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Boletim do NPCNº 59De 3 a 15.1.2005
Para jornalistas, dirigentes, militantes
e assessores sindicais e dos Movimentos Sociais


Notícias do NPC

Eu tenho a Agenda de Comunicação do NPC
Júlio César Ferreira, bancário, jornalista, estudante de Direito, secretário-geral da CUT-RJ e membro da direção estadual do PCB. --->

Carla Silva defende tese em fevereiro, na UFF
A historiadora gaúcha Carla Silva defende tese de doutorado sobre a revista Veja no dia 17 de fevereiro, às 14h, no Campus Gragoatá, da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói. Carla trabalhou sob a orientação da professora Virgínia Fontes, que atua também no Conselho do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC). 

Najla Passos também vai de Veja
A revista Veja também é o tema de pesquisa de mestrado da jornalista Najla Passos, na Universidade Federal de Mato Grosso. Najla, do Conselho do NPC, será orientada pelo professor Roberto Boaventura, que estudou o tema quando fez doutorado na Universidade de São Paulo (USP).

A cidade na Imprensa Sindical
Guilherme Marques Soninho defendeu sua qualificação no mestrado de Planejamento Urbano no IPUR, da UFRJ. Soninho, historiador e membro do Conselho do NPC, pesquisa a presença da cidade na imprensa sindical.


A Comunicação que queremos

Marx: por uma comunicação mais profunda
O conhecimento possui um papel transformador e engajado, não apenas pela produção de “panfletos”, mas porque se constrói e se difunde contra a corrente das formas dominantes de pensar e explicar o mundo. Como luta contra-hegemônica, portanto. Esta foi a base da palestra da historiadora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Virgínia Fontes. Ela falou na sexta (3/12), no Rio de Janeiro, durante o 10o Curso anual do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC). O tema foi exatamente o papel central da comunicação – em seu sentido mais amplo – na obra e na vida do filósofo alemão Karl Marx, (1818-1883). Ela faz a ressalva de que 90% da comunicação feita atualmente é de superfície.

“Marx manteve estreita vinculação com a imprensa, tendo dedicado boa parte de sua vida a escrever para os jornais alternativos de sua época, que eram bastante combativos”, explica. Uma de suas preocupações era socializar o conhecimento que, até hoje, restrito a alguns círculos. “Tratava-se de um conhecimento comprometido com a humanidade”, ressalta. A reflexão sobre a ideologia está inserida nessa perspectiva: a necessidade de produzir e difundir o conhecimento da vida social, baseado no engajamento nesta vida social. Para o conservador, diz Virgínia, bastava dar “pão e circo” ao povo. “Essa ideologia dispensa à maioria um pensamento animalesco. Manda Ratinho pra maioria”, compara.

Museu da Comunicação Social no Rio Grande do Sul sofre com abandono
O jornalista Sérgio Roberto Dillenburg enviou carta à coluna Palavra do Leitor no Jornal do Comércio, do dia 30 de dezembro, na qual comenta o abandono do Museu da Comunicação Social, em Porto Alegre. O Sindicato dos Jornalistas do Estado endossou as palavras de Dillenburg.

“Museu de Comunicação Social?
Trinta anos após oferecer aos visitantes sua magnífica exposição permanente, que contava a evolução dos meios de comunicação no Estado (RS), o Museu Hipólito José da Costa transformou-se numa simples hemeroteca.

Inexplicavelmente, o equipamento doado pela antiga TV Piratini foi removido para um porão já atulhado de material descartável.

A impressora e a rotativa que pertenceram ao jornal A Federação, salvas do ferro-velho, foram isoladas por um tapume, como se não pertencessem ao museu.

As películas cinematográficas, algumas de real valor histórico, podem perder-se por falta de temperatura ambiente.

O ar-condicionado para sua manutenção não funciona.

No setor de Rádio, com seus milhares de discos e fitas-cassettes, o equipamente de audição é primaríssimo. As entrevistas para o arquivo de vozes cessaram.

Aparelhos de rádio, eletrolas e projetores de filmes, entre outros objetos, foram removidos para um piso de difícil acesso, confinados a pequenas salas.

Muitas coleções de jornais, manuseados diariamente, sofrem com a falta da microfilmagem.

Recentemente, uma professora e seus alunos tiveram de voltar do prédio, ao serem informados que nada havia a ser mostrado. O salão da exposição permanente está vazio.

Por que não continuar com os ciclos de filmes alternativos, exibidos no auditório da Assembléia Legislativa, que tanto sucesso alcançaram em outros tempos? Ou as excelentes exposições que atraíam um público ávido àquele local, assim como lançamentos de livros, seminários, conferências, programas radiofônicos e televisivos, entre tantos outros eventos relacionados a sua área? Também inexplicável foi a rejeição de um Conselho de Cultura, formado por jornalistas e comunicadores experientes, sem ônus, para apoiar o museu na elaboração de quase 20 projetos. Criatividade, participação e dinamização são elementos que se espera de um museu de comunicação.

A implantação do MCS teve de vencer muitos obstáculos para se firmar, até chegar ao reconhecimento de único no Brasil em seu gênero. É uma pena esse retrocesso. 

Sérgio Roberto Dillenburg, jornalista”

De Olho Na Mídia

Novo Ranking da Baixaria sai em janeiro e vai citar anunciantes
O coordenador da campanha Quem financia a baixaria é contra a cidadania, deputado Orlando Fantazzini (PT-SP), informou que, em janeiro de 2005, sairá a relação dos anunciantes que patrocinam e financiam os programas eticamente questionáveis: o Ranking da Baixaria. O anúncio foi feito num encontro que reuniu, em dezembro, os maiores anunciantes do País, na Comissão de Direitos Humanos da Câmara. A reunião objetivou conscientizar os anunciantes de que eles são tão responsáveis pela baixa qualidade dos programas quanto quem os produz.

Na reunião com os anunciantes, Fantazzini observou que, apesar de a campanha ter sempre buscado o diálogo, as redes de TV mantêm o argumento de que "dá ao povo o que o povo gosta". E, quando o diálogo se esgota, as emissoras acusam a campanha de tentar censurá-las.

No novo Ranking, ao lado do nome de cada programa denunciado, constará também a relação dos responsáveis pelos anúncios e patrocínios. A campanha contra a baixaria na TV teve início no segundo semestre de 2002, na Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, e já realizou uma série de ações objetivando melhorar a qualidade da programação televisiva no Brasil.

Fonte: Agência Câmara
Guareschi: “Só há democracia se houver participação popular na comunicação”
No computador, é o processador que faz a diferença – aquele programa que deixa tudo a mesma coisa, padronizado. Entender esse ‘processador’ da nossa sociedade é um dos principais desafios do momento atual de “re-opção” de alternativas ao pensamento único. 

A análise é de Pedrinho Guareschi, professor do curso de Psicologia Social da PUC-RS, um dos debatedores do 10o Curso anual do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), no Rio de Janeiro, de 1 a 5 de dezembro de 2004. Guareschi foi o segundo convidado do quarto dia de curso e falou sobre os comentaristas de Rádio e TV e a opinião pública.

“A mídia é uma realidade muito mais safada do que suponhamos”, alerta. “As coisas deixam de existir se não estão na mídia. Se existe ou não existe, depende se é ou não é mediado”. Ele apontou também, em concordância com o sociólogo e colaborador do NPC Sérgio Domingues, o fato de que a agenda de discussão quem coloca é a mídia.

“A pior coisa do mundo é ficar dando respostas a perguntas que não foram feitas”. Uma dos principais causas do problema, aponta o psicólogo, é que a mídia tem donos. “Enquanto houver donos da mídia, não há saída”. Guareschi argumenta que só há democracia se houver participação popular na comunicação.

Mídia e sociedade

Falando sobre a difícil relação entre a mídia e a sociedade, Guareschi citou Jean Paul Sarte para afirmar que “o que somos é o que fizemos do que fizeram de nós”. E ressaltou o saber popular: “Como dizia Paulo Freire, não há o que sabe mais ou o que sabe menos. São saberes diferentes”.

Para comprovar que não existe neutralidade na atuação dessa mediação entre a sociedade e os “fatos” na mídia, Guareschi montou um esquema de ação, com quatro tipos possíveis:

1. Eu ajo e acontece. Exemplo: Alguém pega um copo d’água e o muda de lugar.
2. Eu impeço que aconteça. Exemplo: Eu impeço alguém de mudar o copo de lugar.
3. Eu digo e acontece. Exemplo: Eu peço para que alguém mude o copo de lugar.
4. Ninguém faz nada. Exemplo: Eu não quero que o copo mude de lugar, mas também não faço nada para impedir que isso aconteça. Este último exemplo mostra que a neutralidade não foi possível.
Para o professor, antes de tudo é preciso perguntar: 1. O que queremos. 2. O que os outros querem. Guareschi sustenta que a cada ação corresponde uma ética, evidenciando a necessidade de se romper com a neutralidade e assumir valores. Nesse contexto, Guareschi ressalta que “não há realidade que não tem contradição”.

Fato consumado e inércia

Guareschi também falou sobre a urgência de se repensar a comunicação e os direitos não-cumpridos até o momento. “É preciso retrabalhar os direitos à comunicação e os nossos valores”. Ele falou também da inércia das políticas públicas e suas conseqüências. “A Constituição de 88 não é cumprida de propósito para, depois, ser reformada e assim legitimar o ‘fato consumado’”, alerta.

Ele criticou os grandes meios de comunicação, citando o Jornal Nacional, da Rede Globo. Para Guareschi, trata-se de “uma verdadeira aula de catequização”. “É preciso democratizar a comunicação, pois, como dizia Paulo Freire, o homem se faz na palavra”, concluiu.


NPC Informa

Atlas brasileiro em DVD
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lança em março sua primeira publicação em formato de DVD. São 420 mapas do Brasil e do mundo, 1.030 fotos e imagens de satélite, 532 textos, 30 vídeos e um glossário com 760 termos técnicos, tudo em um único disco digital. O conteúdo engloba dados do Atlas Nacional (de 2001), do Atlas do Censo Demográfico 2000 (publicado em 2003), do Atlas do Saneamento e do Atlas Geográfico Escolar (ambos publicados em 2004).

De acordo com o IBGE, o DVD conta ainda com uma série de dados cartográficos, como limites político-administrativos, rodovias, rios, sede dos municípios e áreas de preservação, além de estatísticas dos censos demográficos de 1970 a 2000 e do censo agropecuário de 1996. O Atlas Nacional Digital do Brasil será vendido nas livrarias do IBGE em todas as capitais do país a partir de março de 2005. Também poderá ser adquirido via internet, na livraria digital do instituto, em www.ibge.gov.br. O preço do DVD ainda será definido.

Por Thiago Romero, em 30/12/2004
UFSC oferece Especialização em Estudos de Jornalismo
O Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) abre as inscrições para o IV Curso de Especialização em Estudos de Jornalismo (lato sensu). As inscrições ocorrerão de 14 a 25 de fevereiro de 2005, das 13h às 19h, na secretaria do Curso de Jornalismo, Campus da Trindade, Florianópolis - SC, ou por correspondência. Mais informações no site www.jornalismo.ufsc.br ou pelos telefones (48) 331-6597 ou (48) 331-9490.

Sindicato faz campanha por vítimas de maremoto no Rio
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro está recebendo doações de roupas para as vítimas do maremoto no Sri Lanka. Para participar da campanha, basta entreguar a doação até as 18h da próxima sexta-feira (07/01) na sede do SJPMRJ, que fica à rua Evaristo da Veiga, 16, 17º andar, Centro. Quem preferir, pode levar sua contribuição diretamente aos batalhões da PM ou do Corpo de Bombeiros.

Unicamp tem curso de jornalismo científico
A Universidade de Campinas (95 km a noroeste de São Paulo) promove curso de pós-graduação de Jornalismo Científico na Unicamp/Labjor. As aulas são destinadas a jornalistas profissionais, mas poderão ser freqüentadas também por graduados em qualquer área de nível superior. As inscrições para o processo de seleção poderão ser feitas de 4 a 31 de janeiro. O curso irá começar no mês de março e terá duração de três semestres. Mais informações podem ser obtidas no site do Laboratório de Jornalismo da universidade www.labjor.unicamp.br


Pérola da edição

"O jornalismo de modo geral está em decadência, principalmente o fotojornalismo. Vejo profissionais competentes desempregados. Não vejo boas perspectivas para o ano que vem. Na minha área, a situação está cada vez mais crítica. Ainda mais agora, com o surgimento recente das câmeras digitais. Todo mundo virou fotojornalista."

Evandro Teixeira, repórter-fotográfico do Jornal do Brasil

De Olho No Mundo

230 jornalistas chilenos foram presos e torturados na ditadura
Duzentos e trinta jornalistas chilenos foram vítimas de prisão política e tortura durante a ditadura militar, revelou o Informe Valech que recolheu o testemunho de unas 35 mil pessoas, vítimas da repressão entre 1973 e 1990 no Chile. Essa quantidade se somou aos 23 casos de profissionais de imprensa executados ou desaparecidos depois do Golpe de Estado de 1973.

O Informe, fruto do trabalho de uma comissão encabeçada por Monsenhor Sergio Valech, emitiu questionamentos ao papel desempenhado pelos meios de comunicação favoráveis ao regime militar que, entre outras cosas, omitiram fatos de graves violações aos direitos humanos de dezenas de milhares de pessoas. Na raiz do documento também surgiram críticas a profissionais de imprensa aliados da ditadura que chegaram a trabalhar de mãos dadas com os organismos da repressão. 


Entrevista

“Quem faz a História somos nós”
RIO DE JANEIRO. Com o enfraquecimento histórico dos partidos no País e o apoio do regime militar, a Rede Globo pôde ocupar espaços políticos e até mesmo forjar uma História do Brasil própria. É isso o que argumento o pesquisador da UnB Venício A. de Lima, que conversou com a equipe do Boletim NPC durante o 10 Curso anual do Núcleo. Autor do livro “Mídia – Teoria e Política” (Perseu Abramo, 2004), ele pede a atenção dos movimentos sociais para a forma como a Globo fala do passado – “importantíssimo para orientar a ação de presente” – e enxerga nas rádios comunitárias um dos grandes avanços do povo brasileiro. Por Rosângela Gil e Gustavo Barreto, dezembro de 2004.


Novos artigos em nossa página

Faltou equilíbrio na nova composição do Conselho de Comunicação Social
O Congresso Nacional elegeu no dia 22 de dezembro os nomes dos integrantes para o segundo mandato do Conselho de Comunicação Social (CCS), seu órgão auxiliar para assuntos da área das comunicações. Dentro de um processo formalmente legítimo, e que estava se impondo há quase sete meses, o Parlamento ouviu a sociedade recebendo diversas indicações para as 13 vagas de titulares existentes (e outras 13 de suplentes) - subdivididas em quatro cadeiras para profissionais da comunicação social, quatro para empresários e cinco para outros integrantes da sociedade civil. (...)

Carta aberta de diversas entidades aos congressistas
Rádio Palestino-Israelense quer unir os dois povos
O estúdio fica em Jerusalém Oriental, e os transmissores em Ramalah, na Cisjordânia. Metade dos funcionários é israelense, e os outros são palestinos. Alguns programas ao vivo são em hebraico e outros em árabe. Desde seus fundadores, aos seus empregados e a programação musical, a missão na rádio "All for Peace" (Todos Pela Paz), a primeira e única rádio do Oriente Médio dirigida em conjunto por israelenses e palestinos, é a igualdade e a coexistência pacífica.
Por Deepti Hajela, da Associated Press, 19/12/2004


EUA lutam para expandir seus domínios na cultura global
A cultura acabou se tornando uma valiosa meta estratégica no jogo da geopolítica global. Desde que as indústrias culturais se tornaram os bens de exportação mais importantes para os Estados Unidos, e no momento em que se negocia na Unesco (Organização das Nações Unidas em prol da educação, da ciência e da cultura) um projeto de convenção visando a proteger a diversidade cultural, a determinação dos americanos a preservar as suas vantagens adquiridas e a sua influência no mundo torna-se mais do que nunca um destaque da atualidade.

Por Nicole Vulser, do Le Monde, 24/12/2004



Boletim do Núcleo Piratininga de Comunicação

Av. Rio Branco, nº 277 sala 1706   CEP. 20040-009
Tel. (21) 2220-56-18 / 9628-5022
www.piratininga.org.br / npiratininga@uol.com.br
Coordenador: Vito Giannotti
Edição: Claudia Santiago (MTB.14.915)
Redação: Claudia Santiago e Gustavo Barreto
Projeto Gráfico: Gustavo Barreto e Cris Fernandes
Colaboraram nesta edição: Dinora Oliveira (MG) e Rosângelo Gil (Santos/SP). [voltar]


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Sindicato faz campanha por vítimas de maremoto no Rio
Unicamp tem curso de jornalismo científico

Pérola da edição
Evandro Teixeira, repórter-fotográfico do Jornal do Brasil

De Olho No Mundo
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Entrevista
Venício A. de Lima: “Quem faz a História somos nós”

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Sobre o Boletim

 

 
 NPC - Núcleo Piratininga de Comunicação * Arte: Cris Fernandes * Automação: Micro P@ge