"A mídia implorava pela
intervenção militar"
Entrevista
com Mino Carta. Por Adriana Souza Silva, da Redação
AOL,
abril de 2004
No momento em que a Ditadura
completa 40 anos e os meios de comunicação vão veicular
muita bobagem – sobretudo toda a bobagem suficientemente interessante e
capaz de excluir suas mãos do sangue que correu – nada melhor
que a palavra de um jornalista que não tem medo dos jornais e que
sabe exatamente qual foi o papel da mídia antes e depois de 1964.
Na semana em que o golpe militar
de 1964 faz 40 anos, o jornalista Mino Carta, que viveu na imprensa as
tensões da ditadura, fala à reportagem da AOL. "Os
jornais que hoje dizem ter sido censurados, na verdade serviam ao regime",
diz ele.
Leia os destaques:
"A mídia vinha invocando
o golpe há muito tempo. O Brasil tem a pior mídia do mundo.
Ela é muito ruim, incompetente, priva pela ignorância, pela
vulgaridade, pelo distanciamento e pela falta de responsabilidade."
"A Folha de S. Paulo nunca foi
censurada. Até emprestou a sua C-14 [carro tipo perua, usado na
distribuição do jornal] para recolher torturados ou pessoas
que iriam ser torturadas na Oban [Operação Bandeirante]."
"Os senhores Civita não
entendiam nada de Brasil. Aliás, acho que continuam não entendendo.
O rapaz Roberto Civita, que é um outro idiota... Entre o Otavio
e o Roberto é um páreo duro para ver quem é o mais
imbecil..."
Ele é referência
para a imprensa brasileira. Aos 70 anos, o jornalista Mino Carta fez por
merecer esta definição. Criou o Jornal da Tarde, em São
Paulo, e as revistas Veja, Quatro Rodas, IstoÉ e, sua
menina dos olhos, a Carta Capital, que em junho completará 10 anos.
Vem daí a legitimidade para bater duro na mídia brasileira.
"É a pior do mundo", costuma repetir. Faz pose de herói da
resistência, sobretudo quando revela que até hoje usa a boa
e velha Olivetti para escrever. E se você o elogia pela fidelidade
à maquina antiga, dispara: "Não sei nem ligar um computador,
sou um pobre velhinho".
Na semana em que o Golpe Militar
faz 40 anos, a reportagem da AOL correu atrás desse "pobre velhinho"
- a bem da verdade, um charmoso italiano de Gênova. A censura
no período militar foi um tema que despertou sua ironia machadiana.
A entrevista aconteceu na redação da Carta Capital, no bairro
paulistano Cerqueira César. Aos donos da Editora Abril e da Folha
de São Paulo sobraram críticas ferinas. Mino Carta diz que
quem sofreu com a censura foram os jornais alternativos. Da grande
imprensa - eis um termo que ele detesta -, apenas os jornais O Estado de
São Paulo e Jornal da Tarde tiveram de substituir artigos proibidos
por poemas de Camões e receitas de bolo, expediente adotado na época
para alertar os leitores dos expurgos de texto indicados pelos censores.
Assim mesmo, segundo ele, porque havia uma briga interna entre os militares
e a família Mesquita, dona do jornal, por cargos do regime. "Os
editoriais da Folha, de O Globo e do Jornal do Brasil clamavam pela intervenção",
afirma.
Nascido em data incerta - entre
6 de setembro de 1933 e 6 de fevereiro de 1934 -, Demétrio Carta
chegou ao Brasil aos 12 anos de idade. Começou no jornalismo em
1950, cobrindo a Copa do Mundo como correspondente de um jornal romano
Il Messaggero. Instalou-se de vez no Brasil em 1960, ano em que fundou
a revista Quatro Rodas. As décadas seguintes seriam dedicadas ao
jornalismo. A estréia
como escritor foi em 2000, com o romance O castelo de âmbar (Editora
Record) no qual destila o sarcasmo genovês em prestado ao personagem
Mercúcio Parla, o pseudônimo escolhido para contar suas andanças
pela profissão e sua relação com o poder. Na entrevista
que segue, Mino Carta passa em revista o período em que o Brasil
ficou na mãos dos
militares, revela sua experiência
com a censura e detalhes sobre personagens da época. Confira:
AOL - Como os jornais trataram
a notícia do Golpe Militar?
Mino Carta - Golpe?! Imagina
se alguém iria usar este termo. Os jornais sempre falaram em Revolução.
Até hoje, muita gente ainda diz que foi uma "Revolução".
O uso indiscriminado desta palavra é uma coisa que me dói.
Tenho muito respeito pelas palavras, acho que cada uma tem seu peso, seu
valor... Mas, voltando a sua pergunta, a mídia brasileira, desde
aquela época, servia ao poder. Digo que o Brasil tem a pior mídia
do mundo. Ela é muito ruim, incompetente, priva pela ignorância,
pela vulgaridade, pelo distanciamento e pela falta de responsabilidade.
A mídia vinha invocando o golpe há muito tempo. Isso é
o que mais me lembro dos editoriais de O Globo, do Estadão, do Jornal
do Brasil. Nesse tempo, a Folha de São Paulo não tinha o
peso que adquiriu depois. Mas esses três jornais soltavam editoriais
candentes, implorando a intervenção militar para impedir
o caos. Era o caos que estava às portas!
AOL - Então, o golpe
era previsível?
Carta - Era claro que
o golpe estava em movimento e logo também foi claro que não
haveria qualquer tipo de resistência, a não ser uma ou outra
coisa isolada que não adiantaria, naturalmente, para coisa alguma.
Quando recebi essa notícia - nesse período, eu dirigia
a redação da revista Quatro Rodas -fiquei estarrecido. Mas,
ao mesmo tempo, não fui surpreendido. Aquilo
estava engatilhado há
muito tempo. De resto, há o fato de que essa tragédia teve
um lado - não diria cômico porque foi uma tragédia
baseada na costumeira hipocrisia e prepotência da elite brasileira,
insuflada pelos Estados Unidos -, mas eu posso dizer que houve um lado
irônico. Tudo foi feito em nome de uma ameaça, do comunismo,
que não existia. O Brasil estava em processo de industrialização.
E isso traria certas conseqüências inevitáveis, como
por exemplo, o surgimento de sindicatos fortes e o nascimento de um partido
de esquerda de verdade, capaz de chegar ao povo, ao contrário do
que a esquerda brasileira tem conseguido até hoje. Tudo isso, que
iria acontecer mais cedo ou mais tarde, representou, naquele momento, uma
justificativa para aqueles que queriam dar o golpe. Aquilo era, evidentemente,
previsível. Até porque não houve qualquer tipo
de resistência, não foi derramada uma única e escassa
gota de sangue pelas calçadas brasileiras.
AOL - E se tivesse havido
sangue?
Carta - Se tivesse havido sangue,
teríamos a prova de que havia algum a coisa encaminhada, que o Brasil
tinha uma resistência organizada. O fato de não ter havido
reação alguma prova, de uma forma clamorosa, que não
havia nada que justificasse o golpe. Na verdade, havia sim um estudante
que sonhava com um Brasil melhor, um ou outro intelectual que achava que
a coisa poderia ter tomado um outro rumo e até alguns políticos
dignos que gostariam de viver em um País mais justo socialmente.
AOL - O senhor diz
que a mídia implorava pela intervenção militar. Mas
os donos dos jornais citados pelo senhor falam que foram perseguidos.
Carta - Eles falam isso a custo
da destruição da memória. Primeiro, destrói-se
a memória. Esse é o processo. Em cima da escuridão,
inventa-se qualquer coisa, e os leitores engolem tranqüilamente porque
o trabalho é eficaz. A destruição da memória
é algo que aqui se pratica com extrema habilidade. Assim como o
chute no cadáver, a destruição da memória é
um dos esportes nativos do Brasil, praticado com extrema competência.
Em cima da destruição da memória, alguns jornais
inventam que sofreram censura. O Jornal do Brasil nunca foi censurado.
A Folha de São Paulo nunca foi censurada.
AOL - Nunca?
Carta - A Folha de São
Paulo não só nunca foi censurada, como emprestava a sua C-14
[carro tipo perua, usado para transportar o jornal] para recolher torturados
ou pessoas que iriam ser torturadas na Oban [Operação Bandeirante].
Isso está mais do que provado. É uma das obras-primas da
Folha, porque o senhor Caldeira [Carlos Caldeira Filho], que era sócio
do senhor Frias [Octavio Frias de Oliveira], tinha relações
muito íntimas com os militares. E hoje você vê esses
anúncios da Folha - o jornal desse menino idiota chamado Otavinho
[Otavio Frias Filho] - esses anúncios contam de um jeito que parece
que a Folha, nos anos de chumbo, sofreu muito, mas não sofreu nada.
Quando houve uma mínima pressão, o sr. Frias afastou o Cláudio
Abramo da direção do jornal. Digo que foi a "mínima
pressão" porque o sr. Frias estava envolvido na pior das candidaturas
possíveis, na sucessão do general Geisel. A Folha estava
envolvida com o pior, apoiava o Frota [general Sílvio Frota, ministro
do Exército no governo Geisel]. O Claudio Abramo foi afastado por
isso . O jornal O Globo também não foi censurado. Isso é
uma piada. Mas o Estado de São Paulo e o Jornal da Tarde, sim, esses
dois foram censurados. Mas a censura veio porque havia uma briga interna
deles.
AOL - Como assim?
Carta - Se houve um jornal
que apoiou o golpe, foi O Estado de São Paulo. O Estado, assim como
o Carlos Lacerda, que acabou caçado três anos depois que a
"Redentora" se abateu pelo País. Essa gente aspirava a um papel
que não tiveram. Então, começaram a brigar entre eles.
O jornal Estado tinha uma profunda antipatia pelo Castello Branco
porque ele não aceitou as sugestões do jornal na composição
de seu primeiro governo. E aí começou essa briga interna
que desaguou numa censura que era praticada na redação do
jornal. O Estado tinha de publicar versos de Camões nos trechos
das reportagens retiradas na redação. E no Jornal da Tarde
eles tinham de colocar receitas de bolo nesses espaços.
AOL - Quem foi, de fato,
censurado?
Carta - A revista Veja
sofreu uma censura duríssima. Começou depois de 1969, depois
de várias apreensões em bancas. A censura só acabou
quando saí da revista [Mino Carta criou e dirigiu a revista Veja
de setembro de 1968 até 1976].
AOL - A Veja nasceu três
meses antes do AI- 5. Não havia esse receio?
Carta - Os senhores Civita
não entendiam nada de Brasil. Aliás, acho que> continuam
não entendendo. O rapaz Roberto Civita, que é um outro idiota...
Entre o Otavio e o Roberto é um páreo duro para ver quem
é o mais imbecil... Mas, de qualquer maneira, a revista foi censurada
duramente, por muitos anos até 1976. E informo que, a partir de
um certo momento, a partir de abril de 1974, ela passou a ser censurada
nas dependências da Polícia Federal. Até então,
a Veja tinha sido censurada na redação. Os censores iam até
lá e liam. Mas quando entrou a Polícia Federal, a Veja passou
a ser levada à casa dos censores.
AOL - E como foi aquele
episódio em que o senhor teve de desligar os telefones da
revista?
Carta - Nós iríamos
sair com uma matéria sobre tortura. Era uma grande matéria
comandada pela equipe de Raimundo Pereira. A equipe levantou mais de 150
casos de tortura e havia três casos contados em detalhe. Uma semana
antes, nós tínhamos saído com uma capa sobre a posse
do Médici (1969-1974) dizendo que ele não queria tortura.
Fizemos uma puxação de saco com ele e, é lógico,
já sabendo que viria em seguida a matéria com os casos
de tortura. Queríamos só preparar o caminho. Mas aconteceu
que a imprensa da época foi atrás da capa da Veja e começaram
a dizer, durante toda aquela semana, que o Médici realmente não
queria tortura. Por causa disso, saiu uma ordem, numa quinta-feira, de
que o regime militar proibia qualquer referência ao assunto. E na
sexta-feira [risos], eu mandei desligar os telefones da redação
para não chegar essa ordem até nós. A revista
saiu, mas foi recolhida nas bancas. Naquele tempo, não havia assinaturas.
Ela ia para a banca e a censura passava recolhendo.
AOL - Como foi sua saída
da Veja?
Carta - Havia uma pressão
muito grande dos militares para que eu saísse. E a Editora Abril
tinha uma dívida fora do Brasil, de 50 milhões de dólares.
Eles pediram um empréstimo à Caixa Econômica Federal,
mas era um empréstimo dentro da normalidade, eles o fereceram garantias
suficientes. Só que era um pedido, evidentemente, que vinha de uma
editora e, portanto, tinha conotações políticas. A
Caixa Econômica aprovou o pedido, mas precisava do aval do ministro
da Fazenda. Mas o ministro da Fazenda falou que precisava da permissão
do ministro da Justiça e a coisa acabou na mão do Falcão
[Armando Falcão, ministro da Justiça]. E o Falcão
falou: "Nós vamos dar dinheiro para aqueles inimigos do governo,
que publicam a revista Veja?" Então começou essa pressão.
AOL - E por isso Roberto
Civita despediu o senhor?
Carta - Não, eu
é que fui ao Civita. Além de dirigir a revista, eu era do
conselho editorial da Abril, fazia parte do "board", como diziam
eles. Bom, participava das reuniões e sabia de tudo. Nesta altura,
fiquei penalizado com a situação deles. Em julho de 1975,
falei para o Civita: "Eu saio. Durante dois ou três meses, fico por
trás do pano, até as coisas ficarem bem. Depois, posso chefiar
as sucursais da editora Abril na Europa. Para mim está ótimo".
AOL - E qual foi a resposta?
Carta - Ele não
quis. Então, depois de uma semana, voltei a falar com ele: "Bem,
se é para eu ficar aqui na Veja, vou continuar fazendo meu papel.
Não vou ceder [à censura]". Ele respondeu que tudo bem. Então,
como primeira medida, eu chamei o Plínio Marcos para fazer uma coluna
de esportes, na qual você pode imaginar o que ele falava. É
isso. Depois ofereci emprego a uma
pessoa que fazia parte do grupo
do Vladimir Herzog. E voltei a falar com o Civita, que me perguntou o porquê
de eu não tirar férias. Eu disse: "Está bem, eu tiro".
E durante as minhas férias, eles se animaram. Quando eu voltei,
o Civita me disse que eu tinha de mandar embora o Plínio Marcos.
Eu respondi: "Não mando. Se tiver de mandar embora o Plínio
Marcos, você manda
me manda embora junto com o
Plínio". E ficou aquele "mando", "não mando" até que
eu saí.
AOL - E com o Millôr
Fernandes, foi a mesma coisa?
Carta - Ah, isso foi
antes. Na época do Geisel, eu tinha negociado com o Falcão
o fim da censura. Disse a eles: "Vocês querem fazer a abertura lenta,
gradual, porém segura, então, tira a censura". O plano deles,
teoricamente, era esse. O Golbery [do Couto e Silva] me disse isso. E,
de fato, quatro dias depois que o Geisel tinha tomado posse, o Falcão
me chamou até Brasília e disse que a censura sairia. Eu disse:
"Tudo bem, mas isso não me implica nenhum tipo de compromisso?"
Ele respondeu que não. Eu voltei e já saímos com uma
capa sobre os exilados. Isso causou certos problemas. Depois trouxemos
uma matéria sobre os 10 anos do Golpe, o que nos trouxe mais
problemas ainda. Até então não havia a censura. Mas
aí veio uma charge do Millôr, que tinha uma seção
na Veja. A censura voltou com tudo e, a partir daquele momento, veio aquela
época a qual me referi antes, de precisar mandar a matéria
para a Polícia Federal.
AOL - O Roberto Civita
chegou a mandar o Millôr Fernades embora por conta disso?
Carta - Não. Imagine:
ele ofereceu a cabeça do Millôr Fernandes ao Golbery. O Golbery
disse a ele: "Não. Eu não estou te pedindo isso". Esse era
o Roberto. O Golbery não conhecia que... Isso eu contei muito no
meu primeiro livro [O castelo de âmbar, Editora Record]. Está
lá, está tudo lá. E nunca foi desmentido porque não
há como desmentir. Aquilo lá é a sacrossanta verdade
factual.
AOL - Uma das coisas
que o sr. conta no livro é de que foi o general Golbery quem o avisou
que o ministro da Justiça Silvio Frota iria cair no dia 12
de outubro de 1977. O sr. Já conseguiu descobrir o porquê
desta data?
Carta - Não. Até
hoje nunca descobri. Mas só voltando à questão da
censura, isso é um assunto que sempre mexe comigo. Pior do que Veja,
foi a situação dos alternativos. Veja certamente foi censurada
de uma forma duríssima. Pior ainda foi com os alternativos. Os jornais
alternativos, digo, o Opinião -aliás, naquele tempo
já era o Movimento -, o Pasquim, o jornal do D. Paulo (Evaristo
Arns), da Cúria de São Paulo, enfim... Todo esse tipo
de publicação tinha de mandar o material para Brasília.
Nós, na Veja, mandávamos para a rua Xavier de Toledo, de
segunda à sexta-feira, e para casa dos censores, aos sábados.
Mas os donos dos jornais alternativos tinham de mandar para Brasília.
Todo o material. Então, alguém pegava uma pasta, levava até
Brasília, entregava. Aí, os caras faziam mil sacanagens,
devolviam o material e alguém colocava no avião e voltava
para o Rio, ou para São Paulo. Era ainda pior. Eu não
conheço censura deste tipo, na história do século
passado, em nenhum lugar assim. No tempo do fascismo e do nazismo não
era assim. Os censores iam para as redações.
AOL - A impressão
que dá é que, apesar de toda a censura, naquele tempo o jornalismo
era mais crítico.
Carta - Sem dúvida.
A busca da entrelinha era real. Havia muitos jornalistas que tentavam enfiar
nas entrelinhas algumas coisas. Às vezes, era algo que só
a mãe dele percebia, mas não tem importância. Havia
pelo menos esse esforço. Diria que era um jornalismo melhor do que
hoje.
AOL - O sr. fala como
se tivesse perdido o idealismo daquela época.
Carta - Não. Eu
sou muito otimista na ação. Tanto que temos aqui a melhor
redação que eu dirigi na vida. Sou otimista na ação,
sou otimista em todas as bolas, mas não deixo de ser muito cético
em relação ao País. Porque há uma sociedade
ruim, má e um povo resignado. Então, é difícil
você tirar disso alguma esperança para o atual futuro.
AOL - Afinal, os militares
da época não tinham contas nas ilhas Cay man.
Carta - Evidentemente,
havia gente corrupta. Mas era gente menos voltada para este aspecto, para
essa questão. Neste aspecto, a culpa deles foi ter protegido muitos
corruptos. O Golbery, que certamente teve um papel muito importante para
o bem e, sobretudo, para o mal, ele é um homem que morreu pobre,
que nunca teve nada. Não era esse o ponto. Agora, ele tinha
uns amigos do capeta. É muito simbólica essa maneira de ver
as coisas. O Andreazza [general Mario Andreazza] também é
outro acusado de não sei o quê. Pois morreu e os amigos tiveram
de fazer uma vaquinha para o enterro. Mas, certamente, ele tinha uma tranca
de amigos muito perigosos.
AOL - E quais são
os nomes desses amigos perigosos?
Carta - É melhor
silenciar... Há referências a todos em O castelo de âmbar.
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