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Boletim
do NPC — Nº
50 — De
1 a 10.09.2004
Para jornalistas, dirigentes,
militantes
e assessores sindicais
e dos Movimentos Sociais
Notícias
do NPC
Domingo
é Dia de Cinema exibe Fahrenheit 11 de Setembro
O
Projeto Domingo é Dia de Cinema, uma parceria entre o Oficina Cine-escola
do Grupo Estação, o Núcleo Piratininga de Comunicação
(NPC) e alguns Pré-vestibulares Comunitários constitui-se
em sessões que acontecem uma vez por mês, sempre aos domingos,
seguidas de debate com convidados que tenham, de alguma forma, ligação
com o filme ou com o tema. O projeto é direcionado para os estudantes
das comunidades populares.
Neste
domingo, dia 12, às 9h, exibiremos o filme Fahrenheit,
de Michel Moore, seguido de debate com o deputado federal Chico Alencar
(PT-RJ) e o professor de literatura e língua espanhola, especialista
em literatura latino-americana, Ary Pimentel. Preço do ingresso:
R$ 2,00.
(Por
León Diniz, coordenador de Áudio Visual do NPC)
Curso
anual do NPC
Já
está definida a data do curso anual do NPC, no Rio de Janeiro: de
2 a 5 de dezembro. Estamos concluindo os contatos com os palestrantes e
fechando as mesas de debates. Já estão confirmados os nomes
dos jornalistas José Arbex Jr., Daniel Hertz e Gustavo Gindre e
dos professores Venício A. de Lima, Pedrinho Guareschi, Muniz Sodré,
Gaudêncio Frigotto e Virgínia Fontes.
Uma das
mesas será composta por representantes da CUT, do MST e da CNBB.
Uma outra por jornalistas de publicações alternativas. Esperamos
anunciar a programação completa já na próxima
edição do Boletim NPC.
Na ocasião
do curso, serão divulgados os vencedores do Prêmio NPC de
Comunicação Sindical.
Agenda
2005 do NPC: a Comunicação Dia-a-Dia
Na abertura
do curso, em dezembro, será lançada a Agenda 2005 do NPC,
com o título A Comunicação dia-a-dia. Contém
de quatro a seis notícias sobre comunicação para cada
dia do ano, distribuídas ao longo dos dois últimos séculos
da história mundial, com ênfase no Brasil. São mais
de 150 notícias sobre a Imprensa Operária do começo
do século XX, outras 150 sobre a Imprensa Comunista, de 22 a 64,
mais de 100 sobre a Imprensa Alternativa dos anos da Ditadura Militar e
centenas sobre a Imprensa Sindical.
Muralhas
da Linguagem é tema de oficina no Fórum Social Mineiro
O coordenador
do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), Vito Giannotti,
participou no dia 6 de setembro de dupla atividade no Fórum Social
Mineiro, em Belo Horizonte. Na parte da tarde foi debatedor da oficina
“Muralhas da Linguagem e Disputa de Hegemonia”, promovida por Abraço
Grande BH, Sind-SaúdeMG – Sitraemg, Gespalp e Sinfamig. À
noite, houve o lançamento do livro e coquetel de confraternização
com a presença de jornalistas e dirigentes sindicais de vários
estados, entre eles o Sidieletro-MG, o Sinttel-MG, o Seeb-BH, o Sintsprev-MG,
o SIND-UTE, o Sindpsi-MG, o Sindsprev-PR, a Fenasps e o Andes.
A Comunicação
que queremos
Mostra
fotográfica em Porto Alegre comemora os 21 anos da CUT
No sábado
(28/8) a Central Única dos Trabalhadores (CUT) relembrou 21 anos
de fundação. Para marcar a data, a CUT Estadual promoveu
a mostra fotográfica “CUT 21 Anos — As
Lutas dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul”. Trinta fotos retratando
a história do movimento sindical gaúcho foram expostas nos
altos do mercado público municipal, no centro de Porto Alegre, entre
31/8 e 3/9. Fundada em 28 de agosto de 1983, em São Bernardo do
Campo/SP, a CUT abriu uma nova página na história do sindicalismo
brasileiro e latino-americano. Pouco mais de um ano depois, em 21 de outubro
de 1984, foi fundada a CUT-RS.
Repórter
é ameaçado por denunciar crimes na Amazônia
Em uma entrevista recente à
revista Caros Amigos, o jornalista Lúcio Flávio Pinto,
que enfrentou 15 processos judiciais desde 1992, falou sobre a perseguição
e as ameaças que vem sofrendo por causa de seu trabalho. Na entrevista,
o jornalista afirma que é constantemente perseguido e ameaçado
pelas denúncias que tem feito em reportagens investigativas, especialmente
sobre grilagem e exploração ilegal de madeiras na Amazônia.
Leia entrevista com o premiado jornalista sobre sua trajetória na
profissão, os processos que enfrenta atualmente e os problemas na
região amazônica. O site da revista é o
http://carosamigos.terra.com.br
Nestlé
em maus lençóis. Parabéns, Adital!
Está de parabéns
a Adital — Agência
de Informação Frei Tito para a América Latina
— pela reportagem sobre o caso da Nestlé
em Minas Gerais. A jornalista Micheline Matos ouviu as versões da
Nestlé e dos ambientalistas que travam uma batalha quase não
divulgada pelos grandes meios de comunicação.
Ela mostra, por exemplo, que
em uma matéria publicada no jornal Hoje em Dia, de Varginha,
Minas, dia 8 de agosto, o procurador geral da República em Minas,
José Adércio Leite Sampaio, responsável pela área
de meio ambiente e patrimônio cultural da Procuradoria da República
de Minas, afirmou que “há quatro anos, a Nestlé está
atuando em desacordo com a legislação minerária brasileira,
por retirar a propriedade de um recurso natural. A legislação
nesse aspecto é muito clara e diz que não pode haver a desnaturação
e desqualificação das propriedades minerais".
Lá fora, em pelo menos
cinco Estados Norte Americanos a Nestlé está sendo confrontada
com a oposição de iniciativas civis. Leia sobre o assunto
em
www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=13589
Indígenas
dirigem rádio educativa
Índios da reserva Amambaí,
a cerca de 350 km de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, estão
fazendo programa pioneiro de educação, com programação
completa na língua guarani, na rádio mantida pela escola
municipal Coroa Sagrada. A emissora faz parte do Projeto Educom.rádio,
uma parceria entre o Ministério da Educação (MEC),
o Núcleo de Comunicação e Educação da
Universidade de São Paulo (USP) e a Secretaria de Educação
do Mato Grosso do Sul. As informações são de Dioclécio
Luz no jornal Brasil de Fato (26/8). Mais informações em
www.educomradio.com.br/centrooeste
Olga
em debate no Vermelho
Eliana
Gasparini informa que o portal Vermelho acaba de lançar Fórum
Vermelho. Em sua primeira edição, o filme Olga. Confira:
www.vermelho.org.br.
Informações: (11) 3054-1835
NPC Informa
Conselho
Federal de Jornalismo em debate no Senado
A proposta
da criação do Conselho Federal de Jornalismo, em tramitação
na Câmara, será o tema de audiência pública no
dia 15 de setembro na Comissão de Educação do Senado.
Para discutir o tema, a comissão convidou o presidente nacional
da OAB, Roberto Busato. Também será tema na audiência,
a Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual (Ancinav). A proposta
foi do senador Hélio Costa (PMDB-MG). Mais oito pessoas serão
convidadas para participar da reunião, entre elas os presidentes
da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio
Murillo de Andrade, e da Associação Nacional dos Jornais
(ANJ), Francisco Mesquita Neto. Nenhum dos projetos ainda está no
Senado. As informações são do site Consultor Jurídico.
Prêmio
de rádio e TV incentiva temática étnico-racial
A Fundação
Cultural Palmares (FCP), em parceria com a Fundação Universitária
de Brasília (FUBRA), lança a primeira edição
do Prêmio Palmares de Comunicação – Programas de
Rádio e Vídeo. Serão selecionados dez programas
de Rádio, de natureza histórica e cultural, com tempo mínimo
de 15 minutos e tempo máximo de 20 minutos de duração.
Para a área de Vídeo, serão selecionados sete vídeo-documentários,
de natureza histórica e cultural, com tempo mínimo de 15
minutos e tempo máximo de 20 minutos cada um. Os dez selecionados
da categoria programa de Rádio receberão um prêmio
no valor de R$ 10 mil, cada um. Os sete selecionados na categoria Vídeo
receberão um prêmio no valor de R$ 30 mil. As inscrições
começam no dia 17 de setembro e terminam em 17 de outubro. Saiba
como participar no site da Fundação Palmares, em
www.palmares.gov.br
ABI
promove curso de aperfeiçoamento
A ABI
lança, no dia 13 de setembro, uma série de cursos livres
“destinada ao aprimoramento profissional de jornalistas.” No primeiro módulo
serão oferecidos oito cursos sobre diferentes especializações
da profissão. Os cursos serão ministrados na ABI (Rua Araújo
Porto Alegre, 71, Sala Belizário de Souza, 7º andar). A mensalidade
para sócio é de R$ 50 e para não-sócio, R$
100. Ao final de cada curso será concedido certificado ABI de participação.
Mais informações no telefone (21) 2282-1292, das 10h às
17h, ou no site
www.abi.org.br
Bolívar,
Caxias e Martí
Esse é o nome do livro
do professor Fernando Corrêa de Sá e Benevides. Na obra, é
resgatado o ideário político destes três ícones
da história política da América luso-espanhola. Sua
leitura é de fundamental importância para o trabalhador, mostrando
como foi feita boa parte da resistência rumo à verdadeira
independência. Segundo o diretor de comunicação da
AEPET, a publicação é fruto de uma tarde de conversa
sobre um passado histórico repleto de ideais. "Resgatá-los
é fundamental para que possamos construir um futuro melhor", argumenta.
"Bolívar, Caxias e Martí" está sendo vendido na Associação
dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET). Mais informações
falar com Carmela pelo telefone (21) 2533-1110 ou pelo correio eletrônico:
cultural@aepet.org.br
Mulheres
jornalistas criam grupo de debate
Discutir a situação
da mulher jornalista e sua atuação nos meios de comunicação.
Com este objetivo foi criado um grupo de debate virtual chamado "Mulheres
Jornalistas". Segundo Cláudia Reis, que coordena a Comissão
Aberta de Mulheres Jornalistas de São Paulo, "a ferramenta é
muito útil para discutir questões relacionadas à qualidade
de informação, níveis de desigualdade e temas de interesse
das jornalistas". O grupo discutirá as questões que envolvem
a jornalista, utilizando a troca de e-mails entre as mulheres. Para conhecer
e ou participar do grupo visite a página
http://br.groups.yahoo.com/group/asjornalistas/
; Extraído de www.ojornalista.com.br
(Colaborou
Paula Batista, de Curitiba)
Curso
online abre inscrições para mulheres jornalistas
O Centro
Knight para o Jornalismo nas Américas, em parceria com a Fundação
Internacional Mulheres da Mídia, está aceitando inscrições
para o processo seletivo do curso online O Papel do Editor. O curso,
de sete semanas, começa no dia 4 de outubro de 2004 e é voltado
para jornalistas mulheres da América Latina e do Caribe. O curso
será oferecido inteiramente online por George Sylvie, professor
de jornalismo na Universidade do Texas em Austin. O programa foi desenvolvido
para ajudar jornalistas a aprimorar sua capacidade de liderança
para um gerenciamento mais eficiente das redações. O site
é do Centro Knight é o
http://knightcenter.utexas.edu/
De Olho Na Mídia
O
nacionalismo que se vê na Globo
Apesar da intensa campanha
para provar que trata-se de uma emissora que ama o país, a Rede
Globo não se cansa de falhar neste aspecto. Nascida de um acordo
ilegal com o grupo norte-americano Time/Life, são sucessivas as
incoerências entre o discurso e... o discurso. Na semana passada,
durante a transmissão da merecida vitória do iatista brasileiro
Robert Scheidt nas Olimpíadas de Atenas, o comentarista de iatismo
da emissora não se conteve e disparou: “Nessas horas, o sangue alemão
faz a diferença”. Guilherme Fiuza ironizou o escorregão no
siteNoMínimo
(nominimo.ibest.com.br):
“Se a maior ginasta brasileira se chamasse Daiane Scheidt, ela haveria
de saber triunfar também. Mais seguro mesmo seria se a grafia fosse
“Diane”, deixando a Daiane, ou mesmo a Daieine, só para a pronúncia.
Com um nome desses, dificilmente ela tremeria na hora decisiva”.
Folha
em campanha na capital paulista
A Folha de S. Paulo
mostrou mais uma vez que está em campanha em São Paulo
— não se sabe se contra a atual
gestão de Marta Suplicy (PT) ou a favor do candidato José
Serra (PSDB). Fato é que Serra tem sido sucessivamente privilegiado
na cobertura do diário paulista. Na outra frente, todos os mínimos
detalhes dos erros da prefeita têm sido estampados com destaque nas
primeiras páginas. Serra, por sinal, é ex-colunista da Folha
e se licenciou apenas para disputar a prefeitura.
Na última segunda (30/8),
por exemplo, o jornal deu
primeira
página para uma
pesquisa
do Datafolha — instituto
ligado à publicação
— destacando que o programa de TV de José
Serra tem preferência entre os eleitores consultados. O que não
aparece na manchete "explosiva": foram entrevistados apenas 1.720
— segundo o Tribunal Regional Eleitoral
de São Paulo, a cidade possui quase 8 milhões de eleitores.
E mais: menos de 50% dos entrevistados assistiram ao programa eleitoral.
Para piorar a manipulação grosseira, a diferença entre
os que elogiaram um e outro candidato é de apenas 5%. O que é
jornalismo?
Galvão
Bueno anuncia novas medidas do governo Lula
Ou pelo menos foi isso o que
ficou parecendo se você assistiu à final do jogo de vôlei
contra a Itália neste domingo (30/8), nas Olimpíadas de Atenas,
pela Rede Globo. Depois de derramar litros de lágrima com os comentaristas
— segundo descreveu o próprio
— Galvão afirmou: "Foi um grande
momento, porque marca a Olimpíada que vai dividir a história
olímpica brasileira. (...) Com o governo tratando o esporte como
política de Estado; com os centros de excelência que vêm
por aí; com a iniciativa privada mergulhando de cabeça se
vier a lei dos incentivos fiscais, o Brasil caminha realmente cada vez
mais...". Não é bem isso que falam muitos dos atletas dos
esportes menos populares, como o judô. Estará Galvão
Bueno falando da verba publicitária governamental que a Globo arrecada
em suas transmissões esportivas?
Jornalista
do NYT ataca novamente
O alvo é só um:
o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em reportagem
publicada
pelo jornal "The New York Times" nesta segunda (6/9), o correspondente
do diário no Rio de Janeiro, Larry Rohter, atacou desta vez a proposta
de criação do Conselho Federal de Jornalismo.
Já na primeira linha,
Rohter mostra a que veio: chama o projeto de "plano do presidente", quando
os autores, na verdade, foram os dirigentes da Federação
Nacional dos Jornalistas (FENAJ), com amplo apoio de diversos sindicatos
no país inteiro. Diz ainda que esta seria — segundo as organizações
de imprensa "que seriam afetadas pela medida" — "a mais séria ameaça
à liberdade de expressão aqui desde a queda da ditadura militar
de direita há duas décadas".
Em maio, o mesmo jornalista
publicou reportagem sobre supostos excessos alcoólicos do presidente
e foi classificada corretamente pelo governo como "caluniosa", "da pior
espécie de jornalismo, o marrom" e que apenas o "preconceito e a
falta de ética" explicam a tentativa de colocar em dúvida
a credibilidade do presidente.
O texto desta segunda é
todo construído como se a proposta do CFJ fosse mais um indicativo
da "lógica autoritária" do governo Lula. E conclui, quase
no final: "Lula está sofrendo do efeito Chávez", citando
"um líder da oposição" que Rohter nem ao menos identifica.
A frase é uma referência
ao presidente da Venezuela Hugo Chávez, eleito democraticamente
por duas vezes e que, mesmo assim, aceitou submeter seu mandato a referendo
revogatório, igualmente vitorioso. Desta forma é fácil
perceber qual é, para esta mesma direita que nunca apoiou a liberdade
de expressão, o conceito de "autoritarismo".
(Por Gustavo
Barreto)
Propaganda
e revisionismo histórico
Tentando
reformular sua obscura história, a Rede Globo lança nestes
dias o livro "Jornal Nacional — A
Notícia que Faz História" (foto). Além de uma propaganda
sobre a suposta importância do programa para o país, o livro
traz versões próprias sobre temas que geraram grande indignação
popular. No dia 28 de julho de 1998, por exemplo, o JN dedicou dez minutos
ao nascimento do parto de Sasha (filha de Xuxa), enquanto que o anúncio
do recorde de inflação em São Paulo mereceu apenas
20 segundos. Apenas uma conseqüência, segundo os próporios
editores, de uma estratégia de marketing para tornar o noticiário
mais "leve". Um pouco antes, em 89, diretores e editores se acusam no livro
quando o assunto é a famosa e criminosa edição do
debate entre os presidenciáveis Collor e Lula.
Estes e outros casos de reportagens
baseadas em pesquisas de mercado geraram arrependimento e receio frente
ao público. E, em vez de pôr fim no marketing para se redimir
do passado, a Globo aumenta a dose de propaganda. Está investindo
forte na divulgação dos 35 anos do Jornal Nacional, com palestras,
debates, matérias especiais e muito mais, escolhendo como um dos
principais alvos os jovens jornalistas, que formarão o quadro de
profissionais do futuro. Participar de todos os debates dos principais
fóruns parece ser o esforço concentrado a partir dessa semana
de comemoração.
A Escola de Comunicação
da UFRJ, por exemplo, recebeu nesta quarta (1/9) a equipe principal do
diário televisivo e a revista "Veja" deu capa para o "acontecimento",
afirmando entre outras coisas que o livro é uma "corajosa e transparente
discussão" e diz que hoje o Jornal Nacional se concentra "em sua
verdadeira vocação —
a
notícia". Revela ainda que o fundador da Globo, Roberto Marinho,
considerava que a realização dos comícios pelas Diretas
Já, em 1984, "poderia ser um fator de inquietação
nacional" — e
por isso o magnata vetou uma ampla cobertura das manifestações
a favor da Democracia. O país quieto, calmo, parado onde estava
parecia ser mais importante para Roberto Marinho do que as eleições
diretas e a volta a um regime de governo um pouco mais democrático.
Em meio a tantas "auto-críticas"
que os entusiastas do Jornal Nacional ressaltarão, algumas são
sempre "esquecidas": o nascimento do jornal em 1969, amigável ao
regime militar em um de seus mais violentos momentos, e a concentração
de propriedade e de verbas publicitárias, igualmente sustentada
pelo governo federal — responsável
pela fiscalização das tevês
—, permitindo que a Globo mantenha 600
jornalistas em 118 cidades e acabando com qualquer possibilidade de concorrência.
(Por Gustavo
Barreto)
De Olho No Mundo
Anti-chavistas
mudam o discurso
Depois
da auditoria realizada em 150 mesas de votação do referendo
revogatório do governo de Hugo Chávez, na Venezuela, a oposição
"democrática" —
a
mesma que tentou dar um golpe de Estado no ano passado
— acabou sendo obrigada
a aceitar o resultado. A inspeção foi realizada pelo Conselho
Nacional Eleitoral, sob a observação da Organização
dos Estados Americanos (OEA) e Centro Carter para sanar as dúvidas
propagadas pelas elites econômicas do país e pela mídia
mundial. Chávez obteve 59% dos votos de mais de 10 milhões
de eleitores. No Brasil, a revista "Veja" foi, para variar, a primeira
a arranjar uma desculpa para a vitória.
Na seção
de frases da semana, a "Veja" desta semana faz seus leitores pensarem que
a vitória do presidente se deu por conta de seu populismo. Para
isso cita um colunista do jornal argentino La Nacion, que diz: "Hugo
Chavez ganhou com o voto dos pobres, depois de tê-los aumentado.
O populismo gosta tanto dos pobres que os multiplica". Evidentemente que
a revista não informa que Chavez está acelerando reformas
de base, como a reforma agrária e a reforma do sistema econômico.
Convém, nestas horas, chamar de "populismo" toda e qualquer atitude
que se oponha aos grandes proprietários rurais e ao mercado financeiro.
Conheça a campanha "VEJA que mentira", que propõe um boicote
à publicação:
www.consciencia.net/2004/mes/01/vejaquementira.html
Argentina:
Por uma nova lei de radiodifusão
A rede de 40 filiais da Radio
Nacional e dezenas de rádios comunitárias e universitárias
fizeram uma transmissão em cadeia para lançar uma campanha
em prol de uma nova Lei de Radiodifusão para a Democracia, segundo
o jornal "El Independiente". A campanha "Iniciativa Cidadã" conta
com o apoio de várias organizações jornalísticas
e inclui 21 medidas para substituir uma norma publicada durante a ditadura
que restringe as atividades de rádio e TV, afirmou o site diariohoy.net.
As entidades interessadas podem aderir por meio do site
www.dirpro.com.ar/iniciativa/iniciativa.php
Proposta de Pauta
Princípio
do Pluralismo Regulado
Frente às recentes discussões
sobre a regulamentação do jornalismo e da mídia audiovisual
no Brasil, reproduzimos aqui um trecho do livro Ideologia e Cultura
Moderna, de John B. Thompson, editado pela Vozes (Rio, 1995, p.30):
"Numa tentativa de ir além
da teoria tradicional da livre imprensa e de pensar sobre os marcos referenciais
institucionais mais apropriados para o desenvolvimento dos meios
de comunicação no século XX, defendo o que pode ser
chamado de o princípio do pluralismo regulado. Por "pluralismo
regulado", entendo um marco referencial institucional amplo que tanto poderia
acomodar como assegurar a existência de uma pluralidade de
instituições de mídia independentes nas diferentes
esferas da comunicação de massa. Este princípio requer
duas medidas concretas: a desconcentração dos recursos
nas indústrias da mídia e a separação
das instituições da mídia do poder estatal".
"(...) O caráter transnacional
das formas de transmissão, associado à tecnologia dos satélites,
representa apenas o estágio mais recente, ou talvez o mais dramático,
de um processo de globalização que o desenvolvimento da comunicação
não só promoveu como também refletiu. Se quisermos
tirar o melhor possível das novas oportunidades propiciadas pelo
desenvolvimento das novas tecnologias na esfera da comunicação
de massa, e se quisermos evitar os perigos que o desenvolvimento da comunicação
de massa trouxe com isso, então a implantação do princípio
do pluralismo regulado exigirá um nível de vontade política
e de cooperação internacional que se encontra, na maioria
das vezes, ausente da cena política contemporânea".
(grifo nosso)
.
(Por Raquel
de Almeida Moraes, de Brasília)
Memória
Você
está bem informado?
Peguem
um pedaço de papel e anote suas respostas. Ao final, você
vai entender o motivo. Complete o seguinte texto:
“No
dia ___ (a) de setembro de ____ (b) uma explosão destruiu
_______(c). A responsabilidade de tal ato não foi fixada com precisão
até hoje, mas os________(d) acusaram imediatamente a ______(e).
A civilização ocidental está pronta para ser submetida
a outra grande prova da sua capacidade de sobreviver ao desastre. Mais
uma vez, o mundo marcha para a guerra. Os líderes mundiais não
atentaram nas lições da terrível provação
da última guerra e sucumbiram às tentações
do poder e da cobiça.
Uma das
principais causas da guerra foi a adoção de uma política
isolacionista pelos Estados Unidos, que não aceitaram as resoluções
da ____(f). Muitos acreditam que a posição americana é
obra exclusiva dos reacionários ferrenhos e dos nacionalistas impenitentes.
Espalha-se pelo mundo a convicção de que Tio Sam fora se
meter no que não era da sua conta.
A política
da Inglaterra com respeito à manutenção da paz é
quase que o oposto da política francesa. Separados do resto da Europa
pelo Canal da Mancha, os ingleses não se sentem levados a preocupar-se
tanto com a segurança nacional. A política partidária
americana também desempenhou papel considerável no caminho
para a guerra.
As eleições
de outubro de _____(g) foram vencidas pelos republicanos. Embora uma análise
posterior demonstrasse que a maioria do eleitorado havia votado nos democratas,
os votos estavam distribuídos de tal maneira que os republicanos
ganharam o controle tanto do Senado como da Câmara.
Foram
feitas diversas tentativas para salvar a paz. Importantes intelectuais,
através de artigos no New York Times, desafiavam o governo norte-americano
a aceitar a proposta francesa. Todas as tentativas de desarmamento fracassaram.
Começou
a correr o mundo a idéia de uma guerra preventiva.
___________(h)
anunciou que as operações militares haviam começado.
Como justificativa, alegava que _________(i) já havia mobilizado
e cometido atos hostis contra __________(j) e que a "bárbara perseguição"
contra homens, mulheres e crianças _______(l) já não
podia ser tolerada por uma grande nação.”
Se você
respondeu:
(a) 11
(b) 2001
(c) o
World Trade Center
(d) americanos
(e) Al
Qaeda
(f) ONU
(g) 2000
(h) Bush
(i) o
Iraque
(j) os
Estados Unidos
(l) iraquianas
...errou
tudo. As respostas certas são:
(a) 18
(b) 1931
(c) Estrada
de Ferro da Manchúria
(d) japoneses
(e) China
(f) Liga
das Nações
(g) 1918
(h) Hitler
(i) a
Polônia
(j) a
Alemanha
(l) alemãs.
Todas
as frases do texto são do livro "História da Civilização
Ocidental", de Edward McNall Burns (Editora Globo, 1975), no capítulo
que trata das causas da Segunda Guerra Mundial, que matou 50 milhões
pessoas.
Pérola da
edição
“Em
novembro de 1823, apenas quatorze meses após o Sete de Setembro,
dom Pedro desferia o primeiro golpe militar do Brasil independente, fechava
a assembléia nacional constituinte e legislativa, ditava a constituição
antiliberal que governaria o Brasil até 1889. A Independência
de 1822 foi coisa de branco, de escravista e de rico, pra branco, escravista
e rico. A grande maioria da população trabalhadora, formada
por africanos e brasileiros escravizados, prosseguiu sob o jugo absolutista
e colonial do bacalhau de cinco dedos do escravista impiedoso".
Mário Maestri,
no artigo “Por que não canto o Hino Nacional”.
www.espacoacademico.com.br/040/40maestri.htm
(Enviada
por Sérgio Domingues)
Cartas à
Imprensa
Pra
quê mentir?
Esta carta, do leitor Pedro
Amaral, foi enviada recentemente ao jornal O Globo, mas por alguma
razão eles não a publicaram. O Globo não publicou,
o NPC publica. "Prezados senhores: Em artigo sobre a obra "Fahrenheit 9/11"
publicado na seção "Opinião" do "Globo" de 10 de agosto
último, o Sr. Ali Kamel afirma que "o filme 'denuncia' que o serviço
secreto protege a embaixada da Arábia Saudita". É mentira.
(...) "
Brasil
de Fato e o filme "Olga"
Esta carta foi enviado por
Luís Mergulhão ao Jornal Brasil de Fato em agosto de 2004.
"Caros Companheiros de Luta: Permitam-me discordar profundamente da análise
do filme "Olga", publicada na última edição. "Olga"
é acusado de ser romântico, comercial e feito para o grande
público. (...)"
Leia
as cartas à imprensa em www.piratininga.org.br, seção
Artigos
Entrevistas
Conselho
Federal de Jornalismo: visões opostas
Por
Loianne Quintela e Rose Veronez, do Portal Andifes
A criação
do Conselho Federal de Jornalismo (CFJ) vem sendo muito debatida, especialmente
depois que o Projeto de Lei, elaborado pela Federação Nacional
dos Jornalistas (Fenaj), foi enviado ao Congresso, no dia 09 de agosto,
pelo presidente Lula. Os principais objetivos do Conselho serão
conferir o registro profissional, fiscalizar o exercício ético
da profissão e acompanhar a formação do futuro profissional.
Algumas entidades representativas da classe vêem isso como a imposição
de limites à atividade jornalística, como é o caso
da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Para contribuir
com essa discussão o Portal Andifes entrevistou o presidente da
Fenaj, Sérgio Murillo de Andrade, e o presidente da ABI, Maurício
Azêdo.
.
Leia
as entrevistas em www.piratininga.org.br
Novos artigos em
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Malandragem
visual. Por Gustavo Barreto
Para
convencer seus leitores de que o país, adotando a ortodoxia da economia
de mercado, irá alcançar um crescimento sustentável
com distribuição de renda, os editores do jornal O Globo
não só reproduzem um noticiário amigável ao
governo e aos investidores internacionais. A comunicação
possui técnicas pouco conhecidas do público, mas fartamente
utilizadas pelos profissionais de mídia e muito estudadas no meio
acadêmico.
Daiane
e Serginho valem ouro, apesar de Galvão Bueno.
Por
Sérgio Domingues
Galvão
Bueno citou Serginho, da seleção de vôlei, como exemplo.
Não é. É exceção. Assim como Daiane.
Ambos são negros e têm origem pobre. Já o talentoso
Robert Scheidt soube aproveitar as oportunidades de uma origem menos dura.
Os três juntos formam o retrato da desigualdade brasileira.
Olga:
um belo sacrifício pela causa errada.
Por
Sérgio Domingues
O trabalho
bem feito do diretor Jayme Monjardim honra a coragem da militante alemã
e mostra o carrasco que foi Getúlio Vargas. Só não
mostra as semelhanças entre as políticas varguista e stalinista
em relação ao nazismo que assassinou Olga.
Por
que Olga incomoda? Por Emir
Sader
Olga
incomoda. Ninguém sai do cinema alheio a esse belo filme, baseado
na obra-prima de Fernando Morais, que desagradou a imprensa e alguns “formadores
de opinião”. A crítica cinematográfica ficou incomodada,
alguns jornais chegam ao limite de praticamente não recomendar o
filme, pela baixa avaliação que lhe dão, em comparação
com a quantidade de porcarias holywoodianas recomendadas diariamente.
Liberdade
e preconceito. Por Sulamita
Stelián
Mais
do que a recusa a qualquer forma de balizamento de sua atividade, a grita
da mídia em torno da criação do Conselho Federal de
Jornalistas traduz um fato: a elite tupiniquim, tão bem representada
pelos veículos de comunicação, não se conforma
em ser governada por um pé rapado. Só que não tem
peito para escancarar o preconceito - e o viés golpista -, como
ocorreu na Venezuela. Então, vale-se de pequenos expedientes para
tentar desacreditar Lula e seu governo. Joga com a desinformação
e com o fantasma de um esquerdismo, que nem o próprio Lula e seu
governo professam, para confundir a opinião pública.
Conselho
de Jornalismo: o bem-vestido falando do esfarrapado.
Por
Sérgio Domingues
Os que defendem a criação
do Conselho Federal de Jornalismo, o fazem denunciando os abusos da grande
mídia. Mas apontam o dedo para os trabalhadores da imprensa, não
para os patrões.
Boletim do Núcleo
Piratininga de Comunicação
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277 sala 1706 CEP. 20040-009
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Coordenador:
Vito Giannotti
Edição:
Claudia Santiago (MTB.14.915)
Redação:
Claudia Santiago e Gustavo Barreto
Projeto
Gráfico: Gustavo Barreto e Cris Fernandes
Colaboraram
nesta edição: Ana Manuela Soares (RJ), Leonor
Costa (DF), Raquel Moraes (SP), Sérgio Domingues (SP) e Sulamita
Stelián (PE). [voltar]
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você não quiser receber o Boletim do NPC, por favor, responda
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