Quem
foi à Uerj, no bairro do Maracanã, em um dos dias do evento, sentiu-se
tentando a voltar nos outros dias. Foi o meu caso. Apareci por lá na quinta.
Pronto, minha semana foi para o espaço e tive de enquadrar minha agenda. Voltei
na sexta, no sábado e no domingo.
Queria
engolir com os olhos, os ouvidos, e até com o cérebro, as bandeiras, as músicas
de Zé Pinto, os hinos, o teatro, a poesia, as homenagens aos que lutaram por um
Brasil diferente, os CDs, os livros, o ritual da produção do biju desde a hora
em que a mandioca é descascada, as compostas de doces, os queijos, os
sabonetes, os tapetes e tantas outras coisas que estão sendo produzidas nos
assentamentos do MST em todo o país.
Apolônio
de Carvalho, 90 anos, foi um dos homenageados. Transmitiu sua mensagem com a
clareza e simplicidade que sempre foram sua marca: “o socialismo é a forma
suprema de democracia, dos direitos humanos e da liberdade de viver livre da
exploração do homem pelo homem”.
Numa
platéia repleta de mulheres e homens com calos nas mãos frutos de sua
atividade agrícola, eu vi muitas mulheres e homens calejados pela luta, chorar.
Acabei
ficando até o show, no domingo à noite, que artistas da cidade fizeram nos
Arcos da Lapa, em homenagem ao MST. Segundo Generosa, militante do Movimento,
“a mobilização dos artistas foi motivada pela decisão do governador
Anthony Garotinho de cancelar a infra-estrutura que colocara à disposição do
MST para o show "Cio da Terra", em homenagem a Villa-Lobos, que
encerraria da Semana Nacional de Cultura Brasileira e Reforma Agrária,
programado para a enseada de Botafogo”.