Arnaldo
Jabor é pago pela Globo para defender o governo FHC e seu candidato e para
atacar Lula. Para isso ele usa mentiras, omissões e distorções. Mas,
infelizmente, somente uma minoria sabe disso.
Arnaldo
Jabor faz inserções na programação jornalística das organizações Globo.
Na TV, aparece no Jornal da Globo, Jornal Nacional e Fantástico. No rádio, sua
participação acontece na CBN. Sempre a serviço do governo FHC, o
ex-integrante do CPC da UNE usa seu talento de cineasta falido para inventar
verdadeiros mini-roteiros com as mais mirabolantes teorias para distorcer a lógica,
omitir e mentir. Mas engana-se quem pensa que a Globo está jogando seu dinheiro
fora ou que FHC tem um aliado inútil na grande mídia. O que Jabor fala pode
parecer absurdo para nós, mas há um público para isso. Ele foi construído
paulatinamente pela TV e pelo rádio. Um público sem visão crítica, sem
acesso a fontes alternativas de informação e com a cabeça feita pelos vários
produtos da grande mídia. Um público que acredita em Jabor.
Para ficar mais claro, vamos usar dois exemplos do tipo de jornalismo de Arnaldo
Jabor.
Primeiro exemplo: Jospin é igualzinho a Lula, mesmo sendo companheiro de FHC
A
passagem de Chirac e Le Pen para o 2o turno da eleição francesa foi analisada
pela maioria dentre aqueles que acompanham o noticiário político como uma
derrota da chamada terceira-via, representada na França por Leonel Jospin. Ora,
essa tal terceira-via também tem como representantes Toni Blair, Bill Clinton
(vejam só) e o “nosso” FHC. Portanto, a derrota da terceira-via francesa só
poderia ser comparada à situação brasileira situando Serra na tal
terceira-via e mostrando como ela é insuficiente para fazer frente à direita.
Por mais críticas que se tenha às posturas moderadas do candidato do PT, ninguém
o colocaria ao lado daquelas famosas figuras.
Pois,
Arnaldo Jabor teve a pachorra de dizer que a derrota de Jospin foi a derrota de
uma esquerda antiga, dogmática, radical. Que isso deveria servir de aviso para
quem, como Lula, vive cercados de revolucionários e stalinistas raivosos.
A
sacada de Jabor é que em nenhum momento ele falou de terceira-via. A grande
maioria do povo brasileiro nem sabe o que isso. E aqueles que conhecem Jospin,
ouviram falar dele apenas pela grande mídia, que sempre o retrata como um
socialista. Acontece que Jabor explorou essa imagem de Jospin e a ida de Lula à
França, quando o candidato petista manifestou seu apoio a Jospin diante da
possibilidade de vitória da direita. Não interessa o que nós, militantes da
esquerda, dizemos. Não interessa o que falam os analistas políticos. Interessa
é que a imagem de Jospin estava de algum modo ligado ao socialismo e ao apoio
de Lula. Arnaldo Jabor é pago para apoiar o governo FHC e a candidatura Serra.
Não vai ficar com pruridos analíticos. Vai dizer (e disse) o
que
pode e o que não pode para favorecer seus chefes e desmoralizar Lula.
Segundo exemplo: Sivam é contra os ianques, mas a empresa que vai operar o sistema é ianque
Recentemente
entrou em operação o projeto Sivam, que está emporcalhado com uma série de
denúncias de irregularidades. Jabor foi ao ataque e disse que quem fala mal do
Sivam não é patriota. Faz o jogo “dos ianques, do sanguinário e
imperialista Bush filho”, como ele costuma dizer, usando ainda um pouco do
jargão de sua época de comunista do CPC. E diz isso porque o Sivam seria um
sistema de vigilância que ajudaria a impedir os planos dos norte-americanos de
internacionalizar a Amazônia.
O
que Jabor não diz é que pouco antes de entrar em operação, apareceram novas
evidências das irregularidades do projeto. É o caso da divulgação de
documentos pela Folha comprovando a interferência do governo norte-americano na
concorrência para a escolha da empresa que opera o sistema. De acordo com o
jornal, o brigadeiro Marcos Antônio de Oliveira repassou informações
reservadas para favorecer a companhia norte-americana Raytheon na concorrência
contra a empresa francesa Thomson para a instalação do Sivam. O militar teria
também prometido repassar as informações coletadas pelo Sivam às autoridades
norte-americanas.
Quer
mais prova de entreguismo e submissão aos interesses “ianques” do que isso?
De novo, Jabor não tem o menor pudor em afirmar coisas que estão em total contradição com os fatos. Ele
sabe que, de novo, só uma minoria sabe (ou lembra) o que foi e para
que serve o Sivam. A maioria da população tem só uma vaga idéia de que o
projeto seria algo ligado a denúncias de corrupção. Mas são tantas denúncias
como essa, tantas e quase nenhuma apurada, que ninguém dá muita importância.
Ao contrário, é mais fácil ouvir o Jabor falar em tom indignado e um pouco
jocoso para que a crítica ao Sivam passe a fazer parte daquele monte de reclamações
e críticas dos chatos de sempre da oposição.
Na TV, mais importante do que ser profundo, é ser claro e interessante todo dia
A
frase acima é de Arnaldo Jabor, no texto que faz sua apresentação no site do
Jornal da Globo. E é isso mesmo, quanto mais superficial e fantasioso, melhor.
Desde que essa superficialidade e fantasia combinem com todas as outras que
ficam espalhadas pelas programações da imprensa falada. E tem mais, mesmo que
uma coisa não fique clara hoje, amanhã ou depois tem mais. Ele volta à carga
todo dia, reforçando preconceitos, contradições, mentiras. É o segredo há
muitos anos revelado por Goebbels, ministro da propaganda nazista.
Portanto,
todas contradições de Jabor são bastante claras para nós. Para quem
acompanha, lê, discute, ele só fala besteira, mesmo. Mas para não é assim
com o telespectador ou ouvinte comum. No emaranhado de notícias, fatos,
comerciais, novelas, programas de auditório, entrevistas, o que Arnaldo Jabor fala tem
um efeito de opinião clara e firme.
É
por isso que apanhamos tanto da mídia. Principalmente da TV e do rádio. São
raros os momentos em que cada um de nós (da CUT, do PT, PC do B, PSTU etc) consegue
20 ou 30 segundos de entrevista, tentando esclarecer, denunciar, explicar.
Enquanto isso, eles (os Jabor, Casoys, Ratinhos) têm várias horas diárias
para desqualificar, distorcer, mentir, inventar...
Enquanto
não mudarmos isso, a verdade continuará circulando somente entre nós. Para
começar, que tal o Jornal Nacional dos Trabalhadores
que Vito Gianotti propôs. Continuará sendo pouco, mas pode ser o primeiro
passo para sair de nossa panelinha.