Foi em 1940. Vargas se apossou da data e patrões e governo a
mantiveram prisioneira até o final da década de 1980. Com o surgimento da CUT,
o 1º de Maio voltou a representar a luta dos trabalhadores, mas os novos
pelegos a ameaçam novamente.
A primeira vez em que se comemorou o 1º de Maio no Brasil foi em Santos, em
1895. Mas a primeira grande manifestação feita no Dia Internacional dos
Trabalhadores aconteceu em 1907, na Praça da Sé, São Paulo. A polícia não
fez por menos e reprimiu violentamente.
Tentativas
de tomar o 1o de Maio vêem desde 1914
Em
1914, o governo e os patrões procuram transformar o 1º de Maio em feriado para
esvaziar seu caráter de luta. Mas os anarquistas e os ainda poucos numerosos
socialistas resistem. Em 1916, em plena guerra, o 1º de Maio transforma-se em
protesto contra a guerra. "Paz entre nós, guerra aos senhores",
"Viva a Internacional!" Estas eram algumas das palavras-de-ordem.
No
Dia Internacional dos Trabalhadores, os manifestantes gritam "Viva a Revolução
Soviética", "Viva Lênin" e cantam a Internacional. Em
1924, nova tentativa de “desarmar” o 1ºde Maio. Arthur Bernardes decreta
feriado nacional "... consagrando-se (a data) não mais a protestos
subversivos, mas à glorificação do trabalho ordeiro". Mas até 1935, o 1ºde
Maio se mantém como data de protesto, sem patrões e sem governo. Nesse ano,
entra em vigência a Lei de Segurança Nacional. Começa a operação de
isolamento do movimento sindical combativo.
A
propaganda é a alma do negócio fascista
Com
a estrutura sindical oficial em pleno funcionamento, os sindicatos sob controle
governamental oferecem algumas leis trabalhistas (férias) em troca de filiação
a seus quadros e o abandono dos antigos sindicatos combativos. Além disso, o
governo Getúlio aprendeu com os métodos de propaganda fascistas. Já em 1931,
é criado o Departamento Oficial de Propaganda (DOP). Mas o tristemente famoso
Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) só surgiria sob o Estado Novo, em
1939.
Em
1937, o movimento sindical independente que já vinha sendo isolado pela
chantagem trabalhista é definitivamente esmagado pelo golpe do Estado Novo, com
prisões, tortura e morte de milhares. Na condição de ditador assumido, Vargas
aproveita a situação de defensiva dos trabalhadores para criar, usar e abusar
do DIP. Combina repressão com lavagem mental em massa, através do rádio e de
jornais. Os jornais A Manhã e A Noite são encampados, assim como a Rádio
Nacional. Viram instrumentos de publicidade totalmente controlados pelo Estado.
Agora,
finalmente, o governo e os patrões já têm condições de seqüestrar o 1ºde
Maio dos trabalhadores. Isso acontece em 1940. Com o movimento sindical
independente de joelhos e com os pelegos em sua folha de pagamentos, o governo
Getúlio passará a comemorar o 1ºde Maio junto com os trabalhadores.
Principalmente, no estádio do Vasco da Gama, no Rio de Janeiro, lugar de reunião
popular por excelência.
O
seqüestro só vai ser relaxado com a deposição de Vargas, mas a data continua
refém do populismo. Mesmo nos períodos de muitas greves ou de luta radical, os
vários governos até 1964 continuam usando o Dia Internacional dos
Trabalhadores para anunciar medidas demagógicas. E, infelizmente, até mesmo
setores mais comprometidos com os trabalhadores, como o PCB, PSB, UNE, CGT, não
conseguem retomar totalmente o caráter do 1ºde Maio como data de luta dos
trabalhadores, sem a intromissão de patrões e governo.
Com
a ditadura militar, o 1ºde Maio volta a seu cativeiro
Algumas
manifestações corajosas são realizadas como em 1968, mas são esmagadas a
ferro e fogo. Somente no final dos anos 80, com a retomada das lutas e o
surgimento do sindicalismo combativo, o 1ºde Maio é arrancado das garras da
ditadura e seus apoiadores.
Desde
então, o 1ºde Maio voltou a ser uma data dos trabalhadores. Mas com a chegada
do neoliberalismo a partir de Collor, um novo sindicalismo pelego procura
colocar suas garras para fora. A Força Sindical vem usando a data para promover
sorteios e shows financiados por grandes empresas e apoiados oficialmente. Nada
mais do que uma nova tentativa de aprisionar a data para usá-la para envolver e
enfraquecer a luta dos trabalhadores.