A
democratização do direito
Centro
de Cooperação e Atividades Populares (CCAP)
Núcleo de Apoio Jurídico a Comunidades (Najuc)
No
segundo semestre de 1999, começou a ser gestada a proposta de construção do
escritório de atendimento jurídico à população de baixa renda de alguns
bairros da Zona Oeste do Rio de Janeiro: Barros Filho, Acari, Fazenda Botafogo,
Honório Gurgel, Camboatá, Pavuna e Costa Barros, todos na Zona Oeste da Cidade
do Rio de Janeiro. Desde o início, o grupo contou com o apoio das Comissões de
Direitos Humanos e Assistência Judiciária e de Sociedades de Advogados da
OAB/RJ.
Hoje,
o Najuc, que atua apartir do Morro da Lagartixa atende a diversas
localidades: Morro da Pedreira, Morro do Chapadão, Comunidade "Caminho do
Job", Comunidade do Quitanda, Favela Final Feliz, Favela Beira Rio, Favela
do Chaves, Favela da Super Gasbrás, Favela Terra Nostra, Favela da Eternit,
entre outras. Os bairros desta região, situam-se nas últimas colocações
(entre 126º e 160º) do ranking do Relatório de Desenvolvimento Humano do Rio
de Janeiro, produzido pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA),
ONU e pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, Fonte jornal “O Dia” de
24/03/2001, pág.3.
DIAS
E HORÁRIOS DE ATUAÇÃO
O
atendimento as comunidades é realizado às terças, quartas e quintas-feiras,
das 18 às 21 horas. A jornada praticada no escritório é justificada
pela necessidade de compatibilizar com os horários livres dos membros da
comunidade, que são na maioria empregados da Construção Civil, Biscateiros,
Empregadas Domésticas, entre outras ocupações.
Para
Fábio, a principal virtude do projeto é facilitar para a comunidade o acesso
à Justiça, já que muitos moradores reclamam que as idas e vindas ao Fórum
e/ou Defensoria Pública representam custos de deslocamento com os quais não
podem arcar. Além disso, prossegue o Advogado, várias questões que eram
resolvidas ao largo da Lei e do Estado brasileiro, como problemas relativos a
pensão alimentícia que iriam ser resolvidos com ação de “forças
paralelas”, passaram a ser encaminhados por eles diretamente ao Poder Judiciário,
normalmente resolvidos com bastante rapidez.
A
vida em uma comunidade carente também não assustou os Advogados, eles contam
que foram muito bem recebidos pelos moradores da área, face a uma atuação de
16 anos do CCAP em favelas, exatamente por estarem prestando um serviço
essencial para eles, o acesso à Justiça, que muitos consideravam restrito
apenas às classes mais altas e passaram a respeitar e compreender. Entre os
planos futuros, inclui-se a ampliação do projeto para outras comunidades, o
que pode ser possível com a cessão do espaço necessário para a abertura do
escritório por alguma entidade privada ou pública, e com a adesão de
patrocinadores e profissionais, ou estudantes interessados em contribuir com o
trabalho voluntário. Neste caso, a cidadania e a noção de civismo necessárias
a toda nação apelam ao bom-senso dos cidadãos brasileiros.
NOMES
E CURRICULUM DAS PESSOAS ENVOLVIDAS
JOSÉ
LEONÍDIO MADUREIRA DE SOUSA SANTOS, Funcionário Público do IBGE, Coordenador
Executivo do CCAP, com formação em Geografia, Economia e Educação Popular.
Foi um dos fundadores da entidade, e o principal gestor da construção de ações
voltadas para o autodesenvolvimento socialmente justo e sustentável em favelas,
a partir da interação de projetos autodesenvolvidos e auto-sustentados
financeiramente.
FÁBIO
GAMA BROWN, Militante em Direitos Humanos há mais de 10 (dez) anos, inscrito na
OAB/RJ sob o n.º 80.759, formado em 1992 pela Faculdade Brasileira de Ciências
Jurídicas (FBCJ/SUESC) e com formação extra universitária no Instituto Apoio
Jurídico Popular (AJUP), com 9 (nove) anos de vida jurídica. Tem como
principal meta, fomentar a luta dos excluídos através de uma Advocacia
Popular, por uma Sociedade mais justa e igualitária.
Desde maio de 2000 coordena o Núcleo de Apoio Jurídico a Comunidades,
participando também de sua criação e dinamização.
VERA
LÚCIA FERREIRA, advogada voluntária, inscrita na OAB/RJ n.º 85.248, formada
em 1992 pela Faculdade Brasileira de Ciências Jurídicas (FBCJ/SUESC),
estagiando no CONCINE entre o 7.º e 10.º período do Curso de Bacharelado em
Direito. Foi advogada do Sindicato dos Rodoviários do município do Rio de
Janeiro de 1994 a 1996. Atualmente encontra-se trabalhando de forma
gratuita, desde junho de 2001, no Najuc, por acreditar numa proposta de condução
da Advocacia Popular as pessoas excluídas da Sociedade.
O
CCAP
O
CCAP se propõe, enquanto estratégia, fazer crescer a organização e a força
da população empobrecida e residente em favelas do Rio de Janeiro a partir de
estruturas de base permanentes, auto-sustentáveis e autogeridas nas áreas econômica,
educativa e cultural, na perspectiva da melhoria da qualidade de vida.
Ao
longo dos últimos 15 anos, o CCAP vem desenvolvendo principalmente em quatro
favelas do Rio, Manguinhos, Pedreira, Lagartixa, e Osvaldo Cruz, projetos com
equipes populares próprias e autônomas. Nessas comunidades habitam
aproximadamente 85.000 pessoas. Atualmente, os diversos projetos
geram trabalho direto e renda para 45 pessoas e ainda conta-se com o trabalho
voluntário de diversos colaboradores. O CCAP desenvolve o Sistema de
Comercialização Alternativa e Panificadora ASBEN (projetos econômicos), o
Centro de Educação Comunitária Tia Zilda (Educação Infantil para crianças
de 2 a 6 anos), Educação Popular para o Desenvolvimento (autodesenvolvimento
local), Vídeo Cultura (Telejornalismo Comunitário de Favela), Resgate da
Historia e da Cultura Afro-brasileira, Educação Cultural Artística (dança,
percussão, cordas e capoeira); NAJuC (Programa Jurídico em Favelas) e Grupo de
mulheres. O CCAP atua nos Fóruns de Desenvolvimento Local Integrado
e Sustentável (DLIS), em Manguinhos; Cooperativismo Popular; Segurança
Alimentar e no Fórum de Direitos Humanos.