A Organização Mundial da Saúde aponta que, até 2020, a depressão passará da 4ª
para a 2ª colocada entre as principais causas de incapacidade para o trabalho no
mundo.
Por sua vez, a competitividade no mercado de trabalho aumentou
significativamente nos últimos anos, depois que os discursos da globalização
passaram a atribuir unicamente aos trabalhadores a responsabilidade por seu
eventual desemprego.
Os efeitos foram rotinas extremamente estressantes e funcionários
submetidos à pressão contínua na busca de resultados e melhora de desempenho.
Estes fatores afetaram diretamente a qualidade de vida e a saúde dos
funcionários, causando inclusive quadros de depressão.
Sinais de quadro depressivo
Alguns dos primeiros sinais de um quadro depressivo são irritabilidade,
insônia, dores sem causa clínica definida, cansaço excessivo, baixa
produtividade e dificuldade para tomar decisões, que não passam mesmo após um
período de férias, por exemplo.
Dificuldade para falar em público
Além da pressão e do excesso de trabalho representarem complicadores,
situações variadas podem atingir os indivíduos de forma diferente.
"As atribuições do cargo também devem ser consideradas fator de risco
para a doença. Um executivo, por exemplo, que não gosta de falar em público,
sentindo-se desconfortável e ansioso, mas precisa fazer apresentações a grupos
ou dar palestras pode ser forte candidato a torna-se depressivo. Situações
repetitivas de estresse psicológico como essa podem ser decisivas para
desencadear a depressão", explica o psiquiatra e professor da Unifesp
(Universidade Federal da Universidade de São Paulo, Acioly Lacerda.
Julgado pelos efeitos
Em longo prazo, quadros de depressão não tratados podem resultar no
afastamento das atividades, elevando o absenteísmo nas empresas, ou até mesmo em
demissão, já que a baixa produtividade e o desinteresse pela rotina podem afetar
a avaliação da empresa sobre o funcionário.
"É importante reconhecer os sintomas emocionais e físicos o quanto antes,
procurar ajuda médica e seguir o tratamento corretamente, para a completa
remissão da doença - ou seja, a ausência completa dos sintomas", afirma o
psiquiatra.
Principais sintomas da depressão
Sintomas emocionais: tristeza, perda de interesse, ansiedade, angústia,
desesperança, estresse, culpa, ideação suicida.
Sintomas físicos: baixa energia, alterações no sono, dores inexplicáveis
pelo corpo (sem causa clínica definida), dor de cabeça, dor no estômago,
alterações no apetite, alterações gastrointestinais, alterações psicomotoras,
entre outras.
A depressão, muitas vezes, se manifesta emocionalmente e fisicamente no
paciente, causando diversas dores e incômodos. Para estes quadros, existem
tratamentos que combatem ao mesmo tempo essas duas classes de sintomas, com
perfil de tolerabilidade, aspecto importante para uma medicação que geralmente
necessita ser utilizada por períodos longos.
Principais causas do afastamento do trabalho
Ao avaliar o número de afastamentos do trabalho, o Ministério da
Previdência Social constatou que os transtornos mentais e comportamentais
representaram mais de um terço dos casos entre 2000 e 2005 (percentual de
33,5%), ao lado dos distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT).
As áreas profissionais mais afetadas pelos transtornos do humor são mercado
financeiro, refino de petróleo, transporte ferroviário urbano e bancos
comerciais.
Depressão, A Verdade Dolorosa
Encomendada pela Federação Mundial para Saúde Mental, a pesquisa
Depressão, A Verdade Dolorosa avaliou 377 adultos diagnosticados com depressão e
756 médicos (clínicos gerais e psiquiatras) do Brasil, Canadá, México, Alemanha
e França.
De acordo com o estudo, 64% das pessoas deprimidas relataram ausência no
trabalho (uma média de 19 dias perdidos por ano) e 80% disseram ter a
produtividade reduzida em cerca de 26%.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que até 2020 a depressão
passará da 4ª para a 2ª colocada entre as principais causas de incapacidade para
o trabalho no mundo. No mundo, estima-se que 121 milhões de pessoas sofram com a
depressão - 17 milhões delas somente no Brasil e, segundo dados da OMS, 75%
dessas pessoas nunca receberam um tratamento adequado.
Informações sobre a depressão
A causa da doença ainda é desconhecida, mas uma das teorias mais aceitas
é que a depressão é conseqüência de uma disfunção no sistema nervoso central,
que diminui e desequilibra as concentrações de dois neurotransmissores (a
serotonina e a noradrenalina). Estes neurotransmissores são responsáveis pelo
aparecimento dos sintomas físicos e emocionais da depressão.
Apesar do difícil diagnóstico e da gravidade da doença, existem
tratamentos eficazes atualmente. Os mais comuns envolvem psicoterapia e
medicamentos.
Os pacientes com depressão devem também ser encorajados a modificar seus
hábitos diários: realizar atividades físicas regulares, manter um período
satisfatório de sono diário, ter uma boa alimentação e evitar o uso de
substâncias como anorexígenos, álcool e tabaco.
Por Sindicacau, de Ilhéus (BA)