TV
CUT: um novo olhar sobre o Brasil
(Rodrigo Otávio entrevista Antônio Carlos Spis)
A
CUT lançou nacional nacionalmente pela Rede TV, no dia 7 de fevereiro, o
programa TV CUT. Nesta entrevista a Rodrigo Otávio, o secretário nacional de
Comunicação da CUT, Antônio Carlos Spis, fala sobre o formato e o conteúdo
do programa e anuncia as novidades da CUT na área da Comunicação. No primeiro
programa, o presidente Lula afirmou em entrevista: "era preciso a gente
concretizar a liberação de canais de televisão para a comunidade, para os
sindicatos, porque nos vamos democratizar os meios de comunicação".
NCP – Por que a CUT decidiu lançar um programa de televisão?
Spis – A idéia de lançar um programa de TV não é nova. Há muitos anos, a CUT e sindicatos filiados tentam, inclusive, negociar a concessão de um canal de Rádio e TV. Por problemas políticos, nunca tivemos uma resposta favorável. Agora, depois de longa negociação com uma Agência de Publicidade que deu os contornos finais ao programa, o nosso sonho tornou-se realidade. A CUT representa aproximadamente 22 milhões de trabalhadores, está presente em todo o país e, até hoje, não possuía um instrumento de comunicação de massa eficiente como a mídia televisiva. A intenção é travar um diálogo direto não só com os filiados aos sindicatos, mas com a sociedade como um todo, compartilhando nossos ideais e opiniões sobre a conjuntura e questões de interesse dos trabalhadores. O “TV CUT” proporcionará, por exemplo, amplificar o debate na sociedade sobre a conquista da cidadania, sobre trabalho, saúde, cultura e educação, entre outros. O programa irá ao ar todos os sábados, a partir do próximo dia 7 de fevereiro, às 14h15, pela Rede TV.
NCP – A "Folha de S.Paulo" informa na sua edição de 3 de fevereiro que o programa terá objetivos eleitorais. Qual a sua posição sobre isto?
Spis – A Folha não faz exatamente essa afirmação. Pior. Ela induz o leitor a raciocinar como eles. A jornalista já veio à entrevista coletiva com “a matéria pronta”, precisava apenas “pescar” uma frase qualquer do companheiro Marinho ou minha para justificar a tese (que a CUT iria utilizar o programa para fazer propaganda de candidatos). Não conseguiram. Não há a menor chance do programa se transformar em um palanque eleitoral. Primeiro, que é proibido e, segundo, que é sério. Nunca passou por nossa cabeça fazer um programa “panfletário” ou “reivindicativo”. Até porque seria absurdamente chato, cansativo e não levaria ninguém a lugar nenhum. Basta ter bom senso para entender isso. Agora, evidente que não abriremos mão de fazer um programa criativo, moderno, mas altamente reflexivo. Por exemplo, no programa de estréia vamos discutir o aumento do desemprego no país, as causas e efeitos e suas possíveis saídas.
NCP – Dentro da CUT há várias visões que se expressam numa proporcionalidade na sua direção. Qual o plano para garantir esta pluralidade no programa?
Spis – Não há plano algum. Jamais “lotearíamos” o programa entre as tendências. Isso seria amador e ridículo. O critério será profissional e se pautará pelo formato jornalístico. Quem tiver que participar, participará.
NCP – Como os sindicatos poderão participar ativamente da programação televisiva da CUT?
Spis – Os sindicatos não precisarão desembolsar um só tostão a mais das respectivas mensalidades para colocar o programa no ar. O “TV CUT” será patrocinado pela publicidade veiculada. Mas será um canal de divulgação importantíssimo junto aos trabalhadores. Poderão utilizar seus veículos de comunicação para divulgar o programa, repercutir matérias, dar sugestões de pauta. Não podemos esquecer que a CUT tem aproximadamente 3.400 sindicatos filiados, com mais de 7 milhões de sócios, representando perto 22,5 milhões de trabalhadores, uma considerável audiência e formadora de opinião. É nisso que estamos apostando.
NCP – Além do programa, quais os próximos passos da CUT na área da comunicação?
Spis – A Secretaria Nacional de Comunicação, aos poucos, vem viabilizando a proposta de política nacional de comunicação para a CUT, apresentada em agosto do ano passado à Executiva Nacional. Vamos organizar, ainda no primeiro semestre, um “encontro nacional de comunicação” para dar contornos finais a essa política. Vamos lançar, em março, uma nova página da CUT na Internet, inaugurando um verdadeiro “Portal do Mundo do Trabalho”. Em breve, a CUT também terá um programa de Rádio e uma revista mensal de circulação nacional. É aguardar para ver.
Fevereiro de 2004