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Boletim do NPCNº 79De 15.11 a 15.12.2005
Para jornalistas, dirigentes, militantes
e assessores sindicais e dos Movimentos Sociais


Notícias do NPC

 

Tudo pronto para o 11º Curso Nacional do NPC

..Arte da camiseta do curso criada pelo Mega

Está tudo pronto para a realização do 11º Curso de Comunicação do NPC. As inscrições estão encerradas, mas ainda se aceitam nomes na lista de espera. Os interessados devem procurar por Augusto nos telefones (21) 2220 5618  / 9923 1093  / npiratininga@uol.com.br

Os inscritos vão receber na próxima semana o mapa do local do curso e do hotel e as últimas informações necessárias. Praticamente todos os estados brasileiros estarão representados no curso de 2005.

Em função do curso o próximo Boletim do NPC não vai circular no dia 1º de dezembro. Sairá por volta do dia 10 já com as novidades e as fotos do curso.

Mudanças na página do NPC. Visite: www.piratininga.org.br
A página do Núcleo Piratininga de Comunicação está de seção nova e revitalizada nas seções antigas. A novidade é a seção "Radiografia da Comunicação Sindical", com a organização de todas as entrevistas sobre sindicatos publicadas tradicionalmente no Boletim NPC. Além disso, a seção "Memória" também resgata a produção da Equipe NPC nos 79 boletins já produzidos até hoje. Seções como "Agenda", "Publicações", "Artigos" e "Links" também sofreram alterações editoriais. Agora, é só entrar em www.piratininga.org.br e conferir.

Curso de Oratória para Mulheres no Rio de Janeiro: ainda há vagas
Ainda há vagas na nova turma de mulheres que vai fazer o curso de Oratória Sindical promovido pela secretaria de Formação da CUT-RJ e pela Comissão Estadual de Mulheres da CUT, nos dias 22 e 23 de novembro. Informações e inscrições com Carminha através do telefone: (21) 2196-6700. O curso será ministrado pelo Núcleo Piratininga de Comunicação.


A Comunicação que queremos

Servidores públicos fazem I Encontro de Assessorias de Imprensa
Nos dias 11 e 12 de novembro, em Brasília, a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) realizou o I Encontro Condsef de Assessorias de Imprensa, com a presença de representantes de sindicatos filiados de 16 estados e participação do coordenador do Núcleo Piratininga de Comunicação, Vito Giannotti. Na ocasião, foi elaborado um plano de comunicação a ser desenvolvido e implantado em 2006, para a Condsef e as entidades filiadas. O responsável pelo setor de comunicação da Consef, Sérgio Ronaldo e a jornalista Graziela de Almeida estarão do 11º Curso do NPC.

Você já pode assinar o novo Retrato do Brasil
A Editora Manifesto lançou no dia 8 de novembro a série "Reportagem, Edições Especiais", que formará a segunda edição do "Retrato do Brasil", a obra que fez o mais completo balanço da ditadura militar de 1964. O novo "Retrato do Brasil" é editado pelo jornalista Raimundo Rodrigues Pereira, que estará no 11º Curso do NPC, no final do mês. Raimundo foi editor dos semanários Opinião e Movimento, nos anos 70, e do Retrato do Brasil, em meados dos anos 80. Hoje edita a revista Reportagem. "Retrato do Brasil" é uma coleção de 12 fascículos que, por meio de fotos, textos, depoimentos e gráficos, a ser encadernada em quatro volumes, aprofunda o estudo dos grandes problemas nacionais.

Informações para assinatura pelos telefones (61) 3328 8046 e 9972 0741.


De Olho Na Mídia

Entrevista com Gilberto Maringoni: “A mídia demoniza alguns setores para que outros apareçam como positivos”
 

Entrevista a Nestor Cozetti. Na foto, Maringoni
Maringoni cartunista, jornalista, arquiteto e doutorando em História. Nasceu em 1958 em São Paulo, capital. No início de novembro esteve no Rio de Janeiro onde participou de curso ministrado pelo NPC a convite do Sindicato dos Funcionários do Banco Central. Na ocasião, concedeu a Nestor Cozetti com exclusividade esta entrevista para o Boletim do NPC.

Boletim do NPC. A mídia constrói percepções da realidade manipulando as consciências?

Gilberto Maringoni. A mídia faz parte do aparato de dominação de classe, ideológico, em qualquer país. Assim como existem vários instrumentos de dominação: o Estado, o sistema financeiro, as Forças Armadas, a mídia faz parte, é um deles. E talvez seja ela hoje não sei se o mais importante, mas um dos mais importantes. Para exercer esta dominação de classe ela precisa mentir, manipular, direcionar o pensamento e a opinião da grande maioria das pessoas. Como é que você conseguiria conviver com uma situação em que é natural que o orçamento do país seja ano a ano cortado, seja diminuído para pagar taxa de juros para banqueiros? Como é que você constrói uma realidade, uma opinião pública que se mostre favorável a isto? Você começa a dizer que se não houver superávit primário, ou seja, superávit já é um nome pomposo, de coisa positiva. E depois começa a repetir que isto é um instrumento fundamental, que é a estabilidade de um país. E aí se constrói uma justificativa permanente para a injustiça, para a violência, para esta situação que a gente vive. E no Brasil hoje a manipulação enfoca principalmente alguns setores da sociedade. Tem-se que demonizar alguns setores para que outros apareçam como positivos. Demonizar especialmente aqueles setores que querem a transformação social no Brasil. Tem-se que demonizar o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST, como quadrilha de bandidos que atentam contra a propriedade privada. Demonizar a Venezuela, que é onde este tipo de modelo está sendo colocado em xeque. E Cuba também, porque é o exemplo de se alçar contra os principais agentes de dominação, e tem que ser posta de lado.  Então, demoniza-se alguns, exalta-se outros e se constrói uma realidade virtual que é a que a gente vive hoje.

Boletim do NPC. Você participou da organização de um material sobre a revista Veja. Ela é um caso a parte na imprensa brasileira?

Maringoni. Sim, participei e escrevi a respeito. A Veja é o caso mais extremado desta manipulação. Hoje ela não é uma revista, não é imprensa, é um panfleto da extrema-direita brasileira. É a revista de maior circulação no Brasil. E expressa o ponto de vista mais reacionário, seja por seus repórteres formados lá dentro, ou por seus colunistas que são geralmente escritores fracassados, ou gente do mercado financeiro, que dão sempre a opinião mais a direita possível no país. A Veja é um caso extremo. Um panfleto fascista da extrema-direita brasileira. Suas capas são sempre uma ficção montada, como foi esta questão dos dólares de Cuba. O caso não tem a menor consistência jornalística, a única testemunha possível é um morto. 

Boletim do NPC. Ela é um caso isolado?

Maringoni. Não, é apenas um caso mais extremado. Se você pega a Folha de São Paulo, a Rede Globo, o Estado de São Paulo, o Zero Hora, a diferença é de tom. De ênfase. Eles trabalham quase que como um partido único. São sete ou oito grupos que controlam a opinião de brasileiros.

Boletim do NPC.  Você vê semelhanças com outros órgãos da imprensa na história do Brasil?

Maringoni. Claro, se você pega um jornal brasileiro no ano da crise no governo do Getúlio em 1954, a Tribuna da Imprensa, os Diários Associados. Ou na época do Golpe Militar pega o Estado de São Paulo, o Globo, tem um fio de continuidade e a revista Veja é herdeira desses grupos.

Entrevista com José Arbex Jr.: “A mídia age como partido político, como demonstrou Gramsci”

Entrevista a Nestor Cozetti. Na foto, Arbex Jr.
Boletim do NPC. Que avaliação você faz sobre a cobertura da mídia envolvendo o governo e o partido do presidente Lula?

José Arbex Jr. Não foi feita uma cobertura. Foi feita uma campanha. Na verdade a mídia desrespeitou os próprios manuais de redação que regulamentam a produção de notícias dos jornais. Primeiro, porque os manuais de redação estabelecem que todos os lados têm que ser absolutamente ouvidos e respeitados. Segundo, os manuais estabelecem que uma notícia tem que ser comprovada, para ser dada. Porque ela não pode ser baseada unicamente em declarações. A menos que todos os lados sejam ouvidos e todas as declarações tenham um peso semelhante. Então, todos os procedimentos éticos prescritos que foram estabelecidos pelos próprios manuais, foram desrespeitados. Ou seja, não foi feita uma cobertura. Foi feita uma campanha com base em declarações, as quais se deu um destaque muito grande. Independente do fato do PT ou do governo Lula ter ou não cometido crime houve uma predisposição da mídia no sentido de condenar ambos. Isto é óbvio e evidente. E uma demonstração disto é que, quando surge no meio do escândalo a evidência de que o Azeredo, ex-governador de Minas e presidente do PSDB, também teria sido implicado em fraudes envolvendo o Valérioduto, a notícia foi dada quase sem nenhum destaque. Até mesmo o ombudsman da Folha de S. Paulo, o Marcelo Beraba, anotou isto: a diferença de tratamento que a mídia dá quando surge alguma notícia, por menor que seja, referente ao PT, vira logo manchete. Quando tem um puta dum escândalo envolvendo o Azeredo, é subestimada. Então, isto demonstra claramente que a mídia não fez cobertura, fez campanha.

Boletim do NPC.  No Brasil a mídia age como partido político – dizem que a FSP é o órgão oficial do PSDB – ou apenas defende os interesses das classes dominantes?

Arbex. Não é só no Brasil que a mídia age como partido político. A mídia burguesa age como partido político, como demonstrou Gramsci. Gramsci mostrou que a imprensa cumpre um papel fundamental para dar coesão ao processo de formação da sociedade civil. E mostrou também que a imprensa é controlada pelo capital privado, mas trata de assuntos públicos. Ou seja, ela é um veículo privado que trata de assuntos que não são privados, que são da esfera pública. E assim, esses assuntos da esfera pública são tratados de uma forma privada quanto ao seu conteúdo, ao seu direcionamento, ou a maneira pela qual eles são analisados, etc. e tal. Isto faz com que a imprensa tenha adquirido um grande poder com a segmentação da burguesia e com a economia burguesa, porque passa a exercer um papel que só é controlado pelo próprio capital. Que não é controlado pelas instituições públicas. Noam Chomsky observa que a primeira emenda da Constituição dos Estados Unidos diz que o Estado não pode censurar a opinião pública. Mas a primeira emenda nada diz sobre as corporações, porque naquela época nem havia as corporações. Então, a corporação censura. A corporação controla, define o que é notícia e o que não é notícia. A corporação tem um poder tremendo de selecionar os fatos, de divulgar os fatos de acordo com os interesses corporativos. E dá para esses fatos a aparência de fatos públicos, quando na verdade são fatos dados de forma privada. Por interesses privados. Logo, a imprensa toda é partidária. Toda movida por interesses que não são os públicos. São interesses ideológicos, financeiros, econômicos, interesses capitalistas.

Boletim do NP. Sempre os das classes dominantes?

Arbex. Sim, as classes que controlam os meios de comunicação. O que aconteceu no Brasil é um agravante disto. Mesmo nos países capitalistas mais radicais, como os Estados Unidos, por exemplo, você tem certas leis que ainda tentam impor um certo controle às corporações. Os EUA têm uma lei que impede a propriedade cruzada dos meios de comunicação. Então, o sujeito que é dono da televisão de uma determinada região não pode, ao mesmo tempo, ser dono de um jornal impresso nem de emissora de rádio. Isto é proibido. Se for dono de uma emissora de rádio não pode ter televisão, nem jornal. No Brasil não se pode nem pensar na impossibilidade disto. Quem tocar no assunto vai ser logo acusado de comunista, radical, jacobino. Porque no Brasil não se admite qualquer restrição às corporações. Então, no Brasil este problema é agravado. Mas não que ele é típico do Brasil. A mídia se comporta como um partido em todos os países capitalistas, só que aqui este problema é agravado.

Boletim do NPC.  Por causa da propriedade cruzada?

Arbex. E por causa da falta de leis. Não é só a propriedade cruzada. Dou outro exemplo: na França é proibida terminantemente a divulgação de propaganda de produtos infantis. Não pode ter nenhum produto infantil na televisão. Porque os que analisaram o assunto concluíram que implica necessariamente na erotização precoce das crianças. A propaganda de produtos infantis faz um apelo à capacidade sedutora da criança. Implica na entrada precoce da criança no mundo adulto. Então, é proibido. Agora, imagina no Brasil alguém querer proibir as propagandas para crianças.

Boletim do NPC. Qual a principal motivação para as reuniões de pauta da mídia brasileira?

Arbex. Já que ela é um partido e funciona como um partido a motivação é sempre política e econômica. Quer dizer, ela tem a mesma motivação que um partido teria para fazer uma reunião. Então, como a mídia é um partido que está no poder, os assuntos são como consolidar este poder. É como sedimentar e dar estabilidade a este poder. Então, a mídia funciona na verdade como uma espécie de intelectual orgânico da burguesia, para utilizar um termo de Gramisci. Ela organiza os interesses da burguesia, dá-lhes visibilidade, debate-os, e aponta soluções para os interesses da burguesia. Agora, tem um fator complicador disto: a mídia, por mais poderosa que seja, não é toda poderosa. Estou querendo dizer com isto que um jornal sem credibilidade não serve para nada. Para servir para alguma coisa as pessoas têm que acreditar neste jornal. Então, o Globo, por mais poderoso que seja, dificilmente dará a manchete de que o Papa foi visto andando nu em Roma. Assim, mesmo que os jornais possam muita coisa eles não podem tudo. Existem limites para aquilo que os jornais podem e não podem fazer. Para manter a credibilidade. Então, a reunião de pauta serve para isto também. Certas pautas acabam entrando no jornal mesmo contra a vontade dos donos, porque tem que manter uma certa credibilidade. E isto cria um problema para os donos, porque eles não podem mentir o tempo todo. E aí é que se dá um espaço de luta na mídia, que permite que jornalistas sérios trabalhem nos grandes veículos. Porque esses veículos precisam de jornalistas sérios que dêem credibilidade, mesmo que às vezes eles produzam coisas que no momento vão contra os interesses dos jornais. Então a reunião de pauta serve para isto também, serve para analisar a situação, que notícia vai ser dada. 

Boletim do NPC. A mídia constrói percepções da realidade, ou seja, ela manipula as consciências?

Arbex. Total e absolutamente. Outro dia eu estive num debate com um jornalista da Rede Globo que insistia no fato de que a mídia busca a objetividade e a imparcialidade. E fiz a seguinte pergunta para ele: se a mídia busca mesmo isto porquê que toda vez que se fala em Osama Bin Laden, usam os termos fundamentalista, muçulmano, terrorista? Até aí nós estamos de acordo, ele é mesmo tudo isto. Mas então porquê vocês quando falam George Bush, não usam fundamentalista, protestante, terrorista, George Bush, por quê? O sujeito não tem como responder. Pergunta simples que não tem resposta para ele. O que se pode argumentar é que não há consenso sobre o fato de Bush ser terrorista. Mas há consenso sobre o fato dele ser mentiroso. Então, que pelo menos se use fundamentalista, protestante, e mentiroso. Pelo menos isto. Se quiser o menor sentido de equidade na hora de divulgar os fatos. Basta este exemplo para desmontar o edifício de ficção que é diariamente construído pela mídia. Quer dizer, é uma ficção diariamente construída em que você tem personagens malvados, você tem personagens bonzinhos, santos e pecadores. A mídia o tempo todo está construindo percepções, grandes consensos, educando percepções o tempo todo. É a total manipulação, porque é óbvio que os donos da mídia sabem que o Bush é fundamentalista protestante. Ele próprio fala que foi Deus quem determinou que ele fizesse isso ou aquilo. Fala que conversa com Deus diariamente. Todo mundo sabe que ele é fundamentalista protestante e todo mundo sabe que ele é mentiroso. Para não dizer terrorista. E, no entanto, o tratamento para Bush é um, para o Bin Laden é outro. Dois pesos e duas medidas. E há outros infinitos exemplos. Às vezes eu falo do MST. Eles – da mídia – sempre falam em invasão de terras e nunca em ocupação de terra. Eles sabem que os termos são diferentes, sabem que a invasão tem uma conotação de violência, de ilegalidade, de força bruta, etc. e tal. Eles sabem que o MST tem o direito de ocupar terras que não cumpram função social, está na Constituição brasileira. Sabem disto tudo. No entanto, escolhem os termos que interessam para eles, não aqueles que interessam para a notícia. Isto é manipulação.

Filho de Almir Gabriel diz, em cadeia de rádio e TV, que quer ver petistas no inferno
Uma pérola a mais foi lançada no dia 11 de novembro na coroa da elite que orna o ódio pelo PT. Dessa vez em cadeia estadual através da TV e Rádio Cultura do Pará, por volta do meio dia, num programa apresentado pelo presidente da FULTELPA, que dirige as emissoras ligadas ao governo do Estado, governado por Simão Jatene (PSDB). O dono do petardo é o filho do ex-governador do Pará, o médico Almir Gabriel, o cantor e compositor Almirzinho Gabriel. O programa é transmitido para todo o Pará através de uma cadeia de rádio e TV.

O filho do autor da principal obra de reforma agrária realizada pelo PSDB, o Massacre de Eldorado, que ano que vem completa a primeira década de impunidade, com todos os envolvidos em liberdade, lançou a seguinte frase no ar: “ ..tá na hora de mandar essa raça toda para o inferno. Sugiro que eles possam ficar em nossa cadeia aqui fazendo bolas de futebol. Quero ver o Zé Dirceu fazendo bola e comendo tapioquinha (iguaria regional produzida a partir da goma da mandioca).

Vale lembrar que em tese a TV Cultura cabe o caráter de educativa, semeadora de debates, respeito à diferença. Pior do que a infeliz frase do dito compositor foi o endosso do presidente da emissora e apresentador do programa, que vai ao ar às sextas-feiras, o Cultura In Concert, o senhor Ney Messias Jr, ao afirmar que adoraria jogar uma pelada com o bola feita pelo ainda deputado José Dirceu. O mesmo diretor da FUNTELPA é o dono da voz das propagandas do governo estadual. Há algo de anti-ético nisso?

O convênio entre a FUTELPA e a TV Liberal, onde a fundação é obrigada a pagar à emissora privada a retransmissão da programação da mesma é denunciada há anos pelo editor do Jornal Pessoal, o jornalista Lúcio Flávio Pinto. É possível acreditar em alguma medida punitiva do uso de emissora direcionada para educação na pregação do ódio à diferença?  Será que terá uma canto na cela do presídio que sugere o compositor para os militantes do PT, para os responsáveis pelo Massacre de Eldorado?

(Por Rogério Almeida)

Democratização da Comunicação

Sobre a Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação
Foi realizada de 16 a 18 de novembro, em Tunis, na Tunísia, a segunda fase da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação. A primeira foi realizada em Genebra, Suíça. Para mais informações, visite: www.crisbrasil.org.br/apc-aa/cris/noticias.shtml

Audiência pública discutirá situação de Rádios Comunitárias
As comissões de Legislação Participativa e Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados realizarão no dia 1º de dezembro deste ano, no Plenário 3, uma audiência pública sobre rádios comunitárias. A audiência acontecerá durante todo o dia com a realização de três painéis de debates: O futuro da radiodifusão comunitária, Comunicação como um direito humano e Conceito legal entre telecomunicação e radiodifusão.
Estão sendo convidados como debatedores dos painéis, representantes do governo federal - Casa Civil, Ministério das Comunicações; do movimento de radiodifusão comunitária de todo o país - Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço); Associação Mundial de Rádios Comunitárias (AMARC); Articulação Cris Brasil; Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA); Movimento Nacional pelos Direitos Humanos; Associação dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE); Procuradoria Geral da República; Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, entre outros.
Coordenarão os painéis, as deputadas Fátima Bezerra, Iriny Lopes (PT- ES) Maria do Rosário (PT-RS), e os deputados Adão Preto (PT-RS), Fernando Ferro (PT-PE), Mauro Passos (PT-SC) e Walter Pinheiro (PT-BA).

(Por Zizi Farias, assessora da comunicação)
Direitos humanos conquistam espaço na Rede TV!
A Justiça determinou que a Rede TV! suspendesse a transmissão do programa Tarde Quente, do apresentador João Kleber. A determinação foi fruto de uma ação civil pública, movida pelo Ministério Público Federal e assinada também por ONGs de direitos humanos. Tratava-se de um programa que exibia diariamente “pegadinhas” que humilhavam, ofendiam e reforçavam preconceitos – contra homossexuais, mulheres, e pessoas com deficiência, entre muitos outros. Na mesma ação foi pedido e conquistado um espaço para "contrapropaganda".  A partir dos próximos dias será exibido, por 60 dias, no lugar de Tarde Quente, programas de TV que defendam os direitos humanos. Das 17h às 18h30, de segunda a sábado, em rede nacional.

Se você tem documentários, filmes, entrevistas, debates ou qualquer outro programa de TV que aborde a temática dos direitos humanos entrem em contato com os as pessoas indicadas no final deste texto e ajude a construir uma grade que inclua programas audiovisuais já produzidos pela sociedade, que tratem de temas como diversidade cultural, igualdade de gênero, etnia, exclusão social, meio-ambiente e violência, entre outros. Para se informar melhor e saber como participar, entre em contato com direitosderesposta@intervozes.org.br ou pelos seguintes telefones: Marcio (11) 9605-6391 ; Giovanna (11) 8159-6011 ; Rosário (81) 3301.5241 ; Adriano (61) 9909-8164

(Leia artigo de Gustavo Barreto em nossa página
sobre este e outros casos: www.piratininga.org.br)

NPC Informa

Jornalistas expulsos de coletiva com ministro da Educação
Na entrevista coletiva que o ministro Fernando Haddad concedeu à imprensa na manhã do dia 16, três jornalistas foram impedidos de participar sob a alegação de que não eram profissionais da imprensa. Os repórteres André Castro, da assessoria de imprensa da UnB, Luciana Bezerra, da assessoria de imprensa do Comando Nacional de Greve dos docentes das Instituições Federais de Ensino Superior, e Carla Lisboa, da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB), foram constrangidos e humilhados, diante de vários colegas da imprensa comercial, pela coordenadora de imprensa do MEC, Vera Flores. “É uma coletiva à imprensa e por isso vocês não podem participar”, disse ela.

Questionada sobre a decisão, Vera Flores disse que só estava cumprindo ordens. Os jornalistas tiveram de esperar do lado de fora os colegas da imprensa comercial saírem da entrevista para poder obter informações. Na manhã do dia 16 liguei para o Ministério e perguntei à assessoria se repórteres da imprensa sindical poderiam participar da coletiva, já que o ministro iria falar sobre os pontos conflitantes e impasses da negociação entre governo e docentes das universidades públicas federais em greve. A resposta que tive foi a de que poderia participar. Por isso estava lá.

(Por Carla Lisboa)
I Encontro Latino-Americano Raízes da América – Cultura de Resistência
Na abertura do I Encontro Latino-americano Raízes da América-Cultura de Resistência, dia 25 de novembro, os jornalistas Fausto Wolf, Mário Augusto Jakobskind e Maria Luiza Franco lançam, respectivamente, "Imprensa Livre" , "América que não está na mídia" e "Ensaio sobre a pergunta - uma teoria da prática jornalística".

"Imprensa Livre", de Fausto Wolf, trata da expectativa gerada pela eleição de Lula e da realidade praticada pelo líder operário quando chega ao poder. "América que não está na mídia", de Mário Augusto, fala de uma  América Latina quase desconhecida pelo grande público e que os meios de comunicação não cobrem, e "Ensaio sobre a pergunta -  uma teoria da prática jornalística", de Maria Luiza Franco, abre para uma perspectiva crítica do fazer jornalístico.

O I Encontro Latino-americano Raízes da América-Cultura de Resistência será aberto no dias 25 de novembro às 19 horas e continuará no sábado, 26 de novembro, a partir das 9 horas da manhã, no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro. As inscrições podem ser feitas no Sisejufe-RJ, na Avenida Presidente Vargas 509 - 11º andar, ou pelo telefone (21) 2232-1004 com Sula e Simone. Informações com o diretor Roberto Ponciano no (21) 9429-8967.

O Marketing e a Comunicação de Esquerda
Acaba de ser lançado, em Porto Alegre, o livro “O marketing e a Comunicação de Esrqueda”, de Paulo César da Rosa. Os pedidos podem ser feitos para a veraz@veraz.com.br ; Em Porto Alegre pode ser encontrado nas livrarias.

CUT/SP lança revista sobre a luta dos negros no Brasil
A CUT/SP lançou no dia 17/11 a revista Zumbi 300 anos + 10 e o gibi "Políticas de Ação Afirmativa" contra o preconceito, desigualdade, racismo e discriminação. A revista "Zumbi 300 + 10" traz um panorama da luta dos negros no Brasil, a partir da resistência de Palmares até os dias de hoje. Várias lideranças sindicais negras foram entrevistas, sendo algumas delas do ramo químico. A revista foi elaborada pelo jornalista João Caetano do Nascimento e sua equipe.

Valeu, Alaor Barretto
O fotógrafo e professor de fotografia Alaor Barreto morreu, aos 82 anos, no último dia 8 de novembro, no Rio de Janeiro. Alaor nasceu no Canindé, foi soldado da borracha na Amazônia, ativista do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e professor da UFRJ, onde o conheci. Começou sua carreira coordenando o "Novos Rumos", o jornal da juventude do Partido Comunista. Passou pelos jornais Diário Carioca, Última Hora e Correio da Manhã. Ter convivido com ele foi um grande privilégio. Valeu, Alaôr.

(Por Claudia Santiago)
Editora Vozes é homenageada no dia 23
A Editora Vozes será homenageada no dia 23 de novembro. Vai receber a Medalha Tiradentes, em sessão solene na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.

Curso sobre sociedade da informação no Rio de Janeiro
“A sociedade da informação e do conhecimento. O que é isto”. Este é o tema do curso de extensão que será ministrado pelo professor Marcos Dantas, de 21 a 24 de novembro, na Universidade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro. Informações: cursoxv@candidomendes.edu.br ; Marcos Dantas estará no 11º curso do NPC.


De Olho Na Vida

Mais de 300 propostas de referendos e plebiscitos tramitam no Congresso
Estão em tramitação no Congresso Nacional 300 propostas de referendos ou plebiscitos.
Na lista estão temas como a transposição do Rio São Francisco, a revisão do processo de privatização das estatais, o pagamento da dívida externa e o cancelamento dos acordos assinados com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A consulta pode ser por meio de referendos, com os cidadãos opinando sobre leis já aprovadas, ou por plebiscitos, quando a convocação é feita antes do projeto de lei ser sancionado pelo Poder Legislativo ou Executivo.

Morte de operário desencadeia greve Klabin de Angatuba (SP)
Ari Libânio Júnior, de 41 anos, funcionário há 16 anos da empresa papeleira Klabin, unidade de Angatuba (SP), morreu às 6h30 da manhã do dia 8 de novembro, quando foi esmagado pelo cilindro da máquina de papel e, em seguida, teve o corpo esquartejado pela máquina de corte. Ari era casado, pai de dois filhos. Segundo denúncia do Sindicato dos Papeleiros de Sorocaba e Região, ele vinha sendo obrigado a trabalhar 12 horas diárias. No dia do acidente, Ari entrou no trabalho às 4 horas e a jornada iria até as 16 horas. O horário normal de entrada seria às 6 horas.

(Boletim da CNQ-CUT)
OEA determina que Brasil proteja a vida de seus detentos
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) determinou no dia 15 de novembro medidas cautelares para que o governo brasileiro proteja a vida e a integridade física de todos os presos da carceragem da Polinter, no Rio de Janeiro. A medida cautelar havia sido solicitada pelas organizações Justiça Global, Grupo Tortura Nunca Mais – Rio de Janeiro, Associação pela Reforma Prisional (ARP) e Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), no dia 2 de agosto de 2005.

Ao autorizar a medida cautelar, a Comissão Interamericana determina que o governo brasileiro e em particular o governo do Rio de Janeiro: 
1. adotem de imediato as medidas que se façam necessárias para proteger a vida e a integridade pessoal de todos os internos da carceragem da Polinter;
2. suspendam imediatamente a entrada de novos presos na carceragem da Polinter;
3. transfiram os presos condenados e recapturados que estão na carceragem da Polinter/RJ para o sistema prisional do Estado do Rio de Janeiro;
4. transfiram os presos doentes graves ao Hospital Central Penitenciário;
5. transfiram um número substancial de presos da carceragem da Polinter, com o intuito de reduzir a superlotação que ameaça a vida e a integridade física dos presos.


Imagens da Vida

Rio Grande do Norte: produtos da agricultura familiar

Foto de Cida Ramos


Pérola da edição

Por exemplo, em 4/9, o superintendente do Departamento de Polícia de Nova Orleans foi citado no "New York Times" sobre as condições no centro de convenções: "Os turistas estão caminhando por ali, e, assim que esses indivíduos os vêem, eles são saqueados. Eles os estão espancando e estuprando nas ruas". Em uma entrevista duas semanas depois, admitiu que parte dessas declarações chocantes era inverídica: "Não temos relatórios oficiais para documentar qualquer assassinato. Nenhum relatório oficial de estupro ou agressão sexual".

Slavoj Zizek, em artigo na 'Folha de São Paulo', 23/10/2005

Memória

9 de novembro: em lembrança dos operários Valmir, William e Barroso
Em 9 de novembro de 1988, o exército invade a Companhia Siderúrgica Nacional, em greve, e mata três operários: William, Valmir e Barroso. Sobre o episódio serão produzidos vários vídeos. Dentre os mais conhecidos: Que se abram os portões e Além da Greve. Em 9 de novembro de 2003, a CUT-RJ produz jornal especial sobre o massacre de Volta Redonda. Para saber mais leia em nossa página - www.piratininga.org.br - na seção Memória.


Por Dentro da Universidade

“Por uma outra comunicação” é lançado na Espanha 
Lançado no Fórum Social Mundial em 2003, o livro organizado por Dênis de Moraes atravessa o Atlântico para ser publicado na Espanha pela Editorial Icaria. Como na edição brasileira, Por outra comunicación traz um expressivo elenco de autores que travam um importante debate sobre as transformações da cultura e da comunicação diante da globalização.

Os ensaios foram organizados em quatro partes: na primeira, Muniz Sodré, Benjamin Barber, Jesús Martín-Barbero e Aníbal Ford abordam o tema “Comunicação e mundialização cultural”; em “Corporações, mídia e poder global”, o debate é conduzido por René Armand Dreifuss, David Harvey, Naomi Klein, Dênis de Moraes, Robert McChesney e Ignacio Ramonet; na parte III (“Mídias digitais e planeta em rede”) os autores são Manuel Castells, Franco Berardi (Bifo) e Mark Pôster; finalizando o livro, Michael Hardt, Edgar Morin, Pierre Lévy, José Arbex Jr. e Osvaldo León discutem “Comunicação, globalização alternativa e democratização”.

Por uma outra comunicação, editado pela editora Record, foi indicado em 2004 para o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro na categoria Ciências Humanas. Trata-se de um importante instrumento de estudo sobre o mundo contemporâneo. Além de trazer reflexões de diferentes ângulos de abordagens e territórios sobre a mundialização comunicacional e cultural, afirma a necessidade de construir outra comunicação, “vislumbrando alternativas à hegemonia ideológico-cultural do neoliberalismo”.

O livro é dedicado à memória de Milton Santos, que, nas palavras do organizador, “nunca deixou de acreditar na capacidade dos homens de construírem um novo universalismo, digno e igualitário”. O título, Por uma outra comunicação, tem como referência o livro de Santos Por uma outra globalização (Record, 2000).

(Por Gustavo Gindre)

Proposta de Pauta

O Globo: continua a cruzada pela remoção das favelas no Rio
Desde o mês de setembro as páginas de O Globo estão recheadas de fotos de favelas que estariam acabando com as belezas naturais da cidade. E dá-lhe barracos, casinhas, e até o que ele chama de “espigões” construídos em área de preservação ambiental. Os culpados da agressão feita à mãe natureza seriam os favelados. Sim, aqueles que são os causadores da violência que aflige a cidade. Os mesmos que sujam o cartão de visita da maior cidade turística do país. São os favelados que têm o atrevimento de querer morar em lugares bonitos, nas encostas dos morros, e não se contentam com um viaduto, ou um barraquinho, daquele que eles gostam de fazer, feio e horroroso, lá na distante cidade carioca de Paracambi, ou Seropédica. São os mesmos que teimam em querer morar no centro da cidade, perto de bairros “nobres” como Ipanema, Leblon, Barra da Tijuca, ou nos arredores da outrora riquíssima Tijuca.

É deles, enfim, a culpa pelo desmatamento das lindas encostas da Cidade Maravilhosa.

Esta tem sido a mensagem central, embora não tão explícita, da ladainha repetida através de imagens e artigos e mais artigos, de dois meses pra cá do nobre jornal. Esta a expressão jornalística da ideologia da exclusão que não é exclusividade da imprensa burguesa carioca.

Ultimamente O Globo começou a desconfiar que não são só aqueles sujeitos já manjados que ocuparam morros acima para construir seus barracos. A classe média também aprendeu com eles e abocanhou pedaços da santa mata. O jornal começou a mostrar moradias da classe média no meio do belo verde carioca. 

E quando vão aparecer as tremendas invasões de enormes pedaços da Floresta do Rio feitas pela alta burguesia do Rio?

Uma das favelas mais condenadas da cidade é a Tijuquinha, no Alto da Boa Vista. Por isso mesmo é que o Alto foi escolhido para receber no dia 21/11 uma grande manifestação em defesa do direito à moradia, organizada pelo Fórum Estadual contra a Remoção de Favelas. 

E o Colégio Santa Marcelina, bem ao lado desta favelinha, como foi plantado na mesma santíssima floresta? Não destruiu um belo pedaço de mata verde? E as centenas de casarões construídos ao longo da maravilhosa estrada que serpenteia o Alto, não são invasores? As famílias nobres de outra época tinham verdadeira tara para ter uma mansãozinha no Alto da Boa Vista. Que tal uma campanhazinha para remover estes casarões? São colégios, hotéis, mansões que poderiam ser removidos para Paracambi ou Seropédica, não é verdade? A burguesia pode e o povo não? 

Só uma pergunta: onde serão depositados os milhões de moradores das favelas cariocas, após serem retirados das áreas verdes que eles ocuparam?

(Por Claudia Santiago)
O brasileiro não precisa saber?
Os noticiários televisivos, no Brasil, estão se esmerando em mostrar os prejuízos causados pela gripe aviária e, em um “esforço” de reportagem, mostrando também a preocupação com as aves migratórias que chegam ao litoral do país. A imprensa escrita fala das origens da doença, dos problemas causados nas exportações e nas preocupações dos produtores rurais. Nem uma só linha foi gasta, na nossa imprensa, para falar de uma questão muito mais séria vinculada a este problema.

1. Donald Rumsfeld e a gripe aviária!
Uma denúncia impressionante apareceu nas páginas do jornal estadunidense New York Times: “O secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, é o dono da patente do medicamento para tratar a gripe aviária”! Segundo o jornal, Rumsfeld é obrigado a se abster nas decisões do governo estadunidense que envolvam questões de medicamentos, porque se recusou a vender suas ações da empresa Gilead Sciences Inc., a que patenteou o remédio anti-viral Tamiflu, específico para a gripe aviária. Antes de assumir o cargo de secretário de Defesa, ele era diretor da empresa. A empresa de Rumsfeld concedeu à multinacional Roche o direito de distribuir o medicamento. Matéria aqui.

2. Onze milhões de crianças morrem por doenças curáveis, por ano.
A Intermón Oxfam é uma organização internacional e denunciou, em documento publicado durante a semana, que a falta de medicamentos leva à morte cerca de 11 milhões de crianças por ano. O relatório diz também que mais de 2 milhões de pessoas em países “em desenvolvimento” não recebem tratamento médico por culpa dos elevados preços dos medicamentos.

A ONG Intermón Oxfam denuncia que as grandes empresas multinacionais farmacêuticas investem em pesquisas mas não atendem aos países pobres. As regras da Organização Mundial do Comércio permitem que os laboratórios sejam donos das “patentes” por 20 anos e, durante este longo período, as indústrias de medicamentos genéricos não podem produzir os remédios, que seriam entre 3 e 15 vezes mais baratos.

O relatório fala também do remédio Tamiflu, contra a gripe aviária, que só é distribuído pela multinacional suíça Roche, que pode decidir a quem concede licença para produzir o medicamento. A empresa teve um lucro líquido de 4,88 bilhões de euros, em 2004, e só concedeu o direito de produzir o Tamiflu a três países, nenhum deles entre os “em desenvolvimento”. 

3. Malária e tuberculose.
A malária apresenta 300 milhões de novos casos a cada ano, quase um milhão de mortes por ano, 90% entre crianças. Cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo estão infectadas pela tuberculose e mais de 1 bilhão sofre com algum tipo de parasita intestinal. Os dados são da Organização Mundial de Saúde, da ONU. No entanto, nos últimos 20 anos não surgiu nenhum remédio para combater estas doenças. Por que os laboratórios não se interessam por isto? Estes foram assuntos “esquecidos” pela nossa imprensa, tão “preocupada” com a gripe aviária!

(Por Ernesto Germano)

ESPECIAL

Um sonho chamado Saramago. Por Rosângela Ribeiro Gil
Quando li a notícia não sosseguei mais. Coloquei na cabeça que iria chegar perto dele e até fazer uma entrevista. Fui atrás. Enviei mensagem para um, para outro. Até chegar no lugar certo: na assessoria da editora Companhia das Letras. Fiz contato. Fui cadastrada como jornalista ao lançamento mundial do livro “As intermitências da morte”, de José Saramago.

Mais de mil pessoas acompanharam as palavras do prêmio Nobel de Literatura de 1998, no anfiteatro do Sesc Pinheiros, em São Paulo, no dia 27 de outubro último. Estávamos lá, representando o NPC, quase na fila do gargarejo. Mas Saramago estava totalmente “inviolável” ao assédio da imprensa, do público e dos fãs. O escritor tomou assento à mesa no centro de um palco totalmente negro. Ele também de preto, como se estivesse de luto. Bem comportado, o escritor português falou para o público por mais de 30 minutos. Fez o público rir. Foi aplaudido várias vezes. E, ao final, foi aplaudido de pé por um público rendido ao ídolo.

Levantou-se, cumprimentou mais uma vez o público e sumiu por de trás do palco entre as cortinas negras. Em frações de segundos. Não deu tempo nem de chegar perto do palco. Saramago já havia sumido. Fez a sua intermitência.

O público deu meia volta. E, como numa procissão, bem devagar, e com certa paciência, seguiu por escadas rolantes até chegar a uma pequena rampa onde aguardou o início da noite de autógrafos. A fila era imensa (será que todos esperaram a sua vez?).

Saramago chegou à mesa de autógrafo logo depois das 22 horas. Com o seu terno preto impecável, andar calmo e firme, ainda consegui parar por alguns segundos o escritor e entregar a agenda “A Comunicação dia-a-dia 2005” do Núcleo Piratininga de Comunicação. Balbuciei algumas palavras...”um presente para o senhor”. O segurança ao lado já logo olhou e fez o caminho ser seguido. Ainda deu tempo de Saramago fazer um gesto de agradecimento com a mão direita. No mais, aquela noite era para os fãs, mesmo à distância. A imprensa apenas pôde fotografar e filmar. A entrevista coletiva seria no dia seguinte, às 10h30, também no Sesc Pinheiros.

(Leia artigo de Rosângela em www.piratininga.org.br)

De Olho No Mundo

TV SUL busca integração latino-americana
Entrevista com Iraê Sassi, jornalista, do Coletivo da TV Comunitária do Distrito Federal, a Nestor Cozetti.

Boletim do NPC. Qual é a proposta da TV Sul?

Iraê Sassi. A proposta nasce de uma idéia de integração da América Latina. Da necessidade de se criar uma ferramenta de comunicação forte que sirva de contraponto ao domínio absoluto dos meios de comunicação no continente latino-americano por parte das potências imperialistas, principalmente dos Estados Unidos, em particular através da CNN em espanhol. Todo o nosso sistema de comunicação latino-americano está subordinado a este sistema central. A TV-Sul vem para suprir a carência absoluta de uma cara própria da América Latina no panorama da comunicação.

Ela nasce também no contexto de um processo revolucionário em curso na Venezuela atualmente, chamado de bolivariano que inova, acelera a integração político-social e tem a característica de apostar no cidadão, na consciência das pessoas, numa rápida recuperação de nossos valores, de nossas culturas.

Boletim do NPC. Onde a TV Sul está sendo exibida?

Sassi. O principal instrumento de transmissão que nós estamos usando atualmente é o satélite, que dá uma cobertura continental sobre os Estados Unidos, parte do Canadá, até à costa da África e algumas regiões da Europa. Daí se fazem acordos de retransmissão através do canal oficial da Argentina. Temos uma retransmissão a partir da Colômbia. E aqui no Brasil temos a TV Educativa do Paraná que está retransmitindo parte da grade. A TV Comunitária de Brasília (http://www.tvcomunitariadf.com.br/), faz um trabalho heróico de retransmissão através da Internet. Qualquer pessoa pode ter acesso no site da TV Comunitária de Brasília. Sem grandes recursos tecnológicos, mas dá para a pessoa ter uma idéia da grade de programação.

Boletim do NPC. Quais as cidades brasileiras aptas a retransmitir?

Sassi. Estamos só com o Paraná, na verdade. A vantagem é o satélite doméstico. Agora, qualquer pessoa no Brasil que tenha uma antena parabólica analógica tradicional pode assistir o que retransmite a TV Paraná. Não cobre toda a grade, mas está transmitindo uma boa parte. Infelizmente, o governo brasileiro segue reticente em relação a esta adesão.

Boletim do NPC. Que passos deverão dar, quem quiser se conectar com a TV Sur?

Sassi. O ideal seria que as instituições, entidades sindicais, tivessem pressa para com esta implementação plena do sistema de retransmissão. Com novos acordos, como, aliás, estamos buscando idéias para colocar um desses pacotes mesmo de TV a cabo no Brasil, através da NET ou na SKY. Isto está em discussão. Essencialmente algumas instituições têm feito assim: um kit de antena parabólica digital, que pode captar diretamente do satélite. Sai ao redor de R$ 1.500 a 2.000,00. Os sindicatos podem fazer isto, o MST pode fazer.

Boletim do NPC. Como os movimentos sociais podem participar da TV Sur?

Sassi. Há vários níveis de participação. E isto depende da nossa capacidade de organizar, porque nossa estrutura é muito pequena. A sucursal da TV Sul nasceu da TV Comunitária de Brasília, e os recursos são precários. Nós somamos esforços, adquirimos alguns equipamentos e trabalhamos com uma equipe reduzida. Teríamos que ter uma capacidade de coordenação com os movimentos, para recolher aquela que é a contribuição militante dos movimentos sociais, em termos de produção mesmo. É um objetivo claro da Tele Sul, recolher o acervo daquilo que é produzido pelos movimentos sociais. E estimular novas produções – catalogação e difusão deste acervo já existente. Ou seja, a produção autônoma dos movimentos sociais já pode ser disponibilizada, e agora se trata de participar. Vídeos, por exemplo, que narrem a experiência de um assentamento em tal lugar.


Novos artigos em nossa página

Combate ao coronelismo eletrônico. Por Venício A. de Lima
Inaugurou-se na terça-feira (25/10) uma nova etapa na luta pela democratização das comunicações no Brasil. O Instituto Projor - mantenedor deste Observatório da Imprensa na web, na TV  e no rádio - protocolou, na Procuradoria Geral da República (PGR), documentos para servir de base a uma representação que questiona a legalidade da ação de deputados que, além de concessionários de rádio e televisão, e membros da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados, também votam em favor da renovação de suas próprias concessões. (out/2005)

Abril parceira do capital especulativo. Por Gustavo Barreto
É notável a profunda relação entre a revista Veja e o capital especulativo nacional e internacional. Já em 1995, a Editora Abril S.A. realizou uma parceria com as Organizações Cisneros da Venezuela, comandada por Gustavo Cisneros, um dos maiores adversários de Hugo Chávez. (nov/2005)

A cumplicidade da mídia atrasou um ano a verdade. Por Argemiro Ferreira
Irving Lewis ("Scooter") Libby, todo-poderoso assistente do presidente George W. Bush e chefe de gabinete do vice Dick Cheney, foi apresentado ontem à Justiça e fotografado, além de ter deixado suas impressões digitais, depois de indiciado em cinco crimes. A acusação é de ter mentido aos investigadores do FBI e ao tribunal, em ações caracterizadas como obstrução da Justiça, perjúrio e falso testemunho. (Tribuna da Imprensa, 4/11/2005)

Abaixo a propriedade intelectual. Por Tadeu Cotta
Grandes grupos que comercializam a cultura e o saber ocupam todo o planeta com seus sistemas de transmissão e fibras óticas. Mas eles acham que isto ainda é pouco. Querem também possuir o conteúdo do saber, querem ser os proprietários legais dos copyright. Não é à toa que o mundo assiste a fusões de empresas culturais, como é o caso recente da AOL e Time Warner (nov/2005)

Um épico de vidas infames. Por Maria Rita Kehl
Se "Cidade Baixa" fosse apenas uma história de amor, já seria um belo filme. O amor restou como única forma de transcendência à disposição de nossas vidas privatizadas: quanto mais se amesquinha a vida pública, no Brasil, mais inflado nosso imaginário amoroso. Se "Cidade Baixa" se limitasse a corresponder à nossa carência insaciável de histórias de amor, temperado com cenas de bom erotismo, já estaria melhor que a encomenda. Mas penso que o filme de Sérgio Machado vai além. Na Folha de S. Paulo, 13/11/2005

“Manderlay” e a máquina da opressão. Por Sérgio Domingues
A continuação de “Dogville”, de Lars von Trier, tem diversas dimensões. Mas a principal delas é, sem dúvida, a denúncia do racismo e de como funciona a opressão. Não só nos Estados Unidos, nem apenas em seu aspecto ativo, mas também em sua forma passiva e universal.

Carlitos: a solidariedade em meio à fome, ao desemprego e à exclusão social. Por Flávio Amaral
De chapéu coco, bengala, paletó, calças largas e sapatos furados, Carlitos vaga pelas ruas tentando sobreviver. O personagem criado por Charles Chaplin é certamente o mais célebre da história do cinema. Em algumas dezenas de filmes, entre curtas, médias e longas-metragem, nenhum outro personagem do cinema mundial teve tanto êxito ao abordar a exclusão social (...) Do Repórter Social, nov/2005

Rede Globo censura beijo Gay. Por Leo Mendes
Em pleno século XXI a novela América, de Glória Perez, frustra expectativas de milhões de brasileiros que esperavam o primeiro beijo de um casal gay na teledramaturgia brasileira. As coisas não estão mudando mesmo. A rede Globo cortou, censurou o beijo do casal gay que ia ao ar às 22h30, classificado pelo Ministério da Justiça como impróprio para menores de 14 anos. (nov/2005)

A base social de uma ditadura. Por Gustavo Barreto
Em vez de comemorar a dacisão da juíza Rosana Ferri Vidor, que multou a RedeTV! pela baixa qualidade de programação, muitos setores ditos "progressistas" da sociedade correram para se agarrar ao inciso IX do artigo 5 da Constituição Federal (CF), nova Bíblia do povo do "não é bem assim" (nov/2005)



Boletim do Núcleo Piratininga de Comunicação

Rua Alcindo Guanabara, 17, sala 912 - CEP 20031-130
Tel. (21) 2220-56-18 / 9923-1093
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Coordenador: Vito Giannotti
Edição e redação: Claudia Santiago (MTB.14.915)
Web-designer: Gustavo Barreto e Cris Fernandes.
Colaboraram nesta edição: Ana Manuella Soares (RJ), Carla Lisboa (DF), Cida Ramos (RN), Ernesto Germano (RJ), Fátima Tardin (RJ), Gustavo Barreto (RJ), Kátia Marko (RS), Rosângela Ribeiro Gil (Santos), Rogério Almeida (PA), Sérgio Domingues (SP) e a entidade Justiça Global.

Participação especial: Nestor Cozetti entrevistou José Arbex Jr., Maringoni e Iraê Sassi, que estiveram no Rio para participar de curso ministrado pelo NPC para o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central. [voltar]


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Notícias do NPC
Tudo pronto para o 11º Curso do NPC
Mudanças na página do NPC.
Curso de Oratória para Mulheres no Rio de Janeiro: ainda há vagas

A Comunicação que queremos
Servidores públicos fazem I Encontro de Assessorias de Imprensa
Você já pode assinar o novo Retrato do Brasil

De Olho Na Mídia
Entrevista com Gilberto Maringoni
Entrevista com José Arbex Jr.
Filho de Almir Gabriel diz, em cadeia de rádio e TV, que quer ver petistas no inferno

Democratização da Comunicação
Sobre a Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação
Audiência pública discutirá situação de Rádios Comunitárias
Direitos humanos conquistam espaço na Rede TV!

NPC Informa
Jornalistas expulsos de coletiva com ministro da Educação
I Encontro Latino-Americano Raízes da América – Cultura de Resistência
O Marketing e a Comunicação de Esquerda
CUT/SP lança revista sobre a luta dos negros no Brasil
Valeu, Alaor Barretto
Editora Vozes é homenageada no dia 23
Curso sobre sociedade da informação no Rio de Janeiro

De Olho na Vida
Mais de 300 propostas de referendos e plebiscitos tramitam no Congresso
Morte de operário desencadeia greve Klabin de Angatuba (SP)
OEA determina que Brasil proteja a vida de seus detentos

Imagens da Vida
Rio Grande do Norte: produtos da agricultura familiar

Pérola da edição
Slavoj Zizek

Memória
9 de novembro: em lembrança dos operários Valmir, William e Barroso

Por Dentro da Universidade
“Por uma outra comunicação” é lançado na Espanha

Proposta de Pauta
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