Quatro veteranos dizem por que participar do 14º Curso Anual do NPC

Por Sheila Jacob*

 

Disputa da hegemonia, mídia dos trabalhadores, comunicação alternativa, jornalismo crítico, elementos técnicos de comunicação, espaço de troca, de atuação e de integração... Esses foram tópicos lembrados por representantes de Sindicatos e jornalistas que irão participar do 14º Curso Anual do NPC.

 

O curso deste ano terá como tema a relação entre a mídia dos trabalhadores e a política. Será realizado entre os dias 19 e 23 de novembro, no centro do Rio de Janeiro, com o objetivo de oferecer oficinas práticas de comunicação e também discussões e reflexões acerca da importância da comunicação como ferramenta de disputa de hegemonia.

 

“Já faz vários anos que eu tento participar do Curso, com o objetivo de buscar elementos para empreender uma comunicação dentro da disputa de hegemonia, na visão, logicamente, dos trabalhadores. Estou com uma expectativa muito grande”, revela Valdick Oliveira, do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense, que participará do curso este ano.

 

O evento foi destacado como um espaço muito rico de troca, atualização e integração dos jornalistas comprometidos com a mídia sindical. Essa é a opinião de Dinorá Oliveira, jornalista do Sindicato dos Servidores da Justiça do Estado de Minas Gerais que participa do curso desde 2003. “Quando você participa você está se atualizando, sempre fazendo novos contatos e reencontrando pessoas que só vemos uma vez ao ano”, declarou.

 

O jornalista Caio Teixeira, de Santa Catarina, revelou que já faz o curso há uns sete anos. “É o momento de encontrarmos quem está fazendo um jornalismo alternativo, sério, sem a manipulação da grande mídia”, opina. Ele disse também que não apenas participa, como também sempre divulga o curso, “porque é um grande momento de se pensar e fazer um jornalismo crítico”.

 

Essa também é a opinião de Glauco dos Santos do Sindfisco/PB. “Sou o maior propagandista do curso oferecido pelo NPC. Ele traz as coisas da atualidade em matéria de comunicação e política que realmente interessam para os trabalhadores”. Além dos temas discutidos, Glauco destacou as oficinas práticas que são oferecidas, e a importância de se participar para aproximar as pessoas aos movimentos dos trabalhadores e populares. “Neste ano o Sindfisco está mandando três pessoas, e eu divulgo bastante também nas reuniões da  Fenafisco, entidade da qual já fui diretor”, disse.

 

Curso discutirá concentração da mídia e alternativas  

Dentre os temas que serão discutidos, destacam-se os mitos fundadores do povo brasileiro, as TVs pública, educativa e comunitária, a criminalização dos movimentos sociais pela grande mídia, e outros relacionados à concentração. Também haverá a apresentação de experiências de comunicação, a partir de relatos e exemplos de jornalistas sindicais, professores universitários e militantes da comunicação alternativa.  

 

Um dos participantes de destaque neste ano é o jornalista e sociólogo espanhol Ignácio Ramonet, do Le Monde Diplomatique. Juntamente com João Pedro Stédile, do MST, ele abrirá o curso com a mesa A Comunicação do Império e a resistência dos movimentos sociais.

 

O professor Denis de Moraes, do curso de Estudos Culturais e Mídia da UFF, falará sobre o controle da mídia no continente latino-americano. Ele explicou que irá abordar a evidência dos oligopólios dos setores de informação e entretenimento, e as conseqüências geradas por essa concentração dos meios.

 

Depois, o professor irá analisar os cenários alternativos que estão surgindo na região, “a partir das novas políticas de comunicação feitas por governos progressistas no continente, como Hugo Chávez, na Venezuela; Evo Morales, na Bolívia; e Rafael Correa, no Equador”, explica.

Para falar sobre TV Pública, estará presente o jornalista e professor Laurindo Leal, da Empresa Brasil de Comunicação. Em agosto desse ano, ele assumiu o cargo de ouvidor-geral da EBC, controladora da TV Brasil. Para Filho, uma TV só é efetivamente pública quando a sociedade sente que ela efetivamente lhe pertence.

 

“Para que isso ocorra devem ser colocados à sua disposição todos os canais possíveis de participação. A Ouvidoria é um deles. Cabe a ela tornar a gestão da TV a mais transparente possível, respondendo rapidamente e sem burocracia as demandas do público”, esclarece. Ele explicou que, se isso se concretizar, prestará um grande serviço “não apenas à radiodifusão pública no país, mas também ao processo de democratização dos meios de comunicação”.  

 

No evento estarão à venda obras sobre mídia e sociedade e comunicação alternativa, escritas pelos próprios palestrantes, jornalistas e pensadores envolvidos com a causa. Um dos livros disponíveis será Revolta dos Motoqueiros, obra que aborda a única rebelião de motociclistas contra o regime militar. O levante ocorreu em fevereiro de 1979 na cidade de Passo Fundo, RS, e teve como estopim o assassinato do motoqueiro Clodoaldo Teixeira, de 17 anos, por policiais militares. O livro foi escrito por Leandro Dóro, do Sintrajufe (RS), que apresenta, por meio de uma escrita ficcional, um dos momentos de luta e enfrentamento da Ditadura Militar que fez o país sangrar com a morte daqueles que lutaram por democracia e liberdade.

 

Sheila Jacob é estudante de Comunicação e estagiária do NPC

 


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