Entre os 1.000 convidados à ceia anual do Comitê de Proteção aos Jornalistas no Hotel Waldorf-Astoria estavam Tom Brokaw da NBC, Dan Rather da CBS, Walter Isaacson da Time-Warner, Thomas Glocer da Reuters e executivos e repórteres das principais redes de TV, jornais e revistas dos EUA.
Gomez, 40, teve de ir para o exílio duas vezes após ameaças de morte. As “estrelas” da mídia o aplaudiram pela sua coragem. Mas eles colocaram suas revelações na escrita ou no ar? Se você não viu as histórias que ele contou para a imprensa norte-americana, não se surpreenda. Como eles fazem todo ano no evento do CPJ, “levam” jornalistas para elogiar a coragem de pessoas que arriscam a vida por contar a verdade, mas continuam a manter as vantagens nas suas próprias organizações por medo a perder seus salários multimilionários.
Veja aqui mais do que Gomez desvendou a seus colegas.
Depois que ele investigou um massacre em 1997 em Mapiripan, no qual 67 pessoas foram decapitadas, Gomez relatou em 2000 que o oficial militar colombiano acusado de idealizar o crime havia estado acompanhado ”o tempo todo” por uma dozena de instrutores militares norte-americanos. Ele também ligou o massacre ao líder paramilitar Carlos Castaño.
Gomez tem escrito frequentemente sobre o papel dos militares e paramilitares colombianos em massacres, embora Washington negue sua conexão. Vários meses após a matéria ser publicada no jornal El Espectador, de Bogotá, Gomez quase foi sequestrado quando abordava um taxi. Ele se viu forçado a ir para o exílio.
Ano passado, como diretor de investigações do programa de televisão "Noticias Uno," ele relatou que a DEA (U.S. Drug Enforcement Administration) tinha descoberto um avião pertencente ao então candidato presidencial Alvaro Uribe e seu irmão em um laboratório de drogas que pertencia ao cartel de Medellin.
Uribe, que evita conversações de paz e é a favor de uma resposta militar contra os rebeldes colombianos –algo que a administração Bush quer- não sofreu nenhuma recriminação de Washington. Mas Gomez e o diretor de sua estação de notícias sofreram ameaças de morte, e Uribe declarou de forma funesta “imprensa livre é uma coisa, imprensa a serviço de... temas sombrios é outra coisa”.
Quando recebeu o prêmio do CPJ, Gomez disse à audiência que “os jornalistas colombianos foram os primeiros a expor a corrupção da guerra das drogas, mas devido a um monopólio da informação ligado ao atual governo, dizer a verdade é morrer na Colômbia. Não temos mais permissão de sermos ouvidos”. Ele disse que um dos dois únicos jornais nacionais e 23 noticiários de TV têm sido suspensos.
“O quadro de guerra, disse Gomez, está ficando obscuro, e os norte-americanos, que com seus impostos e consumo de drogas alimentam esta guerra, deveriam preocupar-se”. Ele disse que vendo a audiência, sentiu que os colombianos não estão sós, e que eles podem “ainda ganhar das poderosas forças que nos querem manter mudos”.
Brokaw, Rather, Isaacson e outros chefes da mídia destacaram a importância de angariar fundos para apoiar estas iniciativas do CPJ. Mas seu compromisso deveria ser mais levado a sério se deixassem de ficar "mudos" na imprensa e no ar sobre as histórias que Gomez e outros contam desafiando a política dos EUA e as ações que ocorrem na Colômbia.
* Correspondente de American Reporter - Voltar ao topo