Falsidades sobre a realidade cubana: O salário dos cubanos


(Informativo da Prensa Latina - Nº 2 - 18 al 24 de Marzo, 2002)

Será certo que o salário dos cubanos é o mesmo de sempre e não vale nada? 

Qualquer aluno do ensino secundário sabe que existe um salário nominal (o que recebe em correspondência a um trabalho realizado), e o real (o que expressa seu poder aquisitivo, ou seja, o que pode comprar com ele em bens e serviços). É sob esta realidade que temos de examinar o tema salário em Cuba e em qualquer país.

Vejamos primeiro a falsidade do que se expressa - sem argumentos, sem dados - quando se afirma que o salário dos cubanos é o mesmo de sempre:

Entre 1995-1999 o salário médio aumentou 4,1% anualmente;

Em 1999, 60% dos trabalhadores da esfera orçamentária - saúde, educação, judicial, polícias - receberam um incremento salarial de aproximadamente 30%; 

No ano de 2000 o orçamento do estado destinou 6,2% a mais para o pagamento de salários dos trabalhadores das esferas orçamentadas; 

No ano de 2001 o salário médio de todos os trabalhadores aumentou 4,7%. 

O salário dos cubanos não vale nada? 

Os que afirmam que o salário dos cubanos não vale nada, estão expressando, primeiro, um desconhecimento total da economia e da realidade cubana, e segundo, o uso de uma simplicidade extraordinária na especial avaliação que realizam ao tomar exclusivamente, para tal afirmação, a correlação do câmbio de 1 dólar por 20-26 pesos cubanos, segundo a cotação do dia. 

Por sua vez aqueles que fazem tal afirmação desconhecem totalmente o que representa para o cidadão e a família cubana o poder aquisitivo do salário que recebe. Vejamos alguns exemplos da situação em Cuba referida à relação salário-aquisição de bens e serviços:

Uma cesta básica para uma família de 4 pessoas (inclui um filho menor de 7 anos) e contendo arroz, açúcar, café, pão, leite, batata, custa em Cuba 3 dólares. Nos EUA custa 138 dólares; 

Segundo dados do Banco Suíço UBS, os níveis de imposto sobre o salário em um grupo importante de países está entre 30 a 40%. Em cuba não se paga imposto; 

De acordo com o estudo realizado pelo Banco Suíço UBS, do salário que realmente se recebe, entre 30 a 60% se destina ao pagamento de aluguel da moradia. Em Cuba, 85% das famílias são donas de suas casas, portanto não pagam aluguel e os 15% restante pagam de aluguel 1 ou 2 dólares mensais, em forma de amortização, pois ao final do pagamento do custo de moradia se converte em proprietário dela. Em Nova York, um apartamento de 3-4 quartos, a renda média é de 3.230 dólares (o caro) e 1.190 (o barato); 

Na educação superior, a matrícula de ingresso em um grupo de 41 universidades norteamericanas flutua de 17.628 dólares até 24.250. Em Cuba é gratuíta; 

O custo médio de uma carreira de médico é hoje, no mundo, de 80.000 a 100.000 dólares.

 Em Cuba é gratuíta: 

Toda a educação em Cuba, desde a creche até a universidade, é totalmente gratuíta;Os serviços médicos nos EUA são extremamente caros, em média, um leito de terapia intensiva custa 980 dólares diários, o custo de um parto flutua entre 3.000 e 4.000 dólares. O custo de uma mamografia é de 100 dólares, uma obturação custa em média 60 dólares e a extração de um molar, 40 dólares. Em Cuba é totalmente gratuíta, como também é gratuíta qualquer cirurgia ou transplante de órgão, seja coração, fígado, rim, etc.;

 Nos EUA, medicamentos para hipertensão, antidepressivos, diabetes, ansiolíticos, antihistamínicos, antiinflamatórios, podem custar entre 11 e 149 dólares. Em Cuba alguns destes medicamentos (ou seus similares) custam menos de um peso cubano e a maioria deles menos de 10. São ademais numerosos os casos em que os medicamentos se administram totalmente grátis; 

Com um dólar, o cubano médio pode

Pagar um mês de aluguel ou, 

dois meses de eletricidade ou, 

três meses de telefone ou, 

comprar a quota de arroz de uma família de 4 pessoas, correspondente a mais de três meses ou, 

assistir a 22 jogos de baseball de uma qualidade de grandes ligas ou, 

comprar um litro de leite diariamente a seu filho menor de 7 anos durante quase três meses.  

Há perguntas que qualquer pessoa pode fazer-se. Nos países da América Latina: 

cidadão médio pode comprar com um dólar o mesmo que o cubano?  

Quantas famílias podem dizer que pelos serviços educacionais e de saúde não tem que pagar um só dólar? 

Pode com um dólar pagar o aluguel de uma casa de 2-3 dormitórios?  

Pode uma família de 4 pessoas comprar os alimentos de uma cesta básica com apenas três dólares?  

Também qualquer pessoa honesta pode perguntar-se:

Como é possível se o salário de um trabalhador cubano é de 10 dólares mensais, que não exista um só cubano vivendo na rua ou debaixo de uma ponte, que não haja uma só criança descalça ou trabalhando, ou sem estar na escola. Que não haja uma só pessoa passando fome ou que morra por falta de medicamentos ou assistência médica, que não haja uma só pessoa que morra de enfermidades preveníveis ou curáveis?  

Como é possível em um país cuja economia está em colapso e que só pode pagar 10 dólares mensais a seus trabalhadores, não existam analfabetos, o nível educacional médio dos trabalhadores seja de 9 graus, que de cada 8 cidadãos, um tenha nível técnico médio e de cada 15 um tenha nível universitário?  

Como é possível em um país em crise e que paga salários muito abaixo do nível de miséria, a taxa de mortalidade infantil em crianças menores de um ano seja de 6,3 por mil nascidos vivos e que exista um médico para cada 168 habitantes?  

Não seria mais honesto reconhecer e dizer, embora não se endosse o sistema político do país, que o salário médio do cubano, que não dá para fazer-se rico, é mais que suficiente, pelo poder aquisitivo que possui, e pela existência de um sistema de distribuição justo, equitativo e solidário das riquezas que toda a sociedade produz, para que o cidadão e a família viva com dignidade e possa possuir um dos níveis de saúde e educação mais altos do mundo?

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