O
Set-Top-Box terá um preço acessível e se adpatará em qualquer sistema de TV
Digital que venha a ser implantado no Brasil. A inovação, que está sendo
desenvolvida, na Poli poderá custar apenas 30 reais
Ainda
este ano, pesquisadores do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Escola
Politécnica da USP deverão concluir um protótipo de Receptor de TV Digital
Universal, que poderá operar de maneira independente da modulação do sinal.
De acordo com o professor Marcelo Krönich Zuffo, do LSI, o Set-Top-Box Digital,
como é denominado o aparelho, terá condições de ser adaptado em qualquer
sistema de TV Digital que venha a ser implantado no Brasil. "Desenvolvemos
este receptor a um custo muito baixo, que deverá custar algo em torno de R$
30,00", estima o professor, lembrando que um aparelho deste tipo produzido
em série nos EUA pode chegar a US$ 800.
Zuffo explica que o Set-Top-Box nada mais é do que é um microcomputador de 32 bits e que, neste primeiro protótipo, já será possível acessar a internet. "Este equipamento possibilitará a convergência de sistemas, ou seja, poderá ser conectado a um telefone fixo ou celular", garante o professor. Isso será possível porque o Set-Top-Box terá uma CPU com interfaces que permitirão diversas conexões. "Uma das preocupações do baixo custo do produto é que devemos levar em conta que a TV Digital poderá ser acessível às classes C e D", estima Zuffo. Para tanto, os pesquisadores do LSI já buscam parceiros na indústria para a fabricação em série do equipamento.
Tecnologia
nacional
Provavelmente
ainda neste ano, o governo brasileiro deverá escolher o padrão de TV digital a
ser adotado no País. A opção estará entre o americano (ATSC), o japonês (ISDB-T)
e o europeu (DVB). Para Zuffo no entanto, o protótipo do Set-Top-Box vem
comprovar sua tese de que o Brasil possui totais condições tecnológicas para,
no prazo médio de um ano, propor um padrão de TV digital exclusivamente
nacional. "Tecnicamente falando, somos capazes de ingressar neste mercado
utilizando tecnologia brasileira", afirma. "Porém, uma decisão dessa
não depende apenas de fatores tecnológicos. A demanda vai além disso e
dependeria de uma ação conjunta de todos os setores envolvidos", aponta o
professor.
Na
opinião dele, a escolha de um padrão de TV Digital poderia ser adiada e melhor
discutida. "A opção por qualquer um dos sistemas estará atrelada a
fatores que vão além da qualidade tecnológica", diz. "Trata-se de
uma escolha que terá impacto nos próximos 30 anos, além disso, será uma
decisão geopolítica que envolve, inclusive, aspectos culturais", aponta.
O professor explica que, futuramente, com a TV Digital será estabelecido um
modelo de convergência entre o telefone celular, computador e portais (homegatway).
"A opção por um padrão digital levará em conta tudo isso", explica
Zuffo.
Com
relação às diferenças entre os padrões (americano, japonês ou europeu), o
professor considera o japonês "mais ousado", principalmente quanto
aos modelos de convergência que permitem a interação de aparelhos de TV,
celular, Sistemas de Posicionamento Global (GPS) e serviços E-comerce e
M-comerce de automação doméstica. "No caso americano, há que se
considerar um legado de 250 milhões de TVs que funcionam muito bem",
analisa. Quanto ao padrão europeu, Zuffo considera conservador por conciliar o
interesse de 32 países que compõem a comunidade européia. "É
perfeitamente viável um país que possui 54 milhões de aparelhos de TV como o
Brasil propor um padrão com tecnologia própria. Nosso sistema poderia ser uma
boa mistura dos três em questão", afirma, lembrando que, em breve, a
China deverá lançar seu próprio padrão de TV Digital.