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Boletim do NPC
— Nº 79
— De 15.11 a 15.12.2005
Para
jornalistas, dirigentes, militantes
e
assessores sindicais e dos Movimentos Sociais
Notícias
do NPC
Tudo
pronto para o 11º Curso Nacional do NPC
..Arte
da camiseta do curso criada pelo Mega
Está
tudo pronto para a realização do 11º Curso de Comunicação
do NPC. As inscrições estão encerradas, mas
ainda se aceitam nomes na lista de espera. Os interessados devem procurar
por Augusto nos telefones (21) 2220 5618 / 9923 1093 / npiratininga@uol.com.br
Os inscritos
vão receber na próxima semana o mapa do local do curso e
do hotel e as últimas informações necessárias.
Praticamente todos os estados brasileiros estarão representados
no curso de 2005.
Em função
do curso o próximo Boletim do NPC não vai circular no dia
1º de dezembro. Sairá por volta do dia 10 já com as
novidades e as fotos do curso. |
|
Mudanças
na página do NPC. Visite: www.piratininga.org.br
A página
do Núcleo Piratininga de Comunicação está de
seção nova e revitalizada nas seções antigas.
A novidade é a seção "Radiografia da Comunicação
Sindical", com a organização de todas as entrevistas sobre
sindicatos publicadas tradicionalmente no Boletim NPC. Além disso,
a seção "Memória" também resgata a produção
da Equipe NPC nos 79 boletins já produzidos até hoje. Seções
como "Agenda", "Publicações", "Artigos" e "Links" também
sofreram alterações editoriais. Agora, é só
entrar em www.piratininga.org.br e conferir.
Curso
de Oratória para Mulheres no Rio de Janeiro: ainda há vagas
Ainda
há vagas na nova turma de mulheres que vai fazer o curso de Oratória
Sindical promovido pela secretaria de Formação da CUT-RJ
e pela Comissão Estadual de Mulheres da CUT, nos dias 22 e 23 de
novembro. Informações e inscrições com Carminha
através do telefone: (21) 2196-6700. O curso será ministrado
pelo Núcleo Piratininga de Comunicação.
A Comunicação
que queremos
Servidores
públicos fazem I Encontro de Assessorias de Imprensa
Nos dias
11 e 12 de novembro, em Brasília, a Confederação dos
Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) realizou
o I Encontro Condsef de Assessorias de Imprensa, com a presença
de representantes de sindicatos filiados de 16 estados e participação
do coordenador do Núcleo Piratininga de Comunicação,
Vito Giannotti. Na ocasião, foi elaborado um plano de comunicação
a ser desenvolvido e implantado em 2006, para a Condsef e as entidades
filiadas. O responsável pelo setor de comunicação
da Consef, Sérgio Ronaldo e a jornalista Graziela de Almeida estarão
do 11º Curso do NPC.
Você
já pode assinar o novo Retrato do Brasil
A
Editora Manifesto lançou no dia 8 de novembro a série "Reportagem,
Edições Especiais", que formará a segunda edição
do "Retrato do Brasil", a obra que fez o mais completo balanço da
ditadura militar de 1964. O novo "Retrato do Brasil" é editado pelo
jornalista Raimundo Rodrigues Pereira, que estará no 11º Curso
do NPC, no final do mês. Raimundo foi editor dos semanários
Opinião
e Movimento, nos anos 70, e do Retrato do Brasil, em meados
dos anos 80. Hoje edita a revista Reportagem. "Retrato do Brasil"
é uma coleção de 12 fascículos que, por meio
de fotos, textos, depoimentos e gráficos, a ser encadernada em quatro
volumes, aprofunda o estudo dos grandes problemas nacionais.
Informações
para assinatura pelos telefones (61) 3328 8046 e 9972 0741.
De Olho Na Mídia
Entrevista
com Gilberto Maringoni: “A mídia demoniza alguns setores para que
outros apareçam como positivos”
Entrevista
a Nestor Cozetti. Na foto, Maringoni
Maringoni
cartunista, jornalista, arquiteto e doutorando em História. Nasceu
em 1958 em São Paulo, capital. No início de novembro esteve
no Rio de Janeiro onde participou de curso ministrado pelo NPC a convite
do Sindicato dos Funcionários do Banco Central. Na ocasião,
concedeu a Nestor Cozetti com exclusividade esta entrevista para o Boletim
do NPC.
Boletim
do NPC. A mídia constrói percepções da realidade
manipulando as consciências?
Gilberto
Maringoni. A mídia faz parte do aparato de dominação
de classe, ideológico, em qualquer país. Assim como existem
vários instrumentos de dominação: o Estado, o sistema
financeiro, as Forças Armadas, a mídia faz parte, é
um deles. E talvez seja ela hoje não sei se o mais importante, mas
um dos mais importantes. Para exercer esta dominação de classe
ela precisa mentir, manipular, direcionar o pensamento e a opinião
da grande maioria das pessoas. Como é que você conseguiria
conviver com uma situação em que é natural que o orçamento
do país seja ano a ano cortado, seja diminuído para pagar
taxa de juros para banqueiros? Como é que você constrói
uma realidade, uma opinião pública que se mostre favorável
a isto? Você começa a dizer que se não houver superávit
primário, ou seja, superávit já é um nome pomposo,
de coisa positiva. E depois começa a repetir que isto é um
instrumento fundamental, que é a estabilidade de um país.
E aí se constrói uma justificativa permanente para a injustiça,
para a violência, para esta situação que a gente vive.
E no Brasil hoje a manipulação enfoca principalmente alguns
setores da sociedade. Tem-se que demonizar alguns setores para que outros
apareçam como positivos. Demonizar especialmente aqueles setores
que querem a transformação social no Brasil. Tem-se que demonizar
o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST, como quadrilha de bandidos
que atentam contra a propriedade privada. Demonizar a Venezuela, que é
onde este tipo de modelo está sendo colocado em xeque. E Cuba também,
porque é o exemplo de se alçar contra os principais agentes
de dominação, e tem que ser posta de lado. Então,
demoniza-se alguns, exalta-se outros e se constrói uma realidade
virtual que é a que a gente vive hoje.
Boletim
do NPC. Você participou da organização de um material
sobre a revista Veja. Ela é um caso a parte na imprensa brasileira?
Maringoni.
Sim, participei e escrevi a respeito. A Veja é o caso mais extremado
desta manipulação. Hoje ela não é uma revista,
não é imprensa, é um panfleto da extrema-direita brasileira.
É a revista de maior circulação no Brasil. E expressa
o ponto de vista mais reacionário, seja por seus repórteres
formados lá dentro, ou por seus colunistas que são geralmente
escritores fracassados, ou gente do mercado financeiro, que dão
sempre a opinião mais a direita possível no país.
A Veja é um caso extremo. Um panfleto fascista da extrema-direita
brasileira. Suas capas são sempre uma ficção montada,
como foi esta questão dos dólares de Cuba. O caso não
tem a menor consistência jornalística, a única testemunha
possível é um morto.
Boletim
do NPC. Ela é um caso isolado?
Maringoni.
Não, é apenas um caso mais extremado. Se você pega
a Folha de São Paulo, a Rede Globo, o Estado de São
Paulo, o Zero Hora, a diferença é de tom. De ênfase.
Eles trabalham quase que como um partido único. São sete
ou oito grupos que controlam a opinião de brasileiros.
Boletim
do NPC. Você vê semelhanças com outros órgãos
da imprensa na história do Brasil?
Maringoni.
Claro, se você pega um jornal brasileiro no ano da crise no governo
do Getúlio em 1954, a Tribuna da Imprensa, os Diários Associados.
Ou na época do Golpe Militar pega o Estado de São Paulo,
o Globo, tem um fio de continuidade e a revista Veja é herdeira
desses grupos.
Entrevista
com José Arbex Jr.: “A mídia age como partido político,
como demonstrou Gramsci”
Entrevista
a Nestor Cozetti. Na foto, Arbex Jr.
Boletim
do NPC. Que avaliação você faz sobre a cobertura da
mídia envolvendo o governo e o partido do presidente Lula?
José
Arbex Jr. Não foi feita uma cobertura. Foi feita uma campanha.
Na verdade a mídia desrespeitou os próprios manuais de redação
que regulamentam a produção de notícias dos jornais.
Primeiro, porque os manuais de redação estabelecem que todos
os lados têm que ser absolutamente ouvidos e respeitados. Segundo,
os manuais estabelecem que uma notícia tem que ser comprovada, para
ser dada. Porque ela não pode ser baseada unicamente em declarações.
A menos que todos os lados sejam ouvidos e todas as declarações
tenham um peso semelhante. Então, todos os procedimentos éticos
prescritos que foram estabelecidos pelos próprios manuais, foram
desrespeitados. Ou seja, não foi feita uma cobertura. Foi feita
uma campanha com base em declarações, as quais se deu um
destaque muito grande. Independente do fato do PT ou do governo Lula ter
ou não cometido crime houve uma predisposição da mídia
no sentido de condenar ambos. Isto é óbvio e evidente. E
uma demonstração disto é que, quando surge no meio
do escândalo a evidência de que o Azeredo, ex-governador de
Minas e presidente do PSDB, também teria sido implicado em fraudes
envolvendo o Valérioduto, a notícia foi dada quase sem nenhum
destaque. Até mesmo o ombudsman da Folha de S. Paulo, o Marcelo
Beraba, anotou isto: a diferença de tratamento que a mídia
dá quando surge alguma notícia, por menor que seja, referente
ao PT, vira logo manchete. Quando tem um puta dum escândalo envolvendo
o Azeredo, é subestimada. Então, isto demonstra claramente
que a mídia não fez cobertura, fez campanha.
Boletim
do NPC. No Brasil a mídia age como partido político
– dizem que a FSP é o órgão oficial do PSDB – ou apenas
defende os interesses das classes dominantes?
Arbex.
Não é só no Brasil que a mídia age como partido
político. A mídia burguesa age como partido político,
como demonstrou Gramsci. Gramsci mostrou que a imprensa cumpre um papel
fundamental para dar coesão ao processo de formação
da sociedade civil. E mostrou também que a imprensa é controlada
pelo capital privado, mas trata de assuntos públicos. Ou seja, ela
é um veículo privado que trata de assuntos que não
são privados, que são da esfera pública. E assim,
esses assuntos da esfera pública são tratados de uma forma
privada quanto ao seu conteúdo, ao seu direcionamento, ou a maneira
pela qual eles são analisados, etc. e tal. Isto faz com que a imprensa
tenha adquirido um grande poder com a segmentação da burguesia
e com a economia burguesa, porque passa a exercer um papel que só
é controlado pelo próprio capital. Que não é
controlado pelas instituições públicas. Noam Chomsky
observa que a primeira emenda da Constituição dos Estados
Unidos diz que o Estado não pode censurar a opinião pública.
Mas a primeira emenda nada diz sobre as corporações, porque
naquela época nem havia as corporações. Então,
a corporação censura. A corporação controla,
define o que é notícia e o que não é notícia.
A corporação tem um poder tremendo de selecionar os fatos,
de divulgar os fatos de acordo com os interesses corporativos. E dá
para esses fatos a aparência de fatos públicos, quando na
verdade são fatos dados de forma privada. Por interesses privados.
Logo, a imprensa toda é partidária. Toda movida por interesses
que não são os públicos. São interesses ideológicos,
financeiros, econômicos, interesses capitalistas.
Boletim
do NP. Sempre os das classes dominantes?
Arbex.
Sim, as classes que controlam os meios de comunicação. O
que aconteceu no Brasil é um agravante disto. Mesmo nos países
capitalistas mais radicais, como os Estados Unidos, por exemplo, você
tem certas leis que ainda tentam impor um certo controle às corporações.
Os EUA têm uma lei que impede a propriedade cruzada dos meios de
comunicação. Então, o sujeito que é dono da
televisão de uma determinada região não pode, ao mesmo
tempo, ser dono de um jornal impresso nem de emissora de rádio.
Isto é proibido. Se for dono de uma emissora de rádio não
pode ter televisão, nem jornal. No Brasil não se pode nem
pensar na impossibilidade disto. Quem tocar no assunto vai ser logo acusado
de comunista, radical, jacobino. Porque no Brasil não se admite
qualquer restrição às corporações. Então,
no Brasil este problema é agravado. Mas não que ele é
típico do Brasil. A mídia se comporta como um partido em
todos os países capitalistas, só que aqui este problema é
agravado.
Boletim
do NPC. Por causa da propriedade cruzada?
Arbex.
E por causa da falta de leis. Não é só a propriedade
cruzada. Dou outro exemplo: na França é proibida terminantemente
a divulgação de propaganda de produtos infantis. Não
pode ter nenhum produto infantil na televisão. Porque os que analisaram
o assunto concluíram que implica necessariamente na erotização
precoce das crianças. A propaganda de produtos infantis faz um apelo
à capacidade sedutora da criança. Implica na entrada precoce
da criança no mundo adulto. Então, é proibido. Agora,
imagina no Brasil alguém querer proibir as propagandas para crianças.
Boletim
do NPC. Qual a principal motivação para as reuniões
de pauta da mídia brasileira?
Arbex.
Já que ela é um partido e funciona como um partido a motivação
é sempre política e econômica. Quer dizer, ela tem
a mesma motivação que um partido teria para fazer uma reunião.
Então, como a mídia é um partido que está no
poder, os assuntos são como consolidar este poder. É como
sedimentar e dar estabilidade a este poder. Então, a mídia
funciona na verdade como uma espécie de intelectual orgânico
da burguesia, para utilizar um termo de Gramisci. Ela organiza os interesses
da burguesia, dá-lhes visibilidade, debate-os, e aponta soluções
para os interesses da burguesia. Agora, tem um fator complicador disto:
a mídia, por mais poderosa que seja, não é toda poderosa.
Estou querendo dizer com isto que um jornal sem credibilidade não
serve para nada. Para servir para alguma coisa as pessoas têm que
acreditar neste jornal. Então, o Globo, por mais poderoso que seja,
dificilmente dará a manchete de que o Papa foi visto andando nu
em Roma. Assim, mesmo que os jornais possam muita coisa eles não
podem tudo. Existem limites para aquilo que os jornais podem e não
podem fazer. Para manter a credibilidade. Então, a reunião
de pauta serve para isto também. Certas pautas acabam entrando no
jornal mesmo contra a vontade dos donos, porque tem que manter uma certa
credibilidade. E isto cria um problema para os donos, porque eles não
podem mentir o tempo todo. E aí é que se dá um espaço
de luta na mídia, que permite que jornalistas sérios trabalhem
nos grandes veículos. Porque esses veículos precisam de jornalistas
sérios que dêem credibilidade, mesmo que às vezes eles
produzam coisas que no momento vão contra os interesses dos jornais.
Então a reunião de pauta serve para isto também, serve
para analisar a situação, que notícia vai ser dada.
Boletim
do NPC. A mídia constrói percepções da realidade,
ou seja, ela manipula as consciências?
Arbex.
Total e absolutamente. Outro dia eu estive num debate com um jornalista
da Rede Globo que insistia no fato de que a mídia busca a objetividade
e a imparcialidade. E fiz a seguinte pergunta para ele: se a mídia
busca mesmo isto porquê que toda vez que se fala em Osama Bin Laden,
usam os termos fundamentalista, muçulmano, terrorista? Até
aí nós estamos de acordo, ele é mesmo tudo isto. Mas
então porquê vocês quando falam George Bush, não
usam fundamentalista, protestante, terrorista, George Bush, por quê?
O sujeito não tem como responder. Pergunta simples que não
tem resposta para ele. O que se pode argumentar é que não
há consenso sobre o fato de Bush ser terrorista. Mas há consenso
sobre o fato dele ser mentiroso. Então, que pelo menos se use fundamentalista,
protestante, e mentiroso. Pelo menos isto. Se quiser o menor sentido de
equidade na hora de divulgar os fatos. Basta este exemplo para desmontar
o edifício de ficção que é diariamente construído
pela mídia. Quer dizer, é uma ficção diariamente
construída em que você tem personagens malvados, você
tem personagens bonzinhos, santos e pecadores. A mídia o tempo todo
está construindo percepções, grandes consensos, educando
percepções o tempo todo. É a total manipulação,
porque é óbvio que os donos da mídia sabem que o Bush
é fundamentalista protestante. Ele próprio fala que foi Deus
quem determinou que ele fizesse isso ou aquilo. Fala que conversa com Deus
diariamente. Todo mundo sabe que ele é fundamentalista protestante
e todo mundo sabe que ele é mentiroso. Para não dizer terrorista.
E, no entanto, o tratamento para Bush é um, para o Bin Laden é
outro. Dois pesos e duas medidas. E há outros infinitos exemplos.
Às vezes eu falo do MST. Eles – da mídia – sempre falam em
invasão de terras e nunca em ocupação de terra. Eles
sabem que os termos são diferentes, sabem que a invasão tem
uma conotação de violência, de ilegalidade, de força
bruta, etc. e tal. Eles sabem que o MST tem o direito de ocupar terras
que não cumpram função social, está na Constituição
brasileira. Sabem disto tudo. No entanto, escolhem os termos que interessam
para eles, não aqueles que interessam para a notícia. Isto
é manipulação.
Filho
de Almir Gabriel diz, em cadeia de rádio e TV, que quer ver petistas
no inferno
Uma pérola
a mais foi lançada no dia 11 de novembro na coroa da elite que orna
o ódio pelo PT. Dessa vez em cadeia estadual através da TV
e Rádio Cultura do Pará, por volta do meio dia, num programa
apresentado pelo presidente da FULTELPA, que dirige as emissoras ligadas
ao governo do Estado, governado por Simão Jatene (PSDB). O dono
do petardo é o filho do ex-governador do Pará, o médico
Almir Gabriel, o cantor e compositor Almirzinho Gabriel. O programa é
transmitido para todo o Pará através de uma cadeia de rádio
e TV.
O filho
do autor da principal obra de reforma agrária realizada pelo PSDB,
o Massacre de Eldorado, que ano que vem completa a primeira década
de impunidade, com todos os envolvidos em liberdade, lançou a seguinte
frase no ar: “ ..tá na hora de mandar essa raça toda para
o inferno. Sugiro que eles possam ficar em nossa cadeia aqui fazendo bolas
de futebol. Quero ver o Zé Dirceu fazendo bola e comendo tapioquinha
(iguaria regional produzida a partir da goma da mandioca).
Vale lembrar
que em tese a TV Cultura cabe o caráter de educativa, semeadora
de debates, respeito à diferença. Pior do que a infeliz frase
do dito compositor foi o endosso do presidente da emissora e apresentador
do programa, que vai ao ar às sextas-feiras, o Cultura In Concert,
o senhor Ney Messias Jr, ao afirmar que adoraria jogar uma pelada com o
bola feita pelo ainda deputado José Dirceu. O mesmo diretor da FUNTELPA
é o dono da voz das propagandas do governo estadual. Há algo
de anti-ético nisso?
O convênio
entre a FUTELPA e a TV Liberal, onde a fundação é
obrigada a pagar à emissora privada a retransmissão da programação
da mesma é denunciada há anos pelo editor do Jornal Pessoal,
o jornalista Lúcio Flávio Pinto. É possível
acreditar em alguma medida punitiva do uso de emissora direcionada para
educação na pregação do ódio à
diferença? Será que terá uma canto na cela do
presídio que sugere o compositor para os militantes do PT, para
os responsáveis pelo Massacre de Eldorado?
(Por
Rogério Almeida)
Democratização
da Comunicação
Sobre
a Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação
Foi realizada
de 16 a 18 de novembro, em Tunis, na Tunísia, a segunda fase da
Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação. A
primeira foi realizada em Genebra, Suíça. Para mais informações,
visite: www.crisbrasil.org.br/apc-aa/cris/noticias.shtml
Audiência
pública discutirá situação de Rádios
Comunitárias
As comissões
de Legislação Participativa e Direitos Humanos e Minorias
da Câmara dos Deputados realizarão no dia 1º de dezembro
deste ano, no Plenário 3, uma audiência pública sobre
rádios comunitárias. A audiência acontecerá
durante todo o dia com a realização de três painéis
de debates: O futuro da radiodifusão comunitária, Comunicação
como um direito humano e Conceito legal entre telecomunicação
e radiodifusão.
Estão
sendo convidados como debatedores dos painéis, representantes do
governo federal - Casa Civil, Ministério das Comunicações;
do movimento de radiodifusão comunitária de todo o país
- Associação Brasileira de Rádios Comunitárias
(Abraço); Associação Mundial de Rádios Comunitárias
(AMARC); Articulação Cris Brasil; Comissão Interamericana
de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos
(OEA); Movimento Nacional pelos Direitos Humanos; Associação
dos Juízes Federais do Brasil (AJUFE); Procuradoria Geral da República;
Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação,
entre outros.
Coordenarão
os painéis, as deputadas Fátima Bezerra, Iriny Lopes (PT-
ES) Maria do Rosário (PT-RS), e os deputados Adão Preto (PT-RS),
Fernando Ferro (PT-PE), Mauro Passos (PT-SC) e Walter Pinheiro (PT-BA).
(Por
Zizi Farias, assessora da comunicação)
Direitos
humanos conquistam espaço na Rede TV!
A Justiça
determinou que a Rede TV! suspendesse a transmissão do programa
Tarde
Quente, do apresentador João Kleber. A determinação
foi fruto de uma ação civil pública, movida pelo Ministério
Público Federal e assinada também por ONGs de direitos humanos.
Tratava-se de um programa que exibia diariamente “pegadinhas” que humilhavam,
ofendiam e reforçavam preconceitos – contra homossexuais, mulheres,
e pessoas com deficiência, entre muitos outros. Na mesma ação
foi pedido e conquistado um espaço para "contrapropaganda".
A partir dos próximos dias será exibido, por 60 dias, no
lugar de Tarde Quente, programas de TV que defendam os direitos
humanos. Das 17h às 18h30, de segunda a sábado, em rede nacional.
Se você
tem documentários, filmes, entrevistas, debates ou qualquer outro
programa de TV que aborde a temática dos direitos humanos entrem
em contato com os as pessoas indicadas no final deste texto e ajude a construir
uma grade que inclua programas audiovisuais já produzidos pela sociedade,
que tratem de temas como diversidade cultural, igualdade de gênero,
etnia, exclusão social, meio-ambiente e violência, entre outros.
Para se informar melhor e saber como participar, entre em contato com direitosderesposta@intervozes.org.br
ou pelos seguintes telefones: Marcio (11) 9605-6391 ; Giovanna (11) 8159-6011
; Rosário (81) 3301.5241 ; Adriano (61) 9909-8164
(Leia
artigo de Gustavo Barreto em nossa página
sobre
este e outros casos: www.piratininga.org.br)
NPC Informa
Jornalistas
expulsos de coletiva com ministro da Educação
Na entrevista
coletiva que o ministro Fernando Haddad concedeu à imprensa na manhã
do dia 16, três jornalistas foram impedidos de participar sob a alegação
de que não eram profissionais da imprensa. Os repórteres
André Castro, da assessoria de imprensa da UnB, Luciana Bezerra,
da assessoria de imprensa do Comando Nacional de Greve dos docentes das
Instituições Federais de Ensino Superior, e Carla Lisboa,
da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília
(ADUnB), foram constrangidos e humilhados, diante de vários colegas
da imprensa comercial, pela coordenadora de imprensa do MEC, Vera Flores.
“É uma coletiva à imprensa e por isso vocês não
podem participar”, disse ela.
Questionada
sobre a decisão, Vera Flores disse que só estava cumprindo
ordens. Os jornalistas tiveram de esperar do lado de fora os colegas da
imprensa comercial saírem da entrevista para poder obter informações.
Na manhã do dia 16 liguei para o Ministério e perguntei à
assessoria se repórteres da imprensa sindical poderiam participar
da coletiva, já que o ministro iria falar sobre os pontos conflitantes
e impasses da negociação entre governo e docentes das universidades
públicas federais em greve. A resposta que tive foi a de que poderia
participar. Por isso estava lá.
(Por
Carla Lisboa)
I
Encontro Latino-Americano Raízes da América – Cultura de
Resistência
Na abertura
do I Encontro Latino-americano Raízes da América-Cultura
de Resistência, dia 25 de novembro, os jornalistas Fausto Wolf, Mário
Augusto Jakobskind e Maria Luiza Franco lançam, respectivamente,
"Imprensa Livre" , "América que não está na mídia"
e "Ensaio sobre a pergunta - uma teoria da prática jornalística".
"Imprensa
Livre", de Fausto Wolf, trata da expectativa gerada pela eleição
de Lula e da realidade praticada pelo líder operário quando
chega ao poder. "América que não está na mídia",
de Mário Augusto, fala de uma América Latina quase
desconhecida pelo grande público e que os meios de comunicação
não cobrem, e "Ensaio sobre a pergunta - uma teoria da prática
jornalística", de Maria Luiza Franco, abre para uma perspectiva
crítica do fazer jornalístico.
O I Encontro
Latino-americano Raízes da América-Cultura de Resistência
será aberto no dias 25 de novembro às 19 horas e continuará
no sábado, 26 de novembro, a partir das 9 horas da manhã,
no auditório da Associação Brasileira de Imprensa
(ABI), no Rio de Janeiro. As inscrições podem ser feitas
no Sisejufe-RJ, na Avenida Presidente Vargas 509 - 11º andar, ou pelo
telefone (21) 2232-1004 com Sula e Simone. Informações com
o diretor Roberto Ponciano no (21) 9429-8967.
O
Marketing e a Comunicação de Esquerda
Acaba
de ser lançado, em Porto Alegre, o livro “O marketing e a Comunicação
de Esrqueda”, de Paulo César da Rosa. Os pedidos podem ser feitos
para a veraz@veraz.com.br ; Em Porto Alegre pode ser encontrado nas livrarias.
CUT/SP
lança revista sobre a luta dos negros no Brasil
A CUT/SP
lançou no dia 17/11 a revista Zumbi 300 anos + 10 e o gibi "Políticas
de Ação Afirmativa" contra o preconceito, desigualdade, racismo
e discriminação. A revista "Zumbi 300 + 10" traz um panorama
da luta dos negros no Brasil, a partir da resistência de Palmares
até os dias de hoje. Várias lideranças sindicais negras
foram entrevistas, sendo algumas delas do ramo químico. A revista
foi elaborada pelo jornalista João Caetano do Nascimento e sua equipe.
Valeu,
Alaor Barretto
O fotógrafo
e professor de fotografia Alaor Barreto morreu, aos 82 anos, no último
dia 8 de novembro, no Rio de Janeiro. Alaor nasceu no Canindé, foi
soldado da borracha na Amazônia, ativista do Partido Comunista Brasileiro
(PCB) e professor da UFRJ, onde o conheci. Começou sua carreira
coordenando o "Novos Rumos", o jornal da juventude do Partido Comunista.
Passou pelos jornais Diário Carioca, Última Hora
e Correio da Manhã. Ter convivido com ele foi um grande privilégio.
Valeu, Alaôr.
(Por
Claudia Santiago)
Editora
Vozes é homenageada no dia 23
A Editora
Vozes será homenageada no dia 23 de novembro. Vai receber a Medalha
Tiradentes, em sessão solene na Assembléia Legislativa do
Estado do Rio de Janeiro.
Curso
sobre sociedade da informação no Rio de Janeiro
“A sociedade
da informação e do conhecimento. O que é isto”. Este
é o tema do curso de extensão que será ministrado
pelo professor Marcos Dantas, de 21 a 24 de novembro, na Universidade Cândido
Mendes, no Rio de Janeiro. Informações: cursoxv@candidomendes.edu.br
; Marcos Dantas estará no 11º curso do NPC.
De Olho Na Vida
Mais
de 300 propostas de referendos e plebiscitos tramitam no Congresso
Estão
em tramitação no Congresso Nacional 300 propostas de referendos
ou plebiscitos.
Na lista
estão temas como a transposição do Rio São
Francisco, a revisão do processo de privatização das
estatais, o pagamento da dívida externa e o cancelamento dos acordos
assinados com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A consulta
pode ser por meio de referendos, com os cidadãos opinando sobre
leis já aprovadas, ou por plebiscitos, quando a convocação
é feita antes do projeto de lei ser sancionado pelo Poder Legislativo
ou Executivo.
Morte
de operário desencadeia greve Klabin de Angatuba (SP)
Ari Libânio
Júnior, de 41 anos, funcionário há 16 anos da empresa
papeleira Klabin, unidade de Angatuba (SP), morreu às 6h30 da manhã
do dia 8 de novembro, quando foi esmagado pelo cilindro da máquina
de papel e, em seguida, teve o corpo esquartejado pela máquina de
corte. Ari era casado, pai de dois filhos. Segundo denúncia do Sindicato
dos Papeleiros de Sorocaba e Região, ele vinha sendo obrigado a
trabalhar 12 horas diárias. No dia do acidente, Ari entrou no trabalho
às 4 horas e a jornada iria até as 16 horas. O horário
normal de entrada seria às 6 horas.
(Boletim
da CNQ-CUT)
OEA
determina que Brasil proteja a vida de seus detentos
A Comissão
Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados
Americanos (OEA) determinou no dia 15 de novembro medidas cautelares para
que o governo brasileiro proteja a vida e a integridade física de
todos os presos da carceragem da Polinter, no Rio de Janeiro. A medida
cautelar havia sido solicitada pelas organizações Justiça
Global, Grupo Tortura Nunca Mais – Rio de Janeiro, Associação
pela Reforma Prisional (ARP) e Laboratório de Análise da
Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), no dia
2 de agosto de 2005.
Ao autorizar
a medida cautelar, a Comissão Interamericana determina que o governo
brasileiro e em particular o governo do Rio de Janeiro:
1.
adotem
de imediato as medidas que se façam necessárias para proteger
a vida e a integridade pessoal de todos os internos da carceragem da Polinter;
2.
suspendam imediatamente a entrada de novos presos na carceragem da Polinter;
3.
transfiram os presos condenados e recapturados que estão na carceragem
da Polinter/RJ para o sistema prisional do Estado do Rio de Janeiro;
4.
transfiram os presos doentes graves ao Hospital Central Penitenciário;
5.
transfiram
um número substancial de presos da carceragem da Polinter, com o
intuito de reduzir a superlotação que ameaça a vida
e a integridade física dos presos.
Imagens da Vida
Rio
Grande do Norte: produtos da agricultura familiar
Foto de Cida
Ramos
Pérola da
edição
Por
exemplo, em 4/9, o superintendente do Departamento de Polícia de
Nova Orleans foi citado no "New York Times" sobre as condições
no centro de convenções: "Os turistas estão caminhando
por ali, e, assim que esses indivíduos os vêem, eles são
saqueados. Eles os estão espancando e estuprando nas ruas". Em uma
entrevista duas semanas depois, admitiu que parte dessas declarações
chocantes era inverídica: "Não temos relatórios oficiais
para documentar qualquer assassinato. Nenhum relatório oficial de
estupro ou agressão sexual".
Slavoj
Zizek, em artigo na 'Folha de São Paulo', 23/10/2005
Memória
9
de novembro: em lembrança dos operários Valmir, William e
Barroso
Em 9
de novembro de 1988, o exército invade a Companhia Siderúrgica
Nacional, em greve, e mata três operários: William, Valmir
e Barroso. Sobre o episódio serão produzidos vários
vídeos. Dentre os mais conhecidos: Que se abram os portões
e Além da Greve. Em 9 de novembro de 2003, a CUT-RJ produz
jornal especial sobre o massacre de Volta Redonda. Para saber mais leia
em nossa página - www.piratininga.org.br - na seção
Memória.
Por Dentro da Universidade
“Por
uma outra comunicação” é lançado na Espanha
Lançado
no Fórum Social Mundial em 2003, o livro organizado por Dênis
de Moraes atravessa o Atlântico para ser publicado na Espanha pela
Editorial Icaria. Como na edição brasileira, Por outra
comunicación traz um expressivo elenco de autores que travam
um importante debate sobre as transformações da cultura e
da comunicação diante da globalização.
Os ensaios
foram organizados em quatro partes: na primeira, Muniz Sodré, Benjamin
Barber, Jesús Martín-Barbero e Aníbal Ford abordam
o tema “Comunicação e mundialização cultural”;
em “Corporações, mídia e poder global”, o debate é
conduzido por René Armand Dreifuss, David Harvey, Naomi Klein, Dênis
de Moraes, Robert McChesney e Ignacio Ramonet; na parte III (“Mídias
digitais e planeta em rede”) os autores são Manuel Castells, Franco
Berardi (Bifo) e Mark Pôster; finalizando o livro, Michael Hardt,
Edgar Morin, Pierre Lévy, José Arbex Jr. e Osvaldo León
discutem “Comunicação, globalização alternativa
e democratização”.
Por
uma outra comunicação, editado pela editora Record, foi
indicado em 2004 para o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira
do Livro na categoria Ciências Humanas. Trata-se de um importante
instrumento de estudo sobre o mundo contemporâneo. Além de
trazer reflexões de diferentes ângulos de abordagens e territórios
sobre a mundialização comunicacional e cultural, afirma a
necessidade de construir outra comunicação, “vislumbrando
alternativas à hegemonia ideológico-cultural do neoliberalismo”.
O livro
é dedicado à memória de Milton Santos, que, nas palavras
do organizador, “nunca deixou de acreditar na capacidade dos homens de
construírem um novo universalismo, digno e igualitário”.
O título, Por uma outra comunicação, tem como
referência o livro de Santos Por uma outra globalização
(Record, 2000).
(Por
Gustavo Gindre)
Proposta de Pauta
O
Globo: continua a cruzada pela remoção das favelas no
Rio
Desde
o mês de setembro as páginas de O Globo estão
recheadas de fotos de favelas que estariam acabando com as belezas naturais
da cidade. E dá-lhe barracos, casinhas, e até o que ele chama
de “espigões” construídos em área de preservação
ambiental. Os culpados da agressão feita à mãe natureza
seriam os favelados. Sim, aqueles que são os causadores da violência
que aflige a cidade. Os mesmos que sujam o cartão de visita da maior
cidade turística do país. São os favelados que têm
o atrevimento de querer morar em lugares bonitos, nas encostas dos morros,
e não se contentam com um viaduto, ou um barraquinho, daquele que
eles gostam de fazer, feio e horroroso, lá na distante cidade carioca
de Paracambi, ou Seropédica. São os mesmos que teimam em
querer morar no centro da cidade, perto de bairros “nobres” como Ipanema,
Leblon, Barra da Tijuca, ou nos arredores da outrora riquíssima
Tijuca.
É
deles, enfim, a culpa pelo desmatamento das lindas encostas da Cidade Maravilhosa.
Esta tem
sido a mensagem central, embora não tão explícita,
da ladainha repetida através de imagens e artigos e mais artigos,
de dois meses pra cá do nobre jornal. Esta a expressão jornalística
da ideologia da exclusão que não é exclusividade da
imprensa burguesa carioca.
Ultimamente
O
Globo começou a desconfiar que não são só
aqueles sujeitos já manjados que ocuparam morros acima para construir
seus barracos. A classe média também aprendeu com eles e
abocanhou pedaços da santa mata. O jornal começou a mostrar
moradias da classe média no meio do belo verde carioca.
E quando
vão aparecer as tremendas invasões de enormes pedaços
da Floresta do Rio feitas pela alta burguesia do Rio?
Uma das
favelas mais condenadas da cidade é a Tijuquinha, no Alto da Boa
Vista. Por isso mesmo é que o Alto foi escolhido para receber no
dia 21/11 uma grande manifestação em defesa do direito à
moradia, organizada pelo Fórum Estadual contra a Remoção
de Favelas.
E o Colégio
Santa Marcelina, bem ao lado desta favelinha, como foi plantado na mesma
santíssima floresta? Não destruiu um belo pedaço de
mata verde? E as centenas de casarões construídos ao longo
da maravilhosa estrada que serpenteia o Alto, não são invasores?
As famílias nobres de outra época tinham verdadeira tara
para ter uma mansãozinha no Alto da Boa Vista. Que tal uma campanhazinha
para remover estes casarões? São colégios, hotéis,
mansões que poderiam ser removidos para Paracambi ou Seropédica,
não é verdade? A burguesia pode e o povo não?
Só
uma pergunta: onde serão depositados os milhões de moradores
das favelas cariocas, após serem retirados das áreas verdes
que eles ocuparam?
(Por
Claudia Santiago)
O
brasileiro não precisa saber?
Os noticiários
televisivos, no Brasil, estão se esmerando em mostrar os prejuízos
causados pela gripe aviária e, em um “esforço” de reportagem,
mostrando também a preocupação com as aves migratórias
que chegam ao litoral do país. A imprensa escrita fala das origens
da doença, dos problemas causados nas exportações
e nas preocupações dos produtores rurais. Nem uma só
linha foi gasta, na nossa imprensa, para falar de uma questão muito
mais séria vinculada a este problema.
1. Donald Rumsfeld
e a gripe aviária!
Uma denúncia
impressionante apareceu nas páginas do jornal estadunidense New
York Times: “O secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld,
é o dono da patente do medicamento para tratar a gripe aviária”!
Segundo o jornal, Rumsfeld é obrigado a se abster nas decisões
do governo estadunidense que envolvam questões de medicamentos,
porque se recusou a vender suas ações da empresa Gilead Sciences
Inc., a que patenteou o remédio anti-viral Tamiflu, específico
para a gripe aviária. Antes de assumir o cargo de secretário
de Defesa, ele era diretor da empresa. A empresa de Rumsfeld concedeu à
multinacional Roche o direito de distribuir o medicamento. Matéria
aqui.
2. Onze milhões
de crianças morrem por doenças curáveis, por ano.
A Intermón
Oxfam é uma organização internacional e denunciou,
em documento publicado durante a semana, que a falta de medicamentos leva
à morte cerca de 11 milhões de crianças por ano. O
relatório diz também que mais de 2 milhões de pessoas
em países “em desenvolvimento” não recebem tratamento médico
por culpa dos elevados preços dos medicamentos.
A ONG
Intermón Oxfam denuncia que as grandes empresas multinacionais farmacêuticas
investem em pesquisas mas não atendem aos países pobres.
As regras da Organização Mundial do Comércio permitem
que os laboratórios sejam donos das “patentes” por 20 anos e, durante
este longo período, as indústrias de medicamentos genéricos
não podem produzir os remédios, que seriam entre 3 e 15 vezes
mais baratos.
O relatório
fala também do remédio Tamiflu, contra a gripe aviária,
que só é distribuído pela multinacional suíça
Roche, que pode decidir a quem concede licença para produzir o medicamento.
A empresa teve um lucro líquido de 4,88 bilhões de euros,
em 2004, e só concedeu o direito de produzir o Tamiflu a três
países, nenhum deles entre os “em desenvolvimento”.
3. Malária
e tuberculose.
A malária
apresenta 300 milhões de novos casos a cada ano, quase um milhão
de mortes por ano, 90% entre crianças. Cerca de 2 bilhões
de pessoas no mundo estão infectadas pela tuberculose e mais de
1 bilhão sofre com algum tipo de parasita intestinal. Os dados são
da Organização Mundial de Saúde, da ONU. No entanto,
nos últimos 20 anos não surgiu nenhum remédio para
combater estas doenças. Por que os laboratórios não
se interessam por isto? Estes foram assuntos “esquecidos” pela nossa imprensa,
tão “preocupada” com a gripe aviária!
(Por
Ernesto Germano)
ESPECIAL
Um
sonho chamado Saramago.
Por Rosângela Ribeiro Gil
Quando
li a notícia não sosseguei mais. Coloquei na cabeça
que iria chegar perto dele e até fazer uma entrevista. Fui atrás.
Enviei mensagem para um, para outro. Até chegar no lugar certo:
na assessoria da editora Companhia das Letras. Fiz contato. Fui cadastrada
como jornalista ao lançamento mundial do livro “As intermitências
da morte”, de José Saramago.
Mais de
mil pessoas acompanharam as palavras do prêmio Nobel de Literatura
de 1998, no anfiteatro do Sesc Pinheiros, em São Paulo, no dia 27
de outubro último. Estávamos lá, representando o NPC,
quase na fila do gargarejo. Mas Saramago estava totalmente “inviolável”
ao assédio da imprensa, do público e dos fãs. O escritor
tomou assento à mesa no centro de um palco totalmente negro. Ele
também de preto, como se estivesse de luto. Bem comportado, o escritor
português falou para o público por mais de 30 minutos. Fez
o público rir. Foi aplaudido várias vezes. E, ao final, foi
aplaudido de pé por um público rendido ao ídolo.
Levantou-se,
cumprimentou mais uma vez o público e sumiu por de trás do
palco entre as cortinas negras. Em frações de segundos. Não
deu tempo nem de chegar perto do palco. Saramago já havia sumido.
Fez a sua intermitência.
O público
deu meia volta. E, como numa procissão, bem devagar, e com certa
paciência, seguiu por escadas rolantes até chegar a uma pequena
rampa onde aguardou o início da noite de autógrafos. A fila
era imensa (será que todos esperaram a sua vez?).
Saramago
chegou à mesa de autógrafo logo depois das 22 horas. Com
o seu terno preto impecável, andar calmo e firme, ainda consegui
parar por alguns segundos o escritor e entregar a agenda “A Comunicação
dia-a-dia 2005” do Núcleo Piratininga de Comunicação.
Balbuciei algumas palavras...”um presente para o senhor”. O segurança
ao lado já logo olhou e fez o caminho ser seguido. Ainda deu tempo
de Saramago fazer um gesto de agradecimento com a mão direita. No
mais, aquela noite era para os fãs, mesmo à distância.
A imprensa apenas pôde fotografar e filmar. A entrevista coletiva
seria no dia seguinte, às 10h30, também no Sesc Pinheiros.
(Leia
artigo de Rosângela em www.piratininga.org.br)
De Olho No Mundo
TV
SUL busca integração latino-americana
Entrevista
com Iraê Sassi, jornalista, do Coletivo da TV Comunitária
do Distrito Federal, a Nestor Cozetti.
Boletim
do NPC. Qual é a proposta da TV Sul?
Iraê
Sassi. A proposta nasce de uma idéia de integração
da América Latina. Da necessidade de se criar uma ferramenta de
comunicação forte que sirva de contraponto ao domínio
absoluto dos meios de comunicação no continente latino-americano
por parte das potências imperialistas, principalmente dos Estados
Unidos, em particular através da CNN em espanhol. Todo o nosso sistema
de comunicação latino-americano está subordinado a
este sistema central. A TV-Sul vem para suprir a carência absoluta
de uma cara própria da América Latina no panorama da comunicação.
Ela nasce
também no contexto de um processo revolucionário em curso
na Venezuela atualmente, chamado de bolivariano que inova, acelera a integração
político-social e tem a característica de apostar no cidadão,
na consciência das pessoas, numa rápida recuperação
de nossos valores, de nossas culturas.
Boletim
do NPC. Onde a TV Sul está sendo exibida?
Sassi.
O
principal instrumento de transmissão que nós estamos usando
atualmente é o satélite, que dá uma cobertura continental
sobre os Estados Unidos, parte do Canadá, até à costa
da África e algumas regiões da Europa. Daí se fazem
acordos de retransmissão através do canal oficial da Argentina.
Temos uma retransmissão a partir da Colômbia. E aqui no Brasil
temos a TV Educativa do Paraná que está retransmitindo parte
da grade. A TV Comunitária de Brasília (http://www.tvcomunitariadf.com.br/),
faz um trabalho heróico de retransmissão através da
Internet. Qualquer pessoa pode ter acesso no site da TV Comunitária
de Brasília. Sem grandes recursos tecnológicos, mas dá
para a pessoa ter uma idéia da grade de programação.
Boletim
do NPC. Quais as cidades brasileiras aptas a retransmitir?
Sassi.
Estamos
só com o Paraná, na verdade. A vantagem é o satélite
doméstico. Agora, qualquer pessoa no Brasil que tenha uma antena
parabólica analógica tradicional pode assistir o que retransmite
a TV Paraná. Não cobre toda a grade, mas está transmitindo
uma boa parte. Infelizmente, o governo brasileiro segue reticente em relação
a esta adesão.
Boletim
do NPC. Que passos deverão dar, quem quiser se conectar com a TV
Sur?
Sassi.
O
ideal seria que as instituições, entidades sindicais, tivessem
pressa para com esta implementação plena do sistema de retransmissão.
Com novos acordos, como, aliás, estamos buscando idéias para
colocar um desses pacotes mesmo de TV a cabo no Brasil, através
da NET ou na SKY. Isto está em discussão. Essencialmente
algumas instituições têm feito assim: um kit de antena
parabólica digital, que pode captar diretamente do satélite.
Sai ao redor de R$ 1.500 a 2.000,00. Os sindicatos podem fazer isto, o
MST pode fazer.
Boletim
do NPC. Como os movimentos sociais podem participar da TV Sur?
Sassi.
Há
vários níveis de participação. E isto depende
da nossa capacidade de organizar, porque nossa estrutura é muito
pequena. A sucursal da TV Sul nasceu da TV Comunitária de Brasília,
e os recursos são precários. Nós somamos esforços,
adquirimos alguns equipamentos e trabalhamos com uma equipe reduzida. Teríamos
que ter uma capacidade de coordenação com os movimentos,
para recolher aquela que é a contribuição militante
dos movimentos sociais, em termos de produção mesmo. É
um objetivo claro da Tele Sul, recolher o acervo daquilo que é produzido
pelos movimentos sociais. E estimular novas produções – catalogação
e difusão deste acervo já existente. Ou seja, a produção
autônoma dos movimentos sociais já pode ser disponibilizada,
e agora se trata de participar. Vídeos, por exemplo, que narrem
a experiência de um assentamento em tal lugar.
Novos artigos em
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Combate
ao coronelismo eletrônico. Por Venício A.
de Lima
Inaugurou-se
na terça-feira (25/10) uma nova etapa na luta pela democratização
das comunicações no Brasil. O Instituto Projor - mantenedor
deste Observatório da Imprensa na web, na TV e no rádio
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para servir de base a uma representação que questiona a legalidade
da ação de deputados que, além de concessionários
de rádio e televisão, e membros da Comissão de Ciência,
Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara
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de suas próprias concessões. (out/2005)
Abril
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É
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o capital especulativo nacional e internacional. Já em 1995, a Editora
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A
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impressões digitais, depois de indiciado em cinco crimes. A acusação
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caracterizadas como obstrução da Justiça, perjúrio
e falso testemunho. (Tribuna da Imprensa, 4/11/2005)
Abaixo
a propriedade intelectual. Por Tadeu Cotta
Grandes
grupos que comercializam a cultura e o saber ocupam todo o planeta com
seus sistemas de transmissão e fibras óticas. Mas eles acham
que isto ainda é pouco. Querem também possuir o conteúdo
do saber, querem ser os proprietários legais dos copyright.
Não é à toa que o mundo assiste a fusões de
empresas culturais, como é o caso recente da AOL e Time Warner (nov/2005)
Um
épico de vidas infames. Por Maria Rita Kehl
Se "Cidade
Baixa" fosse apenas uma história de amor, já seria um belo
filme. O amor restou como única forma de transcendência à
disposição de nossas vidas privatizadas: quanto mais se amesquinha
a vida pública, no Brasil, mais inflado nosso imaginário
amoroso. Se "Cidade Baixa" se limitasse a corresponder à nossa carência
insaciável de histórias de amor, temperado com cenas de bom
erotismo, já estaria melhor que a encomenda. Mas penso que o filme
de Sérgio Machado vai além. Na Folha de S. Paulo,
13/11/2005
“Manderlay”
e a máquina da opressão. Por Sérgio
Domingues
A continuação
de “Dogville”, de Lars von Trier, tem diversas dimensões. Mas a
principal delas é, sem dúvida, a denúncia do racismo
e de como funciona a opressão. Não só nos Estados
Unidos, nem apenas em seu aspecto ativo, mas também em sua forma
passiva e universal.
Carlitos:
a solidariedade em meio à fome, ao desemprego e à exclusão
social. Por Flávio Amaral
De chapéu
coco, bengala, paletó, calças largas e sapatos furados, Carlitos
vaga pelas ruas tentando sobreviver. O personagem criado por Charles Chaplin
é certamente o mais célebre da história do cinema.
Em algumas dezenas de filmes, entre curtas, médias e longas-metragem,
nenhum outro personagem do cinema mundial teve tanto êxito ao abordar
a exclusão social (...) Do Repórter Social, nov/2005
Rede
Globo censura beijo Gay. Por Leo Mendes
Em pleno
século XXI a novela América, de Glória Perez,
frustra expectativas de milhões de brasileiros que esperavam o primeiro
beijo de um casal gay na teledramaturgia brasileira. As coisas não
estão mudando mesmo. A rede Globo cortou, censurou o beijo do casal
gay que ia ao ar às 22h30, classificado pelo Ministério da
Justiça como impróprio para menores de 14 anos. (nov/2005)
A
base social de uma ditadura. Por Gustavo Barreto
Em vez
de comemorar a dacisão da juíza Rosana Ferri Vidor, que multou
a RedeTV! pela baixa qualidade de programação, muitos setores
ditos "progressistas" da sociedade correram para se agarrar ao inciso IX
do artigo 5 da Constituição Federal (CF), nova Bíblia
do povo do "não é bem assim" (nov/2005)
Boletim do Núcleo
Piratininga de Comunicação
Rua Alcindo Guanabara, 17,
sala 912 - CEP 20031-130
Tel. (21) 2220-56-18
/ 9923-1093
www.piratininga.org.br
/ npiratininga@uol.com.br
Coordenador:
Vito Giannotti
Edição
e redação: Claudia Santiago (MTB.14.915)
Web-designer:
Gustavo Barreto e Cris Fernandes.
Colaboraram
nesta edição: Ana Manuella Soares (RJ), Carla
Lisboa (DF), Cida Ramos (RN), Ernesto Germano (RJ), Fátima Tardin
(RJ), Gustavo Barreto (RJ), Kátia Marko (RS), Rosângela Ribeiro
Gil (Santos), Rogério Almeida (PA), Sérgio Domingues (SP)
e a entidade Justiça Global.
Participação
especial: Nestor Cozetti entrevistou José Arbex Jr., Maringoni
e Iraê Sassi, que estiveram no Rio para participar de curso ministrado
pelo NPC para o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central.
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Se
você não quiser receber o Boletim do NPC, por favor, responda
esta mensagem escrevendo REMOVA.
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