TV
SUL busca integração latino-americana
Entrevista com Iraê Sassi, jornalista, do Coletivo da TV Comunitária do Distrito Federal, a Nestor Cozetti
Iraê Sassi. A proposta nasce de uma idéia de integração da América Latina. Da necessidade de se criar uma ferramenta de comunicação forte que sirva de contraponto ao domínio absoluto dos meios de comunicação no continente latino-americano por parte das potências imperialistas, principalmente dos Estados Unidos, em particular através da CNN em espanhol. Todo o nosso sistema de comunicação latino-americano está subordinado a este sistema central. A TV-Sul vem para suprir a carência absoluta de uma cara própria da América Latina no panorama da comunicação. Ela nasce também no contexto de um processo revolucionário em curso na Venezuela atualmente, chamado de bolivariano que inova, acelera a integração político-social e tem a característica de apostar no cidadão, na consciência das pessoas, numa rápida recuperação de nossos valores, de nossas culturas. Boletim do NPC. Onde a TV Sul está sendo exibida? Sassi. O principal instrumento de transmissão que nós estamos usando atualmente é o satélite, que dá uma cobertura continental sobre os Estados Unidos, parte do Canadá, até à costa da África e algumas regiões da Europa. Daí se fazem acordos de retransmissão através do canal oficial da Argentina. Temos uma retransmissão a partir da Colômbia. E aqui no Brasil temos a TV Educativa do Paraná que está retransmitindo parte da grade. A TV Comunitária de Brasília (http://www.tvcomunitariadf.com.br/), faz um trabalho heróico de retransmissão através da Internet. Qualquer pessoa pode ter acesso no site da TV Comunitária de Brasília. Sem grandes recursos tecnológicos, mas dá para a pessoa ter uma idéia da grade de programação. Boletim do NPC. Quais as cidades brasileiras aptas a retransmitir? Sassi. Estamos só com o Paraná, na verdade. A vantagem é o satélite doméstico. Agora, qualquer pessoa no Brasil que tenha uma antena parabólica analógica tradicional pode assistir o que retransmite a TV Paraná. Não cobre toda a grade, mas está transmitindo uma boa parte. Infelizmente, o governo brasileiro segue reticente em relação a esta adesão. Boletim do NPC. Que passos deverão dar, quem quiser se conectar com a TV Sur? Sassi. O ideal seria que as instituições, entidades sindicais, tivessem pressa para com esta implementação plena do sistema de retransmissão. Com novos acordos, como, aliás, estamos buscando idéias para colocar um desses pacotes mesmo de TV a cabo no Brasil, através da NET ou na SKY. Isto está em discussão. Essencialmente algumas instituições têm feito assim: um kit de antena parabólica digital, que pode captar diretamente do satélite. Sai ao redor de R$ 1.500 a 2.000,00. Os sindicatos podem fazer isto, o MST pode fazer. Boletim do NPC. Como os movimentos sociais podem participar da TV Sur? Sassi.
Há
vários níveis de participação. E isto depende
da nossa capacidade de organizar, porque nossa estrutura é muito
pequena. A sucursal da TV Sul nasceu da TV Comunitária de Brasília,
e os recursos são precários. Nós somamos esforços,
adquirimos alguns equipamentos e trabalhamos com uma equipe reduzida. Teríamos
que ter uma capacidade de coordenação com os movimentos,
para recolher aquela que é a contribuição militante
dos movimentos sociais, em termos de produção mesmo. É
um objetivo claro da Tele Sul, recolher o acervo daquilo que é produzido
pelos movimentos sociais. E estimular novas produções – catalogação
e difusão deste acervo já existente. Ou seja, a produção
autônoma dos movimentos sociais já pode ser disponibilizada,
e agora se trata de participar. Vídeos, por exemplo, que narrem
a experiência de um assentamento em tal lugar.
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