Menos horas pro patrão, mais tempo pra revolução
Por Sérgio Domingues


8 horas para de trabalho, 8 horas de descanso e 8 horas de educação. Este foi o lema da histórica greve que deu origem ao Dia Internacional dos Trabalhadores. A greve foi marcada pela AFL, central sindical dos EUA. Esta central tinha acabado de ser fundada e, em 1864, marcou o início de uma greve geral pelas 8 horas para 1º de maio de 1886. A greve começou forte em Chicago e se espalhou por várias outras cidades.

Mas a luta pela redução da jornada já vinha de longe. Já em 1864, em sua fundação, a Internacional apontara para a redução e fixação da jornada de trabalho. A bandeira era fruto de várias greves que vinham desde os anos 1840/1850, nos países mais industrializados. Naquela época, os operários da Bélgica, França, Inglaterra já sabiam que quanto menos trabalhassem, menos seriam explorados. Sabiam que os lucros dos patrões vinham do trabalho não pago.

Mas os trabalhadores só queriam diminuir a exploração? Só queriam descansar o suficiente para repor as forças necessárias para continuar a ser explorados? Não. 8 horas de descanso, sim! Mas também havia as 8 horas de educação.

A burguesia assumiu o poder usando o poder econômico. Se apoderando de riquezas com que compravam e chantageavam reis, nobres, bispos, generais.

Mas a classe trabalhadora só tem sua força de trabalho e a força das idéias socialistas pra enfrentar a burguesia. Portanto, os trabalhadores precisam de tempo para aprender e cultivar suas idéias. Para se organizar e enfrentar os patrões. Para visitar outros operários, em outras fábricas. Para ler e escrever jornais, boletins, cartilhas e livros.

Até o início do século 20, os patrões tinham os jornalões e os operários tinham os boletins e jornaizinhos. Era muito desigual, mas ainda dava para competir. Hoje, continuamos com nossos jornaizinhos e a burguesia tem a TV, as rádios, o cinema. A maioria dos trabalhadores já não trabalha 16 horas por dia, mas sai do emprego e vai direto para casa assistir novelas, o Jornal Nacional, filmes, os ratinhos e os bóris casoys. Todos, de um jeito ou de outro, defendendo os valores dominantes. O que fazer?

Em primeiro lugar, é preciso aproveitar o pouco tempo livre que temos para aumentar nossa consciência. Porque a redução da jornada de trabalho não é só uma luta para diminuir a exploração e o desemprego. Também é uma luta para ganhar mais guerreiros pro nosso exército.

Em segundo lugar, não ficar só fazendo reuniões intermináveis, mas promovendo atividades culturais. Organizar vídeo-clubes e palestras com lutadores veteranos da classe trabalhadora. Publicar cartilhas e livros com as lutas dos trabalhadores no Brasil e do mundo. Formar grupos de estudo. Divulgar a cultura popular de resistência. Tudo isso pode e deve ser feito pelos sindicatos, centrais sindicais e partidos de esquerda.

Sem isso, a luta dos trabalhadores fica capenga. Fica sem o apoio que é fornecido pela consciência de que somente a própria classe trabalhadora pode romper suas amarras. O 1º de Maio continua sendo um marco na luta pela redução da jornada. Para melhorar a vida, criando empregos e oportunidades de lazer. Mas também, e principalmente, pra fazer a revolução!