Mostra de vídeos populares faz sucesso em Belo Horizonte
Por Lígia Coelho
Foi um sucesso a mostra de vídeos populares realizada em Belo Horizonte (MG), entre os dias 13 e 16 de junho, no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet-MG). Produção conjunta entre o NPC e o Cefet, a mostra atingiu cerca de 2500 alunos dos cursos profissionalizantes e de nível médio. As sessões foram realizadas tanto para os cursos diurnos quanto para os cursos noturnos e mobilizaram os estudantes, sensibilizados com os temas em exibição, como racismo, violência contra a mulher, História do Brasil, terceirização, lutas pela terra e meio ambiente, entre outros.
Ao final das sessões, professores e alunos debatiam os filmes e os temas propostos, envolvendo-se em calorosas discussões. O interesse pela mostra ultrapassou os muros do Cefet: o evento, divulgado no boletim interno da instituição, atraiu a atenção de alunos e professores da Escola Estadual de Ensino Médio de Sabará, município localizado na grande Belo Horizonte. A escola de Sabará levou ao local cerca de 60 alunos, na noite de sexta-feira, dia 15, para assistirem ao filme Tempo de Resistência, de André Ristum e Leopoldo Paulino, sobre o golpe militar de 1964.
Os outros filmes exibidos durante a mostra foram: Entre Muros e Favelas, de Suzanne Dzeik, Kirstem Wagenschein e Márcio Jerônimo, produção de 2005 sobre a vida nos morros e comunidades pobres do Rio de Janeiro; Terceirização: a escravidão em Versão Neoliberal, produzido em 2005 pelo Sindieletro-MG, sobre o crescimento da precarização do trabalho; Rompendo o Silêncio, do MST, filme que explica as razões que levaram mulheres sem-terra a destruírem plantações e mudas de eucalipto em terras e laboratórios da Aracruz Celulose, no Rio Grande do Sul; além de quatro produções do Centro de Criação de Imagem Popular (Cecip): Profissão: Doméstica, de Sérgio Goldenberg (1993), sobre o universo das trabalhadoras domésticas; Nem com uma Flor, do mesmo diretor, produção de 1999 sobre violência contra a mulher; Boca de Lixo, de Eduardo Coutinho (1992), sobre o cotidiano dos catadores de lixo no vazadouro de Itaoca, em São Gonçalo (RJ) e Alguém Falou em Racismo?, misto de documentário e ficção que discute a questão racial entre alunos de uma escola pública do Rio.
Realizada no Campus I do Cefet, a mostra chamou a atenção, também, de outras unidades da instituição localizadas no interior do Estado, como Araxá, Divinópolis e Leopoldina. Professores dessas unidades manifestaram interesse em estender o evento a seus alunos ainda este ano.
A mostra de vídeos populares faz parte do projeto “Artes e Histórias para Contar e Mostrar”, elaborado pelo NPC e patrocinado pela Eletrobrás, através da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura e do Ministério da Cultura. Esta foi a segunda edição da mostra. A primeira foi realizada em outubro de 2006, no Rio de Janeiro, em parceria com o Circuito Estação de Cinema e o Museu do Paço Imperial. O objetivo é incentivar o uso de vídeos como ferramenta pedagógica, contribuindo para a formação de cidadãos críticos e para a difusão das produções do movimento popular.
[Ligia Coelho é jornalista e produtora cultural]