Sobre o concurso
No dia 5 de dezembro, no final do 10º Curso Anual, realizamos a premiação do Concurso NPC do melhor jornal de 2004. Dentre os sindicatos que solicitaram inscrição, muitos não puderam ser aceitos por razões como o atraso no envio dos materiais ou da própria inscrição ou por não terem enviado o material correspondente de forma correta. Outros não puderam participar por terem pessoas muito próximas a algum jurado. Assim chegamos ao final com 25 concorrentes. 

Os avaliadores

Os avaliadores foram o coordenador do NPC, Vito Giannotti, os jornalistas Claudia Santiago (RJ), Lígia Coelho (RJ), Márcia Andreolla (MT), Mário Camargo (PR), Rosângela Gil (SP) e Sueli de Freitas (ES), o repórter fotográfico J.R.Ripper (RJ), o professor de Comunicação da ECA-USP, José Luís Proença, a professora de História da UFF, Virgínia Fontes, o produtor gráfico Marcelo Souza (RS) e o sociólogo Sérgio Domingues (SP). 

Resultado final da premiação dos primeiros 10

  • Vencedor: Sindipetro/RJ, com o jornal Surgente
O 1º Premio foi uma viagem a Cuba, de uma semana, para o diretor responsável do departamento de Comunicação — Odilon Horta — e para a jornalista responsável pelas edições avaliadas do jornal, Stella Guedes. 
  • 2º colocado: Sindijus/PR, com o jornal Consciência e Luta. Jornalista responsável: Elisandra Moraes
  • 3º  colocado: Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos/SP com o Jornal do Metalúrgico. Jornalista responsável: Ana Cristina
  • 4º: SINTUFRJ
  • 5º: Sinjus/MG e ADUFRJ
  • 6º: Comerciários de Nova Iguaçu/RJ, Bancários/PE, SINTUFF/RJ

  • ....Coordenação da Justiça Estadual  (âmbito nacional)
  • 7º: Sisejufe/RJ
  • 8º: Jornalistas/SC
  • 9º: Sindieletro/MG, Fenajufe (âmbito nacional) e Sindilegis/DF

Debates: A Comunicação e os Movimentos Sociais; Sandra Quintela, Claudia Santiago, João Paulo Rodrigues e Idson Silva
.

A Internet e a Imprensa Alternativa; Gustavo Gindre, Kátia Marko e Bia Barbosa
.

Beto Almeida falou sobre TV Sul; No microfone, Glauco
.

Encerramento: a equipe do NPC
.

A Comunicação que queremos

Sinjus-MG e o Brasil de Fato
O SINJUS-MG, Sindicato dos Servidores da Justiça de 2a Instância de Minas Gerais, tem um boletim eletrônico diário chamado Sinjusnet. Toda semana, quando o jornal Brasil de Fato chega às bancas, o Sinjusnet divulga os destaques da nova edição, frizando a importância de se apoiar veículos de mídia alternativa. O informativo ainda orienta a categoria para a melhor forma de adquirir o Brasil de Fato, incentivando-a, também, a acessar o site do jornal.

Metroviários brasileiros inauguram nova página na internet
A Federação Nacional dos Metroviários colocou na rede a sua nova página na internet. O espaço pretende divulgar para os internautas as lutas da categoria em todo o Brasil com os principais acontecimentos nos estados onde estão atuando os sete sindicatos filiados à Fenametro. O sítio ainda conta com um cadastramento de internautas que queiram receber informações sobre a atualização da página. Para receber as críticas e sugestões há o "fale conosco", onde internauta pode interagir com a Federação. O endereço é www.fenametro.org.br

Jornal do movimento de prostitutas lança site
Fundado por Gabriela Leite e publicado em versão impressa desde 1988, o jornal Beijo da rua, da organização de prostitutas Davida, chega esta semana à internet. O tablóide e o site (www.beijodarua.com.br) trazem reportagens sobre o dia-a-dia das trabalhadoras sexuais, saúde integral e prevenção de DST e HIV/Aids, direitos humanos, legislação, atuação das associações e da Rede Brasileira de Prostitutas e outros temas de interesse da categoria. Com o lançamento do site na internet, amplia sua contribuição para um maior conhecimento da indústria do sexo e do movimento organizado nacional e internacional, para a redução do estigma e da discriminação e para o fortalecimento da cidadania das mulheres da vida. Mais informações: beijo@davida.org.br

A "Infância e a Adolescência na Mídia" discutida na ABI
A "Infância e a Adolescência na Mídia" foi o tema do Seminário patrocinado pelo Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDCA), realizado no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), na última terça-feira, 14 de dezembro. Os principais objetivos do evento foram: o de capacitar e sensibilizar jornalistas, editores, donos de empresas de comunicação e educadores para a responsabilidade social de seu papel na defesa dos direitos da criança e do adolescente; Traçar um plano de ação com linhas gerais de um trabalho de divulgação das atividades do CEDCA/RJ pela mídia, além de criar uma equipe de profissionais especializados na área. (Por Daniel Castro)


De Olho Na Mídia

“É preciso um esforço concentrado na estratégia de contra-hegemonia”, diz MST
A elite brasileira foi competente em manter as coisas como eram ao colocar o debate sob sua óptica. Construir novos meios de comunicação de massa é, nesse sentido, essencial para se travar a luta contra-hegemônica na sociedade. Foi com este pensamento que o porta-voz do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra em Brasília, João Paulo Rodrigues, fez sua intervenção no sábado (4/12), no penúltimo dia do 10o Curso anual do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC).

João Paulo começou, irônico, pelos grandes grupos de comunicação: “Bem, como vocês sabem, nós não temos problema com a imprensa, é aquela tranqüilidade”. Depois se dispôs a falar sobre antecedentes históricos da luta dos trabalhadores. Ele informou que 46% do território nacional cultivável está nas mãos de 1% da população. “Já houve diversas oportunidades para essa elite fazer a reforma agrária nesse país, mas eles nunca aproveitaram”, afirmou, citando três exemplos.

A primeira oportunidade, disse, se deu no período de 1850 — quando, durante o Segundo Reinado, promulgou-se a primeira Lei de Terras — a 1888, oportunidade em que foi promulgada a Lei Áurea, confirmando o desgaste do sistema escravista de trabalho. A segunda foi na Revolução Burguesa de 1930. A terceira, finaliza, na década de 60 com o início da formação de um governo popular.

João Paulo alertou que a elite não age indiscriminadamente. Este trabalho exige métodos, entre os quais a cooptação de lideranças dos movimentos sociais (oferta de cargos e facilidades, entre outras coisas); Repressão, quando “necessário”; Divisão interna dos movimentos sociais e da esquerda; Criminalização dos movimentos sociais por meio de notícias difamatórias; Personificação de seus líderes como forma de torná-los presas fáceis e, assim, começar uma campanha de desmoralização política. 

João Paulo seguiu citando momentos históricos importantes, como Canudos — primeira vez que se utilizou da força federal para esmagar um movimento popular — e a Guerra do Contestado, onde foi utilizado um avião para destruir em massa a população.
 
  PRINCIPAIS MÉTODOS DA ELITE
NA DISPUTA DE HEGEMONIA
I Cooptação de lideranças dos movimentos sociais (oferta de cargos e facilidades, entre outras coisas)
II Criminalização dos movimentos sociais por meio de notícias difamatórias
III Personificação de seus líderes como forma de torná-los presas fáceis e, assim, começar uma campanha de desmoralização política
IV Divisão interna dos movimentos sociais e da esquerda
V Repressão, quando “necessário”. Exemplo: quando “ameaça a democracia” (eufemismo para “desafia a hegemonia e o poder constituído”)
Fonte: palestras do 10o Curso anual do NPC

(Leia artigo de Gustavo Barreto em www.piratininga.org.br)

Concentração da mídia e movimentos sociais
Em palestra realizada no sábado, dia 4/12, no 10o Curso anual do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), o sociólogo Sérgio Domingues abordou a relação entre a concentração na mídia brasileira e a pauta dos movimentos sociais. Domingues, que é um dos coordenadores do NPC, sustentou que esta concentração acontece de forma verticalizada: a Rede Globo produz quase tudo o que divulga. Os executivos da emissora afirmam que isso é bom, em tese, já que muitos dos programas não seriam importados. 

O problema disso, diz Domingues, é que a pauta da sociedade — inclusive da esquerda — é dada pela grande mídia. “Nós vamos falar hoje da abertura de arquivos da ditadura, por que essa é a pauta, mas amanhã vamos acabar mudando de assunto rapidamente por conta desse mecanismo”, disse. Ele sustentou que uma das pautas que uniria todos movimentos sociais é exatamente a quebra dessa concentração da mídia.

Ele criticou também a inércia de algumas entidades sindicais, que possuem o discurso da luta contra a concentração, mas na hora H não reivindicam as mudanças. “Quando você chama para a luta, fica claro quem queria apenas cargos burocráticos”, observa.

(Saiba mais em www.midiavigiada.kit.net)

Manifesto a favor da cidadania do bem Público e da democracia
As entidades apoiadoras da campanha “Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania” vêm a público manifestar sua preocupação com a sistemática campanha que a TV GLOBO vem fazendo contra a atividade política, políticos e funcionários públicos em geral. 

A citada emissora, em sua programação, quer seja em novelas, telejornais e programas humorísticos, sempre coloca a atividade política e o funcionalismo público como algo nefasto à sociedade brasileira caracterizando-os, como corruptos, pessoas interessadas em ocupar o espaço público para defender interesses privados. 

Um exemplo claro da campanha de difamação que a TV Globo vem fazendo contra a atividade política é a novela “Senhora do Destino”, onde dois personagens que representam deputados e seus assessores somente estão preocupados com seus interesses pessoais. 

A mesma difamação a emissora faz contra o funcionalismo público no programa “Os Aspones”, onde funcionários são mostrados como pessoas incompetentes e preguiçosos, que usam seus cargos em benefício próprio. 

As entidades apoiadoras da campanha “Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania”, reconhecidas pela luta em defesa dos direitos humanos e da cidadania, se sentem na obrigação de denunciar esta postura que não é gratuita. 

Os meios de comunicação em geral e as concessões de TV, em particular, são estrategicamente fundamentais para a formação de Valores de nossa sociedade e, com este comportamento, promovem a formação de juízos de Valores que não contribuem para o aperfeiçoamento da democracia.

(Leia mais em www.piratininga.org.br)


NPC Informa

Fórum Social Mundial em tempo real
Em sua quinta edição, o Fórum Social Mundial poderá ser acompanhado de qualquer parte do planeta, via internet. Serão cerca de 400 atividades, entre palestras e conferências, em tempo real e com transmissão simultânea em até cinco idiomas. O endereço é www.forumsocialmundial.org.br

I Fórum Mundial da Comunicação e da Informação
Durante o Fórum Social Mundial 2005 acontece também o primeiro Fórum Mundial da Informação e da Comunicação. No dia 25 de janeiro, em Porto Alegre, jornalistas, ativistas e pesquisadores debaterão a atividade de diversos meios de comunicação no mundo. Participam do evento o jornalista Ignácio Ramonet, presidente do Media Watch Global; Jeremy Hobbs, da Oxfam, e o norte-americano Steve Rendall, da organização Fair, entre outros. A programação completa está em www.crisinfo.org/content/view/full/591/. Claudia Santiago e Gustavo Barreto, do NPC, vão participar do Fórum.

Moção ao jornal A Verdade
O vereador Eliomar Coelho (PT-RJ) entregou Moção de Congratulações pelos cinco anos do jornal A Verdade, em ato no Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público federal (Sintrasef), na quinta-feira (16/12). Na ocasião houve debate sobre A imprensa popular e conjuntura atual, com a participarão de Maurício Azedo, presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Achille Lollo, editor da Revista Nação Brasil, Guilherme Marques Soninho, do Núcleo Piratininga de Comunicação, e Luiz Alberto, do Movimento Comunicativistas.

Beatriz Bissio e o povo palestino
A jornalista Beatriza Bissio inaugurou no dia 9 de dezembro exposição de fotos suas sobre o povo palestino, com a presença do embaixador da Palestina em Brasília. A exposição está em cartaz  na galeria da Universidade Cândido Mendes, Rua da Assembléia 10, Centro, no Rio de Janeiro.

Páginas Poluídas, de Irineu Barreto: poesia fala de cotidiano, vida e resistência
Como diz Lincoln Secco em seu prefácio ao livro, Irineu Barreto é um “engenheiro convertido à História da Ciência na Universidade de São Paulo. Lia ‘O Capital’ de Karl Marx e discutia educação, trabalho, Weber, Freud, Kurz e outros monstros. De repente, ele desapareceu. Enviava poemas de vez em quando. E se embrenhava na hinterlândia, lançando brados amazônicos e saudades dilatadas”. É ainda Secco quem explica: “Cotidiano. Esta é a chave da poesia deste livro. Arte improvável esta de querer sublimar o que se repete todos os dias. Às vezes, é certo, esse repetir-se entra em curto circuito. Mas então o próprio revoltar-se, o sangue, o revólver e a morte são aparados e absorvidos pelo ‘Leitor diário’. Afinal, na era industrial e capitalista, essa é a função da imprensa: aparar e ‘explicar’ como se naturais fossem, os choques sociais. A poesia subverte essa lógica. Não só pelo seu conteúdo, mas pela sua forma. Que também significa”. Nada a acrescentar. Só a recomendar. O livro vale várias leituras e leitores. O lançamento é pela Editora Scortecci. Apoio: Núcleo de Estudos d'O Capital (PT-SP).

Ensinando a assistir TV
A USP iniciou um projeto muito interessante. Trata-se do curso educomunicação (educação + comunicação), implementado em 455 escolas da Prefeitura de São Paulo. O projeto é coordenado por Ismar de Oliveira Soares, professor do Departamento de Comunicação e Artes da ECA/USP. Tem como objetivo geral capacitar professores para o uso da linguagem audiovisual em sala de aula. Mas, para isso, os educadores devem desenvolver um olhar crítico em relação à produção da grande mídia. Isso é feito através de análises, mas também com atividades práticas. Por exemplo, pedindo aos alunos para montar o seu próprio telejornal. A experiência leva os educandos a concluir que a transmissão de informações nunca é neutra. Há sempre a necessidade da seleção, de um recorte da realidade. E é aí que ficam claras as opções por estes ou aqueles fatos, segundo os interesses dos controladores da grande mídia.

Esperemos que a mudança de administração na prefeitura paulistana não comprometa um programa tão importante como este. Mais detalhes em www.educomradio.com.br

Debate sobre mídia e imagens negras
A Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-RJ) do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro realizou, no dia 17 de dezembro, às 18h, o seminário "Mídia, imagens negras e direitos humanos". O evento promoveu o encontro inédito de três momentos da presença do negro na fotografia brasileira do século 19 ao século 21. Participaram Januário Garcia, um dos mais famosos fotógrafos negros do Brasil; Ierê Ferreira, fotógrafo do grupo AfroReggae; George Ermakoff, autor do recém-lançado O negro na fotografia brasileira do século XIX; e ainda Mohammed Elhajji, doutor em Comunicação da UFRJ.


Democratização da Comunicação

Ermano Allegri pede democratização da propriedade nos meios de comunicação
Não basta democratizar a informação: é preciso ir mais longe e democratizar a propriedade dos meios de comunicação. A reivindicação é de Ermano Allegri, coordenador da Agência de Informação Frei Tito Alencar para América Latina (ADITAL), que falou aos participantes do 10o Curso anual do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), no Rio de Janeiro, na sexta (3/12). Carlos Alberto Libânio Alves, o Frei Betto, é um dos sócios da agência.

Allegri explicou a proposta da ADITAL de chegar aos meios oficiais, por meio dos jornalistas que neles trabalham, oferecendo alternativas às grandes agências noticiosas. Nascida em 13 de maio de 2001, a ADITAL quer fazer uma contraposição à grande mídia que, segundo Allegri, “mata as idéias”, o que contribuiria para a morte física de milhares de pessoas. “Para integrar a América Latina, é necessário nos conhecermos”, argumenta, criticando também a imprensa “por não considerar o processo histórico” — soltando fatos sem contextualizá-los adequadamente.

A idéia de criar a agência surgiu em 1999, em conversa com amigos, conta Frei Betto, um dos sócios. O Ceará foi escolhido para sede porque já conta com a experiência da Agência de Notícias Esperança (Anote), das pastorais sociais do Regional Nordeste I.

A Agência ADITAL, acessível em português e espanhol, está em www.adital.org.br

Governança da Internet precisa da sociedade civil para se democratizar
Poder e tecnologia estão intimamente ligados, mas ainda não há a real percepção da importância do tema para o Brasil. Este é um dos alertas feitos por Gustavo Gindre, Coordenador Executivo do Instituto de Estudos e Projetos em Comunicação e Cultura (INDECS), no 10o Curso anual do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), no Rio de Janeiro, de 1 a 5 de dezembro de 2004. Gindre, que é membro da sociedade civil no Comitê Gestor de Internet do Brasil (CGIBr), explicou aos participantes aspectos relacionados à governança na Internet e sua ligação estreita com a dominação tecnológica e comercial dos Estados Unidos.

Fazendo uma rápida contextualização, Gindre afirmou que a Internet nasceu em 1959, por iniciativa do exército norte-americano. A primeira rede se chamava ARPANET. Em 1969, em uma universidade nos EUA, foi enviado o primeiro correio eletrônico (“e-mail”), mas apenas nos anos 90 foi feito seu uso comercial. Um dos motivos para sua criação era a necessidade de se elaborar uma ferramenta de comunicação que não pudesse ser cortada pelos inimigos — como ocorria com as comunicações da época. Na nova rede, se algum ponto fosse cortado, os outros eram mantidos.

Gindre lembrou que o Brasil continua muito aquém no que diz respeito à inclusão digital. Apenas 12% das pessoas possuem computador, sendo 9% do total com Internet. Além disso, 800 municípios têm provedor, o que indica que mais de quatro mil cidades precisam fazer um interurbano para acessar a rede por discagem. Para exemplificar em que estágio nós estamos, Gindre afirmou que, na Coréia do Sul, 90% das casas tem internet banda larga (acesso rápido 24 horas). Isso ocorreu por conta de uma forte intervenção estatal no setor.

(Leia artigo de Gustavo Barreto em www.piratininga.org.br)


Pérolas, por Sérgio Domingues

Se um dia lhe disserem que ele desfilou nu no Pelourinho, não acredite.
Não acreditarei.
Se lhe mostrarem uma fotografia dele nu no Pelourinho, desconfie.
Farei isso.
Mas se você vir Antonio Carlos nu no Pelourinho, nos avise, concluiu Civita.
Diálogo entre Victor Civita, presidente da Editora Abril e Ricardo Noblat, editor-chefe da revista Veja em Salvador, de 1978 a 1980, sobre Antonio Carlos Magalhães – do livro “O que é ser jornalista”, de Ricardo Noblat.

Quem mora na senzala não vai confiar nunca em quem morou no casarão. Nunca vai confiar. Dificilmente o Brasil vai ter colaboração de um com o outro. Enquanto a maioria estiver no poder, a favela nunca vai colaborar com o poder. Qualquer ONG, qualquer projeto misericordioso, o povo não abraça. Ninguém agüenta mais receber esmola. Eles sabem que se dá dez deve cem.
Mano Brown, do grupo Racionais MCs- Setembro de 2004
 


De Olho No Mundo

Beto Almeida: Uma TV para o Sul
Transmitir todas as revoluções na visão dos movimentos sociais, contribuindo para a construção de laços mais fortes entres os povos latino-americanos. Esta será a função da TV do Sul, idéia lançada pelo presidente venezuelano Hugo Chávez e explicada pelo jornalista Beto Almeida, em palestra no 10o Curso anual do NPC. 

“A TV do Sul terá nossos valores”, explicou Almeida, dando a entender que o estágio de desenvolvimento da iniciativa já estaria bastante avançado. O jornalista afirmou que um dos principais eixos desta nova emissora — que será bilíngüe — deve ser o jornalismo, que tratará de mostrar as notícias que não são exibidas pela grande mídia. “As elites já possuem suas tevês. Precisamos da nossa CNN”, sustentou Almeida. 

Ele aproveitou para dar uma alfinetada no governo federal: “Que a Globo não mostre, nós já estamos acostumados. Que o Estadão minta, não é novidade. Mas o fato de a Rádiobras não mostrar fatos como a revolução em curso na Venezuela é desrespeitar a Constituição de 88, que fala na necessidade de se incentivar a integração latino-americana”.

(Leia artigo de Gustavo Barreto em www.piratininga.org.br)


Proposta de Pauta

Sociedade ignora situação dos camelôs
A indiferença da sociedade em relação à situação dos vendedores de rua: esta foi uma das diversas denúncias que marcaram a intervenção de Idson Alves, do Movimento dos Camelôs do Rio de Janeiro (MUCA), no quarto dia do 10o Curso anual do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), no Rio de Janeiro.

“A questão dos camelôs não tem nenhuma atenção do poder público. Durante as eleições [de 2004], houve uma omissão quase que completa por parte dos candidatos, com exceção do Edson Santos [vereador] e de Jandira Feghali [deputada federal]. É triste a nossa situação com esses doze anos de governo César Maia [Conde governou neste meio tempo, mas foi eleito com o apoio do prefeito]”, questionou Idson.

Na mídia, é comum se publicar diversas mentiras facilmente identificáveis, aponta. “O foco deles é pirataria, pirataria, pirataria”. Para ele, trata-se de uma meia-verdade, e em grande parte mentiras completas. “Muitos dos produtos estão dentro da lei”. Ele levou diversos recortes de jornais que mostram casos de manipulação grosseira.

Auge do movimento foi nos anos 90
Na contra-mão da crise de diversos movimentos sociais, os camelôs cariocas atingiram o auge de sua organização exatamente na década de 90. “Estávamos muito fortes. Foi nessa época que surgiu o camelódromo. César Maia fez o maior barulho na inauguração do espaço, mas depois jogou de lado. Não há qualquer política pública praticada ali, o que acaba criando uma competição e exploração do local”, denunciou.

Idson lembra que o Rio de Janeiro possui uma legislação razoavelmente progressista, conquistada por meio de muita luta, mas falta vontade para pô-las em prática. Ele afirmou ainda que o Movimento dos Camelôs do Rio de Janeiro possui diversas representações na justiça contra as autoridades, mas que nunca são divulgadas na imprensa.

Ele também falou na necessidade de se unificar ações no confronto de classe e romper as “ilhas temáticas” nas quais muitos sindicatos se isolam. “Quem é o camelô senão o ex-petroleiro, o ex-bancário, ou seja, o ex-sindicalista? Ele é, portanto, um companheiro de classe”, questionou. “Hoje não há unidade no confronto. É preciso criar um projeto único”.


Entrevista

Gustavo Gindre: A Internet e a Comunicação Alternativa
“ A internet é uma baita ferramenta de comunicação alternativa. Porque ela diminui os custos de distribuição. Quando você distribui algum veículo de comunicação você tem um suporte para essa distribuição. O jornal precisa ter o papel. O vídeo precisa ter a fita de vídeo. A internet dispensa isso. Isso barateia bastante. Isso permite o sujeito criar o seu site e distribuir para o mundo. A internet é um enorme instrumento, mas ela não é igual à comunicação alternativa. Ela favorece em alguns momentos a comunicação alternativa. Mas ela não é igual. Tem um monte de coisa na rede que não é comunicação alternativa. Você tem comércio. Você tem um monte de coisa. E você tem um controle da infra-estrutura que está nas mãos de poucas pessoas. A infra-estrutura física por onde as informações da internet circulam não tem nada de descentralizado. Então é bem oposição à comunicação alternativa.” Leia entrevista de Gustavo Gindre, concedida a Rosângela Gil, em nossa página: www.piratininga.org.br


Novos artigos em nossa página

Sobre o curso do NPC

Aula de América Latina. Por Eliane Amaral
Imagens fortes e belíssimos textos sobre nossa história emocionaram o participantes do 10º Curso de Comunicação do Núcleo Piratininga. Do jornal da Sintufrj, dezembro de 2004.

Movimentos populares apostam na comunicação como arma. Por Bia Barbosa
Sindicatos e organizações sociais investem na imprensa alternativa para desconstruir idéias e conceitos impostos à sociedade cotidianamente pela grande mídia. Em 6/12/2004 para a Agência Carta Maior

Comunicação, Ideologia e Política na batalha da hegemonia. Por Rosângela Gil
Este foi o tema do 10º Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), realizado de 1º a 5 de dezembro, no Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro. Éramos quase 100 pessoas, entre dirigentes sindicais, jornalistas e assessores, discutindo intensamente a comunicação para disputar a hegemonia com quem nos explora. Foram cinco dias com temas pertinentes para quem quer fazer comunicação para fazer a disputa mais do que necessária com quem nos explora e domina neste sistema econômico. Os debates que desenvolveram o tema "Comunicação, Ideologia e Política na batalha da hegemonia" foram: 

1- Mídia e política: a Globo na transição da Ditadura à Nova República, com o professor Venício A. Lima, professor de Comunicação do Instituto de Ensino Superior de Brasília.
2- Revista Veja: o Indispensável Partido Neoliberal, tema desenvolvido pela professora de História da Unioeste-PR, Carla Luciana Silva.
3- A Dimensão pedagógica da Comunicação Popular, tema desenvolvido pelo professor do curso de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), Gaudêncio Frigotto.
4- Comunicação sindical: de Collor a Lula e leituras operárias, tema desenvolvido pela jornalista Cláudia Santiago.
5- Comunicação e Ideologia em Marx e Gramsci, tema desenvolvido pelas professoras Virgínia Fontes (professora de História da UFF) e Sônia Mendonça (professora de História da UFF).
6- Aula-Oficina: Comunicação Sindical: exigências específicas, com o coordenador do NPC, escritor e ex-metalúrgico ferramenteiro Vito Giannotti.
7- A Internet e a Comunicação Alternativa, com Bia Barbosa (Agência Carta Maior), Ermano Allegri (Agência de notícias Adital) e Gustavo Gindre (membro eleito do Comitê Gestor da Internet no Brasil).
8- Debate: Comunicação e Movimentos Sociais, com: Idson Alves, do MUCA (Movimento dos Camelôs do Rio de Janeiro), João Paulo Rodrigues, do MST e Sandra Quintela, do Jubileu Sul.
9- Os comentaristas de Rádio e TV e a Opinião Pública, com Pedrinho Guareschi, professor do curso de Psicologia da PUC-RS.
10- Mídia Vigiada e Observatório da Mídia, com o professor de Comunicação da ECA/USP, José Luis Proença, e Sérgio Domingues, sociólogo e do NPC.
11- Escolaridade, Muralhas da Linguagem e Hegemonia, com Vito Giannotti. Parte final do curso, onde Vito Giannotti analisou as "muralhas" da linguagem, quando escrevemos para o trabalhador não entender.

Outros assuntos

Nova onda golpista na Venezuela. Por Laerte Braga
A nova lei de imprensa da Venezuela é também o novo pretexto das empresas privadas de televisão, principalmente, para fustigar o governo bolivariano do presidente Hugo Chávez e promover nova onda golpista no país, em nome de pretensa e suposta liberdade de imprensa. Como a nova lei coíbe ações terroristas do setor de comunicação, como aconteceu em abril de 2002 no golpe frustrado contra o presidente Chávez, as elites venezuelanas reagem dessa forma. Em 16/12/2004.

O Brasil não entenderá a Venezuela. Por Emir Sader
Se depender da grande mídia privada, os brasileiros não compreenderão o que acontece na Venezuela. Nossos jornais simplesmente repetem o que as agências internacionais publicam diariamente sobre o governo Chávez, compram as versões dos monopólios privados da mídia venezuelana e ignoram o outro lado dos fatos. Em 13/12/2004 para a Agência Carta Maior

Reflexões sobre a mídia. Por Marco Aurélio Weissheimer
Em períodos eleitorais, um velho fantasma assola a esquerda: o papel manipulador da mídia. Nas derrotas, a gritaria é grande. Passadas as eleições, tudo volta ao normal e velhos vícios e ilusões sobre a relação com a grande mídia realimentam uma tediosa rotina. Em 20/11/2004 para a Agência Carta Maior

Incríveis, somos todos nós. Por Sérgio Domingues
No desenho animado “Os Incríveis”, uma família de super-heróis tem que esconder seus poderes. Nós, ao contrário, temos que redescobrir nossas super habilidades. As que foram seqüestradas e escondidas pela sociedade de classes. Em dezembro de 2004. para www.midiavigiada.kit.net

Os "aspones" deles e os nossos. Por Sérgio Domingues
O mais recente programa de humor da Globo é um insulto aos servidores públicos. Mas, o combate a esse tipo de atração deve nos lembrar de nossos próprios erros. Um "aspone" é uma engrenagem do Estado capitalista. Nos sindicatos e partidos de esquerda, é um câncer. Em dezembro de 2004. para www.midiavigiada.kit.net



Boletim do Núcleo Piratininga de Comunicação

Av. Rio Branco, nº 277 sala 1706   CEP. 20040-009
Tel. (21) 2220-56-18 / 9628-5022
www.piratininga.org.br / npiratininga@uol.com.br
Coordenador: Vito Giannotti
Edição: Claudia Santiago (MTB.14.915)
Redação: Claudia Santiago, Gustavo Barreto e Rosângela Gil
Projeto Gráfico: Gustavo Barreto e Cris Fernandes
Colaboraram nesta edição: Dinora Oliveira (MG), Leonor Costa (DF) e Sérgio Domingues (SP). [voltar]

 


Se você não quiser receber o Boletim do NPC, por favor, responda esta mensagem escrevendo REMOVA.
Índice
Clique nos ítens abaixo para ler os textos.

Notícias do NPC
Surgente, do Sindipetro-RJ, vence concurso de melhor jornal sindical; saiba mais sobre o concurso e seus vencedores

A Comunicação que queremos
Sinjus-MG e o Brasil de Fato
Metroviários brasileiros inauguram nova página na internet
Jornal do movimento de prostitutas lança site
A "Infância e a Adolescência na Mídia" discutida na ABI

De Olho Na Mídia
“É preciso um esforço concentrado na estratégia de contra-hegemonia”, diz MST
Concentração da mídia e movimentos sociais
Manifesto a favor da cidadania do bem Público e da democracia

NPC Informa
Fórum Social Mundial em tempo real
I Fórum Mundial da Comunicação e da Informação
Moção ao jornal A Verdade
Beatriz Bissio e o povo palestino
Páginas Poluídas, de Irineu Barreto: poesia fala de cotidiano, vida e resistência
Ensinando a assistir TV
Debate sobre mídia e imagens negras

Democratização da Comunicação
Ermano Allegri pede democratização da propriedade nos meios de comunicação
Governança da Internet precisa da sociedade civil para se democratizar

Pérolas, por Sérgio Domingues
Victor Civita e Mano Brown

De Olho No Mundo
Beto Almeida: Uma TV para o Sul

Proposta de Pauta
Sociedade ignora situação de moradores de rua

Entrevista
Gustavo Gindre: A Internet e a Comunicação Alternativa

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