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Boletim
do NPC - Nº 38 – De 23 a 31.03.2004
Para jornalistas, dirigentes,
militantes
e assessores sindicais
e dos Movimentos Sociais
Notícias
do NPC
Alunos
de pré-vestibulares vão ver o Golpe no cinema
Entrevista com Felícia
Krumholz, do Grupo Estação de Cinema
O golpe militar de 1964 é
o tema de abril do “Domingo é Dia de Cinema”, projeto do Grupo Estação
de cinema, pré-vestibulares comunitários e NPC com sessões
aos domingos, a R$ 2, no ODEON BR, na Cinelândia.
O primeiro filme exibido
neste ano foi Frida, em comemoração ao Dia Internacional
da Mulher. O professor Leon Diniz, um dos responsáveis pelo Projeto
“Domingo é Dia de Cinema”, que existe há quatro anos e membro
do Conselho do NPC, conta que o debate continuou na semana após
o filme nas salas de aula.
“O próximo filme a
ser exibido será BARRA 68, dia 4 de abril. Faremos, antes do filme,
debates exposições e aulões com vários professores,
nos pré-vestibulares. Normalmente os filmes seguem um tema importante
do mês, exemplo: março – Dia internacional da mulher,
abril – 40 anos do golpe militar, maio – Dia do trabalhador,
junho – meio ambiente, julho – 20 anos de MST, agosto – 100
anos de Pablo Neruda”, afirma León.
Na entrevista abaixo, Felícia
Krumholz, da Oficina Cine Escola do Grupo Estação fala como
tem sido a experiência com os estudantes.
BoletimNPC. Como surgiu a
idéia do Domingo é Dia de Cinema?
Felícia. Desde
que surgimos como proposta alternativa de cinema vindos do cine-clubismo,
sabíamos que precisávamos e tínhamos o objetivo de
criar platéias, senão não iríamos sobreviver.
Então sempre existiu um programa educativo em nossas funções.
Há quatro ou cinco anos, com a criação dos pré-vestibulares
em comunidades carentes, fui lá e fiz a ponte entre as salas de
aula e de cinema, explicando a importância do currículo escolar
aplicado aos diferentes aspectos do mundo real que o cinema pode mostrar.
Começamos as sessões e acabou que em algumas questões
dos vestibulares caíam temas que já tínhamos abordado
e todos os alunos que tinham participado acertavam as questões,
aí começou mesmo.
NPC. São muitos os
casos em que é a primeira vez que esses jovens vão ao cinema?
Felícia. O índice
de gente que está indo a primeira vez está baixando. No princípio
era muito grande, agora não. E até muitos que já estão
na faculdade continuam voltando para as sessões e trazendo mais
públicos. O único cuidado é não divulgar o
projeto para as escolas particulares porque é uma injustiça
o aluno que tem condições financeiras pagar R$ 2 e deixar
um aluno carente sem lugar na sessão. A prioridade é para
os cursos pré-vestibulares das comunidades carentes.
Qual a programação
do Domingo é Dia de Cinema em 2004?
Felícia Krumholz.
Programação certinha ainda não temos, estamos é
construindo um calendário com alguns temas e datas. Para o primeiro
semestre vamos abordar o golpe militar de 1964 em abril, o Dia do Trabalhador
em maio, o meio-ambiente em junho e os 20 anos do MST em julho.
UFRJ
dá o troco ao golpe militar de 64
A Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ) realiza de 29 de março a 2 de abril, no campus
da Praia Vermelha, o projeto “Devolução do Pacote de Abril
– 64 + 40: Golpe e Camp(u)s de Resistência”. O objetivo do projeto
é marcar a passagem dos 40 anos do golpe militar no Brasil com uma
série de atividades para a população. Entre filmes,
palestras e shows os participantes ampliarão o debate sobre o fato,
a resistência e as conseqüências diretas e indiretas que
o infeliz período de 64 a 85 deixou no modo de vida do país.
Os membros do NPC Vito Giannotti
e Virgínia Fontes participam, nos dias 31 e 1º, respectivamente,
das mesas “64+40: Resistência na Cidade e no Campo” e “64+40: Ditadura
e Resistência”, às 15h e 11h.
No dia 30 de março,
às 11h, o papel da imprensa será debatido na mesa “64+40:
Imprensa de Resistência”, com as participações
dos jornalistas Jaguar, Milton Coelho da Graça, Raimundo Pereira
e do professor Joel Rufino dos Santos.
A Comunicação
que queremos
CUT
tem encontro de comunicação em maio
O 4º Encontro Nacional
de Comunicação da CUT será nos dias 26 e 27 de maio,
em São Paulo. O encontro discutirá o melhor aproveitamento
dos meios de comunicação da central para divulgação
da agenda sindical na sociedade e traçará o perfil das secretarias
de comunicação das CUT estaduais com base em pesquisa que
já está sendo feita. A organização do evento
quer garantir pelo menos a participação de dois representantes
de cada CUT estadual no encontro.
Mais
sobre o CD-ROM Mundo
Como informamos no número
anterior, o “Boletim Mundo” comemora os seus 10 anos com o lançamento
de um CD-Rom contendo todas as matérias de geografia e política
internacional publicadas nesse período. O CD é uma verdadeira
enciclopédia de geopolítica da última década.
Seguindo a proposta do editor José Arbex Jr. os grandes acontecimentos
mundiais são tratados de uma forma independente, com espírito
de investigação e autonomia intelectual. Uma ótima
fonte de pesquisa e informação, principalmente para os estudantes,
que são o público-alvo do Boletim Mundo. No CD-Rom também
estão os suplementos especiais de língua portuguesa e literatura.
As encomendas podem ser feitas pelo e-mail
pangea@uol.com.br.
O preço é R$ 16,90 com as despesas postais já incluídas.
Revista
sobre criminalização dos movimentos sociais é lançada
em Porto Alegre
Aconteceu no dia 18 de março,
às 19h, no Plenário da Câmara dos Vereadores de Porto
Alegre o debate “A mídia e os movimentos sociais”. A promoção
foi do mandato do Vereador José Valdir (PT) com apoio do Sindicato
dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul. O encontro discutiu
a banalização e a criminalização, por parte
da mídia, dos problemas sociais no Brasil.
Participaram do evento o jornalista
Carlos Alberto Kolecza, Milton Viário, presidente da Federação
dos Metalúrgicos do RS, o professor doutor Pedrinho Guareschi, Frei
Sérgio, deputado estadual (PT) e Daniel Herz, jornalista, representante
da Fenaj no Conselho de Comunicação Social.
Na ocasião também
foi lançada a edição do mês de março
da “Revista Porém”, que tem como tema principal a criminalização
dos movimentos sociais.
NPC Informa
Mino
Carta dispara contra a Veja
Quem está com livro
novo na praça é o jornalista Mino Carta. “A sombra do silêncio”
segue os passos do anterior, “O castelo de âmbar”, na mistura biografia,
ficção e não-ficção em um romance passado
no meio jornalístico da São Paulo da primeira metade do século
passado. Se em “O castelo de âmbar” Mino dissecou sua participação
e histórias da criação da revista Isto É, agora
com “A sombra do silêncio” chega a vez da revista Veja, retratada
na trama como Foco, e os bastidores da família Civita, Pavia no
livro, a quem o autor não poupa às suas críticas.
“A sombra do silêncio” sai pela Editora Francis, tem 223 páginas
e custa R$ 32.
Mulheres
jornalistas debatem a profissão
A 2ª Conferência
Latino-Americana de Mulheres Jornalistas acontece de 25 a 27 de março,
no Golden Park Hotel (Rua do Russel, 374), no Rio de Janeiro. As participantes
Martha Rocha, presidente da Comissão dos Direitos da Mulher; Nilcéia
Freire, Secretária Especial de Políticas para Mulheres do
Governo Federal; Rosiska Darcy de Oliveira, escritora; Miriam Leitão,
jornalista; Regina Festa, jornalista; Maria Edinalva, secretária
sobre a Mulher Trabalhadora da CUT e a professora Angelita Lima, entre
outras, debaterão os temas “Mulheres e Jornalismo”, “A Reengenharia
do Tempo”, “Qualidade da Informação – a Mulher e a Produção
de Notícia”, “A Mídia em Casos de Violência Contra
a Mulher” e “Rede de Mulheres Jornalistas”. A Governadora do Rio, Rosinha
Garotinho, e a Secretária de Comunicação do Município
do Rio de Janeiro, Ághata Messina, estarão presentes na abertura
da conferência. Horários das palestras, inscrições
e mais informações no Sindicato de Jornalistas Profissionais
do Município do Rio de Janeiro, Rua Evaristo da Veiga 16º andar,
telefone (21) 2544-2100, ou pelo sítio
www.jornalistas.org.br
De Olho na Mídia
Ato
contra a guerra no Rio: a mídia nem sempre é culpada de tudo
No dia mundial contra a guerra,
no Rio, a TV Bandeirantes, no seu telejornal, falou que havia cem participantes
e rapidamente só mostrou a imagem da bandeira do MST. A Globo falou
do ato pelo mundo afora e nem falou do ato no Rio.
Na verdade, em qualquer contagem
honesta, não havia menos do que quinhentas pessoas. Mas, neste caso,
cem, ou quinhentos, não faz diferença.
Sabemos que a mídia não
tem a menor neutralidade e que, nesse caso não daria destaque a
uma manifestação contra o Império. A dependência
e a adesão da nossa mídia com relação ao projeto
dos Estados Unidos está mais do que escancarada nos livros “Jornalismo
Canalha”, de José Arbex Jr. e “Deus é inocente, a imprensa
não”, de Carlos Dornelles. Mas esta posição tradicional
da mídia não deve nos impedir de fazer uma reflexão.
Nós, esquerda brasileira,
mais uma vez, deveríamos encarar a nossa incapacidade de levar gente
para as ruas.
Muitos participantes, em Copacabana,
enfatizavam que o grande ausente era o PT. Mas, houve muitos outros ausentes.
Um grande deles foi o Movimento Sindical. A CUT/RJ, tem uns 150 sindicatos
filiados. Cada um com uns trinta ou quarenta diretores, daria um total
de uns 5 mil possíveis participantes. De fato, não se sabe
se os sindicalistas presentes chegavam a uma dúzia.
Da direção da
CUT/RJ falou-se em três participantes. Havia uma única bandeira
da CUT e nenhuma de qualquer sindicato.
E a classe média que
deveria ser facilmente mobilizável por uma passeata contra a guerra?
Onde estava? Porque não a levamos para o ato?
E os moradores das comunidades
que são vitimas de uma invasão do Iraque a cada dez meses?
Diz-se que com a guerra do Bush, no Iraque, de um ano pra cá, morreram
umas cinco mil pessoas. No Rio, pelas estatísticas, morrem, assassinadas,
mais de 500 pessoas por mês. Em dez meses dá exatos 5 mil.
Esta é a nossa tragédia.
Se reduzir a levar quinhentas pessoas para um ato mundial contra a guerra
do Império.
Claro, poderemos levar 250 mil
e Globo, Bandeirantes, Record falarão em indefinidos “milhares de
manifestantes”. Isto já é velho.
O que é novo é
conseguirmos levar para as ruas um milhão, ou dois, como fizeram
no sábado dia 20, na Itália. Aí, a mídia não
vai poder esconder.
(Por Vito Giannotti)
Ajuda
do BNDES à imprensa a caminho do Congresso
É quase certo que o
possível empréstimo financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) para o setor da mídia passará
pelo Congresso Nacional e ampliará suas discussões. Após
convocado pela Comissão de Educação do Senado, o presidente
da instituição, Carlos Lessa, afirmou que é a favor
de uma ampla discussão sobre o tema no país, inclusive com
o aumento de notícias e programas brasileiros nos veículos
de comunicação, e que o assunto encontra-se “no alto comando
da República”, segundo palavras do próprio Lessa.
Na outra ponta do negócio,
sobre as conversações BNDES e empresas - principalmente as
de televisão-, segue difícil um acordo que dê forma
a qualquer proposta oficial. Pelas informações divulgadas,
a Record, o SBT e a Rede TV seguem contra a ajuda do banco para o pagamento
de dívidas passadas, proposta defendida pela Band e pela Globo,
principal endividada do setor com um rombo de R$ 5 bilhões e que
já teve um empréstimo do BNDES junto a sua filial para TV
a cabo, NET, para lá de mal explicado no apagar das luzes do governo
FHC. Só em 2003, a NET teve um prejuízo de R$ 268 milhões.
Democratização
da Comunicação
XI
Plenária do FNDC acontecerá em maio
Em tele-reunião realizada
no dia 17 de março, o Conselho deliberativo do Fórum Nacional
pela Democratização da Comunicação (FNDC) confirmou
a realização da sua XI Plenária Nacional. O encontro
acontecerá em Goiás, nos dias 14, 15 e 16 de maio. Entre
os temas mais importantes a serem discutidos na Plenária, está
a reforma do estatuto do FNDC e a atualização do seu programa.
A tele-reunião discutiu também pela formação
de duas comissões de redação. Essas comissões
ficaram responsáveis por elaborar e sistematizar propostas sobre
a reforma do estatuto e a atualização do programa.
Mais informações
sobre a XI Plenária do FNDC podem ser encontradas em
www.fndc.org.br
Entrevistas
ERRATA: Na entrevista
com a jornalista Denise Assis sobre os 40 anos do golpe militar, o boletim
NPC-37 informou erradamente que a ex-primeira dama Maria Thereza Goulart
tem 75 anos. Na verdade ela está com 65 anos.
Leia em nossa página
O
cristo supersticioso e amigo dos ricos de Mel Gibson.
Por Sérgio Domingues (22/03/2004)
Com efeitos especiais de O
Senhor dos Anéis e a apelação sangrenta de O Massacre
da Serra Elétrica, a Paixão de Cristo faz o jogo dos poderosos.
Acha que o pecado está nas vítimas da desigualdade, não
nos criadores dela. Não é religioso. Muito menos, socialista.
Jornalismo
regional. Por Gustavo Barreto
(21/03/2004)
Um dos dados mais importantes
divulgados recentemente é o de que somente 8% dos municípios
do país geram todos os programas de TV assistidos no Brasil inteiro.
O dado foi revelado pela Pesquisa de Informações Básicas
Municipais, divulgada dia 12 de novembro de 2003 pelo IBGE.
Brasil
de Fato: uma conquista da esquerda social.
Por Rosângela Gil
Ato de lançamento
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José Arbex, o primeiro
editor
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No
dia 25 de janeiro de 2003, no auditório Araújo Viana, no
Parque da Redenção, em Porto Alegre, foi lançado o
jornal Brasil de Fato. Como vem sobrevivendo? O jornal vai mudar
sua linha editorial? Tudo isso você fica sabendo nesta entrevista
exclusiva do editor do jornal Brasil de Fato, Nilton Viana, ao Boletim
NPC.
Boletim do Núcleo
Piratininga de Comunicação
Av. Rio Branco, nº
277 sala 1706 CEP. 20040-009
Tel. (21) 2220-56-18 / 9628-5022
www.piratininga.org.br
/ npiratininga@uol.com.br
Coordenador:
Vito Giannotti
Edição:
Claudia Santiago (MTB.14.915)
Projeto
Gráfico: Gustavo Barreto e Cris Fernandes
Colaboraram
nesta edição: Gustavo Barreto (RJ), Marcelo Souza
(POA), Rodrigo Otávio (RJ), Sérgio Domingues (SP), Sônia
Regina (RJ) e Rosangela Gil (Santos).
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você não quiser receber o Boletim do NPC, por favor, responda
esta mensagem escrevendo REMOVA
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