Assessor da Defensoria Pública acusa Globo de omissão
 

(Comunique-se)

Durante manifestação "Onde está Tim Lopes?", ocorrida nesta sexta-feira (07/06), no Rio, o assessor de imprensa da Defensoria Pública, Oswaldo Manesch, acusou a Rede Globo de não ter apoiado a jornalista Cristina Guimarães, autora da reportagem sobre a feira de drogas da Rocinha. Ela está escondida porque sofreu ameaças dos traficantes da favela. Manesch fez a mesma acusação no caso Tim Lopes, desaparecido desde o último domingo (02/06).

"Tim desapareceu às 20h. O motorista esperou por ele até meia noite. Só no final da manhã a emissora procurou a polícia. A Globo começou a enviar e-mails para os jornalistas às cinco e pouco", disse, em tom de desaprovação.

Sobre Cristina, Manesch disse que a emissora arriscou a vida da jornalista. "Mandaram-na voltar à Rocinha porque as imagens não ficaram boas. Depois que começou a receber ameaças, ela procurou a direção da Globo. Disseram a ela: 'não entra nessa onda'. Cristina não teve apoio da empresa", afirma.

O assessor lembrou que o produtor do Esporte Espetacular, Carlos Alberto de Carvalho, foi seqüestrado por traficantes da Rocinha em frente à sede da Globo, no Jardim Botânico. "Ele ficou dois dias sendo torturado para revelar o nome de Cristina. Mas o Carlos nem sabia quem era o autor das matérias sobre a feira de drogas. Os traficantes desistiram e deixaram-no ir embora". Manesch tem uma cópia da ocorrência policial do produtor.

Ali Kamel, diretor geral de Jornalismo, tomou o microfone para responder a Manesch. Disse que, na época da matéria sobre o tráfico, conversou com todos os jornalistas da redação que sentavam próximos de Cristina. "Ninguém sabia que ela estava sendo ameaçada. De repente, ela entrou com uma ação e mandou um e-mail com a petição enviada para o juiz, narrando as supostas ameaças", respondeu. Ao falar com Comunique-se, Kamel repetiu o que havia dito na manifestação. "Fico estarrecido ao saber que ela tenha sofrido ameaças e não tenha desabafado com o colega da mesa ao lado". Sobre o caso de Carlos Alberto, disse: "Não foi provado até hoje que tenha sido seqüestro. O inquérito foi apurado e em respeito à privacidade do Beto não vou comentar o caso", finalizou.

(Fonte: Comunique-se 7/6/2002)

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