Reforma da Previdência
Social e Alca pelo secretário de comunicação da CUT
Entrevista
com Antonio Carlos Spis. Por Rosângela
Gil, de Santos, 30 de agosto de 2003
O secretário
de Comunicação da CUT Nacional, Antonio Carlos Spis, esteve
em Santos, no dia 30 de março, participando de atividade da central
na região. Ele falou para o Boletim do NPC sobre a reforma da Previdência
Social e a Alca, proposta de área comercial defendida pelos EUA.
Antonio Carlos Spis
tem uma avaliação positiva dos primeiros meses do governo
Lula. Ele faz questão de ressaltar, com orgulho, que ajudou a eleger
o presidente Lula. Ao mesmo tempo, o sindicalista cutista diz que "temos
(a CUT) convicção de que não somos governo e
teremos muitos problemas".
Nessa entrevista, Antonio
Carlos Spis, que participará do 9º Curso Anual de Comunicação
Sindical do NPC, em novembro, fala que a CUT está frustada com a
reforma da Previdência Social e que a Alca não é apenas
uma proposta comercial dos EUA, já que esse país tem se caracterizado
pela sua arrogância belicista.
Reforma da Previdência
Nós estamos frustrados
na CUT com a reforma da Previdência (aprovada em dois turnos na Câmara
dos Deputados e que agora passa a ser discutida no Senado). Não
era essa reforma que nós queríamos. A CUT tem propostas muito
mais abrangentes desde 1995. Reapresentamos as mesmas propostas agora.
Não criamos nada novo. Defendíamos e defendemos uma previdência
realmente universal, com todos os setores compondo o sistema, quebrando
privilégios, garantindo respeito aos direitos adqüiridos, olhando
mais para os setores empobrecidos da sociedade.
Os servidores públicos,
na sua ampla maioria, ganham baixos salários e se aposentam com
baixas aposentadorias. E acabou sendo criado privilégio dando mais
respeitabilidade a setores como o Exército, altos setores do Judiciário
e aos governadores em detrimento dessa grande camada de servidores.
A CUT é contra
a taxação dos aposentados e pensionistas. A CUT orientou
voto contra o relatório da reforma da previdência. A CUT tem
posição clara contra essa reforma. Nós queremos mudar
as regras de transição, por exemplo. Achamos injustos os
casos em que as pessoas terão de trabalhar mais sete anos com tempo
já adquirido nas regras anteriores.
Temos espaço
no Senado. Já abrimos espaço com o companheiro Paim (senador
Paulo Paim, do PT de Rio Grande do Sul) e José Sarney, presidente
do Senado, para garantir esse debate lá. A CUT vai para cima, vai
mobilizar de novo, vai para cima para negociar e para corrigir essas distorções
que nós entendemos que existem na reforma da Previdência.
Nós vamos modificar
a reforma no Senado e ela vai voltar para a Câmara.
ALCA
O governo Lula está
construindo uma unidade latino-americana, uma unidade de economias desses
países para enfrentar a Alca. Vejo isso como um passo positivo.
Aí cabe a nós organizarmos os trabalhadores latino-americanos
para resistir, porque a Alca não é só um instrumento
de política econômica, de transações comerciais.
Os Estados Unidos hoje são um país que se utilizam não
só disso (poder econômico), mas do belicismo para invadir
outros países. E se eles estão lá (Iraque) buscando
garantir as reservas petrolíferas hoje, e não aceitam nenhum
outro exército junto com eles no país, com certeza dentro
de alguns anos teremos guerras no mundo também pela água;
e o Brasil tem muito petróleo e muita água, então
nós somos um alvo dos EUA não só no aspecto da dominação
econômica.
Núcleo
Piratininga
de Comunicação —
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